Foi na segunda-feira. A Joana
Gama enviou-nos, como é hábito, uma foto com a Irene. Uma ao lado da outra,
sorridentes. E os meus olhos encheram-se de lágrimas. Fiquei com inveja. Ou
pena, pena de não estar naquele momento com a minha filha. As segundas-feiras
sempre me custaram muito desde que comecei a trabalhar, quando a Isabel tinha
três meses. É como tirar o chupa-chupa a uma criança: depois de dois dias de
namoro intensivo, de muitas gargalhadas e de sorver tudo, beijar-lhe a cara as
vezes que me apetecer, vê-la crescer e a acordar das sestas com um sorriso na
cara, ter de ficar sem ela custa muito.
Isso e o facto de se estarem a
aproximar os três dias que vou estar longe dela, tornam-me uma pessoa de
lágrima (ainda mais) fácil. Quando voltar da viagem, vou-me colar a ela como uma lapa e vou
bater o record de maior beijo do mundo, sem desgrudar os lábios daquela
bochechinha macia.
Mas voltando às segundas-feiras,
que é como quem diz, ao trabalho, e respondendo a este post da Joana Gama (que mais uma vez me pôs a chorar). Sei o que é ter de disfarçar crises de saudades da minha filha, sei o que é não dormir durante a noite e ter de me levantar cedo e ter de ser criativa, sei o que é ir buscá-la à creche já tarde e vê-la a chorar muito, exausta. Já me passou pela cabeça largar tudo para ficar com ela em casa. No
entanto, quando fui analisar os prós e os contras, percebi que não seria
possível.
1) Não temos condições para isso
2) Motiva-me trabalhar e continuar a ter a
minha independência
3) Acho que não seria capaz de estar com a
Isabel 24/24 horas por dia, por escolha
Chocadas com este ponto 3? Não
vou apagá-lo, assumo estas palavrinhas todas.
A minha filha é a coisa mais
importante da minha vida, mas tomar conta
de uma criança a tempo inteiro é trabalho de guerreira.
Teria receio de não
“estar lá” as 24 horas com prazer. Teria receio de ter de cerrar os dentes para não desatar num pranto quando ela fizesse birra para dormir. Teria receio de a
embalar com força demais, com o batimento cardíaco acelerado e as mãos a
transpirar e até de ganhar raiva dela. Teria receio de não dar conta de tudo: limpezas,
comida, brincar, lavar roupa, dar-lhe atenção. Teria receio de deixar de
cuidar de mim e de andar de pijama o dia todo.
Palmas, palmas para vocês, mães
que ficam em casa com os filhos e que conseguem manter a sanidade mental. Ou para as que nem sempre conseguem.
Palmas para vocês que estão lá para eles sempre que eles precisam e lhes dedicam a vossa vida.
Palmas para vocês que arrumam, que inventam jogos, que lhes contam histórias, que passeiam com eles e vão às compras com eles, que aturam todas as birras e que respiram fundo enquanto eles dormem a sesta. Respiram fundo a aproveitar o silêncio, mas nem por isso descansam: aproveitam para preparar o jantar ou passar a ferro.
Palmas para vocês que estão lá para eles sempre que eles precisam e lhes dedicam a vossa vida.
Palmas para vocês que arrumam, que inventam jogos, que lhes contam histórias, que passeiam com eles e vão às compras com eles, que aturam todas as birras e que respiram fundo enquanto eles dormem a sesta. Respiram fundo a aproveitar o silêncio, mas nem por isso descansam: aproveitam para preparar o jantar ou passar a ferro.
Vocês são especiais. Palmas para vocês.
Concordo com cada palavrinha! Adoraria ter mais tempo para a minha filha!... É terrível passar tão pouco tempo com ela durante a semana, sinto que o tempo foge-me das mãos. Mas mãe a tempo inteiro também não é o meu sonho, precisamente por todos os motivos que enunciaste. <3
ResponderEliminarPor isso admiro tanto esta mãe, com dois filhos pequenos em casa e com tanta, tanta criatividade. É como se tivessem uma escola em casa, só que com muito mais amor. Ora espreita:
http://eueleeamaria.blogspot.pt/
Conheço e adoro! :)
EliminarTambém me lembrei do blog "nosso" blog da Vera, Joana. Eu acho que era capaz... mas não posso mesmo. Às vezes penso nisso...
EliminarEu sou uma delas! Mas confesso que nem sempre é fácil! Porque estando em casa há sempre o que fazer...mas com um bebé de 10meses a querer a nossa atenção permanente acabamos por não fazer nada, ou quase nada! É esperar pelos soninhos para fazer tudo e mais alguma coisa, rápido e bem feito (nem sempre)!!!
ResponderEliminarhttp://viagemdebbparaangola.blogspot.com/
O meu trabalho permite-me estar em casa. Dou consultas numa clínica e criei um espaço na minha própria casa, mesmo assim, tive que colocar a Leonor na creche. Estive com ela a tempo inteiro durante 8 meses e meio, era só eu e ela, ela e eu, mas, chegou um dia que estava tão exausta que já só via fraldas, babetes, loção corporal, vestidos, golas, folhos, sapatinhos, brinquedos e mais brinquedos e disse para mim mesma " Ana Rita és uma mulher ou um rato ?" Senti-me um verdadeiro rato, ia colocar a minha filha na creche porque estava esgotada ... Ninguém nos ensina a ser mães, ou somos, ou não somos, eu sou, sou uma óptima mãe mas precisava do meu trabalho de volta, precisava de tempo para mim, tempo para esticar o cabelo em condições, maquilhar-me, comer sem pressas ou somente tempo para dormir. Deixo a Leonor na creche sem pesos na consciência, sem mágoas, não descartei a minha filha, sei que assim consigo dar-lhe toda a atenção (com muita qualidade) quando estou com ela. Vou buscá-la à creche, brinco com ela, encho-a de beijinhos, mimos, dou-lhe banho, jantar e fico com ela a devorar episódios do disney júnior. Não sinto remorsos alguns por não conseguir estar com ela 24 horas por dia, ela está feliz da vida e eu só posso estar grata por na creche fazerem-na sentir-se em casa, os meus pacientes agradecem :).
ResponderEliminarRevejo-me nas suas palavras! Admiro quem consegue estar a tempo inteiro, mas eu n me imagino. Já estive desempregada, mas não abri mão do miúdo continuar no colégio. N me considero má mãe, mas acho q desta forma, o tempo q estamos juntos, é com mais qualidade e paciência. Já me aconteceu sair do trabalho e ir beber um café sozinha, pouco antes d o ir buscar e, via as minhas colegas sairem a correr p irem buscar os filhos. Ficava a pensar se seria má mãe e, provavelmente, era isso q achavam d mim. Mas sentia-me bem, naquele bocadinho d prazer e, qdo o ía buscar, estava + relaxada, p a brincadeira, banho, jantar, ...
ResponderEliminarJoana revejo-me em cada palavra tua, ate mesmo no ponto 3!!
ResponderEliminarO meu filho foi muito muito desejado, amo-o incondicionalmente mas tb eu, não conseguiria ser mãe a tempo inteiro. Preciso de tempo para mim, para as minhas coisas... Sinto que so estarei a 100% para o meu filho se tb eu me sentir equilibrada. E a vida não pode ser feita so de trabalho ou so dos filhos ou so do social ou do lazer!!! Ha que haver um pouco de tudo. Por tudo isto tb eu admiro e bato palmas às mães a tempo inteiro :)
Tal e qual!!
ResponderEliminarAcho que 24/24 7/7 é dose!! Invejo muito principalmente as mães que trabalham por conta própria, e que têm uma gestão mais pessoal da vida, e que conseguem conciliar tudo maravilhosamente... mãe a tempo inteiro acho que fisicamente não ia conseguir mesmo!! mas com outro tipo de vida sim... imagino, e anseio para que possa um dia acontecer!!