4.14.2016

Tenho uma mãe ao meu lado, a chorar.

Estou muito emocionada na sala de espera da ala de obstetrícia, onde espero pela ecografia do terceiro trimestre. A menos de 4 metros, está uma senhora, de uns 50 anos, a chorar copiosamente e a tentar limpar a maquilhagem esborratada. Está feliz, e eu feliz por ela. Está aliviada e emocionada. "O Lourenço já nasceu!", dá a novidade por telemóvel. "Vão agora para o recobro. Já és tio!" E limpa as lágrimas. Um sorriso na cara e novas chamadas se sucedem, a dar a boa nova. Percebi que é a avó, mãe da mãe.
Fiquei a pensar na minha mãe, que estava do lado de fora, acampada, à espera da notícia. E continua a chamada: "Não sei de mais nada. Quando cheguei, ela já não estava cá e o Rui foi assistir ao parto. Não sei de mais nada, mas já está cá o nosso menino. Não estou aqui a fazer nada, mas pronto, não interessa, já nasceu."
A minha mãe esteve cá umas boas horas. Mandei-a embora, que fosse para casa, mas não foi. Tenho a certeza de que sofreu. Com a espera. Com medo de que eu estivesse a sofrer. E sei também que aquelas horas pareceram dias. E, havendo já parto agendado para a semana seguinte (muito provavelmente cesariana) e estando a ser parto natural, imagino o pânico. De vez em quando ia-lhe dando notícias, tentando acalmá-la. Mas é Mãe. Mãe sofre pelos filhos, a vida toda. 
A mãe que está ao meu lado já parou de chorar. Mas não arreda pé, mesmo sem saber quando poderá ver a filha e o neto. Vai ficar à espera. E eu estou de coração cheio.

Espera, está a falar agora com a filha. "3,355kg? Nota máxima no teste? Tens dores? Já está a mamar, que bom! Ai filha que bom! O Rui não desmaiou? Tem muito cabelinho? Oh pa, estou desejosa de ver o meu menino! Estás com dores? Já aqui estão os pais do Rui. Daqui a duas horas? Está bem, filha."

Que emoção! ❤️

38 comentários:

  1. Emocionei-me só de imaginar a minha mãe ali... provavelmente só daqui a uns 2/3 anos mas tenho a certeza que será igual, ansiosa, a sofrer as minhas dores e com o coração a transbordar.

    Mãe é Mãe. E eu amo a minha daqui até à lua.

    Obrigada JPB.

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  2. Pronto já tou farta de chorar...tb é sãs hormonas da gravidez

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  3. Ai Joana, arrepiei-me toda só de ler!
    Sou tia super babada e presenciei dois momentos desses... na sala de espera, aguardando novidades a qualquer momento e foi a melhor opção de todas! :')

    Agora que tenho o meu bebé na barriga só de pensar nesse dia... chego a emocionar-me!

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  4. O meu parto foi induzido, dei entrada às 8h30 da manhã, a indução foi pelas 10h30 e o Tiago só nasceu às 21h em ponto. Mas desde o meio dia e picos que a minha mãe foi para o hospital. E a minha irmã. E os meus sogros. Porque não estavam ali a fazer nada, mas também não estavam a fazer nada em mais lado nenhum e assim estavam ali, mesmo ali ao lado.
    E sofreram muito mais do que eu. Pela antecipação, pelas notícias, porque de repente o médico diz que talvez tenha de ser cesariana e eles cá fora sem perceberem porquê! Mas o Tiago só quis nascer às 21h em ponto, no preciso momento em que chegou o meu pai ao hospital. Quase como se tivesse estado à espera do avô.
    E, felizmente, tive uma equipa fantástica que já perto das onze da noite os deixou entrar para vir conhecer o neto e sobrinho. Porque uma família que passou o dia no hospital não merecia ir-se embora sem ver o pequenino! :)
    Boas recordações, muito muito boas recordações! :D

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  5. Joana, acho que esta situação emociona qualquer pessoa.
    A Joana emociona-se porque está grávida, eu emociono-me porque não consigo engravidar...

    Há uns meses, estava na sala de espera de um hospital e estava, também, uma família que tinha acabado de ganhar um novo membro, neste caso era a bisavó que ligava e dizia "já cá temos a Maria, é tão bonita (...)" fiquei tão emocionada e pensei o mesmo que pensei ao ler este relato: quando chegará o dia (se é que vai chegar) em que vai ser a minha mãe/minha família) a estar assim.

    Beijinho
    Sofia

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    1. Sofia, acredite que a sua vez chegará. Força e fé 💕

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    2. Muita força, Sofia! Espero mesmo mesmo que o seu sonho se concretize!!! ❤️

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    3. Obrigada R e JPB :)

      Sofia

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    4. Agora chorei a ler este comentário. Também estou na luta e espero que esse dia com que tanto sonhamos chegue em breve. *

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    5. Caramba 😭😭😭 a vossa hora vai chegar sim... beijinhos para as duas 😘😘😘

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    6. Chegará <3 eu demorei 8 anos e o dia chegou :-) sou mãe de uma menina linda de 7 meses :-) não é fácil manter a esperança, eu sei, mas quando chega o momento parece que a altura é a mais certa que qualquer outra e que o tempo passou a voar <3 tb sempre me emocionei com os casais que esperavam bebé ou que anunciavam o nascimento <3 é tudo tão lindo e sempre foi o meu sonho!! Que tudo corra bem! Beijinhos de muita força para todas que estão a tentar :-) o vosso dia chegará e será mágico

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    7. Ao ler este comentário lembrei-me de uma vlogger que sigo desde que fiquei grávida. Ela ficou muito tempo à espera de realizar o sonho de ser mãe. Neste momento está na segunda gravidez.
      Antes de engravidar da minha primeira filha, passei por momentos muito difíceis e, de alguma forma, os vídeos desta senhora deram-me muita força.
      Tenho a certeza que vai conseguir realizar o seu sonho. Muitos beijinhos

      https://www.youtube.com/watch?v=xn35dvMmHUI

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    8. Obrigada a todas pelas simpáticas palavras de força, encorajamento e esperança...

      Obrigada,
      Sofia

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    9. Querida Sofia, nós, esperámos quase dois anos...Mas valeu a pena, a nossa pequena chega em Agosto, muita força!

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  6. Também me emocionei. Estamos a espera de um menino, o Léo, eu serei madrinha e minha mãe já está lá ao lado da mana, eu viajo hoje para a Alemanhã para também estar perto dela... 40 semanas...que emoção!

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  7. Sofia, acredite, sei o que sente! E por saber comento pela primeira vez!
    Não perca a fé nem a esperança mesmo que por vezes seja muito difícil.
    Assisti a várias cenas do género e pensava o mesmo: será que algum dia vamos conseguir? Hoje tenho comigo a minha menina! Parecia impossível mas aconteceu!
    Força

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    1. Por vezes é mesmo difícil manter a esperança, não é? Mas a sua história, tal como a da Patrícia Saturnino (que comentou acima) dão-me força e fé para continuar...Obrigada pela vossa partilha e pelas vossas palavras :)

      Beijinhos,
      Sofia

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  8. ADORO!!! ADOREI!! E vou continuar a adorar a vossa escrita suas doidas desmesuradas que me deixaram com a lágrima no canto do olho enquanto olho para a minha bebé aqui ao lado a dormir, a lembrar-me do momento do parto, que, bolas... não foi completamente como desejava, numa das partes iria ter adorado a presença da minha mãe... mas não dá, ela já cá não está!!! Vá, força... e tudo a correr bem que são momentos de alegria que nos fazem cá andar com mais ânimo ;)

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  9. Que emocao!
    Como não estamos em Portugal e queria partilhar a maternidade com a minha mãe o melhor que podia pedi-lhe para assistir ao parto juntamente com o meu marido.
    Para evitar que a Baby O nascesse antes de tempo e ela perder o nascimento, a minha mãe acabou por estar connosco duas semanas antes do parto e duas depois. No antes apaparicou-me com comidinha portuguesa todos os dias, passou a ferro tudo e mais alguma coisa (só não foi perguntar a vizinha se queria a roupa dela também passada por milagre) e sei lá que mais.
    Todas as noites antes de se deitar dizia-me "filha se acontecer alguma coisa acorda-me está bem"? E lá foi, dia 4 de Dezembro o meu marido foi acorda-lá as 6 da manha, estava na hora. E durante horas lá estava ela, num cantinho do quarto à espera que chegasse a hora, a jogar Sudoku no tablet dela pra se distrair ( ou a fingir que jogava).
    Fico muito feliz por ter partilhado este momento tão íntimo com ela também. Ela viu a netinha a vir ao mundo, mesmo ali ao meu lado enquanto o meu marido me segurava a mão (ele que ficasse do lado da cabeça, há que manter alguma dignidade, coitado não o queria traumatizar pra vida :))
    Mãe há só uma

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  10. O unico defeito das mães é não serem eternas!!!!!

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  11. Comecei a chorar com este texto ia ai talvez na 5a linha. Fiquei muito chorona desde que a tive. É como ter um calcanhar de aquiles mas até à cintura. A madalena nasceu precisamente um ano depois da minha mãe ter morrido e no mesmo hospital. Um parto que correu para lá de mal e com a mada a ficar muito doente na primeira semana. Faz-me muita falta para tudo, a minha mãe. Mas nesse momento foi de uma dor atroz não ter o abraço dela e a voz calminha. Como os momentos com a madalena são sempre seguidos por uma saudade e vontade tão grande que ela conhecesse a neta. O papel de avó ia-lhe acentar tão bem. Parece que a consigo ouvir "ela só vai querer saber da avó manu" mesmo anos antes sempre disse "ela". As mães são umas grandes chatas mas são as melhores chatas que se pode ter.

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    1. Esta é uma das razões pelas quais quero engravidar em breve (espero que este ano). Tenho 28 anos e os meus pais já próximos dos 70, com alguns problemas de saúde. Sou filha única e eles são as pessoas mais importantes da minha vida. Quero muito que conheçam um neto, já sabem que quero ter filhos e já falam nisso também. A minha mãe adora trabalhos manuais e vai fazendo uma série de coisas que "um dia serão para mim e para os meus filhos". Mas eu quero que ela lhos dê pessoalmente, por isso este ano vamos começar a tentar.

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  12. O maior elogio que tive na vida foi quando o meu filho nasceu o meu pai me dizer que fui uma senhora e que estava muito orgulhoso de mim! Os pais e maes sofrem sempre por nós e connosco

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  13. Eu também estou como o anónimo de cima a nesta dolorosa luta para engravidar.
    Tenho fé, tenho muita fé.
    Mas temos dias que... não sei explicar. Chego até a ter bastante inveja das mulheres que conseguem engravidar. Que conseguem ter a bênção de ser mãe.
    E tem dias que olho para elas para encontrar forças... Difícil, muito difícil.
    Um beijinho a todas. Mães, futuras mães e até as que não são mães.

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    1. Fico com o coração pequenino quando penso em todas as mulheres que passam por isso. Reconheço a benção que tenho em engravidar quando quero (já vou na segunda gravidez) e agradeço a Deus por isso. Tenho também um desgosto de saber que só me posso ajudar a mim, no sentido em que a fertilidade é minha e não a posso partilhar.
      A sua vez chegará, mais tarde ou mais cedo! Acredite e nunca desista! 💕

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    2. Rita Pereira, "Mas temos dias que... não sei explicar. Chego até a ter bastante inveja das mulheres que conseguem engravidar. Que conseguem ter a bênção de ser mãe." Sinto o mesmo, e às vezes não somos compreendidas pelas pessoas mais próximas.

      Obrigada a todas pelas simpáticas palavras...(às que estão na luta, às que estiveram e que hoje têm um bebé, e às que nunca passaram por esta situação) nem imaginam o bem que me fez ler as vossas palavras de força, encorajamento e fé.

      Obrigada a todas!
      Sofia

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  14. Força Sofia!!! Certamente que esse dia chegará, mesmo que mais tarde do que desejaria hoje. Na altura, vai ver que foi assim porque era o ideal.

    "Se ainda não tem um final feliz, é porque ainda não chegou o fim." 💕

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  15. Felizmente pude ter o meu marido e os meus pais junto de mim durante o trabalho de parto (durante o parto em si, foi só o meu marido claro) e foi muito bom aquela corrente de energia positiva. Estar a sofrer entre contracções e ouvir a minha mãe dizer: "Eu sei que custa filha, mas já passa" é priceless. O parto do meu filho foi mesmo qualquer coisa <3

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  16. Até eu me emocionei! Com o post e com o comentário da Alexx M! E não tenho hormonas para culpar, que chatice!
    Eu pedi muitas vezes a minha mãe e família que não fossem para o hospital quando eu tivesse em trabalho de parto, andei até muitos meses convencida que não iria avisar ninguém quando fosse o dia, quiseram as circunstâncias que tivesse que avisar.. E a minha mãe e alguma família veio de Evora para Lisboa e não arredaram pé até que ele nasceu :)
    O seu post fez me perceber que estava a ser um bocadinho egoista em não querer partilhar o momento...hoje percebo q urgência da minha mãe em estar por perto!

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  17. AS mães são as únicas pessoas que entram no quarto depois de o bebé nascer e olham primeiro para as filhas e só depois para o netos recém nascidos.

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    1. Verdade. :) Mãe é sempre mãe.

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    2. Bem, eu posso dizer que sou muito afortunada, porque a minha sogra (para além da minha Mãe, claro!) também o fez.

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  18. Este texto fez me lembrar o dia em que nasceu o meu menino. A minha mãe não estava lá fora, mas ainda assim foi quem me deu a força que eu precisava naquela hora. Vivo nos Açores com o meu marido, mas somos os dois do continente, e não temos cá família. Por saber que estamos sozinhos, não conseguia abdicar da presença dele, mesmo tendo dúvidas se ele seria capaz de assistir ao parto. No entanto, sem que nada o fizesse prever, teve de ser cesariana e o meu mundo desabou. Porque ia estar sozinha. Completamente sozinha. Por telefone, a minha mãe foi o meu apoio, mesmo sem ela saber, mesmo eu sabendo que o coração dela estava tão ou mais apertado que o meu. Mas correu tudo bem e com 2 meses, o Gustavo já tinha conhecido a família toda (os avós vieram logo conhece-lo e depois fomos nós mostra-lo á restante família). Custa muito estar longe com um bebé pequenino, praticamente sem apoio de ninguém (restam nos 2 ou 3 amigos que são como família), mas pelos nossos filhos, tudo se consegue e, afinal, nem nos custa assim tanto :)

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  19. Sou tua fã JPB!!que texto excelente! Fizeste ne chorar, ao lembrar me do meu parto há 19 meses e a pensar na minha querida mãe, a sofrer por mim

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  20. Pois eu já tive dois filhos, e perdi a minha mãe 2 anos antes de ter o primeiro. É tudo lindo e maravilhoso mas para quem já não tem mãe, este tipo de textos ainda deixa o coração mais apertado. Como o dia da mãe nas redes sociais. Como queixarem-se de barriga cheia, ddo stress que têm disto e daquilo, mas que contam sempre com o papá e a mamã e os sogros pra ficarem com os netos, mas para quem não tem ninguém para ter uma única noite a sós com o marido.... enfim....tudo se vai fazendo pq não há alternativa, mas pessoas como eu e o meu marido são cada vez mais, pq os avós ou estão longe, ou cada vez mais velhotes...valorizem casos como o meu, quando não puderem sair de casa pra ir ao cinema, pq há quem nunca mais o tenha feito, ou fá-lo à vez com o marido.

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