10.14.2015

Vou mudar de vida. Completamente.

Antes de ter a Irene, pensei que o que seria mais agradável para mim seria uma casa com muitos armários (adoro ter tudo organizado) e perto do trabalho. E o que é facto é que assim foi. Conseguia ter a roupa de Verão num armário e a de Inverno noutro. Isso para mim era sinal de sucesso. Demorava também 15 minutos a chegar ao trabalho e de comboio. O que é isto? Qualidade de vida.

Não pensava nem em me casar nem em ser mãe, pelo que pensei que fosse morrer aqui e bem. Feliz. 

Depois conheci o Frederico que me fez querer ter a Irene e uma casa para a Irene tem de ser mais do que estar ao pé do comboio e ter muitos armários. Também comecei a querer ter outras coisas. Quero também uma casa bonita, com uma vista bonita, com um jardim bonito onde dê para ela se chafurdar na lama comigo a vê-la na cozinha enquanto tento fazer um bolo de natas que lhe vai dar imensos puns e a mim também. 

Quero conseguir estar no quarto dela e abrir a janela sem ter que afastar a cama, por exemplo. Quero poder secar a roupa no Inverno, sem ter que por a roupa no corredor e a casa ficar ainda mais húmida. Enfim, problemas que são só "problemas", mas que dão vontade de não os ter. 

Queremos que o pai possa falar na sala e fumar algures sem nos acordar nem nos fazer mal. 

Depois de alguns anos e de muitas peripécias que nos deixaram em baixo, muito tempo e muitas visitas, muitos e-mails, muita coisa envolvida, lá conseguimos encontrar o sítio que nos parece ideal para a nossa casa.

Comprámos um terreno e vamos construir uma casa para a nossa família. Isso vai implicar um grande esforço de todos (menos da Irene, espero), mas vai valer a pena. Mesmo. 

Não sei quanto tempo vai demorar até irmos para lá, não faço ideia, mas não interessa. Já é um "sonho" que está a correr em background na minha cabeça todo o dia. 

Estas fotografias foram no dia em que fomos ver o terreno que o papá descobriu. 

Passo-me com a roupa de Inverno para eles. Para rapaz também. 

A Irene, a avó e a mamã. Felizes à chuva, mas achando que a Irene estava debaixo do chapéu da avó. 

10.13.2015

Mas afinal as grávidas podem ou não pintar o cabelo?

Eu, pessoa que pinta o cabelo desde 2004 (já fui do amarelo platinado ao castanho escuro, passando pelo arruivado), quando estava grávida, resolvi não pintar, não fazer nuances, nada. Li algures na internet que os químicos poderiam ser nocivos para o feto. Não que eu fosse propriamente a pessoa mais responsável do mundo, já que comi algumas vezes sushi e bebi uns golinhos de vinho tinto pontualmente, nada que possa ser digno de uma medalha.

Li depois algures que afinal até podia, se fossem produtos sem benzeno, amoníaco, iodo e essas coisas todas que eu nem sei bem o que são, que naquela região muito vascularizada podem ser absorvidos para o organismo facilmente, e se o espaço fosse arejado.

Lembro-me que, apesar de estar com o cabelo lindo, brilhante, forte (bendita gravidez), passava bem por uma Shakira no ano 2000. A solução foi ir cortando as pontas, para que a diferença para a raiz fosse cada vez menor. Não correu assim tão mal, até passava por californianas.

Foto lindíssima que o pai da Isabel nos tirou nem uma semana depois do parto
Por aí? Como fizeram?

Método infalível para adormecê-los!

Propaganda enganosa. Nunca acreditem em nada que use a palavra "infalível", não descobri o Santo Graal. Mas tenho a certeza que esta ainda não tentaram! E, já sabemos, nisto de fazer com que eles durmam vale (quase) tudo. Menos deixá-los chorar desenfreadamente sozinhos, vá. Muito menos deixá-los vomitar de tanto chorar. Ou, como sugere uma certa escritora num maravilhoso e extremoso livrinho de dicas, não se limpa o vomitado, que eles têm de dormir assim. Tão bonitinho, tão digno, tão humano... Também não vale dar-lhes uma traulitada. Nem regar o frango com gin, ao jantar. Nem pô-los a dormir ao relento. Vá, já chega. Juro que isto NUNCA me passou pela cabeça. JURO! (Ou já? Agora ficam na dúvida, que se lixam).

A Isabel já dorme a noite toda (isto nem é bom dizer, que já sinto as orelhas quentes). Vá, vou refazer, e é verdade, dorme, desde que não tenha fome nem dores de dentes, até às 08h30, mas adormecê-la é o (nosso) calcanhar de Aquiles. Quer conversa e mais conversa, quer histórias atrás de histórias, refila que quer mãe e pai e mimo, mas depois também não quer adormecer no colo e esperneia. Acho que nem ela sabe bem o que quer. Mas, cá em casa, tentamos não deixar passar das 21h30, é o limite dos limites, senão acorda de manhã rabujenta. Às vezes adormece em 10 minutos, outras vezes em 45. Teve fases que nem 5 minutos demorava, mas são isso mesmo, fases.

Normalmente adormece com palmadinhas no rabiosque, deitada na cama dela. Adormeceu uma vez com festinhas nas costas. Outra vez com festinhas na cabeça. Agora desata-se a rir e acha que lhe estou a fazer cócegas. Já chegou a adormecer com músicas religiosas de Taizé, interpretadas por essa grande soprano que é a mãe dela. Já adormeceu várias vezes ao som do "Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora.... e conta logo as tuas mágoas todas para miiiiiiiiim" (sim, Onda Choc). Das últimas vezes, inventei um rap "Era uma vez um gato maltez, falava chinês e tinha umas botas nos pés"...

Cá vai o que descobri. Quando mais nada resultou, mesmo tendo misturado tudo no mesmo cocktail, vou dizer-vos qual foi a receita milagrosa! Podem tentar que é inofensivo:

MASSAGEM NAS MÃOS! Como é que só experimentei isto ao fim de 19 meses?!

Sabem quando vão arranjar as unhas e a esteticista vos faz uma massagem nas mãos que faz com que o queixo caia automaticamente, começam a babar-se todas e a sentir um quentinho dentro de vocês? (E depois até pedem aos maridos para tentar fazer igual, mas eles, coitadinhos, parece que estão só a passar o espanador, sem convicção nenhuma?)

Pronto. Estava a achar que seria mais uma tentativa furada e já estava a ficar toda dormente, dobrada em cima da cama de grades dela, mas resolvi experimentar. Primeiro não quis, depois disse-lhe "é bom, filha". Ela deixou. Comecei a ouvir a baba a escorrer. Comecei a ouvir a respiração a acalmar. E adormeceu.

Segundo dia. Passei as fases todas das canções, que já lhe tinha contado duas histórias a meia luz. Fiz só um shhhhhh e massagem nas mãos. Adormeceu.



Tentem e digam-me como correu, vá lá. :)

Vou lançar uma linha de roupa.

Pensei em algo diferente para as miúdas. Sim, mais para raparigas, mas nada impede. Deve ficar igualmente bem aos rapazes. Porém, procurei algo mais feminino. Algo que mostrasse bem a transição que ocorre todos os dias no corpo das nossas bebes: a passagem de menina a mulher.

Eu cá gosto.

(descer muito a página que não queria estragar logo a surpresa)






























Querem encomendar?



É até vocês enjoarem!

Olha, cá estão elas de novo. As fotografias mais giras das quatro da vida airada.
Isto agora vai ser até vocês pedirem, agastadas, para pararmos.

Nem penses! O panda é MEU!















Fotografias Love Lab

10.12.2015

Assadura enorme!

Eu sei, eu sei o que isto vai parecer: "ah... elas têm uma ligação qualquer à Mustela, na volta a miúda até tinha o rabo mais hidratado que a cara do Carlos Costa e está a inventar um post qualquer para falar disso para ganhar uns trocos". 

Não, não e... A cara do Carlos Costa é hidratada? Uhhh Sabem mais do que eu!

Esperem, temos sim uma ligação à Mustela. Somos embaixadoras Mustela praticamente desde o início do nosso blogue, mas juro que isto não é nada combinado. 

Feitas as apresentações... queria mesmo partilhar isto convosco para não andarem a por coisas muito agressivas no rabo dos bebés. Coisas com alumínio e não sei quê. Eu sei lá.  Eu acho que "se se vende na farmácia é porque é bom" e... nope. Nem sempre é assim. Tal como no resto da vida (uhhh) na farmácia há coisas menos boas que outras. 

A Irene, na semana passada, estava com uma assadura tão, mas tão grande que, quando fazia xixi, chorava e queixava-se imenso. Eu já não sabia o que fazer. Já não uso toalhitas há algum tempo (às vezes usava para os cocós mais à vontade na fralda) e, mesmo assim, estava com tanta pena dela, mas tanta que enviei uma mensagem à pediatra - vejam o desespero.

Das outras vezes resultava aplicar o Cicalfate (pomada mais do que milagrosa em milhares de situações, bendita seja, ela e o Fucidine para desencravar pêlos nojentos), mas desta vez nada ajudava. 

Falei com uma das meninas da Mustela e disse-lhe "olha lá ó coisinha (estou a brincar :)) o que faço ao rabo da minha miúda que está todo assado e nada ajuda? Desconfio também que a vossa pomadinha do ursinho não vá fazer grande coisa que aquilo está mesmo... do piorio!".

Ela disse-me: "usa estes dois produtos (foto em baixo),  pões o primeiro numa compressa e limpas o rabito (ou duas, não convém ser forreta nestas coisas) e, no final, em TODAS AS MUDAS besuntas-lhe a peidola com pomada". 

Não, ela não falou assim, não disse peidola.

Acreditam que num dia a miúda ficou impecável? NUM DIA! NUM DIA!

Eu sei que pôr leitinho materno no rabo ajudaria muito, ainda fiz uma vez, mas pareceu-me pouco prático. Queria também uma solução para próximas vezes e as mamas do pai e da avó não dão assim lá muito leite. 


Funcionou e são produtos de confiança. Vocês sabem. 




10.11.2015

Odeio ser mãe em part-time.

Mais um fim-de-semana a chegar ao fim. Como sempre, os dias esticaram mas passaram a correr, numa incongruência que nem eu consigo explicar. Principalmente depois de uma semana em que fui mãe em part-time.

Três dias em que cheguei a casa e ela já dormia. Num desses dias, quando saí de casa, ela ainda estava a dormir. Não é fácil não estar. Não é fácil sentirmos os nossos filhos, no dia seguinte, mais lapas e carentes do que nunca, com medo da separação. Depois chegou o fim-de-semana e fui mãe a 100%. 

Hoje dormiu uma hora da sesta em cima do meu peito. Pude sentir a respiração dela, acalmar-lhe um pesadelo, olhar para aquela cara de anjo, com esgares e sorrisos. Senti o cheiro, dei-lhe festas no cabelo, já molhado do calor dos nossos corpos, observei mais uma vez aquela boca pequenina. A mão dela ajeitava-se no meu peito e dava-me festinhas. Senti-a tranquila, confortável. Adormeci com ela. E assim ficámos uma hora, naquele aconchego. Devíamos poder ter momentos destes, em que o tempo parece parar, todos os dias. Por ela, por mim. Ela merece, eu também mereço ser mãe, sempre. 

Não quero ser mãe de fim-de-semana.

Não sou substituível na vida da minha filha. O meu cheiro, o meu abraço, o meu sorriso, as minhas caretas... São só minhas, são só nossas. Só eu sou mãe dela. Aqueles minutos antes da Isabel adormecer, em que somos uma só, unidas pelo maior afecto que o mundo há-de conhecer, esses minutos não dão para compensar. Nem na sesta que dormimos hoje. Perderam-se. Andam a perder-se vezes demais. 
 

Olhos de mãe deveriam estar sempre assim: grandes, abertos, comovidos com todas as descobertas deles

Mais mães por aí com este sentimento de culpa?

A nossa casa num domingo de manhã

Há quem publique fotos de lindos pequenos-almoços de domingo. Casas arrumadas. Crianças muito arranjadinhas.
A minha casa, num domingo de manhã chuvoso, tem este aspecto. Começa no quarto da filha, passa pela sala e estende-se à cozinha, com caixas e colheres de pau espalhadas. A filha ainda está de pijama e tem ranhoca no nariz e nas mangas da camisola.



E sabem que mais? Adoro! 

Vá, dispensava o ranho. 

10.10.2015

Querem ajudar as recém mamãs, é?

Toda a gente (ou quase) é muito bem intencionada quando nasce um bebé de um familiar próximo ou de uma amiga. 

Engraçado que também há precisamente o oposto: as pessoas que, de repente, desaparecem como se tivéssemos apanhado herpes na cara toda.




- Se puderem não visitar nos primeiros dias, agradecemos. 

Quando chegamos a casa, temos de encontrar a nossa sintonia com os bebés, com o sono, com tudo e, por isso, se se puderem juntar à manada de gente que vai ao hospital, melhor. Depois só dali a 3 meses. E com prendas sff. Para a mãe.

- Se levarem sopa ou se forem limpar a casa, podem e DEVEM visitar. 

Façam-no é sem mandar grandes bitaites sobre se o bebé devia estar a dormir de barriga para cima ou de pés para o lado, se cheiramos a leite azedo ou se devíamos pôr um pozinho para não parecer que fomos violentadas por um Sagui obeso.

- Não temos nada para contar. 

Não. Não, não temos. Podemos contar a história do parto outra vez, mas não nos apetece, ainda para mais se ainda tivermos o pipi todo cosido. Sim, podemos continuar a acenar com a cabeça a dizer que o miúdo é bonito, mas no fundo, no fundo, queríamos era estar a dormir ou sem estar a fazer conversa de xaxa. Sejam rápidos. Sejam tão rápidos como o desaparecimento do subsídio de férias da conta.

- Levem flores ou chocolates ou qualquer coisa para as mães.

Não que odiemos os nossos bebés, mas vai saber tão bem sentir que ainda importamos e que temos ali algo para nos deixar ainda mais felizes quando as pessoas sairem.

- Ofereçam-se para dar uma olhadela no bebé para irmos tomar banho. 

Sim. Sim. Sim. Sim. Sim. Tomar banho é um direito. Tomar banho com calma também. É do que precisamos mais. Mais disso do mais um par de sapatos para um bebé que ainda nem respirar decentemente sabe.

- Informem-se um bocadinho sobre amamentação ou qualquer coisa que seja útil. 

Assim também oferecem outro tipo de apoio à mãe. Um que ela precise. Principalmente não vão encher a cabeça da mãe (tão susceptível nesta hora) de coisas palermas que podem vir a fazer-lhe mal e, ainda para mais, totalmente bem intencionados, claro.

- Lavem as mãos. 

O bebé pode fazer imenso cocó mas, não é um corrimão das escadas rolantes do Colombo. Não é para toda a gente por lá a mão e pronto. É lavar para tocar no bebé. 

- Não venham a cheirar a tabaco.

Fumo passivo. Sim, eu sei que as fumadoras estão a rolar os olhos para cima. Eu sou ex-fumadora e esta conversa também me irritava, mas a verdade é que faz mesmo mal aos bebés e os pulmões ainda estão a maturar.

- Não nos digam se estamos feias ou com um aspecto horrível.

Alguma mulher que vocês conheçam desconhece quando está mal? Nós sabemos quando parecemos um ralo. Não digam coisas desagradáveis, porque vão ser multiplicadas por mil na cabeça da mãe.

- SEJAM RÁPIDOS.

Não venham para cá passar o sábado nem o domingo. Não venham ver a bola. Venham "dar um beijinho". A mãe e a nova família precisam de calma e de descanso. Depois o forrobodó. Depois podemos ter o mesmo nível de energia que o João Baião. Para já, não. 

E mais? ;)



Não quero arranjar problemas...

... mas a verdade é que ele não lê o blogue. Lê a mãe dele e o pai, mas eles não se vão descoser que são cá uns fofos os meus sogros, não são?

Tenho estado em casa com a Irene desde que ela nasceu e o pai, maioritariamente, também. Ele é argumentista freelancer e o trabalho dele, quando há, envolve mais saídas à hora do jantar e afins (ou, pelo menos é o que o malandro me diz, mas depois vem a cheirar a perfume rasco para casa). 

Nestes quase dois anos (estive de baixa também no final da gravidez), temos estado juntos 24h por dia. Parecemos aquelas colegas de trabalho que até já têm os períodos sincronizados. Acabamos as frases um do outro, não só por sermos soulmates (sei lá, ele pode vir cá ler é melhor prevenir!), mas porque já andamos sempre a dizer as mesmas coisas.

No outro dia ele saiu à tarde. E eu costumo sempre ir passear com a Irene à tarde, esteja ele em casa ou não. Decidi, porém, ficar em casa com a Irene. E... tão bem que me soube! 

Tão bem que me soube ter uma tarde em casa só com a minha miúda. 

O pai não estraga nada, mas parece que tivemos um momento "só de gajas", não vos sei explicar. ;)

Amo-te muito, amor, ok? 

É aos 13 anos que elas nos passam a rejeitar ou antes? É só para me ir preparando...

10.09.2015

Carta aos meus vizinhos

Caros vizinhos,

Escrevo-vos não por, de vez em quando, ser quase impossível adormecer a Isabel com a chinfrineira que para aí vai, mas porque temo pela vossa madeira flutuante. Foi coisa para custar uns 8 euros por metro quadrado e, parecendo que não, coisas como jogar bowling, fazer o lançamento do peso ou convidar o rancho folclórico de Vilarandelo para aí atuar, vai danificar, não as minhas têmporas nem as minhas costas, da cambada de nervos, mas sim o pavimento. Não foram derrubadas 8 árvores centenárias na Amazónia para isso.

Escrevo-vos não por considerar que o relógio de pêndulo, que toca TODAS as horas (e algumas meias horas), seja a maior aberração que se lembraram de inventar no século XVII, mas porque temo pela vossa liberdade. Deixem-se levar pelo enigma, não queiram ter o pretenso controlo do tempo e... tirem, se vos aprouver, o som dessa porcaria!

Escrevo-vos não por considerar que há horas para tudo e até para correr, mas para vos sugerir a corrida ao ar livre. Abre os pulmões, distraem-se mais e nem dão pelo tempo passar. Quando correm na passadeira, depois das 21 horas, coloco-me sempre debaixo da ombreira da porta, porque posso jurar que estou perante um sismo de 7,4 na escala de Richter. Depois, imagino um elefante a correr em cima das minha testa. E por fim, vou devorar uma caixa de oreo, porque não há paciência para pessoas saudáveis.

Escrevo-vos não por considerar que se calhar a Isabel vai conhecer cedo demais todo um abecedário de asneiras e vai perceber que lá porque duas pessoas vivem juntas, não significa que gostem uma da outra, mas por considerar que deveriam ocupar mais o vosso tempo a fazer amor. Reduzem o stress, libertam dopamina e outras coisas acabadas em "ina", melhoram a pressão arterial, perdem calorias e dormem melhor. Nós também. Ah! Mas também não é preciso ser à bruta!

Escrevo-vos não por considerar que por alguma razão, depois de inventarem a bola de futebol, algum  iluminado inventou também os campos de futebol, mas porque me parece que pode ser mais estimulante para as vossas crianças experimentarem, fora de casa, os desportos em equipa (e não me estou a referir aos dias em que há festas de anos aí em casa, mais concorridas que o Colombo ao domingo). Quanto ao arremesso dos candeeiros à parede e de panelas à televisão, dou-vos os meus parabéns pela criatividade. Aconselho-vos a registarem já essa ideia, não vá o comité olímpico apropriar-se dela.

Escrevo-vos não por considerar que arrastar móveis de manhã à noite seja quase obsessivo, mas por achar que talvez tenham errado nas vossas escolhas profissionais. Não tenho formação em psicologia vocacional, mas se andam a redecorar a vossa casa todos os dias, talvez pudessem tirar um curso de design de interiores e decoração. Isso ou estudem Feng Shui de uma vez por todas e decidam onde fica a porcaria da mesa de jantar! E não, não cabe na casa de banho.

Escrevo-vos não por considerar que agiram de má fé quando chamaram a polícia por eu e três amigas estarmos a jantar cá em casa há dois anos, mas por considerar que, quando se tem crianças em casa, quando se tem uma casa habitada e vivida, os telhados são de vidro. 

Por mim falo. E é por saber que vocês, de vez em quando, também ficarão a roer-se de raiva durante a madrugada com a exorcista cá de casa, que se lembra de chorar - berrar - durante meia hora seguida sem a conseguirmos acalmar, e por saber que daqui a uns anos será ela a praticar arremesso de candeeiros à parede ou a jogar bowling na sala, que estou apenas a escrever esta carta, sem nunca ter coragem de a pôr na caixa do correio.


A vossa vizinha,
Joana Paixão Brás
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A vantagem de ter uma filha trinca-espinhas

Além de ser leve (9,800kg na última consulta) e de não me desgraçar tanto as costas, quando está ao colo:

- 70% dos calções e das calças do inverno passado ainda lhe servem, ou porque lhes dava uma dobrinha ou porque tinham aquela solução de apertar na cintura com elásticos e botões.


Pronto, roam-se de inveja! Há por aí mais "bebecas" (odeio esta expressão, já vos tinha dito?) assim a atirar para o magrito? (Atenção, que eu acho que ela assim está óptima e respira saúde).

Fotografia: Love Lab


Sim, sim, era só isto. Se tiverem vontade de ler coisas com mais suminho, deixo-vos alguns links, que podem não ter apanhado (em mais de 900 posts em menos de um ano, é possível hehe)



Um texto divertido: O Panda e os Caricas (análise da Gama à "banda" preferida das nossas filhas).

Um texto lamenchas, sério e lindo: Não senti. (sobre o amor que a Gama não sentiu assim que a filha nasceu).

Um texto sério: Os pais não têm que ajudar. (sobre essa coisa de ficarmos contentes quando os pais "ajudam", como se ser pai não fosse isso, "ser pai".)

10.08.2015

Sou muita linda!!

Sempre fui muita linda. Menos de touca. De touca sempre pareci um molusco ou, então, um jovem da Beira Interior com algum contacto mais esquisito com um gado de ovelhas (tenho lá família, posso dizer isto). 

Sempre fui muita linda, mesmo quando parti o nariz na piscina da Damaia. Quis mergulhar, na primeira aula, para mostrar aos professores que era a maior e que mergulhava muito bem e acabei por ter de ir para o hospital.

Sempre fui muita linda, mesmo quando tinha um bigode tão grande que, na escola, tinha de me desviar da luz porque sabia que se notava. No trabalho, quando tenho o bigode grande, chamam-me Cantiflas.

Sempre fui muita linda, mesmo quando espetava meio frasco de Betadine no cabelo para ficar com umas franjinhas de fora do rabo de cavalo, mais loiras. Giro também quando saía da piscina com o cabelo a pingar uma cor esquisita e ninguém me dizia nada. Lamento, pessoas que andavam comigo na Escola Náutica de Paço de Arcos.

Sempre fui muita linda, mesmo quando andava de aparelho e pedi para pôr as cores vermelha e verde intercaladas e só depois me lembrei que era capaz de parecer um bocadinho ou tanto patriótica demais. 

Sempre fui muita linda, mesmo quando na faculdade, num dos primeiros dias, quis experimentar cera no cabelo e pus tanta que parecia que tinha apanhado uma molha o dia inteiro.

Sempre fui muita linda, mesmo quando me diziam "o que é que o jovem quer" no café do Bowling do Colombo ou quando o meu pai e eu comprámos uns bilhetes para andar no teleférico da Expo. Talvez fosse por usar um boné preto da Nike e ténis bota da Nike também. Se calhar pelo bigode também ou pela t-shirt do Songoku.

Sempre fui muita linda, eu e a minha unha pequena do pé direito que, durante uns 10 anos era verde e parecia feita de calcário. Tinha vergonha de andar de pés à mostra e nada parecia resultar com a porcaria da unha.

Sempre fui muita linda, mesmo quando, por causa dos complexos com o bigode, fiz o bigode com gilete e andei um mês em pânico a achar que ia ficar a parecer uma púbis de uma senhora idosa.

Sempre fui muita linda, mesmo quando a minha pele foi violentamente comida por trás por uma doença chamada rosácea e agora parece que apanhei um escaldão todos os dias, mas só no focinho.

Quando vi estas fotografias pensei: sou muita linda. Sem ses. Têm edição? Têm. Têm base e baton da sephora (muita giro)? Têm. Não deixo de ser eu. Eu e o bigode refundido, o nariz com assinatura da piscina da Damaia, os dentinhos do aparelho, o cabelinho com um toque de descolorante para não parecer que as minhas sobrancelhas são de outra pessoa, o meu bracinho de pré-obesa e a minha papadinha que, aqui, maravilhosamente, devia estar ocupada com outra coisa.

Não é meu costume (ao contrário aqui da outra sócia da gerência) fazer sessões fotográficas profissionais, mas esta valeu. Valeu porque hoje acho que sou mesmo muita linda, apesar de cheirar a sopa de legumes do joelho que caiu enquanto  estava a dá-la à Irene.

E se vierem com coisas a dizer "ah granda moral e não sei quê", acho que estou no meu direito porque já foram feitos mais de uma dezena de posts em que estou com pior aspecto que um pãozinho com bolor (aqui, por exemplo).

Pronto. Agora "chupem" com 200 fotografias minhas em bom.

Alguém disse uma piada ou será que me comecei a rir à parva? A segunda hipótese.

Segunda hipótese. Com sorte ainda vêem um bocadinho de Oreo que comi antes de sair de casa.

Pareço dona de um restaurante aqui, mas daquelas que comeu o restaurante todo. Estou com um ar de quem vos está a dizer "têm de provar o carpaccio". 

Ai que belo banho de sol que estou a apanhar junto a um menir.

Ai... não era suposto partilhar o meu protagonismo neste post com mais ninguém. Enganei-me.

Agora sou mãe - diz o meu braço.

"Ai que maroto que és." 

O quê? Como assim não acreditas nos benefícios da amamentação prolongada? 

Que belas férias que passámos ali em Olhão, não foi?

A fingir que não tenho 29 anos e que quero que o meu pai me dê uma consola. É este o ar.

Eu fazia-me toda aqui. É só o que tenho a dizer. 

Vamos ignorar a marca do baton na testa? Vamos.

Fotos: Love Lab 
(obrigada, Joana. Fazes magia!)

A Isabel disse "adeus" à chucha

Nunca pensei que pudesse ser assim tão fácil. No domingo, quando a estava a adormecer, ao colo, a chucha caiu. Estava presa pela fita. Voltei a pôr na boca da Isabel. Ela tirou. Achei que se tinha enganado e que estava tontinha do sono. Voltei a pôr. Ela voltou a tirar. Pediu-me para ir para a cama. Adormeceu nem 5 minutos depois. Dormiu a noite inteira sem chucha. Segunda-feira foi a vez do pai. Não quis chucha. Voltou a pedir para ir para a cama. Adormeceu. Terça-feira, colo, cama, colo. Perguntei-lhe se queria a chucha. Disse-me que sim. Assim que lha dei, mandou fora. Adormeceu na cama. Quarta-feira, cama, sem chucha. Durante o dia já não nos pedia a chucha há bastante tempo. No carro, quando lhe dava a chucha para tentar acalmar uma birrinha, mandava-a para longe. Já nos estava a dar alguns sinais de que já não precisava. Das 4 chuchas cá de casa, 3 estão completamente roídas e esburacadas. A chucha já não servia para chuchar.

A minha maior dúvida: e na creche? Será que se sente tão segura como em casa, connosco? Será que não vai continuar a pedir a chucha para dormir a sesta? Levo-a de qualquer forma e peço para só lhe darem em SOS?

Confesso que não estava à espera que a Isabel, que a partir do primeiro mês ficou a maior fã de chuchas e era daqueles bebés que acordam durante a noite à procura da chucha, pudesse deixar de sentir a falta delas tão cedo. Só me parece um bom sinal, mas fico com algumas dúvida: será que isto é mesmo um adeus ou será antes um até já?

Alguém com um caso parecido?

Fotografia Love Lab, na festa do primeiro aniversário da Isabel

10.07.2015

A Irene também sorri!


Costumo tirar fotografias mais como observadora da Irene, quando ela está na vidinha dela. Raramente, nesses momentos, está a sorrir. Está na dela. A brincar. A ouvir os pássaros, qualquer coisa.

Hoje estava a brincar com ela exactamente nesta posição e não resisti. Foi um momento "tenho de ir buscar a máquina!". 

Já agora, para ficar para a posteridade, estava a dizer que ela "cheira a bebe cozido" e a cheirar-lhe o corpo todo. ;)























Embrulhem!!! Eu tinha razão!

Cada vez tenho mais a certeza de que só precisamos de lhes dar tempo e espaço. E, acima de tudo, seguirmos o nosso coração.

Em agosto, escrevi isto: A minha filha não fala puto!

Perguntei-me uma ou duas vezes se não a estaríamos a estimular decentemente para que ela começasse a falar, mas sinceramente nunca estive muito preocupada com o desenvolvimento cognitivo dela (sempre foi uma espertalhona do caraças, até quando parecia uma planta), mas estava em pulgas para ouvi-la falar. 

Algumas pessoas disseram-me que, para contrariar a preguiça dela, teria de deixar de lhe fazer os favores, ou seja, se ela me pedisse água, com outra palavra sem ser água, teria de fingir que não entendia, para que ela se esforçasse.

Não o fiz. Acho que nunca conseguiria fazer isso, por achar que só iria criar entropia entre nós, frustração e que a minha filha perderia confiança em mim. E principalmente porque estamos a falar de uma bebé de 18 meses. 

Menos de dois meses depois, posso dizer-vos que parece uma gralha. Continua a ser falante de mandarim, claro, mas todos os dias aprende uma ou duas palavras novas. E algumas diz na perfeição. É a loucura. A mais recente foi pipi. A que mais diz, depois de mamã, mãe e papá, é cocó. Muito escatológica a minha filha. Hehe

Love Lab

Fiquei muito satisfeita por não ter ido contra as minhas convicções e, acima de tudo, feliz por ter seguido o meu coração. Não tenhamos pressa. Deixemo-los serem bebés.

Quando se deve dar Ben-u-ron?

A Irene não tem sido capaz de readormecer no final de cada ciclo. De hora em hora e meia acorda e aos berros. Deduzo que sejam dores de dentes (tem um que parece estar quase a rebentar) e, portanto, ao final da segunda vez que acorda assim (porque podem ser sempre pesadelos), acabo por dar o ben-u-ron, porque me custa a imaginar que ela passe a noite toda sem dores, que eu a possa ajudar e que não o faça. 



Porém, tenho aqui um pouco de receio de estar a enchê-la de ben-u-ron... 

Quando é que vocês decidem dar ben-u-ron nestas alturas? 

Já houve uma ou outra noite que até dei profilaticamente para garantir que não tinha duas noites horríveis seguidas...

Partilhem comigo as vossas crenças, sff. ;)

Fui só eu?

Fui só eu que na gravidez, ali no segundo e terceiro trimestres, fiquei com voz de cana rachada? Vi-me aflita para continuar a fazer o meu trabalho (faço entrevistas e sou a voz de um canal, a SIC Caras), além de, de certezinha, andar a irritar meio mundo com um tom de voz intragável.

Lembrei-me disso agora que entrevistei uma grávida com um tom de voz entre a Cristina Ferreira e a Júlia Pinheiro. Pode perfeitamente estar a passar pelo que eu passei.

Ou estou em delírio e não é normal na gravidez ficarmos com voz de quem tem uma unha encravada que está a ser pisada por um camião TIR?

10.06.2015

Andei a mentir.

A todas vocês mas, especialmente, a mim própria.

Quando me perguntavam como me sentia em relação ao regresso ao trabalho, dizia que estava 50/50. 

Também tenho saudades de sair de casa todos os dias, com vontade de me arranjar, de me sentir útil noutras circunstâncias, de dizer piadas novas, de saber da vida dos outros, etc. Vocês sabem como é.

Ontem... ontem ruí. Ontem desfiz-me em pedacinhos. Ontem o meu director marcou um almoço comigo para falarmos do meu regresso e só aí é que me caiu a ficha.

Chorei até deixar de fazer sentido, até adormecer.

Sei que vocês vão dizer que deixaram os vossos bebés mais cedo ainda e que eu sou uma privilegiada - verdade - mas custa a todas e, pelos vistos, a qualquer altura.

Somos muito dependentes uma da outra. Nunca foi outra pessoa a adormecê-la, por exemplo. Ela usa as maminhas da mãe para mamar, chuchar, miminho, tudo. As maminhas vão embora durante o dia.

A maior parceira de brincadeiras também. 

Já delineei um esquema: vou pedir aos avós para ficarem cá em casa na primeira semana ou duas para que ela não fique só com o pai, para estar mais entretida e para não dar tanto pela minha falta. 

Já sei que as crianças têm uma capacidade de adaptação bastante superior à que nós imaginamos, mas estou de rastos. Isto não me parece natural. Parece-me horrível. Parece-me que que me estão a arrancar o coração e que eu tenho que deixar. 

O natural era o pai ir à caça e nós ficarmos com eles até eles se desinteressarem de nós. Apetecia-me que assim fosse, apesar das minhas necessidades de desenjoo desta rotina. 

Sinto que a estou a dar para adopção. Sei que parece exagerado a muitas mães, sei que a outras é exactamente isto que sentiram. Sei que tudo vai ficar bem, que ela vai ser feliz na mesma, só tenho receio do processo de adaptação.

Ela não sabe que a mãe tem que ir trabalhar e que não prefere estar a ir trabalhar (pelo menos, sem a levar).

Mas tem que ser.

Amo-a tanto. 

Quem me dera que houvesse uma maneira mais fácil de fazer as coisas...