3.02.2021

Já não me sinto tão culpada

Num ano de pandemia, já passei por vários estados. Já me senti culpada por não conseguir chegar a todas as frentes, trabalhar bem, ajudá-las na escola, fazer refeições decentes. Já dei tudo o que tinha para que tivessem estímulos e se sentissem motivadas, já relaxei e pensei que "já estarmos todos vivos é uma sorte", já me senti extremamente frustrada, já chorei com elas, já me enchi de coragem e tive esperança. Já vivi dia após dia, mas também já quis fechar os olhos e acordar um mês depois.


Já pensei, mais do que uma vez, "elas ficam bem" e já lamentei várias vezes por este ano cheio de mudanças, por mais uma festa de anos da Isabel sem amigos, pelas saudades que têm das primas, dos avós, da vida sem grandes restrições. Claro que relativizo, claro que penso na sorte que temos. Mas nem por isso consigo levar tudo de ânimo leve.

Uma das coisas que me fazia sentir culpada era sair para ir trabalhar e ter de as deixar em casa. Gravações em televisão significa que já não as vejo nesse dia, que já não as deito e aconchego. 

Agora já não me sinto tão culpada. Percebi que a culpa, neste caso, não leva a lado nenhum. Que não me ajuda a ser melhor. Nos dias em que estou com elas, dou o meu melhor (e não me condeno quando não estou capaz de dar mais). Claro que ainda me sinto assoberbada quando tenho as duas em zoom a chamarem de um lado, a outra do outro e eu a ter de me concentrar a trabalhar. Claro que lamento não ter uma maior organização, preparar refeições com antecedência, calendarizar melhor tudo, mas QUEM TEM? Quem estará a ser capaz de fazer tudo e de manter a sanidade?

Deixemos a culpa de lado. Isto não é fácil e ponto final. Encorajemo-nos uns aos outros, ouçamos os desabafos uns dos outros e mantenhamos a coragem. Não somos culpados, caraças. Força a todos!






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