4.20.2015

a Mãe desbronca-se (#03) - Irene? Porquê?


Olha! E não é que a rubrica "a Mãe desbronca-se" está de volta. É! Ai que bom! Ai que bom! Estou tão excitada como quando tinha um cheque-disco da Valentim de Carvalho para gastar nos meus cds dos Ace of Base. 

Obrigada por todas as vossas perguntas aqui, vamos tentar ir aviando isso tudo tão rápido quanto se avia programas palermas do TLC cá por casa. 

Eles conseguem ser docemente sarcásticos, escondidos por trás de uma tentativa de documentário. Mesmo quando se trata de um programa de encontros amorosos entre anões e pica-paus.

Bom. Filipa C. obrigada pelas tuas perguntas :) É sempre bom sentir que alguém tem interesse por nós. Já nem do meu marido sinto isso (brincadeira, pá!). 



Irene era o nome da minha avó paterna. Quando era mais nova, dizia que, quando tivesse uma filha, lhe daria o nome dela para chocar o pessoal (sabendo que não era um nome comum) mas, também, porque a minha avó paterna brincava comigo, ensinou-me a pintar, tinha muita paciência, fazia bolachas, etc. Acho que a perdi quando tinha menos de 6 anos, por isso ficou uma imagem algo angelical dela. A verdade é que foi apenas por sugestão que demos o nome à Irene. Não sinto que tenha sido em homenagem à avó mas mais porque queríamos dar um nome de beta, mas sem ser. Sabemos que já há por aí betas chamadas Sanchas e achámos bem tentar inovar no sentido oposto: o do bom gosto. Vá, mães das Sanchas, venham daí e caiam em cima de mim. Ahah 

Não é Irene Maria nem Irene Miguel. Irene pareceu-nos o suficiente (mais uns quantos apelidos, claro, que a miúda não é a Madonna - e ainda bem que não tenho dinheiro para lhe por um aparelho). 

Se fosse um rapaz, seria Lourenço. Sim, nome beto puro. Acima disto, só Salvador. Nós sabemos. Já escolhemos que o próximo, fica com o nome do pai, pronto. Frederico. 

Apesar de termos "arrojado" no nome da Irene, estamos todos os dias muito satisfeitos. Parece que gostamos ainda mais do nome sempre que o dizemos, apesar dela já ter muitas alcunhas (Né, Necas, Neco, Nequita, Inês - às vezes sai-nos, que parvoíce...).

Achamos mesmo que IRENE POMBARES é nome de uma tipa com quem ninguém se irá meter. E se se meterem, enfio-vos um penso de pós-parto pelo nariz acima (ou abaixo, nunca sei).





Afinal Havia Outra (#20) - Birras: sabem como lidar com elas?

Quatro anos e duas filhas depois, eu continuo sem saber lidar com as birras. Pensavam que iam encontrar respostas neste texto, não é verdade? Mas não - daí o ponto de interrogação no título…

Sempre que uma delas dá início a uma birra, a primeira coisa que eu faço – depois de respirar fundo, muito fundo – é pensar na injustiça da situação. “A sério?! Estás a começar uma birra e ainda agora estávamos aqui tão bem a brincar?” Ou então vou ainda mais ao detalhe: “Acabei de te comprar mais uma camisola da Elsa do Frozen e ontem deixei-te comer um ovo kinder e tu fazes-me isto?!” No fundo, a uma birra delas eu respondo com uma minha, ainda que a minha se desenvolva ao estilo Ally McBeal, no interior da minha cabeça e quase sempre com muitos resmungos, gestos e alguns palavrões à mistura.

E depois penso em todos os conselhos que já me deram até hoje: “Sem público não há espetáculo… conta até dez e respira fundo… já disseste que não, por isso é não até ao fim… coerência é segurança… pensa em coisas boas… bahhhh!” Um verdadeiro desatino!

Eu sei que as birras fazem parte do crescimento das crianças e são fundamentais para o desenvolvimento da personalidade delas. Mais do que isso, são uma forma de expressarem a frustração que sentem perante alguma situação. Mas conseguem partir de coisas muito estúpidas mesmo. “Mãe, não queria o pão partido em três, era em dois” ou então fazerem um espetáculo de todo o tamanho porque queriam carregar no botão do elevador e eu já tinha carregado…

As birras conseguem ser momentos terríveis para nós, pais, aos quais é preciso sobreviver – e por “sobreviver” quero dizer não nos passarmos (muito) da marmita, tentar que a coisa dure o mínimo de tempo possível e passarmos alguma mensagem de jeito às miúdas. Confesso que já tive de pedir um “desconto de tempo” à minha filha para subir a escada, entrar no meu quarto, fechar a porta, mandar um berro valente, respirar fundo e voltar a descer a escada para terminar a conversa. 

Tenho para mim que, no final de uma birra, a coisa até não correu mal se eu mantive a minha posição desde o início, se ela percebeu porque é que não podia fazer ou ter aquela coisa naquele momento, se não dei por mim aos berros e se acabámos por dar um abracinho. Mas nem sempre é assim. E a única certeza que temos é que, tal como as ondas do mar, depois desta há-de vir outra. Mais cedo ou mais tarde, dependendo da maré…

Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês

4.19.2015

O que a minha filha dirá de mim.

Ela ainda não fala comigo. Já diz algumas coisas, claro. Já mostra que gosta de nós, mas ainda não fala.

Amo-a todos os dias e de graça. Sem pedir nada em troca. Porém, quando crescer, isto é o que eu quero que ela diga de mim.

A ela própria.

Não precisa de ser a alguém.





1) a minha mãe faz-me rir.

2) a minha mãe explica-me por que é que não devo fazer as coisas.

3) a minha mãe não grita comigo ou, pelo menos, não me lembro.

4) a minha mãe tem um rabo fenomenal.

5) a minha mãe gosta muito de mim.

6) a minha mãe estuda comigo.

7) a minha mãe anda nos baloiços comigo.

8) a minha mãe dança comigo.

9) a minha mãe ensinou-me as minhas primeiras palavras em inglês.

10) a minha mãe gosta muito do meu pai.

11) a minha mãe nunca esteve doente. Pelo menos, que eu notasse.

12) a minha mãe ficou em casa comigo até eu ter 18 meses.

13) a minha mãe tirou-me milhares de fotografias.

14) a minha mãe nunca me fez sentir mal comigo mesma.

15) a minha mãe não me julga, orienta-me.

16) não tenho vergonha da minha mãe.

17) conheço a minha mãe, como mulher também.

18) gostava de ser tão feliz quanto a minha mãe

19) a minha mãe nunca me deu uma palmada, que me lembre.

20) a minha mãe chora quando está muito contente.

21) a minha mãe diz que eu sou mais esperta que bonita, mas que sou muito bonita, sou é ainda mais esperta.

22) adoro os abraços da minha mãe.

23) adoro as festinhas da minha mãe.

24) a minha mãe ri-se das minhas piadas.

25) a minha mãe quer conhecer os meus namorados.

26) a minha mãe é a mais porreira dos pais da turma.

27) a minha mãe fazia palhaçadas enquanto me lia as histórias para dormir.

28) a minha mãe nunca tinha pressa.

29) a minha mãe gostava de me ver a nadar, não ficava no carro à espera.

30) a minha mãe deixava-me escolher a roupa que eu queria usar.

31) a minha mãe sempre notou que eu estava triste e tentou ajudar.

...


Não necessariamente por esta ordem, claro.

 O que é que vocês querem que os vossos filhos digam de vocês?

Prometi que nunca seria esta mãe.

Mas não consigo. É demasiado fofo para resistir. Quando estava a escolher as nossas roupas, lembrei-me que podíamos ir de igual ao jardim de Évora. E fomos.











Erro de principiante.

Cometi um erro de participante. A Irene só teve febre uma vez e eu nem reparei. Por acaso fui com ela à farmácia e a senhora disse-me "a sua filha está a arder em febre". Eu pensava que ela tinha sono, mas não. Tinha quase 40 graus. Escusado será dizer que, desde aí, estou sempre atenta aos olhos congestionados, prostração, etc. 

Hoje a Irene acordou e estava super quente. Pensei: "claro que está, Joana, estão 20 graus no quarto, ela está com body, pijama e saco de dormir, querias o quê? Não vai ela ter eczema de estar sempre numa sauna".  Despi-a, deixei-a de body enquanto fui buscar um vestidinho para ela estar mais à vontade. Continuava rabuja e sempre a pedir "mami(nha)", mas isso tem sido o habitual nos últimos dias. 

Isto eram 6h30. Íamos a sair do quarto e ela chamou pelo Pai que ainda estava na cama, ele respondeu e não ficou a brincar como costume. Fomos tomar o pequeno almoço porque ela dizia "puca" (que é comida, porque arranjei uma brincadeira para ela comer que é dizer-lhe "ela podia ser pequenina, mas não é. Ela é muito muito grande!). 

Estavamos nós a cantar e dançar Tina Turner What's Love Got to Do With It, ela dançava connosco mas, nas partes mais calmas, parecia que estava podre de sono. O meu marido está sempre a gozar comigo por eu estar sempre a averiguar se ela está bem, mas não quis saber. Fui medir-lhe a febre. O termómetro do ouvido (finalmente alguma utilidade para ele) deu 38,5, o do rabo deu 38.1. Bem sei que praticamente nem é febre (no rabo só é considerado a partir dos 38 graus) mas o que é que a mamã Joana fez? Espetou-lhe logo com Ben-u-Ron xarope em "pânico". 



Arrependi-me, claro. Primeiro porque a febre é o corpo a combater o vírus que lhe foi dado nas vacinas há 10 dias (lembram-se?). Ao baixar a febre, estou a baixar a hipótese do corpo responder por si. Depois porque a febre era super baixa e acho que convinha ver que tipo de febre é que ela estava a ter. Não estou habituada a que ela esteja assim, agi sem pensar. Acho que também tenho algum medo por eu ter tido convulsões febris e não querer ver a minha filha a ter um ataque esquisito. 

Erro de principiante.


Já agora, recomendações? 




4.18.2015

"Vai lá tu!"

É talvez a frase mais usada cá em casa, pelo menos durante a noite. 

O Ricardo Araújo Pereira falou disso ontem no Mixórdia de Temáticas e confirma-se. Tenho aqui o esposo a anuir.

Já tinham saudadinhas de um post escrito a quatro mãos, não tinham? Cá está ele.

David - Olá, pessoas que mantêm a minha mulher ocupada enquanto eu vejo todos e quaisquer jogos de futebol que estejam a dar na televisão! Obrigada!

Joana - Engraçadinho, até parece que não faço mais nada. Ainda ontem vi o 50 sombras de Grey...

David - Tentaste ver... pela segunda vez! E adormeceste!

Joana - É porque o filme é tão, mas tão bom... Aquela Anastasia insípida a morder o lábio a cada fala estava a dar-me uma volta ao estômago. E que falas são aquelas, pelo amor de Deus! 

David - Aquilo tinha falas? O Rambo ao pé deste parece um filme do Kubrick. E até o Stalone consegue ser mais expressivo que o Mr. Grey.

Joana - Mas olha que o Mr. Grey estava muito bem equipado ao nível abdominal. Mas isso dava outro post, onde tu não metias a pata. Vamos lá ao que nos trouxe aqui. 

David - "Vai lá tu". É esta a frase que a minha mulher mais diz à noite. E "está a chorar."

Joana - Sim, porque o menino entra em negação muitas vezes e finge que não está a ouvir nada. 

David - As saudades que eu tenho de quando davas mama.

Joana - Espertinho. E surdo. Muito lento a ouvir, mas muito rápido a inventar desculpas e argumentos "fui lá há bocado", "agora é a tua vez", "acordei mais cedo hoje".

David - E tu? "Ando muito cansada", "vai lá tu agora, que eu vou de manhã e ficas a dormir até mais tarde" e sem gaguejar! É giro como durante as discussões nocturnas nem gaguejas...

Joana - Nem vamos falar das vezes em que nem dás por eu já lá ter ido e achas que estou a inventar.

David - E não estás?

Joana - Bem, vamos discutir aqui também?

David - No fundo, é como estarmos a fazer terapia de casal, mas de graça.

Não têm vergonha de ir à praia?

Espero mesmo que não. Espero que uma coisa tão pouco importante vos retire a vontade de fazer algo que, além de vos fazer bem, faz bem a toda a família. Nada nos devia limitar a nossa liberdade, muito menos macaquinhos da nossa cabeça. Borrifem-se para isso! 

Lembrei-me de falar sobre isto porque vi este artigo há uns tempos. 

“Tenho estrias e uso biquíni. Tenho uma barriga que é permanentemente flácida de ter gestado três bebês e eu uso um biquíni. Meu umbigo é flácido... (que é algo que eu nem sabia que era possível antes!!) e eu uso um biquíni. Eu uso um biquíni, porque eu estou orgulhosa deste corpo e de cada marca nele. Essas marcas provam que eu fui abençoada o suficiente de carregar meus filhos e que a barriga flácida significa que eu trabalhei duro para perder o peso que eu podia. Eu uso um biquíni porque o único homem cuja opinião importa sabe pelo que eu passei para estar assim. Esse mesmo homem diz que nunca viu nada mais sexy do que o meu corpo, com marcas e tudo. Elas não são cicatrizes, moças, são estrias e você as ganhou. Ostente esse corpo com orgulho! #HollisHoliday”



Acho isto tão importante e tão bonito. Há mães que não vão à praia por terem vergonha das suas estrias de maternidade, do que o corpo conta que aconteceu, de como nasceu o amor da vida deles. Esta imagem, por muito "facebook" que possa ser, é mesmo o que eu sinto. 

E as estrias? Qual é, afinal, o nosso problema? A imperfeição é a única maneira de sermos perfeitamente humanas. Por que é que nos massacramos por sermos normais? 

Vi isto no buzzfeed (aqui) e decidi partilhar convosco. Está a haver uma nova moda pelo instagram: a de partilhar fotos de estrias com o hashtag #loveyourlines.














Somos miúdas. Somos mulheres. Somos mães. Somos esposas. Somos namoradas. Melhores amigas. irmãs. Colegas. Amigas. Somos tanta coisa... e vamos deixar que umas linhas nos definam para pior? Somos nós. 

Somos uma folha pautada, cheia de linhas. E então? 

Fico à espera de um convite para escrever para a Maria Capaz. Ahah.


Debaixo das saias do pai

Há uma coisa que me tranquiliza. O facto de saber que se eu for desta para melhor, a minha filha vai ser educada pelo melhor dos pais. O pai da minha filha é essa pessoa. O melhor pai do mundo. Tem defeitos, como qualquer pessoa. Por acaso agora não me lembro de nenhum. Ah! É destrambelhado, como eu. E rezingão, durante a noite.
O pai da minha filha sabe fazer tudo: dar-lhe banho, fazer-lhe o jantar, adormecê-la, trocar-lhe fraldas, brincar com ela, fazê-la rir, conversar com ela, dar-lhe beijos, abraços. O pai da minha filha fala dela quando ela não está. O pai da minha filha preocupa-se com o futuro dela e quer educá-la para ser uma adulta trabalhadora, confiante e feliz. O pai da minha filha mete a cabeça dentro de água na hora do banho para a ver rir às gargalhadas. O pai da minha filha faz cucu de manhã com os lençóis, fingindo não ter sono. O pai da minha filha vai pô-la à escola e vai buscá-la e trata dela tão bem quanto eu. O pai da minha filha canta-lhe e inventa histórias parvas para a distrair do choro na hora de mudar a fralda. O pai da minha filha corre atrás dela para um ataque de cócegas. O pai da minha filha é um pai babado, presente, que delira quando ela chama por ele. 
Quando ele chega a casa e pousa as chaves, ela sabe logo que é o pai. Estica os braços assim que o vê e sorri-lhe com os dentinhos todos. Às vezes chama-lhe mamã. E não falha muito. O pai da minha filha é mamã. E ela gosta de ficar debaixo das saias do pai.





4.17.2015

O que apanhei no instagram do meu marido.



Isto porque a miúda andou a descolar o autocolante que tenho na parede. :)

Acabei ontem a minha tatuagem em homenagem à Irene.

E acreditam que agora não doeu nem metade? Acho que da primeira vez doeu mais por causa da ansiedade, por não saber ao que ia. Agora até estava relaxada e, na conversa, tudo vai passando. Já vos tinha mostrado a minha tatuagem no final da primeira sessão (vejam aqui), mas não podia deixar de vos mostrar o resultado final. 

Se estiverem a pensar em fazer uma, pensem apenas no conceito e deixem a Tânia trabalhar. É bem melhor ter algo no vosso corpo para sempre que seja feito por um artista e não só copiado do Google. 

Ora, para rever a questão, fica aqui o desenho que a Tânia Catclaw fez (é uma tatuagem desenhada, é uma obra de arte):

Tinha-lhe pedido que fizesse algo que tivesse que ver com ser Mãe e com gostar de dar de mamar à Irene, por ambas as coisas me terem mudado tanto. Já há anos que queria querer fazer uma tatuagem e, desta vez, tinha tudo para fazer com que acontecesse. Ainda por cima a Irene adora ursos (que sorte!).




Ontem fui acabar a tatuagem e ficou perfeita. Adoro-a. Obrigada, Tânia, por me teres cortado as banhas dos braços. 

Sei que nem todas as mães sentem a necessidade de marcar algo que já é tão marcante só por si, mas mais alguma maluca por aí? 

Gostam? :) 

A Tânia aceita marcações pelo Facebook, vejam o trabalho dela para se inspirarem. 

Ficam aqui alguns dos últimos de que gostei mais: 






4.16.2015

Tirei folga da minha filha

O que é que qualquer quase todas as mães fariam numa folga? Ficariam com os filhos. Eu não, desta vez não. Precisei de ser só a Joana por umas horas. Precisei de me mimar e ser um bocadinho egoísta.

Primeiro tive exames médicos, o que me ocupou a manhã quase toda. Depois fui tratar de coisas, pôr relógios a arranjar e coisas que tais, que estavam pendentes há séculos. Depois, fui comprar pijamas e bodies para a Isabel. Onde? Primark. Sim, e respondendo a uma boquinha da Joana Gama no outro dia, a mãe betinha, além de comprar em lojas portuguesas, compra na Primark. Fui às compras de coisas que "fazem falta" à Isabel, mas - quem é que eu quero enganar? - já ia com ela fisgada para as roupas de gaja. E gostei da sensação! Gostei de estar nos provadores e um 38 me servir e ainda ficar folgado. Gostei de estar a pensar no que é que fica bem com o quê e que peças de roupa vão ter um caso. Outras só se vão enrolar na máquina de lavar.

A seguir ainda fui a uma sapataria tentar encontrar umas alpercatas ou uns ténis com sola ou algo do género, mas 41 não é assim tão fácil. 
O quê?!! Tem 41 destes? E destes também? 50% de desconto? Levo já! Experimentei, claro, não sou assim tão maluca porque há 41s e 41s e o meu 41 tem de ser um bom 41... Ainda bem que a minha filha tem pé pequenino e que se preserve assim  - não um 18, credo! - mas que não tenha de passar pelos dramas da mãezinha dela, a sentir-se a Anastásia e a Drizella, ou lá como se chamavam as irmãs da Cinderela.

Compras feitas, qual Carrie Bradshaw versão pobre, lá fui eu a correr (de carro, que estes músculos não vêem exercício há 8 meses) buscar a minha filha. Às 16h saltou para o colinho de sua mãe, mas ainda teve de levar com uma ida rápida às compras para a casa. Adorou andar no carrinho das compras (só com estas idades para gostarem de se enfiar num supermercado!) e eu também adorei tê-la comigo. Deve ter sido por ainda não querer pôr tudo para dentro do carrinho e ainda não fazer birras de morte.

Casa. Brincadeiras no chão. Colo. Birrinha. Sopa. Então e como é que eu lhe consegui dar a sopa? Cozi esparguete. Foi tudo, uma maravilha. O que ela se diverte a chupar o esparguete e a dar-me a mim para ver aquilo pendurado até eu comer tudo! Por pouco não fomos a Dama e o Vagabundo naquela cena mítica do beijinho.

Banho e cama. Adormeceu em 2 minutos, nem deu tempo para aquecer o meu colo, nem para a pôr na cama e adormecer sozinha (há uma semana que eu e o pai estamos a conseguir que adormeça na cama dela).

Lá fui namorar as minhas compras, que é como quem diz tirar as etiquetas. Sinto sempre que compro etiquetas com um bocadinho de roupa à volta.

Cá estão:

A mala de fim-de-semana, que já andava fartinha do meu trolei todo desconjuntado

As duas gajas que há em mim: a das jardineiras e a do vestido comprido


Tem folhos e coiso.

Não vou para a Lua. Juro que calçados ficam lindos.

Joana Gama, ias adorar estes não ias? Não, para a Irene NÃO!


Sandaleca básica daquelas "não-aquece-nem-arrefece-mas-também-não-envergonha" para o dia-a-dia


Mais alguém que também tire folgas dos filhos?



a Mãe desbronca-se (#02) - Mudar os filhos para o seu quarto.

Olá, amiguinhas! 

Isto faz-me lembrar uma revista de cariz católico que recebia por correio na casa da minha avó. Acho que se chamava "Olá, amiguinho" ou, então, só amiguinho.


Bom, pelos vistos é "nosso amiguinho". Pelo menos tem "amiguinho" no título, já não é mau.

Desculpa, Ana Sousa, pela desconversa. Vamos a isso, a Mãe desbronca-se!


Não acho que devas sentir qualquer tipo de pressão em por o miúdo a dormir no quarto dele. Nós estamos equipadas com uma espécie de intuição (que não é intuição, mas que se nos apresenta como tal) que  nos orienta a tomar algumas decisões. Parece que isto não faz sentido nenhum e, provavelmente, não faz. Não me estou a conseguir explicar. Basicamente, se te sentes nervosa e ansiosa é porque, quase de certeza, não estás preparada para o fazer e poderá mudar muito a vossa dinâmica relacional. Por outro lado, se decidiste porque sim, sem pressões, mesmo que custe um bocadinho, quer dizer que está na altura. 

Segundo o que a Joana Paixão Brás me contou, vão passar todos a dormir melhor. É mais chato para quem amamenta fazer mais uns metros até ao quarto do lado mas, passado uns tempos, o teu cérebro ajuda-te a apagar esses momentos e já nem te lembras bem de quantas vezes te levantaste.



Algo que me ajuda muito é materializar esse tipo de sentimentos. Tens medo que ele cresça e deixe de precisar tanto de ti? Tens medo de não o ouvir? Ou é só uma ansiedade sem grande fundamento mas que te faz ficar com o coração acelerado? É receio da mudança, só porque sim?

Pensa que, lá por dormir lá uma noite, não quer dizer que durma todas (embora, o melhor para ele seja não andar a saltitar). Acho que podes experimentar e ver como te sentes. É como se fosse uma sesta durante o dia. Ele está a dormir noutro sítio e tu estás a fazer "a tua cena" no teu quarto. Não vejas como uma separação. Vê só como mais um momento de independência de ambos. 

Eu não lidei muito com essas emoções porque passei a Irene para o quarto dela logo no 2º dia de vida. Confesso que talvez tenha sido por babyblues e talvez agora tivesse ficado com ela no quarto e até dormisse comigo, mas não me "arrependo" da decisão. Não senti que lhe tivesse feito confusão, a mim também não fez. 

É mais um daqueles casos em que "a mãe é que sabe". Pergunta por que é que estás a tentar dialogar contigo própria no sentido de o pores no quarto dele. Tenta perceber se a razão é importante. Depois experimenta, mas não sem antes te esclareceres que não estás a abandonar o teu filho, que não ficam menos amigos, etc. 

É só dormir noutro sítio. Vais lá na mesma quando ele te chamar :)

Sabes como a Irene e eu somos chegadas e ela nunca dormiu no nosso quarto. 

Olha, até podes ler um post que escrevi há muito tempo aqui

Depois conta-nos como correu, sim? ;)

Beijinhos e boa sorte! ;)


Nota: Atenção que não sou especialista no assunto, sou só uma mãe, mas vou convidar a Verina Fernandes da "Sono de Sonho" a comentar isto, talvez dê uma boca dica. Fiquem atentas aos comentários.

A Ana Sousa fez uma pergunta ali no sítio da nossa rubrica. Querem fazer o mesmo? 

1 ano separa estas imagens


É de comprar este sofá ao senhorio, não acham?


4.15.2015

Comunico muito pouco com o meu cérebro.

Comunico muito pouco com o meu cérebro no dia-a-dia. Não gosto de entrar em diálogo. Gosto de sentir, fazer e pronto. Isto leva a que cometa erros muito simples constantemente. Os mais comuns são errar profundamente na escolha do tamanho do tupperware para guardar comida, mas mesmo de forma preocupante. 

Não sei se já disse aqui, mas é um exemplo que dou frequentemente: com aquelas caixinhas de enfiar as peças de formas diferentes (a estrela, o cubo, o cilindro, etc), em vez de olhar onde é que a estrela deve caber, prefiro fazer à bebé e tentar em todas primeiro. Não me importo por perder mais tempo se falhar, porque se acertar sinto-me a maior do mundo por ter sido muito rápido. É, no entanto, uma experiência dolorosa para quem goste de mim e esteja a olhar. Tenho a certeza que muitas das vezes o meu marido trauteia uma música triste para dentro enquanto me vê a fazer estas coisas, tentando imitar um anúncio de pedido de contribuição monetária para uma coisa de solidariedade. 

Imagino o copy (com uma voz muito bem colocada e séria): 

"Tem quase 30 anos. Já é mãe. É incapaz de pensar por um segundo que seja. [isto enquanto estou feita parva, de língua de fora, a tentar acertar com a estrela no cubo]. Isto já é a seguir de pena. Isto é triste."

Aqui ela tinha 1 dia de vida. <3


Eu gosto de fazer coisas parvas. Gosto de me rir comigo própria. Raramente falho em coisas importantes (aí estou mais atenta), por isso não tenho vergonha.

Ficar meia hora a descobrir como se abre um copinho da Avent pode ser um embaraço para a maior parte, mas eu rio-me sempre que penso nisso. Ter demorado mais de meia hora aos 15 anos a descobrir como se montava uma tábua de engomar, também. Tentar enfiar 5 litros de sopa num tupperware para guardar molhos... Ligar a água para tomar banho, estar no modo de chuveiro e ficar toda encharcada.  A última gira é terem começado a aparecer fraldas sujas no cesto de roupa suja e não sei se sou eu ou o Frederico, sequer. 

Isto claro que piorou desde que a Irene nasceu e estou sempre cansada por não dormir bem. Os acidentes durante a noite são os mais parvos. Também vos acontece? 

Eu não ligo nenhuma luz à noite. Gosto de me armar em super-mulher, com super-poderes e vou (sem usar as mãos para ir apalpando) percorrendo o caminho para o quarto da miúda. Já bati com o focinho em portas, já dei uma biqueirada na mesinha de cabeceira, ja ia tropeçando numa pantufa e nem uso pantufas, já dei umas patadas nos gatos que adormecem em sítios perfeitamente imbecis de vez em quando. 

A que aconteceu (se não foi ontem, foi há muito pouco tempo) foi ter posto a Irene ao colo para mamar e nada acontecer. Ela estar a chorar e não pegar na mama que tinha posto de fora. Esquisito. Depois lá percebi que tinha pegado na miúda ao contrário. Ela tinha ficado ao contrário na cama, dentro do saco de dormir. Peguei nela com a cabeça virada para o chão (imaginem acordar assim e a mãe pegar assim em vocês) e depois fiquei à espera que os pés dela mamassem. Pensei: "a miúda está estragada!", mas não. Tem uma mãe parva e cansada. 

Sei que não sou a única, mas fica a dica: os pés não mamam. 


A minha filha já é famosa

Estava eu numa loja em Santarém a experimentar roupa (tão gira!) quando ouço o seguinte diálogo a vir da rua, onde a minha mãe estava com a Isabel.

Senhora - A cara da bebé não me é estranha.
A minha mãe - Mas é de Lisboa.
Senhora - Ah! Não é do blogue?

Apareço eu, incrédula, que estava a ouvir do lado de dentro.
A minha mãe - ... Sim...
Eu - ... Sim...
Senhora -  Bem que eu a estava a reconhecer. É a Isabel e a Irene.

Foi isto. Creepy. A sério, assusta. Mas é tão bom. Mas é estranho. Mas é bom. Mas é estranho...

Truque infalível.

Pelo menos cá em casa. 

A Irene passa o dia inteiro com ambos os pais em casa. Acho que é óptimo para ela. Às vezes, para nós, nem tanto. É difícil conciliar os timings de cada um de fazer as coisas e, acima de tudo, as crenças. 

Ironicamente, quando um de nós sai, a miúda come melhor e dorme a horas melhores. Enfim, mas estou em negação em relação a isso.

Sempre que um de nós saía, sempre que ela nos via calçados ou vestidos sem ser com os habituais pijamas (sim, não me visto para andar por casa, acho parvo ficar mais desconfortável só porque sim), ficava nervosa e a antecipar a nossa saída. A tal ansiedade da separação.

É mesmo a Irene, tirada pelo Pai.
Tirada, a fotografia, não tirada de dentro de mim que ele não é parteiro.


Claro que as mães e os pais que têm de deixar os bebés na creche têm muita mais experiência nisto da separação que nós, mas o meu marido, teve mais uma sugestão das boas (às vezes sai-lhe ;)). 

Estava eu a calçar-me para sair, a vestir-me e isso. A Irene já estava a perceber que me ia embora. Eu estava na sala a olhar para ela à espera de a apanhar distraída para sair de casa sem ela dar conta. No fundo, ia fazer como sempre. Sair e, quando ela reparasse, ia começar a chorar. 

O Frederico disse: "por que é que não vou com ela até à porta e ela te vê sair?". Assim fizemos e nem chorou.

As mães como eu vão perceber que fiquei um bocadinho triste por ela não ter chorado, do género "é assim tão fácil esquecer-se do amor da sua vida?". Por outro lado (eheh e agora a sério), ainda bem. Agora fazemos isso para tudo. Mesmo quando estou a adormecê-la à noite, tento não sair à socapa e digo "boa noite". 

Para quem não se quer separar de nós é, provavelmente, pior irmos de fininho sem dizer nada do que agir naturalmente. 

Com a Irene é assim.

Como é que vocês fazem? 

4.14.2015

Tenho um fraquinho pela minha ginecologista

Era agarrar nela e enchê-la de beijos. Tem um íman qualquer, uma aura, sinto uma empatia com ela que nunca senti com nenhum médico. E não é por conhecer o meu pipi melhor que ninguém, cruzes credo.

Gosto tanto dela que me vieram as lágrimas aos olhos quando a vi na consulta de ontem, quase um ano depois da última vez.

Ela é a maior, senão vejamos:

- foi ela a primeira pessoa que soube que eu estava grávida e se emocionou comigo 

- disse-me, já mais do que uma vez, que eu tenho um colo do útero lindo (1-0 para o meu marido que nunca se saiu com este elogio)

- foi ela que veio no dia do meu internamento da Alemanha e mesmo assim me fez o parto às tantas da manhã 

- fez parte do dia mais importante da minha vida 

- ao contrário do que se diz (que as enfermeiras é que fazem tudo), ela esteve lá sempre a puxar por mim, a passar-me boa energia e foi ela que me fez o parto, o corta e cose e me fez sentir especial, dizendo que aquele papel me assentava muito bem 

- sempre foi super cuidadosa e delicada comigo 

- elogiou-me duas vezes ontem a minha aparência física e reparou que eu estava mais elegante do que quando engravidei

- tem uma paciência enorme para mim, explica-me tudo muito, muito bem 

- fez-me sentir normal com os meus saquinhos de chá e ainda nos rimos à conta disso 

- é gira e tem um sorriso bonito e afável 

- toca saxofone

- é vegetariana

Não é nada vegetariana nem toca saxofone. Pelo menos que eu saiba.

Palavra que me apeteceu dizer que gostava muito dela, que vou falar dela à Isabel, que lhe estou muito grata e que ela é óptima naquilo que faz. Que confio nela a 100% e que vamos estar juntas nos dias mais felizes da minha vida. Faltou-me a coragem, não quis ser groupie. Mas no fundo, acho que ela sabe. Espero que sim.