10.06.2015

Andei a mentir.

A todas vocês mas, especialmente, a mim própria.

Quando me perguntavam como me sentia em relação ao regresso ao trabalho, dizia que estava 50/50. 

Também tenho saudades de sair de casa todos os dias, com vontade de me arranjar, de me sentir útil noutras circunstâncias, de dizer piadas novas, de saber da vida dos outros, etc. Vocês sabem como é.

Ontem... ontem ruí. Ontem desfiz-me em pedacinhos. Ontem o meu director marcou um almoço comigo para falarmos do meu regresso e só aí é que me caiu a ficha.

Chorei até deixar de fazer sentido, até adormecer.

Sei que vocês vão dizer que deixaram os vossos bebés mais cedo ainda e que eu sou uma privilegiada - verdade - mas custa a todas e, pelos vistos, a qualquer altura.

Somos muito dependentes uma da outra. Nunca foi outra pessoa a adormecê-la, por exemplo. Ela usa as maminhas da mãe para mamar, chuchar, miminho, tudo. As maminhas vão embora durante o dia.

A maior parceira de brincadeiras também. 

Já delineei um esquema: vou pedir aos avós para ficarem cá em casa na primeira semana ou duas para que ela não fique só com o pai, para estar mais entretida e para não dar tanto pela minha falta. 

Já sei que as crianças têm uma capacidade de adaptação bastante superior à que nós imaginamos, mas estou de rastos. Isto não me parece natural. Parece-me horrível. Parece-me que que me estão a arrancar o coração e que eu tenho que deixar. 

O natural era o pai ir à caça e nós ficarmos com eles até eles se desinteressarem de nós. Apetecia-me que assim fosse, apesar das minhas necessidades de desenjoo desta rotina. 

Sinto que a estou a dar para adopção. Sei que parece exagerado a muitas mães, sei que a outras é exactamente isto que sentiram. Sei que tudo vai ficar bem, que ela vai ser feliz na mesma, só tenho receio do processo de adaptação.

Ela não sabe que a mãe tem que ir trabalhar e que não prefere estar a ir trabalhar (pelo menos, sem a levar).

Mas tem que ser.

Amo-a tanto. 

Quem me dera que houvesse uma maneira mais fácil de fazer as coisas... 

16 comentários:

  1. Não vou dizer que vai correr bem, que a antecipação é pior que a realidade, que depois até nós sabe bem algum tempo longe deles, que nos sentimos um pouco mais nós.. Vou só dizer que tem que ser, e que vai ser preciso força e coragem. Mas acima de tudo vai ser preciso muito amor para lhe dar quando regressas a casa é muito amor para te dares a ti própria enquanto estás longe. Porque ela está bem sem ti. E tu sem ela. Mesmo que não pareça, mesmo que achemos que só nós é que sabemos a melhor forma de lidar com eles.. É uma nova fase que começa e Tb é lindo de ver como eles crescem e fortalecem relações com os outros. E nunca nos deixam, somos sempre o abrigo mais fofo, mais seguro, mas ainda bem que têm outros também bons! Beijinhos e coragem!

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  2. Percebo tão bem...há dias que me sinto a pior mãe do mundo, quando ela fica a chorar na creche e a dizer "Mamã mamã", só me apetece pegar nela e levá-la de volta...mas a mamã tem de vir trabalhar para ganhar dinheirinho e não tem outro remédio...mas o sentimento de "culpa" mantem-se...e depois acabo por ser daquelas mães chatas, que liga para a creche e fala com a educadora para saber como é que ela ficou depois...custa deixar a cria...

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  3. Não sou mãe. Mas imagino como se sente. Um dia que consiga ser mãe (se Deus quiser hei-de conseguir) gostava de ficar com um filho até, no mínimo, aos três anos. Mas não sei se vai ser possível. Infelizmente nem sempre as coisas acontecem como nós queremos.

    Entretanto, deixei-vos um desafio no meu blog. Sem compromisso claro ;)
    Beijinhos às Joanas, à Irene e à Isabel :)

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  4. Não sou mãe. Mas imagino como se sente. Um dia que consiga ser mãe (se Deus quiser hei-de conseguir) gostava de ficar com um filho até, no mínimo, aos três anos. Mas não sei se vai ser possível. Infelizmente nem sempre as coisas acontecem como nós queremos.

    Entretanto, deixei-vos um desafio no meu blog. Sem compromisso claro ;)
    Beijinhos às Joanas, à Irene e à Isabel :)

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  5. Joana não tem porque se preocupar. Afinal de contas a Irene vai ficar com a melhor pessoa (vá segunda melhor) do mundo a tomar conta dela, o seu querido Pai, que a ama tanto como a Joana e que é tão bom parceiro de brincadeiras também. Pior seria se a tivesse de a deixar com um estranho. Não sofra por antecipação ela fica bem e vai adorar estes tempos só com o seu papá, vai ser ótimo chegar a casa ver a cumplicidade que criaram entre si e os abraços e beijinhos por estar cheia de saudadinhas da sua rica mãe.

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  6. Recomecei a trabalhar quando o meu filho tinha cinco meses. Senti-me igual. Pior, ele fez dois anos e eu continuo a sentir, todos os dias, que o abandono. Gostava de ter uma palavra de consolo, um 'isso melhora', mas a verdade é que comigo não foi assim e tudo o que consigo fazer é identificar-me na angústia histérica que é sentir-me 24h por dia uma mãe e ter que ser uma profissional durante 10h delas... De vez em quando fico mais 'dormente' em relação ao assunto e é o máximo que consigo até nova vaga de angústia e sonhos com todo o tempo que o euromilhões me compraria. Olha... um sentido 'boa sorte' e uma palmadinha virtual no ombro.

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  7. Oh Joana... um mês antes de voltar ao trabalho, chorava todos os dias, custa tanto, ainda custa...
    È um amor gigante, inexplicável uma dependência ...só queremos estar perto deles!
    Mas depois afinal não é tão mau como parecia, vais ver!
    Bjs e coragem

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  8. Olá Joana:

    Obrigada por partilhar esse sentimento, tão comum, mas por vezes pouco falado e deixe-me dizer uma coisa, porque razão as mãe não lutam por melhor condições de trabalho para poderem estar com os seus filhos?
    Sim, porque são nossos, não são dos outros e não é suposto irmos trabalhar aos 4 meses, aos 5 ou aos 6. A Joana, como bem disse, é uma sortuda por poder ter estado com a filha até esta idade! Eu, com algum sacríficio monetário, e não me arrependo nada, nadinha...estive com a minha até aos 9 meses e actualmente estou a trabalhar com redução de amamentação. Já me custa pensar no horário normal...
    Custar? Custa sempre mas custou muito menos...ir trabalhar aos 4 meses, 5 ou 6 é tortura para nós e para eles!! Não merecem, não merecemos!

    Sabem o que significa trabalhar 40h/semana?? É estar o dia quase todo sem eles!! Por vezes trabalho até às 20h...quando chego a casa a minha filha quase dorme...é normal?! Não, não é...mas por vezes sinto-me uma ave rara porque parece que toda a gente já acha normal...

    Isto de ter filhos para serem educados pelos outros não tem lógica! Quem lhes transmite amor, educação, valores?? Os outros?
    Quem me dera morar num País civilizado, que pensa a longo prazo, que permite estar, ou pelo menos, a tempo parcial, com os filhos pelo menos até aos 3 anos. A licença de maternidade em Países como o Canadá é até aos 12M...etc.etc...

    Desculpem o longo desabafo...mas gostava que todos fizessemos algo para mudar o futuro dos nossos filhos para melhor!

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    Respostas
    1. Assino literalmente por baixo! Está na hora de sermos um país mais civilizado, que coloca a nova geração, a sua renovação, em primeiro plano, e que não aponta o dedo às mães que trabalham porque não têm outro remédio, porque não têm apoios estatais suficientes para que lhes seja possível educarem os filhos e terem o prazer de o fazerem sem terem de tirar comida da mesa!

      Deixei-me levar um pouco...mas é esta a minha linha de pensamento também.

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  9. Joana Silva1:33 da tarde

    Tb sei o qe isso é.. A minha foi para a creche com 4 meses pk a mamã tinha de voltar ao trabalho.. Aos 10 meses dela fiquei desempregada.. (agr tem 13 meses) mas continua a ir para a creche (fora o mês de agosto qe foi mamã 24h por dia :-D ) pk eu posso arranjar trabalho a qualquer momento e preciso de manter a vaga na creche pk não tenho quem fique com ela.. E pk sei qe lhe faz bem.. Aprender coisas novas.. Estar com outras pessoas.. E todos os dias qnd a vejo sorrir para as educadoras quando lá chega fico mais segura em deixá-la na creche.. Mas assim qe passo o portão já tenho vontade de voltar atrás e trazê-la comigo!!
    Mas acima de tudo ela gosta de ir.. E agora até tem aula de música :-) está tão crescida :-'(
    De vez em quando fazemos gazeta a creche e ficamos no miminho só as duas!

    Coragem!
    Beijinho grande as duas princesas

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  10. Durante algum tempo pensei que me sentiria mais ou menos assim, mas não. Sou dos subúrbios de Lisboa e vim por escolha morar para a olha Terceira. Talvez pelo contraste com o que era a minha vida antes, tudo aqui parece mais simples. Como muitas mães, comecei a trabalhar quando a Eva fez 5 meses, mas ela está num infantário bem pertinho, muitas vezes vou à hora de almoço dar-lhe de mamar (e vou a pé!), e vejo que ela fica feliz lá. É o suficiente para calar a parte egoísta de mim que a quer sempre por perto para não a dividir com ninguém e acompanhar todos os progressos, e ver que assim lhe posso proporcionar experiências novas que se estivesse em casa não viveria... E surpreendi-me a mim própria quando afinal não me custou tanto.

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  11. Vai ver que vai correr tudo bem!!!
    Vai habituar-se num instante á ideia ;)
    Beijinhos

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  12. A antecipação do regresso ao trabalho é pior que o regresso em si. Pelo menos para mim sempre foi e já passei por isso 3 vezes.
    Vai custar muito ao início mas acaba por entrar na nova rotina.
    E Joana, por si e pela Irene, daquilo que transmite está mesmo a precisar de se afastar um bocadinho....

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  13. Eu senti exactamente isso, como se o tivesse a abandonar. Uma tristeza gigante com medo que não soubessem cuidar dele, como se não fosse ver as primeiras conquistas. Depois tudo mudou. Adorei me sentir útil no trabalho, chegar a casa e receber um abraço do tamanho do mundo.

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  14. Joana, escreve-te uma mãe que começou a trabalhar no início de Setembro, tinha a minha filha 5 meses. Felizmente (ou não, não sei) sou trabalhadora independente, trabalho na área da saúde numa área pouco conhecida (ainda) e pouco procurada (ainda, pelo menos onde trabalho) que é a Podologia (o que é isto? Uma área da Saúde que trata de todas as patologias do pé desde pele, unhas e biomecânica do caminhar a postura)... devido a isso e porque me mudei à pouco tempo para a zona sul (sou do norte - perto do Porto) e porque ainda me estou a afirmar profissional na zona de Lisboa acabo por ter um horário bem livre. O mês de Setembro ela ficou com a minha mãe (que já me acompanha desde que ela nasceu... veio do norte todas as semanas só para me ajudar... que sortuda que sou) mas como ainda estava a voltar ao trabalho ainda tinha algum tempo livre e portanto passei bastante tempo ainda com ela. Esta semana ela começou no berçário... foi 2h na segunda, 4h ontem e hoje por motivo profissionais meus, vai ficar até ao final do dia (e não sou eu que vou busca-la :( ). Se me custou deixa-la lá? Ora como eu não tinha muito trabalho na segunda e terça tive para propor ficar la com a auxiliar... eheheheheh... Mas no final do segundo dia quando vi que ela comeu a sopa toda e até sobremesa de fruta e adormeceu sozinha no berço sem reclamar fiquei tão, mas tão aliviada que percebi que ela se sentia bem e que era bem tratada. Fiquei mais segura e já não me custa muito deixa-la.

    Agora se me perguntarem... mas não preferias te-la contigo o dia todo? CLAAAAAAROOOO!!!! Qual é a dúvida.... :D
    Por outro lado, sabe-me bem ter tempo para mim, para ir as compras para mim (já não o faço a algum tempo). E se for preciso, ter tempo para dormir que ela não me tem dado noites fáceis.
    Agora se me perguntarem se tenho saudades de trabalhar.... honestamente... prefiro mil vezes ficar com a minha filha em casa... mas... para além de gostar do que faço profissionalmente também preciso de trabalhar para poder dar-lhe o que ela merece sempre.

    Portanto, acho que é normal sentires-te assim... na segunda quando entrei no infantário o meu coração disparou... acho que só parou quando a fui buscar... Hoje voltou a disparar pq sei que já não a vou buscar a meio do dia e nem sequer sou eu que a vou buscar.... :'(
    Mas como tudo acabamos por nos habituar e saber que ela fica bem e feliz é meio caminho andado para irmos tranquilas trabalhar. Digo eu...

    Beijinhos a ti e a tua filhota que vais ver vai-se adaptar rapidamente. Vais demorar mais tempo tu que ela.

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  15. Completamente de acordo. .... também acho muito anti natura ter de trabalhar enquanto outros ficam com a minha filha. ...e ainda por cima ter de pagar para isso ... força joana...

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