7.27.2015

As crianças não fazem birras!

Acabei de ler um artigo na nossa parceira Up To Kids sobre as crianças e sobre as birras, escrito por M.J.Silva

Saltou-me à vista, até por estar em bold a seguinte afirmação: 

As crianças são crianças. Onde é que, ao longo do caminho, nos esquecemos que fomos nós que as quisemos?

E isso fez-me lembrar de algo que ouvi muitas vezes dirigido a crianças: 

"És muito mal-educado(a)". 

Nem quando pais dizem isto se apercebem da sua responsabilidade.

É muito difícil pararmos padrões, parar o automatismo, quebrar com a nossa educação, revermos valores. É mesmo muito difícil. Mais ainda do que deixar de fumar ou que fazer dieta, mas talvez porque não tenhamos a certeza de que as coisas funcionem ou não acreditemos em nós. Se acreditarmos nos resultados e se os quisermos, conseguimos.  Conseguimos, claro. 

Temos é de largar um bocadinho o telemóvel. De passar mais tempo na sanita. De levarmos o nosso tempo a adormecer no escuro. Temos de ter tempo para pensar e vontade. Às vezes o tempo que demoramos a adormecê-los podia ser usado para isso. Eu uso para isso e para ver se me lembro de posts para o blogue.

Eu quero muito educar a minha filha de uma maneira diferente da qual eu fui educada. Sempre o disse. Desde pequena. Sinto que sei o que não quero fazer com ela, mas que preciso de criatividade e de tempo (e, vá, admito, de estudar um bocadinho para ter ideias) para conseguir sair dos padrões que me estão na cabeça. Quero mesmo criar uma base saudável para a Irene, para ela sentir amor-próprio e ser autónoma ao ponto de tomar boas decisões para si, mas também, confesso, quero muito ter uma relação próxima e de amor com ela. 

Não quero uma relação de conflitos. Quero uma relação de respeito mútuo. Sou mãe, sou quem tem a autoridade, mas isso não faz com que tenha de a impôr com um chinelo na mão. Um bom chefe é aquele que tem os seus a seguirem-no, sem provocar o medo, sem ser agressivo... Tudo o resto são artimanhas de quem não merece "o poder". Violência, a meu ver, é resultado de uma má gestão emocional, incapacidade comunicativa, cansaço e falta de respeito. 

Para mim, "agora que penso nisso", as crianças são pessoas pequenas. Não é por serem pequenas que merecem menos respeito. Não é por não saberem falar tão bem quanto nós julgamos saber falar que não merecem que as escutemos ou que tentemos que elas compreendam as coisas. Elas têm de compreender as coisas. Elas são racionais. 

Como disse o pediatra duma amiga minha (sim, Margarida ;)), eles agora estão numa fase em que eles "compreendem tudo" o que se passa e nós não sabemos nada do que se passa com eles. 

Fomos nós que as quisemos. As crianças. São pessoas, não são projectos. Não são um acessório. Não são só companhia. Não são só um cartão de visita para num novo grupo na nossa sociedade. Não são um ponto obrigatório na nossa maturidade, na nossa identidade. 

Ter uma criança implica saber que tal exige dedicação. Muita. Muita além daquela que somos capazes de ter. São extra-miles atrás de extra-miles. É continuar o treino, mesmo depois dos alongamentos, se for preciso. 

As crianças não fazem "birras". 

Nós fazemos.

Estamos numa posição muito difícil, muitos de nós. Fomos educados de uma maneira que nos silencia a nossa própria voz interior. Que a torna mais pequena. Sabemos o que não queremos para os nossos filhos, mas ainda não sabemos o que queremos. 

Temos de descobrir. Com paciência. Com amor. 

Oiçamos, sem medos, o que achamos que está bem e não o que "deveria ser feito". 

a Mãe é que sabe. 

4 comentários:

  1. Gostei tanto deste texto obrigada Joana, partilho da mm opinião <3

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  2. Concordo plenamente!! Muita força para nós todas 😘

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  3. Não conheço ninguém que me diga que as crianças não fazem birras, pelo contrário!
    Inclusive quando partilhei no meu FB este post (ou terá sido o proprio artigo do "up to kids"... já não me recordo) uma prima minha me disse "daqui a uns anos falamos" (eu tenho uma filha de 4 meses e ela uma filha de uns 3/4 anos acho eu). É possível... a minha filha faz umas "birras" de sono... mas é apenas para me dizer que está cansada, com sono e chateada, ou com calor... essas birras acredito que faça, mas não as birras que as pessoas falam, não birras conscientes. Parece-me que as crianças (as da idade da minha filha, pelo menos) não têm ainda maturidade neurológica até para semelhante coisa. Já há pessoas a dizer-me "ah, ela já faz birrinha para lhe pegarem ao colo. Já sabe o que é bom"...... hhhhhhhhmmmmmmmmmmmm.... Apetece-me dizer "Achas?"... Não será porque está com fome? Sono? Calor? Etc? Parece que é dificil para algumas pessoas entenderem que as crianças, bebés ou maiorzinhas, têm sempre uma razão por detrás de uma atitude! Digo eu... É o que penso face a coisas que assisto de crianças, para além da minha filha, que convivo!
    Mas como diz a minha prima "daqui a uns anos falamos".

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