7.17.2017

20 minutos inconsciente.

As duas. Já vos explico porquê. 

Às 4 da manhã da quarta-feira passada, a Irene acordou com febre baixa mas a queixar-se de dores no pipi. Não a consegui readormecer. Dei-lhe algo para baixar a febre e adormeceu. Quando acordou - com febre já a subir - voltou a mencionar dores no pipi. 


Tenho, de vez em quando, infecções urinárias terríveis. Tive de dar atenção, ainda para mais sendo a primeira coisa que me disse assim que acordou. 



Fomos às urgências, saímos de lá com um parâmetro positivo para infecção urinária, antibiótico e vigiar a febre. Assim foi. Fiquei em casa com ela. 


Por volta das 22horas ouvi barulhos muito fortes, pensei que era a miúda toda irritada por não conseguir respirar - super entupida, parece alérgico - e, então, estar a virar-se zangada de um lado para o outro. Eram, porém, barulhos ritmados e pareciam até mecânicos. 

De repente fez-se luz: 

"Joana, a tua filha tem convulsões febris!". 

Quando lá cheguei, ela estava de barriga para cima, de olhos fechados, sem conseguir respirar. Já tinha parado o som que tinha ouvido pelo intercomunicador. Virei-a para o lado esquerdo e tentei falar com ela. Não me respondia. De olhos fechados, com as mãos a tremer em movimentos cíclicos e a fazer estalinhos com a boca, mas desta vez sem revirar os olhos ou sem se espumar. 

Tinham-me dito que era possível que numa convulsão com mais de 5 minutos já pudessem existir danos cerebrais. Isto depois de eu já ter dado o primeiro ansiolítico e de não ter feito efeito.  Com o pânico e enquanto dizia a mim própria "ela era demasiado perfeita para ficar tudo assim", resolvi dar-lhe mais um que também não fez efeito. Desesperei e liguei para o 112. 

Demoraram 6 minutos a atender-me. Quando olhei para o relógio já tinham passado 20 minutos em que a miúda não me respondia, não abria os olhos, não chorava e só tremia. Comecei a temer o pior. Eu a tentar dizer-lhe que está tudo bem enquanto não me conseguia mentir. 

Quando desliguei a chamada, demasiado tempo depois, voltou a si. Desatou a chorar, assustada. Ela e eu. As duas. As duas sozinhas. Ela tinha voltado. Estava completamente mocada do ansiolítico e também da própria reacção do corpo, mas mexia as mãos e os pés. Talvez o anti-pirético tivesse feito efeito. 

Chorei e chorei. Os bombeiros chegaram, naquilo que me pareceu uma hora. 

Cuidaram dela e de mim e levaram-nos a Santa Maria. Isto com a Joaninha, o novo membro da família (<3 uma amiga muito especial que nos tem apoiado muito), a cuidar de nós. Chegamos às urgências, foi vista. Tudo ok. Mandaram para casa. 


Estou a poupar-vos aos pormenores sórdidos. Ainda estou mecânica. Ela tem estado doente desde 4ª feira sem conseguir respirar em condições e sempre com febres altíssimas, não consigo ter uma escrita que não seca. 

Agora, dias depois, talvez não tenha tido uma convulsão febril de 20 minutos, mas uma de dois, seguida de 18 minutos de subida de febre tão alta que só tremia de frio até o ben-u-ron fazer efeito. Mas, para mim, todos os segundos daqueles 20 minutos foram reais e julguei que a minha filha nunca mais iria ser aquela que conheci.



Foi o meu maior susto até agora. 

Caramba, porque é que quando parimos, também nos sai o coração com eles? 


Nota: Um beijinho enorme à médica que parece a Jasmine do Aladino que nos atendeu nas urgências do Santa Maria. Aos restantes já agradeci com tudo o que tenho. Um beijinho ao bombeiro giro que também me soube acalmar, dizendo que eu podia chorar. Chorei. 


✩✩✩✩✩✩✩✩✩✩


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32 comentários:

  1. Até fico com o coração apertado de ler isto, não imagino o quão horrível deve ter sido...Mas a Joana é uma grande Mãe :) As melhoras da Irene e um grande beijinho para as duas.
    Daniela

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  2. Joana, tenho uma filha também com convulsoos (parou aos 6 anos) febris... nunca mais se é a mesma pmãe, digo-lhe. É ver a morte, sem ela ser. Sei bem o que sentiu. Abraço. Claudia

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  3. É engraçado como poucas pessoas percebem que o melhor a dizer a uma pessoa aflita é, muitas vezes, 'pode chorar'. Nada nos acalma mais do que o saber que não há mal nenhum em não estar calmo. Bom bombeiro. As melhoras, para as duas! <3

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  4. Ugasse ...Joanita muita força e coragem..e chora sim,alivia-te!! Nem quero imaginar a sensação !! As melhoras rápidas!!beijinhos para vocês 2 com muito muito miminho Liliana

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  5. Nem consigo imaginar tal susto. Desejo o melhor é as rápidas melhoras.

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  6. Querida o meu filho, hoje com 16 anos, teve esse episódio duas vezes aos 2 anos. NÃO DESEJO A NINGUÉM o horror que passei. Penso que teve uma Convulsão Febril Simples, que de simples não tem nada. É o terror dos pais. O cérebro como que se desliga para os proteger.... só que ficam como mortos e nós com eles. A ambulância demorou 9 minutos a chegar e foram 9 anos para mim. Ela vai ficar como nova e este susto nunca mais esquece mas suaviza muito, prometo!

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  7. Caramba! Uma mãe "com o coração cá fora" mas com "tomates". Fico doente só de me imaginar em tal situação. Um grande beijinho e muita força <3

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  8. Qie aperto no coração
    Um beijinho as duas
    As melhoras da Baby Irene

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  9. As melhoras da Irene!És uma grande mãe Joana.Um grande beijinho para a Irene

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  10. Meu Deus Joana, que dor n imagino, tb sou mae, a mh filha tem quase 6 mesinhos e eu fico tonta de ler isto e saber q infelizmente ng esta a salvo. Mas vai td dar certo, a irene vai ficar bem💚 abraço grande q era mm o aq q me apetecia dar, às duas!💚

    Vania

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  11. Joana, espero que a Irene melhore rapidamente! Acho que seria importante a menina ser seguida em neurologia, fazer mais exames, para tentar se perceber de onde advém essas convulsões. Pelo que tenho lido têm sido mais frequentes em dias de febre. Mas não há uma forma de controlar isso? 20 minutos parece-me muito tempo. Que desespero! Um beijinho grande. Força já percebi que tem. 😘

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    1. Susana Costa11:46 da tarde

      As convulsões febris são relativamente frequentes entre os seis meses e os seis anos de idade. São, na sua generalidade, inócuas e devem-se à imaturidade do cérebro. Pode acontecer a qualquer criança, mas existem factores hereditários que potenciam o seu aparecimento.Se os pediatras do hospital diagnosticaram convulsões febris, é isso "apenas" e não há porque duvidar. É muito importante não assustar ainda mais esta mãe. Sim, porque isto é verdadeiramente aterrador e a vida fica de pernas para o ar durante demasiado tempo por causa destes episódios. Felizmente, passa.

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  12. É indescritível o sentimento de impotência... eu sei o que isso é... no nosso caso demoram 45 min a chegar... e eu enfermeira desesperei como qualquer outra mãe... tinha lido um post teu a pouco tempo sobre as convulsões da Irene é isso ajudou me... mas pensei que ia ficar sem filha ... pensei o mesmo que tu... nao sei se foram 20 min de convulsão ou se já não era ... sei que foi uma eternidade e ao ver os lábios roxos só pensava nos danos neurológicos... felizmente só aconteceu uma vez, 7 meses sem nenhuma... muita força!!

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  13. Joana, não nos conhecemos, mas leio-vos todos os dias! Há uma empatia muito grande com as Joanas & filhas. Para além disso, sou mãe e nada podia ligar mais este sentimento que temos pelos filhos, mesmo que sejam os filhos dos outros! O meu coração ficou convosco no momento que li este texto. Poxa!já passou e torço para que tenha sido a última! Isto vai passar com a idade, tenho a certeza! Um grande bjinho para as duas e um abraço apertado na pequena Irene!

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  14. Ai k aflição Joana 😯😯fogo!! As melhoras da necas 😙beijinhos às 2

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  15. Tb ja passei por isso. Nao ha palavras para a dor. Ate me urinei do panico. Nao tenho vergonha de assumir. Muita força p si. Sozinha e ainda mais didicil.

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  16. Como eu compreendo a sensação...112 que não atende...minutos que parecem horas...enfim é uma mãe a sentir-se totalmente impotente...obrigada pela partilha 😊🙂

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  17. Também aconteceu com o Bernardo, tinha feito 1 ano ha quinze dias, quando de repente começa com febres altíssimas, mas estava gelado e com 41 graus de febre, começou a ficar com o olhar vidrado, com os lábios roxos, e desmaiou pensei que o ia perder, foi o pior momento da minha vida, pessoas amigas chamaram o 112 e ainda hoje nao me lembro como cheguei ao hospital de Cascais e já lá vão 20 anos. Sei precisamente o que sentiu, uma sensação de impotência, um vazio uma raiva.As melhoras da Irene, e um grande beijinho.

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  18. Só de ler as lágrimas correram. Tenho terror a convulsões...O nosso caso é diferente mas sempre que tem febre entro em pânico. O meu bébé nasceu e como para todas as mães estamos a viver um sonho mas o meu depressa se tornou num filme de terror foram os dias mais difíceis da minha vida. 48h após o parto o meu filho estava com movimentos repetitivos, eu na minha ingenuidade não dei importância mas comentei com a enfermeira, elas ficaram mais atentas e perceberam que eram microconvulsões, muito ténues mas estavam a acontecer. O meu bébé foi logo levado para a ucirn e eu fiquei num quarto sozinha a meio da noite sem perceber ao certo o que se passava. Nunca mais esqueci aquele dia e nunca mais vivi com o coração no peito. Sem dúvida que pari e o meu coração saiu com ele. Beijinho muito grande para vocês as duas

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  19. Fico gelada ,cheia de medo só de me por no seu lugar . 💪 mas mae é mãe e na hora todas as preces chegam ao céu e vamos buscar forças sabe-se lá onde pelos nossos techugos . Foi incrível deixe-me que lhe diga ,não desejo passar por isso mas se alguma vez o meu M tiver algo do gênero , que eu seja tão forte quanto foi para aguentar os 20 ( anos ) do mesmo modo. As melhoras rápidas para a pequena ❤

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  20. Ĺaura Citério11:58 da tarde

    Sei bem o que é passar por essa situação. Tenho um menino com 9 anos que teve convulsões aos 2 e 6 anos (esta última bem mais forte e mais demorada, foi de tal forma que o bombeiro que veio quando eu liguei para o 112 viu o caso tão mal parado que foi o próprio que chamou o carro do INEM). Até hoje não sei o que faz despoletar as convulsões nele, foi seguido em neurologia e o exame que fez não acusou nada, como não repetiu a convulsão no hospital a médica acho que não era caso para fazer uma TAC/ressonância. O que é certo é que até não consigo esta descansada em sítio algum porque este "fantasma" não me sai da cabeça, nunca sei quando se voltará a repetir. Há pouco tempo galsram-me de uma Dra. que era considerada uma das melhores nestes casos mas ao pesquisar no google para saber onde a encontrar acabei por descobrir que já faleceu há uns anos. Voltei á estáca zero. Se por acaso houver alguém que tenha um nome para me dar agradeço, não vou descansar enquanto não souber o que provoca as convulsões no meu filho, sinto que está será a única forma de viver sem que te há sempre o coração nas mãos.
    Joana as melhoras da sua menina e que tudo corra bem. Beijinho

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  21. Chorei ao ler o seu testemunho...um beijinho grande para as duas e as melhoras da menina

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  22. sei bem o que isso é o meu guerreiro já passou por muitas batalhas e aos poucos estamos a sair vitoriosos de todas elas...a penúltima tb foi um cenário parecido ao vosso e eu tb sozinha a desesperar com um sentimento de impotência e um medo maior que eu...felizmente já a 7meses que não temos registo de outra convulsão...mas sempre que fica com febre faço diretas sem dormir ou meto-o comigo na cama para descansar um pouco
    Força muita força e chorar faz bem para nos aliviar e ganhar força para os acompanhar ❤

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  23. Joana por aqui não foi uma convulsão febril mas sim uma forte pancada com a anca (atingiu um nervo qualquer) num brinquedo (que entretanto saiu logo da vista). O choro de dor foi de tal forma intenso que susteve a respiração por tanto tempo que o cérebro fez "shut down" e o meu príncipe começou a revirar os olhos,a serrar os dentes e desligou literalmente...muito sangue frio nem parecia a mãe, coloquei-o logo em posição lateral de segurança (curso de primeiros socorros), dedos na boca para entrar algum oxigénio e gritei para o meu marido para ligar para o 112. Claro que nesse momento entrei em mim novamente e pensei que o ia perder... Felizmente foi tudo muito rápido e passado uma hora estávamos de volta a casa com diagnóstico de "Espasmo de choro".

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  24. Tanta gente a contar partos dramáticos e ninguém conta que o pior está para vir! O coração fora do peito a cada situação destas, o terror de perder os nossos filhos, o terror que algo de mal lhes aconteça. Ser mãe e pai é "apenas" isso!
    Sandra

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  25. Sei bem o que isso é. A minha filha tb faz, tb teve uma delas que durou muito tempo e sem sequelas. A Joana é uma guerreira por passar por isso sozinha, não sei como eu teria o seu sangue frio! Muitos parabéns por ser como é! Beijinhos

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  26. Joana,
    Só posso imaginar o que possas ter sentido, porque felizmente nunca passei por nada parecido.
    Não deve ter sido fácil, mas és sem dúvida uma Mulher com M grande, com M gigante. E a Irene é uma lutadora, uma valentona.
    Já tinha sentido a tua ausência e pelo insta vi que algo tinha acontecido, pensei logo nas convulsões...
    Espero que estejam ambas a recuperar bem e cada vez mais fortes, mais juntas, mais cúmplices. Se as coisas boas nos aproximam, as difíceis, então, "colam-nos".
    beijinhos apertados.

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  27. Só de ler este testemunho fico com o coração nas mãos!
    Que susto!

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  28. Joana,

    Tenho uma admiração profunda por ti e por aquilo a que a vida te circunstanciou a ultrapassar sozinha. No meio de tantas futilidades boas que são o nosso dia tu deparas-te com um verdadeiro problema.
    Desejo, sinceramente, que a Irene ultrapasse este 'problema' e que não te dê estes sustos assim, a seco. (De pensar que outro dia tremi porque a Maria ficou com uma espinha espetada algures na boca e sangrava por todo o lado... mas o que é uma espinha ao pé disto).
    De coração apertado, um beijo ENORME, às duas.

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  29. 💚 de mãe sofre muito!! Mas já passou... beijinho grande

    Célia Leal

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  30. Olá bom dia depois de ler o seu poste não consegui ficar indiferente pôs sei perfeitamente o que sentio a mim aconteceu-me o mesmo com a minha Inês quando tinha 5 anos altura já tardia para convulsões febris..e se não fosse eu ter conhecimentos de 1os socorros garantidamente a minha filha hoje não estava cá..acordou também a meio da noite e pediu água estava com temperatura baixa dei-lhe o antipirético para que não subisse muito, pois demora a fazer efeito..e o meu 6o sentido alertou-me para eu a levar para junto de mim para a minha cama e foi o que fiz deixei a luz acesa coisa que não é habitual e a Inês só teve tempo de dizer mãe e a partir daí foi o inferno..teve uma convulsão de cerca de 2 minutos na altura não tinha o ansiolitico para administrar pois nunca tinha acontecido antes..os lábios cianosados o corpo com espasmos e de olhos abertos com as populosas conpletamente dilatadas e eu a pensar ela está a convulsionar, tem calma liga para o 112 mas o bloquei foi de tal forma que gritei pela minha irmã e ela é que telefonou enquanto eu tinha o telemóvel á minha frente e não consegui ter o descernimento de agarrar nele e telefonar eu..mas o pior foi quando teve indução de vómito assim que a convulsão parou coloquei a logo de lado e toda a água que bebeu antes veio para fora se ela não tivesse ali ao pé de mim tinha aspirado o vómito e sufocado..assim que voltou á consciência meio ainda entorpecida enfiei a dentro da banheira a temperatura tinha de baixar até o inem chegar ela até hoje acha que lhe dei banho de água fria pois tremia muito e tinha muito frio..devido a convulsão tardia teve de ser seguida durante 1 ano na Estefânia em neurologia dado haver antecedentes de epilepsia na família..acho que todos nós devíamos ter conhecimentos de 1os socorros e tenho consciência que o inem por vezes demora por haver um protocolo a seguir e repetem perguntas devido ao sistema que utilizam..talvez se todos tivéssemos conhecimento de como funciona o Inem é saber aplicar suporte básico de vida talvez tudo corresse melhor.. as melhoras da Joana e se puder no caso de não ter tente ver um curso básico de Socorrismo a mim ajudou-me imenso..

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  31. O que me surpreendeu na historia é quantidade e facilidade com que dá medicação à sua filha :(

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