8.27.2020

Se me exponho demasiado por aqui?






Mais do que ter aqui um álbum de fotos - a que volto muitas vezes - de sorrisos e de viagens. Mais do que ser o meu diário, de desabafos, dúvidas existenciais e parvoíces. 

Comecei a perceber que a minha visibilidade - mesmo que numa escala muito micro - vai ajudando (rrr não gosto muito desta palavra neste contexto, mas escrevo à uma da manhã) alguém. Mas não “ajuda” em nada muito estruturado/estrutural. 


Não sou coach, não sou minimalista, não sou vegana, não tenho receitas, identifico-me com quase muito do que leio e pratico de disciplina positiva, mas não a domino, nem de perto nem de longe. No fundo, não sou especialista em NADA. Às vezes até me pergunto o que posso eu dar-vos que seja útil e que não seja só um exercício de autocontemplação, que às vezes se confunde muito com empoderamento, com segurança (na lógica “o espaço é meu, faço o que eu quiser”), mas que chega meio vazio? Ou meio cheio? Sei lá. 


Vou percebendo que é nas pequenas coisas. No que não é muito pensado. No que vai fluindo. Mas principalmente quando assumo. Os meus amores, mas também as minhas imperfeições, os meus defeitos, a minha incompletude, a procura por paz interior ou felicidade. A vida a acontecer. Já pensei que me exponho demasiado, mas, sinceramente nada de mal adveio dessa exposição. Ainda, pelo menos. Que eu notasse. 


Não vou usar a palavra “genuíno” nem “mulher real”, que já não se aguenta. Mas a “fórmula” para que este cantinho (rrrr outra) me dê prazer é 50% - não quero saber e 50% - isto faz-me bem e, não sei bem como, a algumas pessoas também. 


Recebi agora mesmo uma mensagem a dizer que com uma coisa que eu disse “fez-se luz” (as palavras não são minhas) e iniciou psicoterapia em janeiro. Ou a do pai de um miúdo gago a agradecer o meu vídeo sobre o tema (sou gaga para quem tiver chegado aqui agora). Da que, quando assumi que o meu casamento esteve de mal a pior, se sentiu menos culpada ou fracassada. Da que consegui “ajudar” na amamentação. Ou da que descobriu finalmente uma dentista de quem a filha confia (e venceu o “trauma”). Chegariam lá provavelmente sem mim, não me dou essa importância toda. Mas não finjo que não encontro aqui mais uma razão para continuar a “expôr-me”. Houve alturas em que senti que não compensava, estava a acusar a pressão. Agora sinto-me mais livre para escrever o que quero, quando quero, quando posso. Não só para picar o ponto. Mas para me beliscar. Para me emocionar. E às vezes só para me sentir “normal”. 


Para que fique aqui registado, para as minhas filhas e netos, se os houver, lerem: posso nunca vir a ser escritora, em páginas que se folheiam, nem jornalista, como um dia achei que viria a ser, ou até mesmo cantora, daquelas que, sem esforço, fazem com que os pelos dos braços se ericem. Mas as poucas palavras que escrevo e algumas das coisas que disse em voz alta significaram, um dia, alguma coisa para alguém. 



8.17.2020

"Agora gosto mais do pai", diz ela.

Não me interpretem mal! Fico muito contente!


Aliás, como vos tenho escrito aqui no blog, uma das maiores missões que temos como pais da Irene é manter o equilíbrio e o bom ambiente entre os dois. Não tem sido difícil. Aliás, até tem sido cada vez mais fácil. Ela é a nossa prioridade. 

Divorciámo-nos quando a Irene tinha 3 anos e, por isso, embora tenha ficado com tudo lá registado na cabeça, creio que imediatamente não terá muitas memórias de nós juntos. Na altura, talvez também por amamentar, a Irene era cega "por mim" (ou pelas minhas mamas, vá) e eu não tinha nem um segundo de descanso. 

E assim foi até há 15 dias ou algo do género. Podemos pensar em mil motivos que fizeram com que a Irene finalmente ficasse louca pelo pai, mas provavelmente serão todos ao mesmo tempo ou até nenhum. "De repente" começou a dizer-me que queria ficar mais dias com o pai, que tinha muitas saudades dele e até a pedir para falar com ele antes de ir dormir convidando-o para vir cá a casa dar-lhe um beijinho no dia seguinte. 

É certo que o pai da Irene tem trabalhado muito, mas isso já aconteceu noutras vezes e o outcome não foi este. 

Também já reparei que noutras famílias, as que continuam a morar juntas, as crianças têm mais fases de mãe e pai. Que vão trocando. Esta é a primeira troca da Irene e, se querem saber, acho extremamente saudável e por várias razões, sendo que a principal é - na minha opinião - ela ter capacidade para verbalizar o que sente e sem vergonhas. 

"Agora gosto mais do pai", diz ela. 

Uma das coisas que tenho vindo a reparar com o tempo é que a Irene se tem comparado imenso a mim. Tudo o que ela faz tem de ser melhor do que o que faço e quer imitar-me em tudo. Faz parte ser o modelo "feminino" dela e também, digo eu, que lhe traga alguns dissabores por se comparar ao único ser humano que existe cá em casa. O pai traz-lhe sossego e aquele colinho de pai que todas nós, em princípio, adorámos e que nos fazia sentir as meninas dos olhos deles. 

Claro que tenho saudades de sentir a ligação umbilical que tinha com ela mas, também por isso, sinto-me perfeitamente segura que o amor chega para todos. Sei que temos uma relação muito sólida e que vamos ultrapassar o que for necessário juntas. Também sei que chega a hora de estabelecer o tal desmame (o das mamas já aconteceu há algum tempo) e a mãe poder ter espaço para si para a Irene também saber quem é. 

E agora é a Irene do pai. ;)

De quem são os vossos?

Claro que são dos dois... mas vocês percebem ;)

Já que estou a usar a imagem dele, sigam-no aqui ;)


Hoje, segunda-feira, a Joana Paixão Brás, no instagram d'a Mãe é que sabe vai conversar com a Ana da Dido&Co sobre estar grávida em plena pandemia e também sobre as causas que defende. Vai ser bom e às 21h30. 

Juntem-se a nós ;)



8.16.2020

Roteiro de 2 dias por Marvão e Castelo de Vide (e cascatas!)

Foram só dois dias. Uma noite. Precisávamos tanto de estar só os dois, que deixámos as miúdas com os avós em Évora e seguimos para o Alto Alentejo. A ideia era descansar, adormecer ao sol, dar uns mergulhos, provar comida boa e conhecer sítios novos. Assim foi. 

Deixo-vos o nosso roteiro para dois dias em Marvão e Castelo de Vide, com passagem por duas das cascatas da Serra de São Mamede. 


Cascata: Pego do Inferno


Como tínhamos marcado a noite num antigo convento perto de Castelo de Vide, parámos pelo caminho para fazer tempo até ao check-in. Primeiro na Cascata do Pego do Inferno, perto da localidade de Mosteiros. É relativamente fácil de encontrar (até porque vêem logo alguns carros na estrada) e menos de 5 min a descer. Adorámos! A água não é muito fria (até parece aquecida pelas rochas, na zona mais íngreme da cascata) e apanha-se bastante sol - ao contrário da outra que fomos conhecer. 
Começámos por baixo, pelo lago, onde dá para nadar, e subimos até ao ponto mais alto, com pequenas descidas que, como são escorregadias e polidas, são autênticos escorregas (pelo menos nas duas que experimentei) e piscinas com peixinhos e girinos. Espetacular. 



Como a barriga já dava horas, fomos almoçar ao Mil Homens, em Portagem, e comemos muito, muito bem (as meias doses são enormes e os senhores muito divertidos). Dizem que o restaurante Sever, mesmo ao lado, também é "bem bom". 

Passámos a tarde a namorar no Convento da Senhora Vitória (até parece pecado, dito assim ahah). Peçam ao Filipe que vos faça mojitos, que "são daqui". Ao final do dia, rumámos a Marvão, onde queríamos ver o pôr-do-sol e onde jantámos. Claro que, pelo caminho, há uma paragem obrigatória numa das estradas mais bonitas de Portugal, que liga Portagem a Marvão. Aqueles freixos com as riscas brancas são deslumbrantes e a paz naquele ramal é incrível (não gozem com o rabo no asfalto, vá). 



Marvão

Marvão é incrível. As casinhas brancas, as janelas e as portas, a vista interminável e a luz... a luz do fim do dia é mágica! Já estávamos a ficar atrasados para o jantar (no Varandas do Alentejo - onde fomos igualmente bem servidos. Muita atenção aos lagartinhos e às farófias), por isso não passámos lá o tempo que gostaríamos. É daquelas terras a que vai saber bem voltar, sem dúvida (e já lá tínhamos estado ambos).




Castelo de Vide 

Depois de jantar, fomos até Castelo de Vide, onde era a nossa casinha - daquelas bem antigas, remodeladas, com chão a ranger, esconderijos e janelas lindas (ficámos nas Espinhosas, que pertence ao mesmo convento onde passámos a tarde). Estas casas são mesmo no centro, praticamente ao lado da fonte da vila, da judiaria. Percorremos a pé, de mãos dadas, a vila, bebemos água na fonte, iluminada, e deixámo-nos conquistar por aquelas ruas. 




A subida ao castelo ficou para o dia seguinte, depois de uma manhã passada na piscina do convento, onde nos deixámos passar pelas brasas numa das camas situadas na relva, aproveitando a lanzeira do Alentejo. Já não me sentia tão relaxada há meses. 





Almoçámos uns petiscos num restaurante muito giro no centro, o Jerico, depois de uma grande caminhada pela vila.

Subir à Ermida N. Sra Da Penha 

Aproveitando o conselho do meu vizinho, o Sr. José, fomos até à Ermida da N. Sra. Da Penha, que é uma capelinha no cimo de um monte, na serra de São Paulo, construída no século XVI e com uma vista espetacular sobre Castelo de Vide (e de onde se consegue ver também Marvão). Vale a pena o esforço da subida da escadaria (e bem que precisávamos para “desmoer” o almoço). 





Cascata de S. Julião 

Última paragem antes de regressar às miúdas: Cascata de S. Julião, na localidade de Monte Sete, relativamente perto de Portalegre. Vimos corajosos com filhos pequenos a deslocarem-se até lá, nós agradecemos, de certa forma, não as ter levado. Ao contrário da primeira a que fomos, nesta custa bastante subir até ao carro, no final, e previmos muito colo e lágrimas.
No entanto, na mesma medida em que deve custar ir lá com crianças, deve ser uma daquelas experiências inesquecíveis para elas. É um sítio absolutamente idílico e apaixonante. 







Muitas árvores, faixes de luz sobre a água fresca (gelada, vá), rãs e libelinhas e um som constante da queda da água que transmite paz. Maravilhoso. Vejam este post muito bom do VagaMundos com mais dicas sobre as cascatas.

Ao descer depois a Serra de São Mamede, passámos por Portalegre e, se tivéssemos mais um dia, por ali teríamos ficado para conhecer melhor. Aliás, acho que numa semana chegava. Há muitas coisas giras para fazer por ali. Ficaram a faltar-nos as ruínas da Ammaia, fazer railbike no caminho de ferro entre Beirã e Marvão (deve ser tão giro), ir conhecer a Barragem da Apartadura, a praia fluvial do Rio Sever, em Portagem, ir a Nisa e ao Crato...

 
E que mais? Ficámos tão apaixonados por tudo o que vimos que queremos voltar!