3.31.2015

Comer à grande e à francesa


Cá em casa é assim todos os dias. 
Babete de folhos imaculado, calçada com os seus melhores sapatos, 
a comer sozinha e nem um grão de arroz no chão.





Acham mesmo? Esta cara diz tudo! 
O babete foi só para vos mostrar (sim, porque tenho babetes bonitos só para fazer número na rua e outros à séria para usar em casa) e, escusado será dizer, ficou todo cagado. 

A sopa, não somos assim tão malucos, somos nós que lhe damos. E já é o que é, com VRUUUMS e mãos que passam e esfregam tudo nos olhos e nos cabelos.




A colher, lá a vamos dando para a mão para ela ir fazendo experiências e 
ora come com as mãos, ora manda comida para a cadeira, para o sofá, para o chão. Tem tempo. Temos tempo.


O chão da sala fica assim. 


E ela sabe que sim.

Sacaninha.


Apesar de tudo, vale a pena.
E nem sempre come à grande e à francesa.
Mas damos o nosso melhor para que ela goste do momento das refeições.

A minha mãe acha que fui trocada à nascença.



Eis o nosso segundo livro. 
Gosto de pensar que o primeiro é o meu (este) que lancei o ano passado e que foi um êxito tão grande que já não se vende em lado algum (acho que só enviaram meio exemplar para cada loja) e que o segundo é aquele do qual vou falar agora da Sara-a-Dias.

Apesar da Sara não ser uma das autoras do blog, o blog não seria tão sexy sem ela. Acho que ninguém nos teria dado uma primeira oportunidade tão facilmente. Vestiu-nos o blog, espremeu-nos as borbulhas, pôs-nos base, fez-nos a monocelha e tornou-nos muito bonitas. Isto tudo para dizer que é a ilustradora que nos montou o blog. 

Além de me estar a colar desmesuradamente e sem vergonha nenhuma ao sucesso da Sara-a-Dias com este livro, associando-o a nós, acho que este livro também é nosso por outros motivos.




O livro da Sara-a-Dias é a Sara (e a sua família) com as entranhas todas de fora. Ela revela coisas que, se fosse eu, levaria meia dúzia de tabefes mas, ao que parece, a família da Sara tem tão bom humor como ela e a mãe não me parece não estar a gostar de ser a segunda protagonista desta trama toda. A mãe foi com boa cara, pelo menos, ao Há Tarde da RTP com a Vanessa Oliveira e o Herman José. 



É o nosso livro porque a Sara fala de tudo aquilo que as crianças da época viveram. Qual das Spice Girls era a nossa preferida? As brincadeiras às lojinhas. A professora que se roçava nos cantos da mesa da sala. O miúdo que tinha uns dentes enormes. Ser apanhada a passar um bilhetinho na aula. Ter um bocadinho de vergonha da nossa mãe quando tenta ser engraçada. 

Não tenho uma irmã mais nova como ela, mas sinto ter passado quase por tudo o que está por lá, neste livro. Não é um Fausto de Goethe, mas ainda bem. É um livro que nos faz sentir coisas e pensar noutras e isso, para mim, é arte (wooowww, por esta ordem de ideias até um folheto de compra e venda de carros é arte, mas... e não será? Hmmmm)



Ah! E estava a referir-me só ao conteúdo, que estúpida! A Sara-a-Dias é ilustradora. É uma novela gráfica. Não. Isto não quer dizer que são gráficos a curtirem uns com os outros e a engravidarem alternadamente do jardineiro. Quer dizer que a Sara-a-Dias ilustrou à sua maneira toda a sua história. Só para que vejam, mesmo que não houvesse ilustrações, teria adorado o livro na mesma. 

Aqui entre nós (que estupidez), acho que ela tem tanto jeito para fazer rir como para ilustrar. 

Óptima, óptima prenda para dar a alguém (como se houvesse prendas para não dar alguém). Uma coisa diferente. 

É um livro que fica bonito na estante. É um livro que se lê tranquilamente mesmo sendo daquelas mães que não dorme muito e faz-nos sentir coisas boas.

Obrigada, Sara-a-Dias



Nota: Espero que, apesar do livro não ser nosso, não te importes que esteja ali do lado direito do blogue. É mesmo como se fosse. <3




Não há saco!!!

Não há saco para tantos brinquedos espalhados pelo chão da sala.

Eis que uma alminha iluminada pensou numa solução.



Isso filha, a girafa no sítio da tartaruga. Boa, boa!


Concentração. Ou cocó.



Que filha inteligente que eu tenho. 
Meia hora a dizer-lhe para não enfiar a cruz no quadrado e ela vai de insistir. 
Sai mesmo à mamã.


E ainda se ri, a safada, antes de levantar o rabo para fecharmos o saco em cima do qual estava sentada. Parece um tapete, mas é um saco.


"Tudo arrumado antes de ir dormir! 
Assim pode ser que os meus pais tenham tempo para me dar um maninho!"


"Tão giro!"


"Está escuro aqui. Mãaaaae"


Saco da Bica Kids

3.30.2015

Somos umas autênticas vacas?

Calma, isto não é um post em resposta àquele livro da outra senhora que diz que muitas mulheres se sentem umas autênticas vacas por amamentarem. Ando há quase 15 dias a dar o meu melhor para não me meter a escrever sobre isso. Não queria dar-lhe mais publicidade e, acima de tudo, não queria revelar novamente o meu lado muito pouco tolerante, principalmente a tentativas mal conseguidas de humor ou comentários leves não assumidamente humorísticos para não serem rotulados de fraquinhos. 

Ai, caramba. Queres ver que vai ser mesmo um post em resposta àquele livro da outra senhora que diz que muitas mulheres se sentem umas autênticas vacas por amamentarem? E que diz que o sexo piora quando se amamenta porque os homens deixam de nos mexer nas mamas? 

Eu juro que ia escrever sobre outra coisa qualquer, mas que agora não me lembro. Que raiva! 

Não, não, não e não. Não vou fazer com que mais pessoas vejam o vídeo da senhora no Você na TV, não quero fazer com que mais pessoas debatam esse tipo de separação entre mães que são assim e mães que são assado - apesar de eu ter uma opinião um bocadinho bitchy sobre o assunto, mas não quero dar. Aiiiii não estou a conseguir controlar-me. Vou dar? Não. Já da outra vez que fui estupidamente franca e transparente em relação às minhas crenças criei problemas e depois fiquei mal disposta o dia inteiro com a onda de ódio que se gerou porque, infelizmente, parece que discutir "maternidade" transmitindo-se opiniões é proibido. Estamos sempre a ferir susceptibilidades. 

É uma chatice. É uma chatice porque, acima de tudo, se lida muito com culpa e com orgulho. Queremos viver na ilusão de que tudo o que fazemos está certo ou que é o melhor para os nossos filhos. Se vem alguém dizer o contrário, estando nós inseguras, rebentamos. Se soubéssemos mesmo a 100% que o que estávamos a fazer era certo, não venham com coisas e não me venham dizer que reagiam igual. 

Acabei de me contradizer. Se me irrita o facto de não se poder falar à vontade de maternidade sem se ferir susceptibilidades em todo o lado, por que é que não apoio esta autora nas afirmações, aos meus olhos, parvalhonas? 

Tenho cá um feeling (que não passa disso) que a senhora "sabe é muito". A senhora sabe que iria gerar polémica fazendo essas afirmações parvalhonas e decidiu dar "o corpo ao manifesto". A primeira portuguesa a estar no Top 100 na Amazon tem de ter truques na manga. Não digo truques à la Sócrates, mas que não anda aqui a brincar, não anda. 

Conseguiu o que queria, é um facto. O livro se não vai ser muito mais vendido por causa disto, o blog dela será mais conhecido, mais visualizações, etc. E bem, nem que seja por ter ganho um elogio do meu marido que disse (quando a viu na televisão) que é uma mulher "bem gira". Já está a ganhar. 

Eu acho que se deve falar abertamente sobre a maternidade, mas com cuidado. Acho que devemos ser menos maricas quando lemos coisas que não nos agradam porque, no fundo, é assim que nos distinguimos umas das outras: pelos gostos e pelas as opiniões. 

O que já me enerva um bocadinho é o papel que aquele livro vai ter na cabeça de algumas mães menos informadas. Se já o que a vizinha nos diz nos influencia grandemente numa coisa tão importante como, por exemplo, a amamentação ou os horários de sono dos nossos filhos, um livro publicado e depois de anunciado na televisão que diz que amamentar dói, que piora o sexo, que nos sentimos umas autênticas vacas, etc, não me parece que vá fazer grande serviço público. Claro que a autora não se propôs a isso, mas não terá, pelo menos, equacionado? Ela sabia que ia causar polémica. Sabia porque o disse, mas e o impacto negativo noutras mulheres? Não importa?

Acho bem que queira libertar as mães que sintam que (era qualquer coisa como isto) "estar de férias com os filhos é melhor, mas sem eles a beber uma vodka numa ilha algures não fica muito atrás". Apesar de achar que essas mães, se realmente não se sentissem já livres, que não fariam esse tipo de coisas por terem receios das opiniões alheias ou até das suas próprias opiniões. 

Sinto que poderá ser um livro despropositado tendo em conta esta vaga de boa informação que tem havido ou que, pelo menos, me tenho apercebido ultimamente. Mais pessoas estão a saber mais sobre os bebés. Estão a perceber melhor os seus instintos, a aprender a contornar erros culturais milenares, estamos a tentar criar indivíduos mais seguros de si, mais amados, mais felizes. 

Cabe a cada uma encontrar não UM equilíbrio mas, o SEU equilíbrio para se sentir feliz (não temos de ser todas iguais). Uma autora que alega querer fazer com que as mães se sintam menos mal com elas próprias por não serem tão galinhas como as outras e acaba por chamar às mães que mais se dedicam (é o termo certo e não tem mal algum a não ser que haja culpa por aí) aos filhos, parece-me contraditório e palerminha. 

Não li o livro. Estou a morrer de curiosidade, por isso a Sra. fez um óptimo trabalho nas suas apresentações (fez mesmo, sem ironias). Porém, o que achei foi que se era para ter piada, não teve. Se era para ser engraçado, não foi.  Se era para criar bom ambiente, não criou. Se era para unir as mães e fazer com que fossemos mais solidárias umas com as outras, não uniu. Se era para vender, provavelmente venderá. 

O sucesso mede-se pelos objectivos propostos. Não sei quais foram ao certo os da autora, mas lamento que evidentemente não tenham sido os de ajudar todas as mães, mas só uma parte. 

Ia escrever que, se calhar, só se ajudou a ela própria, mas não li o livro. Na volta ainda há algum capítulo que tenha um pedido de desculpas pelo conteúdo, por ser tão totó. Diz que há um disclaimer na contra-capa a que avisa não ser indicado para as mães sensíveis e dedicadas (as tais aleijadinhas sociais) o que me faz querer que a senhora, além de blogger, terá ali também uma carreira em marketing/publicidade. 

Ah. Fui agora ver e é mesmo publicitária. Pena que, pelo vistos, tenha a publicidade sido o mais importante. O que é facto, e disso tenho experiência, é que para se ganhar dinheiro com livros é preciso vender muito. 

Ah! Fui ver agora e diz que o livro está cheio de humor e sarcasmo. Sarcasmo não é só tentar fazer humor, espezinhando uma das partes e não ter piada na mesma, mas isso digo eu que toda a minha carreira profissional se centra nisso (do humor) e não um "vaipe" que só agora se me deu. 

Acho que se queremos que a nossa melhor amiga se sinta melhor com ela própria, que não precisamos de dizer que a do lado parece um boi. Podemos tentar fazê-la rir sobre ela mesma, mas para isso é preciso ter talento.

Eu rio-me com coisas más. Têm é de ter piada. 

Liebster Award

A Anita Mamã, nossa leitora, decidiu nomear-nos para um Liebster Award. Como não sou muito versada nisto dos blogues com sucesso (sempre tive blogues mas não tinha milhares de pessoas a ler, acho que era só eu que lá ia minhares de vezes) tive de perceber o que era. E, afinal, não é bem um prémio.  É mais uma espécie de doença por contacto. Não que não tenhamos gostado de receber, Ana Rocha, mas acreditas que todas as noites, antes de adormecer, pensava nisto? "Ainda tenho de responder àquilo do Award". Sim, é de quem não tem muito para fazer (ah!! julgam vocês!). Ainda por cima não se ganha nada, mas é uma óptima iniciativa para dar a conhecer os blogues uns dos outros. Sim, a ver se nomeio a Pipoca para um destes, aí é que rendia.

Aqui estão 11 factos aleatórios sobre o blog (parece que isto tem regras):

1 - No início dos inícios, éramos para ser 5 mães a escrever.

2 - O plano era fazer uma coisa muito mais seca, sem grande humor, mas sempre mostrando perspectivas de mães diferentes.

3 - Se não fosse a Sara-a-Dias, não teríamos um blogue tão sexy.

4 - Vamos muito provavelmente lançar um livro em Dezembro.

5 - Costumamos publicar três posts por dia, todos os dias.

6 - Nunca nos chateámos por causa do blog (ainda).

7 - Somos as duas Joanas.

8 - Com duas filhas nascidas em Março de 2014

9 -  Cujo nome começa por I.

10 - Nascemos ambas em 1986.

11 - Começamos há menos de um ano.


   1- Porque decidiu fazer o Blog?

Porque sempre fomos duas raparigas dadas à partilha das nossas experiências, ambas gostamos de escrita, fotografia e das nossas filhas e achámos que estavam reunidas as condições mais do que necessárias para criar esta "coisa má linda". 

    2- Quem admira na Blogosfera 

Ui, isso teríamos de ser as duas a responder. Eu não sigo muitos blogues, mas descobri um há pouco tempo, de um homem que gosta de viver e de divulgar a parentalidade com apêgo. Ser um pai a escrever sobre isso é um mimo. Chama-se: "Paizinho, vírgula". 

    3- Em que País gostaria de viver?

Neste. Se gostasse de viver noutro acho que iria para lá. Ou, pelo menos, já teria tentado.

    4- Porque acha que nomearam o seu blogue a um Liebster?

O que vinha no e-mail é que era por nos lerem. Calculo que sim, senão não saberiam da nossa existência. ;)

    5- O seu maior êxito

Acho que o nosso maior êxito foi termos conseguido já alguns posts que ajudaram algumas mães a sentirem-se mais animadas, mais contentes, mais leves. Agora, depois do politicamente correcto, os nossos maiores êxitos costumam ser os posts mais virais da Joana Paixão Brás. A mulher tem um dedo para o sucesso. Estou a conter-me para não fazer trocadilhos parvos aqui.

    6- O seu maior fracasso

No mundo da maternidade, o fracasso mais óbvio e do qual melhor me lembro, foi de ter estado uma hora a tentar abrir um copinho da Avent pela primeira vez. Parti uma unha, aleijei-me na boca e, afinal, era só desenroscar. 

    7- Blog favorito

O nosso! A sério que é. É o que leio mais vezes e o que me dá mais vontade de partilhar. Enervei alguém com esta resposta? 

    8- Sobre o que gosta mais de escrever no Blog?

Sobre coisas que me enervem. 

    9- Viajar, cozinhar ou cantar, escolha uma e porquê?

Tem mesmo de ser? Odeio todas. Se for para outra pessoa fazer, prefiro cozinhar. 

   10- Um conselho ou dica que seja tema no seu Blog ou seja do seu interesse

Um conselho? Almejar sempre o equilíbrio e, acima de tudo, tentar sempre incluir almejar em todas as frases que se escreva. Fica sempre bem. 


   11- Que trará o seu blog no futuro?  

Teremos sempre a nossa transparência (a Joana às vezes até nem usa soutien) e, por isso, a essência do blog será sempre esta. 

Espero também que consigamos começar a oferecer carros às pessoas e apartamentos. Acho que toda a gente ficaria contente. 


Pronto. Já está. Já posso dormir em condições. Durante uma hora e meia, que é o que a Irene deixa. 


Minhas nomeações (sorry guys que isto e uma seca): 

- Love Lab

- Eu, Ele Maria e Miguel.

- Blog do Desassosego.

- O que vem à rede é peixe. 


Obrigada, Ana ;)

Respostas da especialista de sono da Irene

Fui a uma especialista de sono por causa da Irene. 

Quer dizer... mais ou menos. Ela é que veio até mim. 

As minhas noites são miseráveis e, obviamente, que escrevi sobre isso. A Verina (Sono de Sonho), simpática, quis ajudar e veio a acontecer espontaneamente que tentasse aconselhar-me e a experiência está aqui

Já escrevi isto, mas nunca é de mais reforçar. Senti que era uma mãe que compreendia a minha maneira de ser mãe. Senti que me dava toda a liberdade possível de ser tão galinha quanto quisesse, não me senti julgada, não me senti pressionada. Senti, sinceramente, que estava a falar com uma amiga que sabia muito mais sobre o sono de bebés que eu. 

E acho que todas nós, apliquemos ou não métodos específicos nisto do sono, temos sempre curiosidade sobre os sonos dos bebés. Nem que seja porque muitas de nós temos mais saudades de dormir uma noite inteira do que de brincar ao bate pé no recreio da escola. 

Naquele link ali em cima que muitas de vocês preferiram ignorar (eu conheço-vos sacanas) estão as perguntas que foram feitas à Verina que se disponibilizou para responder cuidadosamente. Se tiverem mais podem sempre tentar a vossa sorte aqui nos comentários a este post que ela, mais cedo ou mais tarde, vem aqui parar, de certeza ;)

Aqui estão as respostas da Verina a algumas das nossas leitoras (quem sabe se não são as vossas dúvidas também):

Respondendo à Ana (17 de março, 14:03), todos os bebés nascem ateus e respondem apenas aos seus instintos básicos: tenho fome, estou cansado, procuro conforto. E esses instintos têm horários caóticos e estapafúrdios (pelo menos, aos olhos dos adultos). 

Como em tudo num recém-nascido, apenas a maturidade vai trazer de volta a ordem na anarquia instalada em cada lar parido. Com isto, quero dizer que apenas a partir dos 3 meses é que os bebés são capazes de produzir melatonina (mais uma hormona, como se não bastassem!), que funciona como um sinalizador do dia e da noite. Aqui é que o relógio biológico de bebé começa a acertar os ponteiros. Antes disso, é difícil estabelecer rotinas. 

A partir dos 3 meses, os pais têm três opções: 

1- impõem eles os horários ao bebé e esperam que se adaptem sem grande estrilho (é o que acontece quando os bebés têm que ir para o infantário; não é o método mais pacífico, como devem calcular, mas há bebés completamente plácidos, da paz, como o da “Conversas Pais (17 de março, 14:28)” mas contam-se pelos dedos de uma mão!); 

2- esperam que o bebé estabeleça lentamente os seus horários (das três é a opção mais demorada e implica que os pais conheçam muito bem os sinais de cansaço, fome, desconforto que o bebé transmite, o que nem sempre é fácil; por vezes, quando o bebé dá sinais de sono, já passou a linha da irritabilidade, o que torna mais difícil adormecê-lo); 

3- a mistura das duas anteriores (a minha favorita), ou seja, através de um registo, começam a perceber-se algumas tendências naturais de horários (acorda entre as 6:30 e 7:30, por exemplo; fica mais quieto a pedir colo e a esfregar os olhitos lá prás 9:00/9:30) e, a partir daí, joga-se com as “janelas de sono” adequadas a cada idade (horas de sono vs horas acordado), evitando que a criança fique demasiado tempo acordada. 

Ter uma “boa higiene do sono” é nada mais do que respeitar as necessidades de sono do nosso organismo e, consequentemente, o nosso ciclo circadiano. E isso implica dormir o número de horas adequado ao descanso do corpo e da mente, fazer as sestas necessárias, ter um bom ritual de adormecimento, perceber quando o corpo pede descanso e dar-lho! 

No que concerne ao ritual de adormecimento, esse começa logo que o bebé nasce! Vai-se construindo, à medida que os pais vão conhecendo a criança. Com o tempo, vão-se adicionando passos: ao recém-nascido basta-lhe um aconchego, fralda limpa, música suave ou ruído branco; passados uns meses, inclui-se o lavar de dentes; mais tarde vem a história, uma conversa amena e por aí fora. Uma delícia! 

Quanto à questão tão em voga do dormir sozinho ou bem coladinho à cama dos pais (co-sleeping), essa é uma escolha dos pais. A prática do co-sleeping veio à tona com a teoria do apego, como forma de vincular a ligação do bebé aos seus cuidadores. É uma escolha, como tantas outras e a família é perfeitamente livre para praticá-la. Mas, atenção, o hábito do co-sleeping deve surgir por vontade genuína dos pais e não porque “é a única forma de sossegar o bebé, durante a noite”. Nunca fazê-lo porque se sentem obrigadas a isso, até porque mais tarde pagam essa factura. 

Se o bebé acorda e chora durante a noite, há que tentar perceber o porquê e não tapar o sol com a peneira. Eu sei, o cansaço nem sempre nos deixa pensar com alguma clareza e a exasperação grita bem mais alto! 

Bebé a dormir sozinho: sim ou não? Os pais é que sabem! Consistência e coerência são tudo para o bebé, caso contrário, está constantemente a receber sinais contraditórios dos pais. 

A Isabel Ribeiro (17 de março, 14:31) falou comigo pessoalmente, entretanto, e estou a acompanhá-la para percebermos os despertares nocturnos da sua pequena e melhorar a qualidade do seu sono. 

À Joana (17 de março, 15:19), eu sugiro que espalhe chupetas pela cama antes de deitar os eu bebé, para que ele as encontre sozinho e se acalme sem ajuda. Nem parece digno de uma consultora de sono, de tão estupidamente simples, não é? Só lhe digo mais uma coisa: experimente. 

Célia (17 de março, 15:47), com 21 meses, o seu filho já não precisa desse leite a meio da noite mas só ponho certezas nisto conhecendo o historial clínico e o desenvolvimento do bebé. 

Quando um bebé acorda a meio da noite, os pais devem procurar sossegá-lo usando o menor dos recursos, para não perturbá-lo ainda mais e para que possa voltar a dormir rapidamente. Começa-se com um “chhhhh”, depois uma carícia leve. Só deve pegar nele ao colo, caso o choro se intensifique e veja que não está a conseguir tranquilizá-lo na cama dele. Se o levar para a cama dos pais, está a abrir o seu território e a dizer-lhe “se quiseres, também podes dormir aqui”. E o que é que o bebé vai decidir? “Quero dormir aí para todo o sempre”! Se os pais estiverem de acordo, todos ganham (só há que garantir a segurança do mais pequenito). Caso contrário, não deve abrir esse precedente ou pode ter problemas mais tarde em convencer o bebé de que a cama dele é aquela “grade de cerveja”, no quarto dos brinquedos! 

Por outro lado, adormecer um bebé ao colo não constitui problema absolutamente nenhum. Quando eles começam a crescer e a pesar mais de 6kg é que começa a ser mais difícil. Ficamos com os bíceps do Stallone mas com as costas de uma reformada de 90 anos! 

A Célia também perguntou se mudar uma criança para uma cama maior, se resolve o problema dos despertares nocturnos. Depende: se as noites interrompidas se mantêm quase desde que o bebé nasceu, não resolve nada, que essa não é a origem do problema; se é coisa de há um mês e nota que ele realmente está constantemente a bater nas grades, pode resultar e muito! 

Cada criança é única, cada família é ímpar. Torna-se difícil generalizar quando o que está em causa, na maioria das vezes, é um bebé pequeno, que comunica de forma muito própria e, ao mesmo tempo, desenvolve uma personalidade singular. 


Bem a propósito, agora gostava de agradecer à Gilda (17 de março, 17:23), pelo seu testemunho. O método que escolheu para conseguir que as suas gémeas dormissem a noite inteira, para manter a sua sanidade razoavelmente intocada, é considerado dos mais “violentos” mas é também dos mais eficazes. Há especialistas que o repudiam gravemente; outros que o defendem, por razões múltiplas. Se houve lição que aprendi na maternidade é que não se deve nunca julgar uma mãe pelas suas escolhas. O importante é que as crianças cresçam saudáveis e felizes, sem que isso implique uma dura factura a pagar pelos pais. Uma mãe deprimida e um pai esgotado terão mais dificuldade em harmonizar um lar com crianças que deles esperam as melhores referências, o amor maior. 

A Gilda deu o melhor de si. Não há como errar nisso. 

À Catarina (17 de março, 17:44), digo que as sestas são demasiado curtas. O seu bebé devia fazer sestas de, pelo menos, 45 minutos. Mas para chegarmos à raiz do problema, precisava de um estudo mais aprofundado. No entanto, posso aconselhá-la a que, quando ele acordar de uma sesta curta, insista para que durma mais um pouco. 

A Bé (17 de março, 20:39) teve o seu testemunho cortado mas posso comentar o que conseguimos ler. Se a Bé, o seu companheiro e a sua filha se sentem bem com esse ritual de adormecer, não vejo problema. Podem dizer que cria um mau hábito ou uma dependência mas se até agora nunca foi considerado um problema pela família, não vejo motivo para preocupação. Se num destes dias decidirem alterar essa rotina, com uma boa conversa e eventualmente um pequeno período de adaptação a questão resolve-se sem problemas. 

Ana Rita Fernandes (18 de março, 10:35), considero que o Pediatra será a pessoa mais indicada para afirmar se o seu bebé ainda precisa do leite à noite. É verdade que, regra geral, aos 15 meses os bebés já fizeram o desmame nocturno. Pode fazê-lo de forma suave (reduzindo progressivamente a dose) ou mais radical (deixar de dar leite de uma noite para a outra e preparar-se para os protestos, tentando acalmá-lo da mesma forma como o adormece). A Ana Rita conhece melhor que ninguém o seu filho e saberá qual a melhor opção. 

A Té (18 de março, 12:44) está numa situação semelhante à da Ana Rita (18 de março, 10:35). Fale com o Pediatra sobre a necessidade desse leite durante a noite. E sim, os bebés acordam para o dia a horas dolorosas (6:30/7:30) e é escusado lutar contra isso: está “carimbado” no ritmo circadiano deles. E ninguém nos avisa disso quando estamos grávidas ou se avisam, rejeitamos no mesmo segundo! A boa notícia é que vão acordando cada vez mais tarde, à medida que vão crescendo (até à adolescência, em que arrancá-los da cama passa a tarefa hercúlea!) . 

Os casos da Ana (17 de março, 15:45) e da Rita (18 de março, 23:49) exigem um estudo mais aprofundado do dia-a-dia, das rotinas, das dinâmicas familiares, para percebermos o que se passa.



Gostaram? ;)

Agora quem pergunta não é a Verina! ;)

Se tinham alguns preconceitos sobre especialistas do sono, viram-nos resolvidos ou prolongados?


A descansar do fim-de-semana!

É assim que me sinto, mesmo tendo acordado às 06h40 e a caminho do Bombarral em reportagem. Sinto-me a descansar do fim-de-semana.

Mais alguém a precisar de um fim-de-semana para descansar do fim-de-semana?

3.29.2015

Mães solteiras

A todas as mães solteiras, viúvas, cujo marido trabalha fora, separadas, divorciadas ou que simplesmente têm o pai da criança em casa, mas é como se ele não estivesse.


Vocês são fortes. São feitas de uma fibra única, feita de coragem, amor e dedicação. Não sei como conseguem.


Se eu já me vejo aflita para conseguir gerir tudo e não ficar a bater mal, se eu já me vejo às aranhas para me levantar duas ou três vezes por noite, se eu já me vejo entre a espada e a parede tantas e tantas vezes, com vontade de pô-la para aluguer por umas horas e tenho um pai presente, imagino uma mãe solteira


A ter de se levantar todas as vezes

A ter de dar mama, pôr a arrotar, acalmar as cólicas, trocar as fraldas, cantar, dar mimo

A ter de dar biberão e esterilizar e dar papas e dar comida e comer os restos do prato do filho porque muitas das vezes nem deve haver força para mais

A ter de brincar, dar banho, fazer jantar, ajudar nos trabalhos de casa

A ter de confortá-los e dar-lhes banho de água morna para baixar a febre

A ter de limpar, passar a ferro, tratar da casa

A ter de sair para trabalhar, chegar a casa cansada, mas conseguir pôr um sorriso nº. 33

A ter de mudar lençóis da cama e pijama quando eles vomitam ou fazem xixi na cama, mesmo que sejam 3 da manhã e eles não param de chorar

A ter de estar lá, sempre, porque não há mais ninguém

A ter de estar lá, sempre, para mais do que um filho


A sério, não sei como conseguem. Tiro-vos o chapéu.

Tenho um esquema com o pai da minha filha: vamo-nos revezando nas idas ao quarto dela durante a noite, mas quando achamos que é fome (não engana muito, é um relógio) levantamo-nos os dois: um vai fazer o biberão (a Isabel já não mama desde os 9 meses) e o outro vai logo pegá-la ao colo para que ela não chore e não desperte. Enquanto um dá o leite, o outro abre a cama e puxa os lençóis, descobre o doudou e vai dormir. Na vez seguinte, trocamos. De manhã, também nos vamos revezando: um levanta-se às 06h50 – 07h num dia, o outro no dia seguinte. Nem vos conto como isto tem sido essencial para a minha sanidade mental ainda existir (se é que existe)! Ter um pai presente, que se sente tão responsável nestas tarefas quanto eu, é música para os meus ouvidos.

Por isso, quero dizer-vos que vocês são um exemplo da maior força do mundo, que só um coração enorme de mãe pode ter.

*também válido para pais solteiros, sem a parte das mamas, claro. 

Inventam tudo (#11)

Esta rubrica é daquelas que nunca irá acabar. Há sempre mais coisas para descobrir nos meandros da internet. 

Por acaso, no outro dia, até li uma mãe que perguntou por isto num grupo de mães aqui no Facebook. E, pensando bem, acho que dá muito jeito. 




Há muitos bebés que não são barrigudos e, portanto, os bodies deixam só de ter um cm para já não serem mais usados. Extensores de bodies. Foi o que alguma alma muito esperta decidiu criar.

Claro que também podemos ser nós a fazer na máquina de costura mas, sinceramente? Agora que se tem bebés? Quando é que vamos voltar a pegar naquilo?

Sei que, quem me acompanha, nunca imaginaria que eu já tivesse pegado numa máquina de costura ou que tivesse comprado uma mas, em minha defesa, devo dizer que tive uma baixa de gravidez ainda algo prolongada e já não podia mais ver televisão ou ver o meu marido a jogar Fifa. 



Agora que estava aqui a olhar para a imagem, pensei (às vezes acontece): é realmente uma boa ideia, mas entre encomendar isto da internet ou ir dar uma volta à Primark e comprar uma dúzia de bodies novos por uma notinha de 20... 

Fica a sugestão. Nem que seja para um DIY (do it yourself - aprendi quando andava nas lides da costura). 

Usariam ou é só engraçado?

A festa da Isabel (continua... e continua...)

A festa da Isabel (socorro, que trabalheira!) foi o post mais lido desta semana.

Mérito da Joana do Love Lab que tirou fotografias lindíssimas. A festa também estava bonita, vá, vou deixar-me de falsas modéstias.

Hoje publico fotos das pessoas pequeninas queridas que foram à festa da Alice e da Isabel, incluindo, surpreendentemente, a própria da Alice e da Isabel.




















Do cuspo.

Mete-me algum nojo. Há pessoas que quando nos beijam na cara, deixam bocadinhos de cuspo, que reservam nos cantinhos da boca, nas nossas bochechas. Tenho de, discretamente, limpar a cara com a manga da minha camisola.
Há pessoas que quando falam connosco fazem cair uma chuva de perdigotos e não há muito que possamos fazer a não ser, discretamente, distanciarmo-nos.
Há pessoas (homens) que cospem para o chão e por sorte não nos acertam nos sapatos. Já tive de dizer alto e bom som "que nojo!" e "que porcaria!" e até já fiquei tão mal disposta que me ia vomitando.
Há homens brejeiros que gritam do alto dos seus andaimes: "fazia-te um pijaminha de cuspo" e naquela hora desejo que se engasguem com saliva.

Nunca tive uma relação muito boa com o cuspo dos outros. Até ser mãe. Acho que quando somos mães a nossa relação com os corpos, com os excrementos, com os cheiros e com o cuspo se altera. Até me imagino a fazer aquela coisa nada higiénica de molhar a ponta de um dedo com cuspo dela para limpar qualquer coisa na cara dela. Estão a imaginar?


Esta converseta toda é no fundo para justificar esta fotografia, que queria muito mostrar-vos. Nesta imagem a Isabel está a fazer a bolinha de cuspo mais fofa da história e a meter-se comigo, vê-se bem pelo sorriso no olhar. Que coisa mais linda esta minha filha e que pequenina aqui (tinha 4 meses e ainda sabíamos o paradeiro da Camila - a boneca ao lado).