5.28.2019

A minha infância

Fui uma criança muito feliz. Senti-me amada. Deram-me liberdade. Ouvia muita música e cantava muito. Andava de bicicleta na Perofilho, comia amoras acabadas de apanhar e tomava banhos de mangueira e de balde no quintal da minha avó Rosel. Apanhava nêsperas da árvore. Apanhava boleias nas ondas, no verão. Comia gelados, que derretiam pelas mãos e que eu lambia. Chupava o sal dos cabelos, acabados de sair da água do mar. Fazia amigos na areia. Fazia pinos e andava nua pela praia. Brincava no recreio da escola, jogava à macaca e ao elástico. Imitava os Onda Choc. Via novelas - adorava a Babalú da Quatro por Quatro - e o Baywatch quando chegava a casa. Punha a cassete com as gravações de desenhos animados, dos quais já sabíamos as falas de cor. Fazia ginástica e pontes no quarto. Andei na natação e nas danças de salão e na música e no coro. Bebia leite com cevada em casa da minha avó Isabel. Desmembrava os sofás com o meu irmão para saltarmos e brincava com os bibelots que eram meninas e cães e sei lá mais o quê. Comia caracóis com torradas e um sumol de laranja. Lia muitos, muitos livros. Ia para a cama dos meus pais aos sábados e domingos de manhã, ouvir anedotas e apanhar cócegas. O meu pai secava-me o cabelo, em cima de um banquinho verde tropa, com um rolo, para as pontas irem para dentro. Tinha um vestido amarelo torrado que adorava e com o qual me sentia vaidosa. Fazíamos viagens maiores a ouvir Shade, Delfins e Os Bandemónio. Eu cantava a viagem toda. Usava borrachinhas de cheiro e canetas de cheiro para colorir os meus cadernos, sempre impecáveis. Alugava filmes no clube de vídeo, mesmo em frente ao nosso prédio. Fazia coleção de cromos e autocolantes (aqueles dos fantasmas que brilhavam no escuro!) e de posteres das Spice Girls, dos TakeThat e dos Backstreet Boys. Tinha um do Hugo Leal, um crush, apesar de ser do Benfica. Ficava escondido do lado de dentro do armário para lhe poder dar beijinhos à vontade. Adorava a Bravo e a concorrente. Tinha cassetes que ouvia na aparelhagem do quarto. Escrevia no diário todos os dias e apaixonava-me muito. Ia para Lisboa para os ensaios dos Onda Choc e do coro dos Jovens Cantores de Lisboa. Faltava às aulas para ir ao Buereré atuar, mas tinha justificação por "atividade cultural". Partilhámos camarim com estrelas da altura, com os Milénio e tirei fotografias com os Anjos. Pedi autógrafos aos Excesso, antes de um concerto. Fui à Expo 98 e adorei o pavilhão da China. Gritei muito e chorei muito com os jogos da selecção nacional. Recortei o Figo das revistas. E adorava a Naomi e a Cindy Crawford, mas a minha preferida sempre foi a Elle Macpherson (que vi, anos mais tarde, numa fila para o cinema em Londres e ia tendo uma coisinha).



A minha infância foi... mágica. 
Voltava lá por um dia.

E vocês?


As 5 coisas que mais odiei na gravidez

Eu sou das que ADORA estar grávida. Mas só porque tive sorte, claro. Apesar dos enjoos que duraram quatro longos meses, os restantes foram óptimos e trabalhei até ao fim (parei uma semana e uns dias antes). Da segunda gravidez, só enjoei uma vez (com o cheiro da gasolina) e tive umas chatices mais para o fim (nem me recordo bem o quê, mas umas dores nos ossos talvez ou um episódio de ciática que me levou ao hospital - não sei), mas nada digno de nota. Não tive grandes fomes, grandes desejos, não estive de cama. E passou a correr, até porque tinha uma filha de dois anos a quem dar atenção. Não me posso queixar. 

Ou será que posso? Posso. Houve coisas que apagava, sim, sim. 

1- O teste do cotonete

Contei-vos aqui a experiência terrível que tive, da primeira vez. Só quando desabafei sobre isso, percebi que não era normal doer tanto, pelos vossos comentários. E, de facto, quando me fizeram o teste Estreptococus B na segunda gravidez nem senti. Que bruta que deve ter sido a primeira enfermeira, credo. Tanto que ainda me lembro da dor, que ficou pelo menos mais um dia.

2 - O teste da glicose

Ai senhoras, o esforço que eu fiz das duas vezes para não vomitar. Troquei de sabor, mas mesmo assim foi do piorio. Sim, fresquinho. Um enjoo sem explicação. Era bom que inventassem outra técnica qualquer, não era? Era.

3 - Os enjoos nos primeiros quatro meses

Óptimos para não ganhar muito peso (ahah), péssimos para quem está a trabalhar e a ter de fazer corredores até à casa de banho. Uma vez não consegui lá chegar. Viagens de carro então, esqueçam. Era trigo limpo farinha amparo. Fiz sprints até à casa de banho vezes sem conta e nem os nausefes aliviavam grande coisa. Nunca descobri a fórmula para não enjoar e experimentei tudo: comer logo, comer mais tarde, não comer, comer pouco, comer coisas secas. Nada resultou.

4 - O sono doentio no primeiro trimestre

O descontrolo total. E eu sempre fui uma "sornas", sempre adorei dormir. Mas nada, nada se comparava àquele estado doentio em que nem palitos nos olhos os segurariam. Aconteceu-me estar a trabalhar em frente ao computador e estar a dar cabeçadas, tal era a soneira. Tudo muito bonito se se estiver em casa, tudo péssimo quando se tem coisas para produzir e depois não convém andar a beber litradas de café.

5 - Dormir mal e porcamente no último trimestre

Quando nos dizem "dorme agora porque depois..." deviam era estar caladinhos. Dorme agora, como assim? Na primeira gravidez, já não tinha posição e levantava-me, à vontade, 5 vezes por noite para ir fazer xixi. Acordava cedíssimo. Da segunda gravidez, não tinha muito xixi, mas tinha uma filha de dois anos acabados de fazer, que dormia muito mal e que me chamava a mim durante a noite. A segunda filha foi feita na primeira semana em que a Isabel dormiu lindamente, mas aquilo foi um engano, que voltou a ter pesadelos e a acordar quatrocentas vezes por noite. Credo. Eu a levantar-me e a ir dormir com ela, com um barrigão enorme.

Foto: Rita Ferro Alvim

Nada muito grave, certo? Tantas histórias péssimas de grávidas que sempre me senti uma sortuda! Nada de azias, de grandes dores, de ter de ficar quietinha... senti-me apaparicada e com uma energia diferente. Até a minha pele esteve melhor.

E vocês, quais as queixinhas que fazem?

E porque é que eles se portam mal?

Se calhar dava jeito que, nas maternidades, em vez de nos darem algumas amostras de gel de banho para eles, darem uma espécie de guidelines que nos ajudassem a não ter que aprender a bater com a cabeça determinadas coisas. 

Claro que também podemos ir pesquisando, mas antes nem sabemos o que pesquisar e... durante... começa a aventura! Alguém consegue ler dormindo 32 segundos por noite? Bem me pareceu. 



Cruzei-me com estas imagens (as de baixo, a de cima foi nas nossas férias) no facebook hoje na página de uma senhora (não conheço a senhora, nem o trabalho, por isso não estou a dar endorsement a tudo o que ela faça) e estas imagens pareceram-me tão, mas tão úteis e simples. Obrigada, Little Lion ;) Vamos a isto? Quanto tempo demoraram para aprender cada uma? 


Atenção que o estar entre aspas é crucial. Elas não se "comportam mal". Elas estão sempre certas, nós é que não as compreendemos e julgamos os comportamentos por nos estarem a atrapalhar ou a irritar. 



Informem-se por favor das necessidades de sono médias de uma criança com a idade dos vossos filhos. Digo "informem-se" porque nem todas conseguimos ver os sinais e nem todas as crianças evidenciam da mesma forma. 





E, por estrutura, leia-se também rotinas. Ter as regras do jogo delineadas antes de o começar. Também as crianças gostam de saber com o que contar até para que cumpram expectativas. 


Aqui não é "mal" é "mau" e, mesmo assim, já sabem que o que se quer dizer aqui é a criança chegar a fazer coisas que já sabe a priori que não estão de acordo com o que lhes é exigido. 


Isto serve para todos nós, não é? 



Esta aprendi só recentemente. E que diferença gigante, caramba!



Not helping. 



Quando escrevemos posts em que sugerimos que determinada abordagem não é a mais útil, também somos convidadas por vocês - e bem - a que proponhamos ferramentas. Neste caso, esta mudança de mindset, perceber estas premissas, irá com certeza ajudar tanto cada uma de vocês como me ajudou a mim. E à Irene. 


Querem acrescentar mais algumas? 





5.27.2019

Eles não deviam ir para a escola.

Já pensei nisto centenas de vezes. Na maneira como escolhemos organizar o mundo em torno do dinheiro e das necessidades não essenciais nas quais nos focamos tanto para nos iludirmos com uma sensação temporária de satisfação em vez da de "felicidade" ou calma mais constante.  Foi uma frase muito...? Agora andam a dizer-me que às vezes entro em modo guru e que não me calo mas... convém irmos pensando nas coisinhas porque para estar em modo automático temos os electrodomésticos. Se somos racionais, convém usarmos isto da... racionalidade? Diria. 

Já me irritei. Já me irritei achar que as mães e os pais não deviam estar a trabalhar para pagar as escolas onde os miúdos ficam para as pessoas tomarem conta deles, mas depois da reunião da semana passada na escola e estando a Irene a passar por uma fase boa, não consigo não... mudar um pouco o mindset. 

A Irene já tem 5 anos. Obviamente que acho horrível - principalmente os pais não querendo - que as crianças tenham de ir para infantários e creches por falta de direitos, de liberdade, de compreensão da entidade patronal... por tudo. Acho mesmo que devíamos focar-nos mais na questão da parentalidade como um bem essencial para que o mundo melhore e continue a existir e deixarmos de ver as pessoas meramente como ferramentas para obter mais dinheiro. Porém, na maioria dos casos, é assim que funciona. Ainda. 

Há quem tenha de voltar a trabalhar com 3 meses de pós parto e 3 meses de bebé e isso devia ser crime. Estando a recibos ou a contrato, o quer que seja, fazer isto a uma família é algo com o qual nem os próprios patrões deveriam compactuar. Antes de serem patrões, são pessoas e um dia calha-lhes no colo serem mães e pais e espero que ponham a mão na consciência. 

A questão é que muitos patrões até já o são sendo pais mas estão muito focados no trabalho e, por isso, consciência destas coisas é infelizmente um espaço que não lhes assiste dada... a urgência do trabalho. Tudo é legítimo. É mas é escusado serem as crianças a pagarem por isso e, ja agora, os pais que querem dar-lhes a atenção que eles merecem. 

Fomos tomar um brunch só nós no outro dia, foi tão, mas tão bom... 

Estou irritadinha hoje, não sei se é de andar a dormir pouco, mas depois compenso nos próximos posts com mais simpatia, vá. 

Bom, seja como for. A Irene agora tem 5 anos. Está crescida. Deixá-la na escola não tem sido um drama. A minha vida está mil vezes melhor, estou muito mais feliz (e, newsflash: estas coisas estão ligadas umas às outras). Na reunião do colégio em que puseram a par de todas as actividades e jogos que têm vindo a fazer ao longo do ano (nesta escola e nesta idade a aprendizagem é feita em torno de brincadeiras e em momentos propostos pela professora e outros pelos alunos) e confesso que, pela primeira vez senti que afinal isto até está certo. "Nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Tendo a sorte de encontrar uma escola que nos deixe descansadas e professoras nas quais consigamos confiar, faz muito sentido que as crianças passem os dias em conjunto e que haja uma orientação de alguém que também os ame (que seja uma espécie de mãe da escola, nesta idade) e que saiba o que está a fazer. Que além de ter sido formada para isso, também tenha vocação para o mesmo. 

Claro que não quer dizer que passassem 8 horas na escola ou às vezes 12h (que dor para TODOS), mas a escola não é um sítio errado ou mau - sendo a escola certa. A falta de liberdade de horários é que é horrível. 

Muita sorte tenho eu de conseguir para já ser freelancer e de a poder ir buscar a partir das 16h. No entanto, que bem que lhe faz. E que bem que tomam conta dela e a ensinam. O resto têm de ser os pais e a família a fazer ;). Mas, para isso, tem de haver tempo e descanso, caramba. E "trompas" para, mesmo cheias de medo, ajustarmos a nossa vida às nossas prioridades o melhor que soubermos. 

Aqui entre nós: a Irene só foi para a escola aos 2 anos e meio. Mesmo sentido tudo isto agora, nunca a teria posto mais cedo (porque pudemos tê-la em casa, claro). Há uma diferença gigante entre os 3 e os 5. E antes dos 3 achei mesmo - no caso da Irene, pelo menos - uma violência muito grande para todos.





As mulheres não são nada umas cabras

Estou neste momento a ver o Banana-papaia. Para quem ainda não sabe o que é, é o novo projecto da Joana Gama. 

Somos amigas há cinco anos. Trabalhamos as duas juntas, neste blogue, há quatro anos e meio. Vamos vibrando e apoiando os projectos paralelos uma da outra. Se vissem o meu coração minutos antes de cada espectáculo que vi da Joana Gama, percebiam o nervosismo por ela e o entusiasmo. Ri-me tanto. E eu não me rio com humor com facilidade. 

Quando ela começou a ser side-kick do Unas no Maluco Beleza, vi tudo religiosamente. Torci para que não acabasse nunca (que me desculpe a menina que estava lá antes). E ri-me tanto. Tanto talento e tanto prazer a fazer aquilo. As bujardas a sairem no momento certo. Cheguei a chorar a rir, com a "meia de leite". 


Quando me falou deste Banana-papaia com a Rita Camarneiro (que adoro!), e fui vendo os logos e as fotografias, já sabia que ia ficar incrível. Têm as duas uma energia enorme, têm graça e são autênticas. Ia escrever "loucas", mas chateia-me esse adjectivo para caracterizar pessoas que são genuínas e falam com poucos filtros. Se calhar faltam mais pessoas loucas no mundo então. Quando a "loucura" não prejudica outros, é só bem-vinda.

O programa está excelente. Elas são lindas, o cenário está giro e - o mais importante - o balanço entre rambóia e conversa séria está no ponto. Passa a correr. Ficamos a saber que a Joana Gama teve os lábios do pipi colados durante uma febre, sítios públicos onde já fez amor e que a Rita Camarneiro faz xixi nos WC públicos pondo os pés na retrete. Vejam!

Não gosto nada de ler por aí que as mulheres são cabras umas com as outras, invejosas, etc e tal. Acho que isso é mito ou que será apenas uma minoria. Na minha família, as mulheres são fortes, apoiam-se e torcem umas pelas outras. As minhas amigas são iguais. No trabalho, também nunca senti essa rivalidade tosca. E na internet, também vejo muitos elogios sinceros e gente que se passa a dar, para além do online. Por isso, acreditem em alguém que diz que gosta muito do trabalho de outra mulher. Neste caso de duas mulheres lindas e talentosas. Ainda por cima, neste meio (humor) em que a proporção de mulheres para homens é ínfima. Apoiemos mais aquelas e aqueles em quem reconhecemos valor.

Vejam, vale a pena. Parabéns, miúdas! Vocês merecem.

5.26.2019

FINALMENTE! A 2ª parte da conversa com Madalena Abecasis.

Não quero ser spoiler, mas acho que sofri de bullying da tia Lena neste vídeo. Um privilégio. Obrigada, 'miga. Cê é um máximo. 

Tivemos de aproveitar a conversinha toda para pedir uns conselhos à Madalena. Nomeadamente: onde é que a Joana Paixão Brás deveria fazer uma tatuagem, o que é que ela achava verdadeiramente do meu outfit e, já agora, da minha tatuagem enorme de tamanho motoqueira. 

A tia foi, como sempre, muito franca excepto quando lhe perguntamos por projectos pessoais... Grrr... será que vocês apanham um trejeito qualquer que nos escapou? Será que conseguem descortinar algo que a nós nos passou ao lado?

Toca analisar a fundo, Dona Madalena Abecasis, a rainha da fritura da classe alta da internet (óooooptima!)

Sigam-na, já agora aqui: @madalena_abecasis


O primeiro segundo da reacção da Madalena à tatuagem... promete ;)


Vejam, já agora, a parte 1 da conversa se estiverem a apanhar isto a meio aqui: (Quase) Tudo sobre Madalena Abecasis - Parte 1 

5.23.2019

Não vou trair a Joana Paixão Brás... mas há outra mulher na minha vida.

A Joana, até agora, tem estado a reagir bem. A verdade é que além deste casamento por aqui com a Joana, agora tenho... uma amante: a Rita Camarneiro. Já a conheço há milhares de anos (até foi ela a responsável pela Irene existir, um dia conto-vos).

Não vou estar menos presente por aqui. Vou estar, dividida, vá. O meu coração de mãe está aqui, a minha alma de comediante está com a Rita. Não é por mal, mas... opá. Não sei. Ficou esquisito? 

Fotografia de Edgar Keats.
É um programa que nasce nos estúdios do Maluco Beleza do Rui Unas, mas que assenta por completo na nossa essência de... bem, pessoas... engraçadas? Não sei, não sei o que vos diga.

Já temos instagram, sigam-nos se não forem facilmente chocáveis: https://www.instagram.com/bananapapaia/

E ontem fomos ao Maluco Beleza Liveshow. Querem ter uma amostra daquilo que vai acontecer? Então, vá:







Vai passar a sair aos domingos à noite. Para já é um episódio por semana, mas depois logo se vê. Andamos as duas cheias de ataques de ansiedades e a tremer do olho, mas aqui vamos nós. 

Quem desejar-nos boa sorte? ;)



Descobri a solução para mim: acordar às 06h30 da manhã

O dia de hoje correu mesmo, mesmo bem. E eu acho que sei porquê: levantei-me muito mais cedo.


Costumo acordar só quando as miúdas acordam (vantagem de quem não tem horários e cujas filhas ainda não andam na primária) e costumava gostar deste sistema. Elas levantavam-se, vinham para a nossa cama, ficávamos ali na ronha, passávamos pelas brasas. Era bom. 

Mas eu sentia que o dia não rendia. E, se quero continuar a tirar uma hora por dia para fazer desporto - ando a fazer treino com PT duas vezes por semana, Yoga uma e Pilates uma -, continuar a ter a casa mais ou menos organizada, tempo para trabalhar e estar descansada quando as vou buscar e estar presente, acho que é esta a única solução. Hoje fui fazer análises e exames, cheguei a casa, estendi a roupa, arrumei a louça da máquina, fui treinar, fui ao lixo, fiz o jantar, fui aos correios, trabalhei, fui buscá-las, brincámos, banhos, jantar, e ainda tivemos tempo para três histórias antes de dormir. Coisa que, acordado mais tarde, não teria acontecido. Alguma coisa teria ficado por fazer. 

Tenho de me reajustar, agora que sou freelancer. De ganhar mais tempo, de me organizar de outra forma. E eu li há uns tempos que até há grupos de pessoas que partilham esta filosofia de acordar bem cedo: o 5am club. A primeira vez que li 5 da manhã ri-me. Mas a verdade é que quem acorda mais cedo tende a ser mais produtivo, mais proactivo, consciente, além de que, dizem, reduz ansiedade e depressão. Encontrei o texto sobre isto. 

Há todo um ritual matinal que não passa, como devem imaginar, por ir para o instagram mal se acorda. :)  Esta filosofia partiu do Robin Sharma, autor do livro O Monge que vendeu sua Ferrari. A primeira hora do dia deve ser dedicada a exercícios físicos durante 20 minutos (eu encaixaria aqui a saudação ao sol, do yoga), 20 minutos a planear o dia e a definir objectivos e outros 20 a ler ou a estudar algo novo. 20/20/20.

Claro que depois temos de nos deitar mais cedo. Beber muita água. Alimentarmo-nos bem.

Agora que as miúdas já dormem razoavelmente (apesar de ainda acordarem quase todas as noites), até acho "fazível". Ou acho hoje, que estou bem-disposta. Mas se nunca tentar e persistir, como saberei?

E vocês, o que acham disto? Conseguiriam?



Fotografias: The Love Project




5.22.2019

(Quase) TUDO sobre Madalena Abecasis

Não é todos os dias que estas duas moçoilas vão a Cascais. Ainda tivemos esperança que a Tia Lena (@madalena_abecasis no instagram) nos convidasse para almoçar uma lagostinha mas, ao que parece, os seus criados estavam a planear uma refeição apenas para 200 pessoas (todos os primos que ela tem com 88 apelidos) e não a contar connosco.




Há quem diga que os banquetes da série Game of Thrones foram inspiradas nas refeições familiares diárias de Madalena e nós não duvidamos.

Querem saber mais? 

Esta é a primeira parte, vá.






Gostaram? Então, já sabem o que têm a fazer depois de limparem as vossas lágrimas de comoção por terem tido acesso a este conteúdo. Subscrevam o canal para ficarem a par de mais novidades, sim? 

E se a festa dela fosse diferente?

Eu tento ser descomplicada, palavra. Mas, às vezes, tenho receio de que uma filha sinta que está a ser menos apaparicada e que, mais tarde, se sinta triste com isso. Não faço tudo igual para as duas sempre sempre (até porque elas são diferentes) e até lido bem com isso, só que também não queria exagerar. 

A Luísa não teve festa de anos no ano passado, quando fez dois anos. Fomos para Dublin os quatro e cantámos os parabéns no aeroporto com um queque improvisado pela minha mãe. Sinceramente, zero arrependimento, foi maravilhoso e valeu muito a pena para todos. 

E, este ano, estava a pensar fazer, outra vez, algo diferente. Vou cantar os parabéns e apagar as velas na escola dela, dia 31, coisa que sempre fizemos com a Isabel e que eles adoram. No sábado, vamos com os primos até ao Wildy, em Monsanto. Vai ter música, magia, arborismo, jogos... acho que é uma festa de anos à maneira, não? Nesse dia, temos a primeira comunhão da prima à tarde e no dia seguinte um baptizado, por isso, achei que umas quantas horas passadas ao ar livre, com a irmã e os primos, no meio da natureza e com actividades para eles, seria o programa mais giro que lhe poderíamos dar. Ela adora passear, adora rua, adora campo (ou não tivesse nascido e dado os primeiros passos em Santarém, comido relva e feito sopas de terra), por isso acho que é perfeito. Depois cortamos o bolinho em casa. 

Não é a festa mais “convencional”, mas acho que passa bem e que ela vai ficar feliz, que é no fundo o mais importante. 










Fotografias: The Love Project




5.21.2019

E o final do GoT? (spoilers, sim, muitos spoilers)

Epá e este final? 

Quantos enters é que tenho de dar para esta frase não aparecer na miniatura no post ali no Facebook? 

Já está. Epá e este final? Já fui mais fã do Jon Snow. Aquela meia trepadela que ele deu à tia não me entusiasmou por aí além. Bom rabo, sim, mas senti que sabiam que eu estava a ver e que não estavam a gostar. O Jon Snow da minha imaginação deixava de ser cocózinho e dava-lhe uma trepadela que deixaria os orifícios dela a deitar fogo como a boca dos dragões. 

Mas não. Muito amor. Muita saudade no amor e uma espécie de... parecer que já sabiam que estavam em família, com o desconforto que é habitual quando se faz amor dentro da própria família. Nunca é totalmente fixe. 

Já disse que ele tinha um bom rabo? Eu também quando me agacho toda 50 vezes por semana. De resto é comprar calças caras para não parecer que o meu rabo se está a derreter pelas pernas. 



Tal como muitas de vocês tive uma crushzinha por este actor fantástico mas comecei a ficar enervadinha com a nhónhice dele com o "és a minha rainha, és a minha rainha". Parecia já um refrãozinho dos Santa Maria ou algo do género e o rapaz, tão dado à sensatez, estava a matar-me o semi-pau que me dava ser tão corajoso e lutador e afins. 

Vá lá que matou o bicho. E ainda bem. Gostei também o trabalho de artesanato que o dragão fez com a cadeirinha de ferro e veio a calhar bem porque o novo rei já vinha sentado. Fantástico!

O raio do Tyrion não sai daquele posto. Tem-lhe corrido bem a carreira de freelancer mas não tem variado muito. Não consigo deixar de pensar nos furos nas roupas do homem que tem feito aquele crachá. Parecem aqueles que me costumavam aparecer na zona da cintura. Não sei se era traça, se era do cinto ou... dos chineses ou o...

Sinto-me desapontada porque foram algumas seasons a ver penteados invejáveis das Sansas da vida e da Rainha dos Fritos e nem um Do It Yourself ou algo do género. Nada. Quer dizer que tenho de gastar dados do youtube? No me gusta. 

Tirando isto tudo... A Arya é a maior. Não há de conhecer a banca da Benefit na Sephora mas, já que perguntam, digo-vos que aquela farfalha ocular até lhe assenta. Que coragem. Também passou por muito, desde a ter que lutar cega a... não me lembro do resto, mas foi complicadote. 

E a mázona? A da varanda? Não gostei nada quando ela cortou o cabelo. Ficou igualzinha ao quadro do menino que chora só que com menos inteligência emocional. A rebentar tudo pelos ares e a fazer filhos a torto e a direito para se sentir mais preenchida (literalmente). Uma chatice. Gostei que o maninho tivesse voltado para lhe dar uma mãozinha (lol). Foi bastante tétrico vê-los empedrados. 

Acho que até gostava deles. 

Sacanas destas séries em 2019 que questionam a dicotomização habitual que o ser humano faz da realidade para uma simplificação da leitura e consequentes conclusões, não é? Querem ver que os bons não são sempre bons e os maus... what?

Pronto. Tudo muito giro. Gostei muito. Já não me afeiçoei tanto à série nesta season por saber que ia acabar, mas foi muito lindo. Irá sempre descer-me o leite quando ouvir a música do genérico. Quase que tenho vontade de ler os livros, não tivessem eles capas tão cocós de aparecer no instagram. 




5.20.2019

Leriam o diário dos vossos filhos ?

Por muito estranho que isto pareça, a Irene já tem um diário. Com código e tudo. Foi uma exigência dela. 

Sei que andou a passear com uma das avós no outro dia e viu um diário num centro comercial. Chegou a casa e pediu-me um. Como sempre que acho o pedido razoável digo: “em princípio sim, se vir algum, vou comprar”. 

Comprei e tem sido uma paixão enorme. Faz sentido que também tenha interesse no diário (embora inicialmente nem sequer soubesse para que serve) porque começa a treinar as primeiras letras. Já sabe praticamente escrever o seu nome (andou a escrever M em vez de N e nem reparei, teve de ser o pai, haha), mas pouco mais. De resto tem-me pedido para que eu escreva coisas de maneira a que ela consiga imitar. Tão giro. Nunca tinha presenciado este início de escrita. Começou com a lista de compras, ser ela a pedir um bloquinho para fazer a lista e agora quer um diário. Giro.


Partilhou o código com uma amiga, a Constança. Gostam muito uma da outra. Ao ponto de ter sido a única a quem ela revelou o código. Relembro que nem ela sabia para que servia o diário. Aos 5 anos quis ter algo seu, que parecesse secreto, embora ainda sem segredos para lá escrever. Digo eu, mas na volta já terá os seus. Como quando diz foi fazer xixi e não fez. Gira. 

Lembrei-me que fui muito de ter diários. E, pelos vistos, continuo a ter. Este blog é uma espécie disso mesmo. Fui tendo diários desde que me lembro. E houve um, pelo menos, que chegou a ser lido. Não tinha código nem cadeado. Um psicólogo diria que eu queria ser apanhada, mas nem por isso. Escondia-o como um caderno normal entre os meus livros ou, numa fase posterior, debaixo da última gaveta da minha secretária. 

Lerem-me o diário foi horrível para mim. Muito menos eu ter que saber que o fizeram, ter sido confrontada com isso. Creio que falava muito dos rapazes por quem estava apaixonada e com quem namorava. E talvez tenha sido daí que tenham tirado a conclusão que eu não pudesse ir de férias para o campo de férias naquele ano por ser “muito arisca com os rapazes”. Ou anos depois, não sei. 

Nunca cheguei a ir ver o que queria dizer. Fui ver e ainda não compreendo. Sempre entendi que quisesse dizer “badalhoca” ou algo do género. Diz aqui que não corresponde “aos bons modos”. Na volta tem a ver com isso, não sei. 

Agora sei o que me levava tanto a querer que gostassem de mim. Continuo a querer, olhem eu: escrevo um blog, faço vídeos, sou comediante... Está cá tudo na mesma.

Sei que estava no quinto ou no sexto ano. O meu caderno tinha uma fotografia dos Offspring na capa e na contra-capa. Impressa numa impressora já com falta de tinta amarela, então estava tudo azul ou lá o que era. 

Não gostei da sensação de me terem lido o diário. Senti que a minha privacidade não era algo a ter em conta. Como se de alguma forma não estivesse segura sequer a pensar, na minha própria intimidade. 

Se precisasse de ler o diário da minha filha, lê-lo-ia? Sendo completamente honesta, só tenho a certeza de uma coisa: se o lesse, ela nunca iria saber. Nunca lhe diria isso. Nunca a faria sentir-se violada dessa forma.

Se calhar sou péssima na mesma, mas pondo-me numa situação em que falar com a minha filha fosse impossível (por eu ser incapaz ou por ter uma relação com ela que se baseasse em medo e controlo), talvez lesse o diário, sim.

Não sei se aos 15 leria. Não sei se aos 16. Aos 17 muito menos. Sei que se estivesse extremamente preocupada que talvez fosse ler o diário dela.

Agora digo-vos, seria a minha derradeira tentativa. Só depois de tentar tudo. Desde questionar a minha forma de educar e amar, a tentar criar uma estratégia de apoio para a minha filha e para a família, a educar-me ao máximo, a tentar incluir outros players no jogo, a deixá-la em paz... Seria apenas na base do desespero TOTAL. E só porque confio em mim ao ponto de saber que o que leria não seria julgado nem alimentado com medo. Seria sim informação para a ajudar melhor e à família.

As mães são capazes de coisas extremas, mas têm de estar centradas.

Eu acabei por escrever os meus diários em DOS. Tive de me educar a criar documentos sem ser em windows e protegê-los com uma password para ter direito a algum ar livre. A poder processar as coisas, mas sempre a medo. Em tudo.

Às tantas creio que a noção de privacidade se alterou em mim e vejo o quão libertador é dizer-se a verdade. Não por haver quem diga a mentira, mas a transparência e ser-se tão genuíno quanto se sabe ser traz uma música muito mais saudável ao mundo. Trazendo amor, compaixão e começando por nós mesmos.

Quero muito nunca ter que ler o diário da Irene (quando ela souber escrever, vá). E todos os dias faço o melhor que sei. Tal como sei que os meus pais, dentro do que têm para me dar, também fazem o mesmo.

E vocês? Leriam o diário dos vossos filhos?






Estou a pensar fazer uma cirurgia plástica

Desde que escrevi este texto sobre mamas, em 2014, que muita muita coisa mudou. Mais uma filha, que mamou até aos dois anos e tal. E se as minhas mamas já não eram enormes, agora ficaram mesmo mesmo mirraditas e descaídas. Eu já tinha um desejo antigo de pôr implantes. Amigas minhas puseram, ali nos vintes, mas eu não tinha disponibilidade financeira e, verdade seja dita, na altura não era prioridade. 

Neste momento, quero fazê-lo. Apesar de todo o discurso de aceitação e de nos amarmos como somos me fazer sentido, acho também que isto poderá mudar a relação que tenho com o meu corpo. Deixar-me mais confiante, mais feliz. Em podendo e querendo, por que não? A primeira coisa que andei a procurar na internet foi, em caso de querer ter mais algum filho daqui a uns anos, se comprometeria a amamentação. A resposta é não. Seria uma razão para eu não fazer, por exemplo. 

A escolha do médico que fará a operação é, também para mim, muito importante, se não das coisas mais importantes. Nestas coisas, acho que as recomendações são essenciais e ver o trabalho em si também. Por isso, falei imenso tempo com uma amiga que foi operada por este médico, o Dr. João Bastos Martins, e que adorou não só o resultado, como a sensibilidade dele em todo o processo. Minutos antes da cirurgia, ela estava com receio (acho que o facto de sermos mães ainda acrescenta um peso diferente a estas escolhas) e ele disse-lhe, de forma muito calma, que ia a tempo de pensar e que não tinham de avançar. Ainda sem o conhecer pessoalmente, ganhou logo pontos. E depois vi, claro, os antes e depois todinhos (acho que sou um bocadinho viciada em antes e depois de tudo, sejam de operações, casas, dentes, dietas...): e os resultados são incríveis e super naturais, tal como eu quero. 


Agora só falta perceber se estamos em sintonia, na consulta, e se todas as minhas dúvidas e receios se dissipam. 

Qual o tempo de recuperação? 
Qual o tamanho indicado? 
Qual o formato, de forma a ficar com aspecto natural? 
Por onde é mais aconselhado fazer, no meu caso? 

E mais? Querem ajudar-me?
Há desse lado quem já tenha feito esta operação ou que conheça de perto quem terá feito? 
Que perguntas não posso esquecer-me de fazer ao médico?

5.19.2019

Aladdin: e se pedíssemos 3 desejos?

Quando era criança, acreditava que tudo se poderia realizar. Mesmo. Fechava os olhos e sonhava. E foi esse poder, essa magia enorme, que me foi dando força para traçar o meu caminho. Um dia um professor disse-me que eu não poderia ser jornalista de televisão, por ser gaga. E eu provei-me, anos mais tarde, que os limites do nosso potencial não podem ser definidos pelos outros. Nem mesmo por pequenas características que não nos definem. Com amor, com amor-próprio, seremos sempre melhores e únicos.

Vi o filme de animação do Aladdin vezes sem conta, tinha a cassete, com dobragens em português do Brasil. E tinha ainda um livro, que até hoje guardei, e que elas adoram. Está assinado: "Joana Isabel". 

Claro que adorava a história de amor, que eu sempre fui uma romântica, mas era mais do que isso. Cativava-me aquela princesa, Jasmine, que não se contentava em ser princesa, fechada num palácio e que só queria ser livre. Achei-a corajosa, desde o início. Pouco resignada. A querer ajudar o povo de Agrabah. As minhas princesas preferidas são assim: fortes. Cativava-me também a história de amizade entre o génio e o Aladdin.

E, claro, aquela lâmpada mágica. 3 desejos. Ao longo da vida, fui pedindo 3 desejos diferentes. E agora, em vésperas de estrear o filme Aladdin em todas as salas de cinema - é já dia 23 de Maio!!! - chegou-nos o desafio: que desejos pediríamos ao génio da lâmpada? Nós, adultas, e as nossas filhas, de 2 e 5 anos.

Vejam o vídeo aqui, que está tãooooo giro:



* lâmpada, génio e caderno Aladdin - Disney Store

Não se esqueçam nunca de SONHAR! Dia 23 de maio, já sabem, Aladdin vai dar o mote. Estou desejosa de ver. Adorei o Dumbo e cheira-me que ainda vou gostar mais deste. 

E vocês, que desejos pediriam? E os vossos filhos? Perguntem-lhes e partilhem connosco, queremos saber!


5.17.2019

Já temos vencedora do primeiro a Mãe é que sabe ajudar!

Depois de estarmos a preparar isto durante meses: desde o design da nossa Maria Bouza ao rebranding do blog para ficar tudo em sintonia, a apresentação a possíveis marcas parceiras para termos prémios para vocês, ao passatempo, às finalistas... chegamos finalmente à fase de anunciar a vencedora. 




A vencedora é.... 


PAULA GONÇALVES!!!!!

PARABÉNS!!!








E vocês vão ter novidades em breve sobre tudo isto :) Vamos marcar a ida a casa dela para lhe dar ajuda e força e encher-lhe aquele rabo maternal de presentes :)

Obrigada a todas pelas mais de 300 inscrições e vamos fazer disto um hábito: as mães ajudarem-se umas às outras. Se possível, enchendo-as de sopa para a semana ou o que cada uma puder, claro ;)




5.16.2019

Mães que vivem sozinhas com os filhos merecem uma estátua!

"Seja por divórcio, seja porque o marido está no estrangeiro, ou porque trabalha fora, seja por que razão for, opcional ou não, ter os filhos apenas sob a nossa alçada todos os dias, cuidar deles, brincar, acalmar os pesadelos, passear, cumprir horários, educar... É DOSE. E eu cheguei a esta conclusão tendo o David presente ao fim-de-semana, nem quero imaginar quem só tem de quando em quando... ou NUNCA! 

Por motivos profissionais (dele), vivemos assim em abril e maio. Além das saudades que todas sentimos (e ele também, claro), foi duro. É duro a falta de apoio, aquele time breakzinho, aquela ida à casa de banho mais demorada enquanto se faz uma passagem rápida pelo feed do telemóvel, porque sabemos que o outro está lá. Não há um jantar feito pelo outro, não há um "pergunta ao pai", não há aquele apoio perante uma birra, até porque às vezes é preciso é ter ideias para contornar as crises. Não dá para tirar um intervalinho, é contínuo, é sem paragens e sem desculpas. 

Não é fácil, pois não? Ou sou eu que tenho uma tendenciazita para a vitimização - o que também é possível, porque com o cansaço (lá está a queixinhas em acção), a nossa margem para resistir e aguentar tudo diminui substancialmente!

Vocês, que vivem só com os filhos, merecem uma estátua. A sério que sim. "Eu não aguentaria muito mais tempo", saiu-me várias vezes. Claro que aguentaria, se tivesse de ser. Mas sai do pêlo, desgasta, cansa."

Escrevi este texto há dois anos. Neste momento, também só temos pai ao fim-de-semana. Já é mais fácil, elas já colaboram mais, já se entretêm mais sozinhas quando eu preciso de fazer alguma coisa, já não há maminha nem uma bebé sempre colada a mim e tenho o escape de estarem as duas na escola, coisa que há dois anos não acontecia.

No entanto, continuo a sentir falta de poder ir jantar fora com amigos uma vez por mês; ter alguém com quem me revezar nos banhos ou nos jantares durante a semana; ter alguém que as adormeça uma vez por outra. Alguém com quem partilhar momentos e que ajude a resolver algum conflito (duas cabeças pensam melhor do que uma).

Mas tudo se faz. Agora, vocês mães* que são só vocês, 24/ 24 horas... mereciam mesmo uma estátua!

Fotografia: The Love Project

Por eles, tudo, claro. E acredito que aquela felicidade espontânea, aquele abraço mais demorado sem termos pedido, aquele "gosto de ti, mãe" no final do dia ao adormecer seja suficiente para repor as energias para mais 24 horas. Queixamo-nos mas queixamo-nos com o coração a transbordar.

*Válido também para pais, claro


E bebés com brincos?

Acordei e fiz o que qualquer pessoa normal faz: fui ver as redes. Tenho de parar com este hábito, bem sei. No entanto, é agradável enquanto o corpo ainda não se mexe estar a ver coisas. "Tragam-me coisas para ver!" - como se fosse imóvel e tivesse milhares de lacaios. 

Não é porreiro para começar um dia com calma e feliz porque nos põe a cabeça logo a mil. E foi o que aconteceu. Encontrei um post sobre furarmos as orelhas das crianças antes delas darem o consentimento. 


E era um post que poderá parecer exagerado aos olhos de muita gente. Eu confesso que estou com paninhos quentes neste assunto. Já dou a minha opinião, mas queria também saber a vossa. Acima de tudo gostaria que mães que tenham furado as orelhas dos seus bebés me explicassem o que as levou a fazê-lo e também quais os contras de o fazer quando ponderaram a questão. 

Dei uma olhada rápida na internet sobre o assunto - porque tenho de sair, senão estudaria isto durante três anos ou quatro - e, tanto quanto parece, é uma tradição latina. E é realmente o que me parece. Algo tribal. Da mesma maneira que aquelas tribos furam as bocas para por discos ou para por arcos no pescoço, por aqui houve e ainda há a tradição de furar as orelhas dos bebés. Será sinónimo de riqueza? O ornamento? 

Visualmente confesso que não desgosto. E já vi bebés que ficaram muito a ganhar a nível estético com os brincos (vão bater-me por esta afirmação, já sei), mas quando se pensa um pouco mais nas coisas começa a ficar esquisito, diria. 

Claro que dá para encolher os ombros e dizer "oh, mas são só furinhos nas orelhas". Tudo a encolher os ombros parece diminuído, mas isto vai mais longe. Além da questão da dor (que existe, mesmo que não se repare por algum motivo por estarem a mamar, por exemplo), da questão estética que está a ser decidida pelos pais, estaremos também a imprimir uma pressão de género? Que, por ser menina, tem de ter as orelhas furadas?

A Irene já me pediu milhares de vezes para furar as orelhas. Acho que furei as minhas aos 4 anos por ter pedido à minha mãe e lá fui (e, por acaso, agora tenho mais de 10 furos nas orelhas e ela não gosta...), mas vou esperar até que ela seja maior. Para ter a certeza do que quer fazer. Até lá põe autocolantes a fingir de brincos ou usa uns  brincos de mola que sairam no disfarce de Lady Bug.



Percebo que isto pareça tudo um exagero, mas mesmo as coisas que estão mais distantes da nossa opinião habitual poderão fazer-nos pensar e, pelo menos, justificar de outra forma as nossas atitudes.

Ah e, por favor, não usem o argumento "furaram-me as orelhas em bebé e não fiquei traumatizada" porque, como é óbvio, vocês irão ser as últimas pessoas a saber do impacto que teve em vocês. E isto aplica-se também ao "levei muitas latadas e não fiquei traumatizada"... Somos sempre os últimos a saber do impacto que essas coisas têm em nós porque nós estamos dentro do cenário. 

Quero mesmo saber: ritual? aparência? prenda para o bebé? 



5.15.2019

Luxemburgo e Alemanha: a nossa viagem

Não estava à espera que fosse tudo tão bonito.
Assim que os nossos primos emigraram e nos começaram a enviar fotos que percebemos que tínhamos de lá ir - por todas as razões. 
Comprei as viagens às escondidas do David e foi esse o presente dos 35 anos dele, que ficava a calhar no dia do regresso.

Depois de uma viagem atribulada (com direito a 3 pessoas de 4 a ficarem mal-dispostas e a uma dela ter vomitado no avião - a Luisinha), lá chegámos ao Luxemburgo. Nesse dia, demos uma voltinha pelas redondezas, fomos buscar a prima delas à escola a pé (estava na sala da meditação. são eles que escolhem para que sala querem ir, no ATL, que giro!) e passámos por campos com ovelhas, tudo muito calmo e verdinho. 

No segundo dia, fomos até a um sítio inesperado, na Alemanha, a 35kgs do Luxemburgo. Foi o momento UAU - ou WOW - da nossa viagem. Depois de um caminho pela floresta, numas plataformas de madeira, chegámos a Baumwipfelpfad Saarschleife (sim, nem eu sei dizer ou escrever, fui copiar claro)... uma vista incrível sobre o rio Saar que serpenteia e dá uma curva de quase 180 graus por entre a vegetação frondosa, a mais de 1000 metros abaixo do miradouro onde nos encontrávamos. Impróprio para quem tem vertigens, mas lindíssimo. Fica em Orscholz, para quem quiser visitar.





Ai que fofinhos de ténis iguaaaaaais 



Depois, fomos até Trier, a cidade mais antiga da Alemanha. Vale muito, muito a pena. Queremos voltar lá um dia porque ficou imenso por explorar, como a casa do Karl Marx, o anfiteatro ou as termas imperiais. Conseguimos ir até à Porta Nigra, o principal portão da cidade, do século II, imaginem. A praça principal é lindíssima (praça do mercado), com mercado de fruta e flores, vinhos, gelatarias e restaurantes - antes e uma fonte muito bonita (o ambiente que se vive é excelente) e, a uma curta distância, dois monumentos imponentes, como a Catedral de São Pedro, a mais antiga da Alemanha, ou a Igreja de Nossa Senhora, a Liebfrauenkirche, da fase inicial do estilo gótico, lado a lado. Vale a pena entrar. Tudo isto é pertíssimo.



Só vos digo que este carrinho de gémeos EchoTwin da Chicco é muito, muito bom para quem tem filhos com idades próximas e gosta de viajar.
Só tenho pena de não me ter apercebido disto já nas outras viagens que fizemos com as duas! Vai connosco nas próximas viagens, de certezinha!

Destaco 3 coisas no carrinho: o facto de reclinar totalmente, o facto de ter uma capa para a chuva que nos permitiu andar na rua num dia muito chuvoso e, claro, o facto de poderem ir lado a lado a dar a mão, a falarem e a rirem-se <3 









Esta cidade aguçou-nos a curiosidade pela Alemanha (Berlim está na nossa lista há que séculos, mas fomos colocando outras cidades à frente) e gostávamos de ir também até Frankfurt, Düsseldorf, etc, etc.

Claro que o nosso foco acabou por ser a capital do Luxemburgo, Luxemburgo. Acho que se lá voltássemos agora, ainda teríamos coisas para ver. Não é a toa que lhe chamam "a mais bela varanda da Europa". A cidade tem pontes enormes (a ponte Adolfo é qualquer coisa de imponente), vales incríveis e é tudo muito verde, arranjadinho, bonito. Obrigatório: descer até ao Grund (tem elevador) e deixarem-se perder pelas ruas e passear perto do rio. Caminhámos até ao Palácio Grão-Ducal, à Catedral de Notre-Dame, passámos pela Praça Guillaume II... e Chemin de la Corniche. Fomos ainda à zona mais moderna, onde está o Mudam - o museu de arte moderna. Para os miúdos, aconselho o parque Edouard Andre, que tem um barco de madeira enorme para eles explorarem, com escorregas. Adoraram.























No último dia, fomos até Vianden, no norte do Luxemburgo, com um castelo construído entre os séculos XI-XIV, no meio do verde. O caminho até lá é muito bonito e o passeio junto ao rio também. A pequena cidade parece sair do filme Chocolate. Até o escritor Victor Hugo ficou fascinado pela região e viveu por lá. Na Segunda Guerra Mundial, a cidade foi invadida pelos alemães e serviu como base para que invadissem depois Sendan, em França. Almoçámos por lá (foi lá que cantámos os parabéns com um bolo óptimo improvisado e comprado a umas portuguesas simpáticas que lá trabalhavam) e demos um passeio junto ao rio Our, que tem uma vista linda para o castelo.










Todo o percurso feito entre cidades é lindo! Passámos perto de Saarburg (mas já não tivemos tempo de visitar) e fiquei com a pulga atrás da orelha com Cochem, na Alemanha, que me parece muito bonita, assim como o castelo Eltz, lá perto.

Adorámos o Luxemburgo e o facto de estar perto de outros países e de chegarmos a qualquer lado em menos de uma hora. As autoestradas gratuitas, os campos a perder de vista, as misturas de línguas e culturas. É uma surpresa, das boas. Vejam os vídeos e mais fotos aqui, no meu instagram.

Já conhecem? Ficaram com vontade de conhecer?