4.23.2015

Por mim era sempre fim-de-semana

A parte melhor da nossa semana passa depressa. São dois dias. Dois dias apenas para estarmos juntos, coladinhos, a desfrutar de todos os momentos, a sermos ainda mais uma família.
Por mim, era sempre fim-de-semana. E de preferência sem ter de me preocupar com nada. Comidinha caseira feita pela avó, não ter de fazer as camas, passear, fazer o avião, tocar na terra e nas plantas, fazer festas ao Baltasar, ver os cavalos, bater palminhas, andar no balancé com toda a genica. 

Somos felizes assim, no campo, no meio do nada, mas com tudo.




















Professores de pais.

Bom dia. Sim. Estou a escrever assim. Como se fosse uma sms para a outra pessoa perceber que estou mal disposta de propósito. As últimas duas noites têm sido para esquecer. A miúda deve ter uns 42 dentes a nascer ao mesmo tempo, mas ela está fresquinha. É isso que não entendo. Bom para ela. Bom para ela.

Bem, apanhei isto na net (parece que estou a falar de uma DST por causa do verbo "apanhar") e apesar de ser mais um viral -  e, por isso, poder por-se em causa a veracidade da questão -  acho que é óptimo partilhar. Por que é que ponho em causa a veracidade dos virais? Metade deles depois vem-se a saber que têm uma marca "lá atrás" ou "por trás". O que me agrada muito depois descobrir essas estratégias sacanitas mas, por outro lado, depois muita gente partilha toda bem intencionada e está a fazer uma publicidade de fininho. É como usar t-shirts com a marca a ocupar as mamas todas. GUESS, GANT... Sim, comunicamos um estilo de vida, mas também estamos vestidas como se estivessemos a trabalhar na loja deles. Devia dar que pensar. 



Bom, este viral que vi no SOL (aqui) é uma lição. Mesmo que não seja verdadeiro, a pessoa que pensou nele tem um coração muito amoroso. E acho que é só mais uma maneira de nos obrigar a pensar que temos de dar mais atenção aos nossos filhos. Tal não passa por dar mais prendas (sou filha de pais divorciados, sei o que é) ou por fazermos uma festa quando os vamos buscar à escola. Passa por (mesmo que tenhamos muito pouco tempo com eles) ESTARMOS com eles, ouvirmos o que eles têm para dizer e tentar perceber o que querem dizer mas que ainda não conseguem.



Adorei. Adorei ler isto. Agora, sem querer ser "má língua", aposto que há muitas professoras portuguesas que vão fazer isto e vão receber bilhetes a dizer que "dei um pum", que "o meu pai abraça a mãe nu" ou que "a mãe é muito amiga do senhor do ginásio". 

4.22.2015

Como ficar boazona?

Não sei. Mas hoje estive com quem sabe.

Cheguei ao ginásio (que nem por acaso é o Infante de Sagres, no Restelo) e dei de caras com a Carolina Patrocínio. Mentira, combinámos tudo. Eu não teria cara de pau de lhe pedir instruções assim do nada.
A Carolina teve uma paciência infindável de me explicar tudinho e de desacelerar o ritmo por causa de mim.

Mesmo assim, estive quase a falecer. Não porque o treino fosse muito exigente para o comum mortal, mas porque eu tenho a preparação física de uma velhinha de 80 anos. Acho que até a minha avó faria isto melhor do que eu.

O treino que a Carolina sugeriu para mim é aquele que ela considera fazer os corpos mais bonitos e definidos, não sendo preciso recorrer a pesos que não sejam o nosso corpo, e ainda, um treino passível de ser feito em casa, quando os babies já estão a dormir (tirando a parte da passadeira). Podem substituir, digo eu, essa parte do cardio por alguns exercícios que ponham esse coraçãozinho a bater forte (há dezenas de sugestões de treino aeróbico no Youtube).
O treino de hoje consistiu em: 
- 1 minuto na passadeira a uma velocidade considerável (fiz a 12,5) 
- 15 abdominais
- 15 agachamentos
- 15 abdominais laterais (15+15)
- prancha a contar até 15

 Nada melhor do que verem o vídeo e aprenderem com quem sabe.


 
Repetir esta série até perfazer uns 40 minutos. A Carol considera que este é o treino de eleição para "secar".

Ah! Sugeriu também um treino chamado Insanity, com o Shaun T. Conhecem? Já fiz em casa com o meu marido e ficámos completamente a destilar. Conheço quem tenha feito aquilo à séria e os resultados foram espantosos!

Bons treinos! Agora vou só ali dormir como uma pedra (hahaha, como se isso fosse possível desde que fui mãe!). Amanhã lá estarei a dar no duro às 8h00. Não há desculpas.

Vocês estão redondamente enganadas.

A verdade é que não somos tão lindas e espantosas como parecemos. Sei que vocês devem pensar que somos uns autênticos borrachos e "como é que ainda não foram a capa de uma revista qualquer?". Que somos mesmo muita lindas. Que, quando saímos à rua, temos tantos cães a quererem abraçar a nossa perna como jovens atraentes. 

O quê? Não parecemos lindas normalmente? Não?

Então por que é que estão tão chocadas que eu pareça um tornedó e a outra Joana, um biltre?

Bem haja.

Depois venham dizer que é só a Dove que mostra as mulheres reais. Estas são as mães reais (a Joana está só a fazer caretas numa cave, que acho que é onde ela trabalha). Eu tenho mesmo esta cara. Rosácea, para mim, não é o nome de uma auxiliar de educação da escola, é mesmo uma doença de pele.   




Não quero ter a barriga da Carolina Patrocínio

Não quero ter a barriga da Carolina Patrocínio, porque isso implicaria um esforço hercúleo e uma determinação que eu não tenho. E sinceramente, não preciso de tanto para me sentir bem e bonita. Mas se ficar com 1/8 do gosto dela por ter uma vida saudável, fico contente.

Escrevi há três meses este post (olhá magra!) a dizer que este corpo feito de gelatina ia ficar uma rocha. O que é que eu fiz entretanto para que isso acontecesse? Nada. 

Hoje tudo vai mudar. Mais não seja porque fui comprar uns ténis à séria. 



São de homem? São. Acontece que, pelos vistos, as lojas da especialidade não fazem (ou não encomendam) 42 para mulher. Temos pena. São confortáveis, super maleáveis e espero que se tornem os meus melhores amigos. 

Acabaram-se as desculpas. A sério.

Admiro o à-vontade da Joana Gama em dizer que a barriga dela parece as velas das igrejas a derreter (neste post maravilhoso) e admiro essa capacidade de aceitação. Acho que revela até alguma maturidade. Acho que "eu não sou a minha barriga" dava um slogan fantástico daquelas campanhas da Dove em que incluem "mulheres reais", expressão cada vez mais em voga. Mas eu não consigo ter esse poder de encaixe. Tenho 28 anos e não me contento com uma barriga a desfalecer nem com um rabo que já vai nos joelhos. Já basta as mamas terem ficado uns saquinhos de chá tamanho XXS, mas quanto a isso nada posso fazer. Poder até posso, mas é caro (hehe).

Não vou ser hipócrita e dizer que o que mais me impele a fazer exercício é a vida saudável, porque essa não é para já a motivação número um. É estúpido, mas é verdade. É a motivação número dois e um dia ainda há-de ser a um. Já notei que, depois de ter sido mãe, tenho tido mais dores de costas. Convém fortalecer os músculos e sobretudo a zona lombar. Além disso, quero voltar a sentir-me feliz a fazer exercício e deixar de praguejar e dizer que quero morrer. Quando era miúda, praticava basquetebol, natação, ginástica, danças de salão e era uma alegria enorme mexer-me. Porque é que me tornei tão sedentária e acomodada, quando fazer exercício nos traz felicidade, alivia a tensão e faz tanto por nós?

Acabaram-se as desculpas. Os meus horários às vezes são malucos, não sou muito organizada, mas se me consegui organizar para as refeições, também vou conseguir encaixar 40 minutos diários de exercício. Não sempre, mas sempre que possa. Acho que perco muito tempo da minha vida no Facebook, por exemplo. E no Instagram. E no Whatsapp. Vai-se a ver e passo lá 40 minutos diários, por isso basta redefinir prioridades.

Acabaram-se as desculpas. Se tive força de vontade para fazer uma dieta, com nutricionista, quando comer é das coisas que mais gosto de fazer, também vou ter força de vontade para fazer do exercício uma prática diária. Ou pelo menos semanal. Sempre é melhor do que agora, que é zero.

Mais não seja porque gastei dinheiro nuns ténis (estou a ser irónica, ok?). Mais não seja porque vos vim contar tudo isto, de forma a não fugir depois com o rabo à seringa. Mas faço-o principalmente por mim. 

Fica a fotografia do Antes. Daqui a três meses venho pôr a do Depois.




Agora não me venham com aquela história das obsessões e de não ter mais nada que fazer na vida, que essa não cola. Acho que, algumas vezes, a falta de tempo são desculpas esfarrapadas que arranjamos para a nossa falta de vontade. 

Bem sei que ser mãe, trabalhar, ter horários loucos, enfrentar o trânsito, apanhar transportes, ir buscar os filhos, ter de fazer jantar e almoço, arrumar tudo, tratar da roupa, tudo isso nos ocupa 90% do tempo. E dormir (o pouco que as crianças nos deixam), parecendo que não, também faz falta. Mas há casos - e acho que é o meu - em que basta ser mais organizada e perder menos tempo com futilidades. E não, fazer desporto não é uma futilidade. É, a par de uma alimentação equilibrada, a coisa mais importante que damos ao nosso corpo. E eu quero viver muitos anos. É que quero mesmo!


Começa agora esta aventura. Se sobreviver ao treino de hoje com a Carolina, venho cá logo à noite contar como foi.

4.21.2015

a Mãe dá (#18) - O livro que vai mudar o mundo.

Juro que até muda, se todas o lermos. Há muitas mães (principalmente as que já o são há muito tempo) que não são a favor dos livros. Há quem diga que muita informação confunde. Sempre será melhor alguma confusão do que uma certeza ignorante, digo eu. Mas sim, há demasiados livros a dizer coisas que não ajudam, escritos por pessoas que falam de coisas que não sabem. Pediatras que dão dicas educacionais que nada têm que ver com a sua formação. E não sei até que ponto é que o problema é de quem as dá [as dicas]. Nós é que queremos acreditar muito nalguma coisa, em algo que nos faça sentir seguras, principalmente nesta fase tão importante. Iria eu alguma vez perguntar ao meu cabeleireiro que comprimidos devo tomar para as minhas enxaquecas, só porque também está na área da "cabeça"? Temos de saber quem ouvir e, sim, neste caso, este livro vem mudar o mundo.



É o primeiro livro (de todos os que já li e, atenção, que comecei, obviamente, por ir aos mais comprados) que faz um trabalho de raiz. Que  diz que (é mais ou menos isto que a autora do livro que vamos dar diz - não me apetece ir à procura da citação :)) os bebés não são todos iguais, claro que ela venderia muitos mais livros se tivesse um título que prometesse mudanças rápidas ou que aparentasse ser um livro de instruções, mas é esse o problema. Andamos à procura de algo que não existe. Os nossos filhos não são robots. E, acima de tudo, sabem que mais? Somos mamíferas. Não, não vou abordar a questão da amamentação de maneira pouco elegante, até porque a própria autora, apesar de ser Conselheira de Aleitamento Materno pela OMS/UNICEF, não o fez. 

A Constança (depois de ler o livro, sinto que a posso tratar assim), para mim, veio reunir as principais evidências cientificas sobre os primeiros meses de vida dos bebés e fez uma óptima papa com a sua experiência de terapeuta de bebés. A Constança ajuda-nos a ser as mães que deveríamos ser antes de estarmos cheias de "tretas". Por "tretas" refiro-me a opções artificiais, teorias de quem não deveria falar do que não sabe, opiniões de outras mães bem intencionadas mas que, ao aconselharem também procuram validação... 

Se tivesse começado por ler este livro da Constança não precisaria de ler uns 5 outros (não estou a exagerar) e com um afinado sentido crítico para retirar só o que "interessa". 

A Constança fala sobre o facto dos recém nascidos chorarem tanto. Explica-nos por que é que nem sempre a dinâmica entre mãe e filho corre bem nos primeiros dias (e até nos seguintes). É um cupido da maternidade. Não que não amemos os nossos filhos, mas seria sempre melhor não haver tantos momentos de frustração (expectativas surreais e soluções contraproducentes) e de tristeza. 

Ler este livro da Constança é o sonho de qualquer mulher que esteja grávida ou que tenha sido mãe há pouco tempo (não que aí vá ter muita paciência para ler). É como se a nossa melhor amiga se tivesse tornado uma especialista em bebés, fosse filha de um pediatra e de uma doula, tivesse filhos, percebesse de amamentação e soubesse transmitir tudo isto de maneira a não julgar ninguém e a ajudar toda a gente. 

Aconselho vivamente a leitura deste livro a TODAS as mães. Mesmo aquelas que,  como eu,  já tenham passado os "primeiros meses". Este livro ajuda a enquadrar não só um segundo filho, mas também a repensar ou "resentir"  algumas das nossas atitudes enquanto mães. Ao pensarmos desde o início de forma útil e pessoal (sem automatismos apreendidos e não inatos) conseguiremos mais facilmente crescer com eles e não apenas vê-los a crescer. 

Creio que é um óptimo início a quem queira optar por um estilo educacional do género da Disciplina Positiva ou Parentalidade Positiva que agora tanto se fala e AINDA BEM.



Só para que tenham uma noção: não conheço a Constança, a editora enviou um press com livro, enviei e-mail a perguntar se me podiam dar um livro (à la Marcelo Rebelo de Sousa), enviaram e ainda hoje liguei para lá a perguntar se não podia sortear uns exemplares. Apesar do livro não ser minimamente meu, também quero ajudar a mudar o mundo.

Acima de tudo. Obrigada, Constança. Lamento não ter pago pelo livro, mas agora já está. ;) :)

Temos dois livros para oferecer! ;)

Para concorrerem, só têm de:

a) fazer like na página da Matéria Prima
b) fazer like na página d'A Mãe é que Sabe
c) preencher o formulário em baixo,  partilhando publicamente este post. 

Condições:
Os vencedores será anunciado quinta-feira (23 de Abril de 2015), sendo aceites inscrições até às 23h59 do dia anterior.
Os vencedores serão escolhido aleatoriamente através de random.org.
Só é válida uma participação por endereço de e-mail.



A Mãe Desbronca-se (#04) - Como lidei com início da gravidez



"Oh Madalena, o meu peito percebeu que o mar é uma gota comparado ao pranto meu eu eu eu eu eu"(imaginem uma pessoa a cantar isto muito afinadinha e com alma. Já estão a imaginar? Maria Rita? E eu? Humpf.)

A Madalena sente-se rídicula por se sentir triste. Eu sinto-me triste por ela se sentir ridícula por se sentir triste. E a Joana Gama sente-se ridícula, só. Madalena, eu só descobri que estava grávida com 6 semanas e 5 dias ou o que foi, por isso não me lembro bem dessa sensação de vazio, antes dessa data. A não ser quando tinha fome, que era quase sempre. 

Com 8 semanas comecei a cair para o lado de sono (cheguei a dar cabeçadas em frente ao pc) e a ter enjoos de ter de correr à Speedy Gonzalez um corredor infindável, que separava a minha sala de trabalho da casa de banho, para ir vomitar. Nem sempre correu bem. Por sorte, as minhas férias grandes coincidiram com duas dessas semanas e deu para dormir e dormir e dormir. E vomitar e vomitar. Foram 4 meses nisto, nem o Nausefe me safava. Acordava com um pacote de bolachas de água e sal ao lado e lá me ajudava qualquer coisinha, mas não solucionava.

Por isso, Madalena, dá graças ao senhor por não teres enjoos e aproveita a ausência de sintomas. Não tarda muito, vem o verão e, pelo que dizem (eu tive gravidez de inverno), vais sentir muito calor, pés e pernas a inchar, mais uns kilos em cima, e vais sentir-te muito grávida. Demasiado grávida. Depois vêm as idas de hora em hora à casa de banho, a flatulência, as dores nas costas, a azia e as insónias. 
Por acaso só me lembro de ter tido muito xixi e alguma falta de posição na cama, no último trimestre. E insónias, quando a miúda fazia uma festa cá dentro. 

O que te digo é: aproveita esse feijãozinho que ainda não se nota mas que tu sabes que aí está. E aproveita principalmente a luz e o brilho que só uma grávida tem. Prepara-te para os desconfortos, mas também para seres acarinhada por todos. É uma fase única das nossas vidas. Vais ver que daqui a uns tempos te vai dar o clique e vais passar a pôr a mão nessa barriguinha todos os dias e a falar com essa pessoa que aí vem. Para já ainda deves estar na fase do "e agora?", "é isto?", "oh meu deus, onde me meti?", "o que é suposto sentir?", mas não tarda muito vêm os melhores sentimentos do mundo. Os mais altruístas e abnegados e aquela coisa do amor incondicional, que começa na barriguinha. Os medos e os sustos a conviverem com uma sensação de omnipotência e amor que ultrapassa tudo.

Ai que saudades de estar grávida, Madalena! Queres ser responsável pelo aumento da natalidade, é isso?

Eu a achar que já tinha imensa barriga e não queria que se descobrisse ainda...

As tais férias em que só me lembro de dormir. Atirar um chapéu ao ar deve ter sido o único esforço físico que fiz.

13 semanas e lá estava a minha miúda

18 semanas e a achar que estava com um barrigão a rebentar pelas costuras... Hahaha



Afinal Havia Outra (#21) - Primeiro mês: manual de instruções.

Apesar de nos sentirmos mães durante a gravidez, a verdade só chega com o nascimento. Comigo foi a 11 de fevereiro. Já lá vão 2 meses e sobrevivi sem manual de instruções, como todos os pais. Ajudam as conversas com outras mães e é nessas conversas que percebo que, afinal, eles são iguais. Os nossos filhos são iguais! Afinal quase todos passam pelo mesmo. Afinal podia haver um livro de instruções para o primeiro mês. Ou estarão as mães com quem troco impressões a mentir? Não me parece e por isso decido avançar com uma espécie de "manual de instruções para o primeiro mês". O que acham? É que para quem passa por isto pela primeira vez é bom saber que é mesmo assim. Que podes fazer isto ou aquilo e até saber que pode ou não resultar mas, caramba, se são todos iguais, se passam todos pelo mesmo, então porque não alertar para este mês inaugural em que somos lançados às feras? Vou fazer a minha tentativa e digam-me se não são todos iguais. E acrescentem se me esquecer de alguma coisa.

Capítulo 1: Ai que trocaram o bebé
A felicidade de sair da maternidade esgota-se logo na primeira noite em casa. Chegamos felizes, mostramos a casa ao bebé (pelo menos eu fiz uma espécie de visita guiada) até que à noite tudo se transforma e parece que nos trocaram o bebé. "Mas lá não chorava". "Dormia tão bem". "O que se passa?" "Deve ser do berço". "Ou terá frio? Ou calor?". Etc. Não sei se é a nossa insegurança de já não ter a campainha para pedir ajuda, mas a verdade é que é uma choradeira pegada, da bebé e da mãe. Se vos acontecer… é normal.

Capítulo 2: Afinal são cólicas
O choro é estridente. Tentamos acalmar. No colo. No berço. De lado. De barriga para baixo. Assemelhamos o ambiente ao útero com muito aconchego e o famoso “shhhh”. Até pode acalmar, mas por pouco tempo. As pernas esticam até não poder mais e o choro parece gritado. Por vezes a barriga está rija. Outras vezes se batermos com a mão sentimos que está oca.  Lá percebemos que são cólicas. Há massagens diárias para fazer. Há o saquinho de água quente na barriga para aliviar a dor. Há a alimentação da mãe que tem de ir fazendo experiências. Há chá de funcho e camomila. Há leites para ir variando para quem não amamenta. Há probióticos e medicamentos. Há quem use o tubinho do bebe gel vazio para sair ar. Pois nós temos tentado de tudo. É preciso fazer experiências (falando com o pediatra, claro). Mas é preciso é paciência porque é normal e se as experiências não resultarem, o tempo curará. Nada de grave para o bebé mas muito sofrimento para todos. Mesmo.

Capítulo 3: Os picos

- os picos de crescimento
O bebé chora sem parar. Mamou há 1h30. Vamos ver todos os outros sintomas do choro. Nenhum corresponde. Só se cala na mama. "Bolas está a ficar mal habituado" ou "terei leite suficiente?" Tudo normal. É um pico de crescimento. No meu caso aconteceu na primeira e na sétima/oitava semanas. É de loucos. Questionamos tudo. Temos medo que a partir de agora seja sempre assim. Queremos dormir. Mas não! Acaba por passar. Por isso é dar mama ou biberão quando pede, porque é normal. Ah! Normalmente o sono fica mais perturbado. (Pelo menos foi assim com a Alice).

- os picos no berço
Pois que chega a dada altura que o berço ganha picos. É verdade! O bebé está ferradinho no nosso colo e assim que toca no berço desperta. Preparem-se para imagináveis malabarismos. Preparem-se para entrarem no berço. Preparem-se para passar o testemunho ao pai em estado de desespero, porque a meio da noite e à terceira tentativa ninguém aguenta. Mas dizem as mães com quem falei que também passaram por isso. Não é do berço. Não são vocês que o habituaram mal. Tem dias e é normal! Há-de passar!

- os picos de choro 
Nas mil pesquisas pela internet li que lhe chamam “a hora da bruxa”. Pois eu não acredito nelas, mas a verdade é que houve ali uns tempos em que a Alice começava a chorar por volta das 23h até às 2h. Mudámos a hora do banho e tudo, mas nada a fazer. Ferradíssima. Quarto calmo. Os pais a aproveitar para descansar. E há um despertador diário. Nessas horas há muito instabilidade. Ora chora, ora parece que adormece, ora volta a chorar… e passam-se as horas nisto. Já sabem, é normal e passa. A Alice já passou essa fase.

Capítulo 4: O peso
Ui o peso! Semana a semana há uma balança e há uma tabela a cumprir. E há uma série de pessoas a perguntar “mama bem?”; “tens leite?” (principalmente com mamas pequeninas como eu); “se calhar precisa de suplemento”; etc. Há uns que ganham peso e há outros que perdem.  (Atenção que na primeira semana todos perdem). Mas tudo tem solução e todos crescem. É só ver matulões e matulonas que não ganhavam peso. O meu conselho é descomplicar. O chichi é um sinal que está bem de saúde. E se a experiência de pesar não for das melhores, (pela espera; pelos comentários que ouvimos; porque o bebé chora, etc.) arranjem uma solução que vos tranquilize. Há balanças self service nalguns centros. Ou podem sempre alugar ou comprar que também não é muito caro. Ou ir à farmácia e pesar com roupa e dar o desconto. É mesmo bom não complicar. Apesar de ser algo bastante importante para o bebé, acho que colocam demasiada pressão nos pais. Portanto, é normal se se sentirem muito preocupados em saber se estará a aumentar. Todos passamos por isso. Ah! E confiem na vossa intuição nos comentários menos positivos. 

Capítulo 5: O cocó  (sejamos diretos)
Neste primeiro mês vale tudo! No início, altura do colostro, é uma pasta meio verde. Dura que se cola ao rabinho. A partir da subida do leite é amarelo ou verde e muito pouco consistente. Aviso já que passei a trocar a fralda de lado depois de ter sido atingida por dois repuxos. E a fraldinha sempre em posição de escudo para travar qualquer acidente. Mas voltando ao que interessa, não se preocupem com a quantidade. O bebé pode fazer 8 vezes por dia, 3, ou mesmo nenhuma. É tudo normal neste primeiro mês.

Capítulo 6: O animal
Minhas queridas não vão levar apenas um bebé para casa. Não. Levam também um animal. Mas muito querido. Vão estranhar os rugidos que saem da boca do vosso bebé na hora do sono, mas também é normal. Aqui a Alice às vezes parece um cão a rosnar (mas em modo querido, claro), outras vezes assusto-me e penso que é um gato (é que tenho medo). Às vezes parece que ressona. Ou ressona mesmo? Coitadinha! Esta é também a fase dos espasmos e dos tremelicos. Tudo normal. Animem-se.

Capítulo 7: A mãe.

- As maminhas
Dediquem-se às maminhas por favor (quem amamentar, é claro). Mesmo com boa pega é normal que no início sofram um bocadinho. É até calejar, como diz aqui a JPB. Atenção à subida do leite por volta dos 5 dias. Pode ser muito chato, podem não dar por nada, pode ser apenas ligeiro com febres e as aminhas doridas. No meu caso ajudou o Purelan no início (comecei ainda na gravidez). Independente do creme o importante é hidratar e ter um creme para as fissuras caso aconteça. Depois, ajudaram as massagens no banho e uns saquinhos com gel que comprei que tanto dão para o frio (depois da mamada) como para o calor (antes da mamada). Ah! E andar com as maminhas ao léu também alivia no início!

- As lágrimas
Não são as lágrimas do bebé, não! São as nossas! Ui como correm! As minhas correram durante um mês. É normal. Mas nós por mais que tenhamos ouvido falar do babyblues não achávamos que seria assim. São as hormonas aos saltos. Pensem que é normal. Não compliquem. Abracem o pai ou a mãe ou a irmã. Quem estiver convosco. Digam como se sentem. Sem problemas. Vão ouvir que é normal. E vão acalmar. Vai voltar. Várias vezes. Vão achar ridículo. Vão questionar coisas. Vão pensar que vai ser sempre assim. Vão sentir que não se reconhecem. Vão ter medo que seja depressão pós-parto. Mas depois passa. Passa mesmo. É normal!

- O saco de boxe
Preparem-se para descarregar no pai. Vão andar às turras. Vão embirrar com ele. Acho que coincide mais ou menos com a fase em que o babyblues vai desaparecendo e o pai vai trabalhar. Deve ser inveja! Também é consequência da falta de sono. Mais uma vez, é normal e por isso refilem e reclamem e depois abracem-se e descompliquem, porque é uma fase e passará. Não vale a pena alimentar as turras do sono. Não sei se já vos disse mas… É normal!

Usem e abusem da palavra “normal” porque é mesmo assim! No pior drama, porque temos momentos destes, é pensar que faz parte. Lembrem-se que há uma espécie de manual e que o primeiro mês (mais coisa menos coisa) passa.

Célia Alves

4.20.2015

10 coisas que me irritam profundamente

#01 deitar-me e só depois me lembrar que não limpei a cara nem lavei os dentes

#02 ouvir que a minha filha é magra, magrita, levezinha, top model e outros eufemismos

#03 as rádios estarem contaminadas de Kizombadas e dos D.A.M.A

#04 estar a comer doces e ter a PIDE a mandar vir (como o dobro só para chatear)

#05 ter unhas dos pés encravadas em que até o simples lençol parece arame farpado 

#06 pessoas que me vêem com uma bebé ao colo, a minha mala, a mala dela, o casaco dela, o brinquedo e as chaves.. e não me dão prioridade para pagar o parque

#07 fazer compras no continente online e ligarem-me a dizer que não há carne, nem peixe e a perguntar se quero trocar não sei quê por não sei que mais (really?) 

#08 tocarem à campainha quando acabei de adormecer a Isabel

#09 querer tão somente levantar dinheiro e ter a pessoa da frente a fazer todos os pagamentos da casa, da casa da prima, da casa do filho e da casa do vizinho e ainda se engana no NIB

#10 não conseguir tirar a Isabel do carro sem a acordar


Não parece, mas sou uma pessoa pacífica e calma.

a Mãe desbronca-se (#03) - Irene? Porquê?


Olha! E não é que a rubrica "a Mãe desbronca-se" está de volta. É! Ai que bom! Ai que bom! Estou tão excitada como quando tinha um cheque-disco da Valentim de Carvalho para gastar nos meus cds dos Ace of Base. 

Obrigada por todas as vossas perguntas aqui, vamos tentar ir aviando isso tudo tão rápido quanto se avia programas palermas do TLC cá por casa. 

Eles conseguem ser docemente sarcásticos, escondidos por trás de uma tentativa de documentário. Mesmo quando se trata de um programa de encontros amorosos entre anões e pica-paus.

Bom. Filipa C. obrigada pelas tuas perguntas :) É sempre bom sentir que alguém tem interesse por nós. Já nem do meu marido sinto isso (brincadeira, pá!). 



Irene era o nome da minha avó paterna. Quando era mais nova, dizia que, quando tivesse uma filha, lhe daria o nome dela para chocar o pessoal (sabendo que não era um nome comum) mas, também, porque a minha avó paterna brincava comigo, ensinou-me a pintar, tinha muita paciência, fazia bolachas, etc. Acho que a perdi quando tinha menos de 6 anos, por isso ficou uma imagem algo angelical dela. A verdade é que foi apenas por sugestão que demos o nome à Irene. Não sinto que tenha sido em homenagem à avó mas mais porque queríamos dar um nome de beta, mas sem ser. Sabemos que já há por aí betas chamadas Sanchas e achámos bem tentar inovar no sentido oposto: o do bom gosto. Vá, mães das Sanchas, venham daí e caiam em cima de mim. Ahah 

Não é Irene Maria nem Irene Miguel. Irene pareceu-nos o suficiente (mais uns quantos apelidos, claro, que a miúda não é a Madonna - e ainda bem que não tenho dinheiro para lhe por um aparelho). 

Se fosse um rapaz, seria Lourenço. Sim, nome beto puro. Acima disto, só Salvador. Nós sabemos. Já escolhemos que o próximo, fica com o nome do pai, pronto. Frederico. 

Apesar de termos "arrojado" no nome da Irene, estamos todos os dias muito satisfeitos. Parece que gostamos ainda mais do nome sempre que o dizemos, apesar dela já ter muitas alcunhas (Né, Necas, Neco, Nequita, Inês - às vezes sai-nos, que parvoíce...).

Achamos mesmo que IRENE POMBARES é nome de uma tipa com quem ninguém se irá meter. E se se meterem, enfio-vos um penso de pós-parto pelo nariz acima (ou abaixo, nunca sei).





Afinal Havia Outra (#20) - Birras: sabem como lidar com elas?

Quatro anos e duas filhas depois, eu continuo sem saber lidar com as birras. Pensavam que iam encontrar respostas neste texto, não é verdade? Mas não - daí o ponto de interrogação no título…

Sempre que uma delas dá início a uma birra, a primeira coisa que eu faço – depois de respirar fundo, muito fundo – é pensar na injustiça da situação. “A sério?! Estás a começar uma birra e ainda agora estávamos aqui tão bem a brincar?” Ou então vou ainda mais ao detalhe: “Acabei de te comprar mais uma camisola da Elsa do Frozen e ontem deixei-te comer um ovo kinder e tu fazes-me isto?!” No fundo, a uma birra delas eu respondo com uma minha, ainda que a minha se desenvolva ao estilo Ally McBeal, no interior da minha cabeça e quase sempre com muitos resmungos, gestos e alguns palavrões à mistura.

E depois penso em todos os conselhos que já me deram até hoje: “Sem público não há espetáculo… conta até dez e respira fundo… já disseste que não, por isso é não até ao fim… coerência é segurança… pensa em coisas boas… bahhhh!” Um verdadeiro desatino!

Eu sei que as birras fazem parte do crescimento das crianças e são fundamentais para o desenvolvimento da personalidade delas. Mais do que isso, são uma forma de expressarem a frustração que sentem perante alguma situação. Mas conseguem partir de coisas muito estúpidas mesmo. “Mãe, não queria o pão partido em três, era em dois” ou então fazerem um espetáculo de todo o tamanho porque queriam carregar no botão do elevador e eu já tinha carregado…

As birras conseguem ser momentos terríveis para nós, pais, aos quais é preciso sobreviver – e por “sobreviver” quero dizer não nos passarmos (muito) da marmita, tentar que a coisa dure o mínimo de tempo possível e passarmos alguma mensagem de jeito às miúdas. Confesso que já tive de pedir um “desconto de tempo” à minha filha para subir a escada, entrar no meu quarto, fechar a porta, mandar um berro valente, respirar fundo e voltar a descer a escada para terminar a conversa. 

Tenho para mim que, no final de uma birra, a coisa até não correu mal se eu mantive a minha posição desde o início, se ela percebeu porque é que não podia fazer ou ter aquela coisa naquele momento, se não dei por mim aos berros e se acabámos por dar um abracinho. Mas nem sempre é assim. E a única certeza que temos é que, tal como as ondas do mar, depois desta há-de vir outra. Mais cedo ou mais tarde, dependendo da maré…

Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês

4.19.2015

O que a minha filha dirá de mim.

Ela ainda não fala comigo. Já diz algumas coisas, claro. Já mostra que gosta de nós, mas ainda não fala.

Amo-a todos os dias e de graça. Sem pedir nada em troca. Porém, quando crescer, isto é o que eu quero que ela diga de mim.

A ela própria.

Não precisa de ser a alguém.





1) a minha mãe faz-me rir.

2) a minha mãe explica-me por que é que não devo fazer as coisas.

3) a minha mãe não grita comigo ou, pelo menos, não me lembro.

4) a minha mãe tem um rabo fenomenal.

5) a minha mãe gosta muito de mim.

6) a minha mãe estuda comigo.

7) a minha mãe anda nos baloiços comigo.

8) a minha mãe dança comigo.

9) a minha mãe ensinou-me as minhas primeiras palavras em inglês.

10) a minha mãe gosta muito do meu pai.

11) a minha mãe nunca esteve doente. Pelo menos, que eu notasse.

12) a minha mãe ficou em casa comigo até eu ter 18 meses.

13) a minha mãe tirou-me milhares de fotografias.

14) a minha mãe nunca me fez sentir mal comigo mesma.

15) a minha mãe não me julga, orienta-me.

16) não tenho vergonha da minha mãe.

17) conheço a minha mãe, como mulher também.

18) gostava de ser tão feliz quanto a minha mãe

19) a minha mãe nunca me deu uma palmada, que me lembre.

20) a minha mãe chora quando está muito contente.

21) a minha mãe diz que eu sou mais esperta que bonita, mas que sou muito bonita, sou é ainda mais esperta.

22) adoro os abraços da minha mãe.

23) adoro as festinhas da minha mãe.

24) a minha mãe ri-se das minhas piadas.

25) a minha mãe quer conhecer os meus namorados.

26) a minha mãe é a mais porreira dos pais da turma.

27) a minha mãe fazia palhaçadas enquanto me lia as histórias para dormir.

28) a minha mãe nunca tinha pressa.

29) a minha mãe gostava de me ver a nadar, não ficava no carro à espera.

30) a minha mãe deixava-me escolher a roupa que eu queria usar.

31) a minha mãe sempre notou que eu estava triste e tentou ajudar.

...


Não necessariamente por esta ordem, claro.

 O que é que vocês querem que os vossos filhos digam de vocês?

Prometi que nunca seria esta mãe.

Mas não consigo. É demasiado fofo para resistir. Quando estava a escolher as nossas roupas, lembrei-me que podíamos ir de igual ao jardim de Évora. E fomos.











Erro de principiante.

Cometi um erro de participante. A Irene só teve febre uma vez e eu nem reparei. Por acaso fui com ela à farmácia e a senhora disse-me "a sua filha está a arder em febre". Eu pensava que ela tinha sono, mas não. Tinha quase 40 graus. Escusado será dizer que, desde aí, estou sempre atenta aos olhos congestionados, prostração, etc. 

Hoje a Irene acordou e estava super quente. Pensei: "claro que está, Joana, estão 20 graus no quarto, ela está com body, pijama e saco de dormir, querias o quê? Não vai ela ter eczema de estar sempre numa sauna".  Despi-a, deixei-a de body enquanto fui buscar um vestidinho para ela estar mais à vontade. Continuava rabuja e sempre a pedir "mami(nha)", mas isso tem sido o habitual nos últimos dias. 

Isto eram 6h30. Íamos a sair do quarto e ela chamou pelo Pai que ainda estava na cama, ele respondeu e não ficou a brincar como costume. Fomos tomar o pequeno almoço porque ela dizia "puca" (que é comida, porque arranjei uma brincadeira para ela comer que é dizer-lhe "ela podia ser pequenina, mas não é. Ela é muito muito grande!). 

Estavamos nós a cantar e dançar Tina Turner What's Love Got to Do With It, ela dançava connosco mas, nas partes mais calmas, parecia que estava podre de sono. O meu marido está sempre a gozar comigo por eu estar sempre a averiguar se ela está bem, mas não quis saber. Fui medir-lhe a febre. O termómetro do ouvido (finalmente alguma utilidade para ele) deu 38,5, o do rabo deu 38.1. Bem sei que praticamente nem é febre (no rabo só é considerado a partir dos 38 graus) mas o que é que a mamã Joana fez? Espetou-lhe logo com Ben-u-Ron xarope em "pânico". 



Arrependi-me, claro. Primeiro porque a febre é o corpo a combater o vírus que lhe foi dado nas vacinas há 10 dias (lembram-se?). Ao baixar a febre, estou a baixar a hipótese do corpo responder por si. Depois porque a febre era super baixa e acho que convinha ver que tipo de febre é que ela estava a ter. Não estou habituada a que ela esteja assim, agi sem pensar. Acho que também tenho algum medo por eu ter tido convulsões febris e não querer ver a minha filha a ter um ataque esquisito. 

Erro de principiante.


Já agora, recomendações? 




4.18.2015

"Vai lá tu!"

É talvez a frase mais usada cá em casa, pelo menos durante a noite. 

O Ricardo Araújo Pereira falou disso ontem no Mixórdia de Temáticas e confirma-se. Tenho aqui o esposo a anuir.

Já tinham saudadinhas de um post escrito a quatro mãos, não tinham? Cá está ele.

David - Olá, pessoas que mantêm a minha mulher ocupada enquanto eu vejo todos e quaisquer jogos de futebol que estejam a dar na televisão! Obrigada!

Joana - Engraçadinho, até parece que não faço mais nada. Ainda ontem vi o 50 sombras de Grey...

David - Tentaste ver... pela segunda vez! E adormeceste!

Joana - É porque o filme é tão, mas tão bom... Aquela Anastasia insípida a morder o lábio a cada fala estava a dar-me uma volta ao estômago. E que falas são aquelas, pelo amor de Deus! 

David - Aquilo tinha falas? O Rambo ao pé deste parece um filme do Kubrick. E até o Stalone consegue ser mais expressivo que o Mr. Grey.

Joana - Mas olha que o Mr. Grey estava muito bem equipado ao nível abdominal. Mas isso dava outro post, onde tu não metias a pata. Vamos lá ao que nos trouxe aqui. 

David - "Vai lá tu". É esta a frase que a minha mulher mais diz à noite. E "está a chorar."

Joana - Sim, porque o menino entra em negação muitas vezes e finge que não está a ouvir nada. 

David - As saudades que eu tenho de quando davas mama.

Joana - Espertinho. E surdo. Muito lento a ouvir, mas muito rápido a inventar desculpas e argumentos "fui lá há bocado", "agora é a tua vez", "acordei mais cedo hoje".

David - E tu? "Ando muito cansada", "vai lá tu agora, que eu vou de manhã e ficas a dormir até mais tarde" e sem gaguejar! É giro como durante as discussões nocturnas nem gaguejas...

Joana - Nem vamos falar das vezes em que nem dás por eu já lá ter ido e achas que estou a inventar.

David - E não estás?

Joana - Bem, vamos discutir aqui também?

David - No fundo, é como estarmos a fazer terapia de casal, mas de graça.

Não têm vergonha de ir à praia?

Espero mesmo que não. Espero que uma coisa tão pouco importante vos retire a vontade de fazer algo que, além de vos fazer bem, faz bem a toda a família. Nada nos devia limitar a nossa liberdade, muito menos macaquinhos da nossa cabeça. Borrifem-se para isso! 

Lembrei-me de falar sobre isto porque vi este artigo há uns tempos. 

“Tenho estrias e uso biquíni. Tenho uma barriga que é permanentemente flácida de ter gestado três bebês e eu uso um biquíni. Meu umbigo é flácido... (que é algo que eu nem sabia que era possível antes!!) e eu uso um biquíni. Eu uso um biquíni, porque eu estou orgulhosa deste corpo e de cada marca nele. Essas marcas provam que eu fui abençoada o suficiente de carregar meus filhos e que a barriga flácida significa que eu trabalhei duro para perder o peso que eu podia. Eu uso um biquíni porque o único homem cuja opinião importa sabe pelo que eu passei para estar assim. Esse mesmo homem diz que nunca viu nada mais sexy do que o meu corpo, com marcas e tudo. Elas não são cicatrizes, moças, são estrias e você as ganhou. Ostente esse corpo com orgulho! #HollisHoliday”



Acho isto tão importante e tão bonito. Há mães que não vão à praia por terem vergonha das suas estrias de maternidade, do que o corpo conta que aconteceu, de como nasceu o amor da vida deles. Esta imagem, por muito "facebook" que possa ser, é mesmo o que eu sinto. 

E as estrias? Qual é, afinal, o nosso problema? A imperfeição é a única maneira de sermos perfeitamente humanas. Por que é que nos massacramos por sermos normais? 

Vi isto no buzzfeed (aqui) e decidi partilhar convosco. Está a haver uma nova moda pelo instagram: a de partilhar fotos de estrias com o hashtag #loveyourlines.














Somos miúdas. Somos mulheres. Somos mães. Somos esposas. Somos namoradas. Melhores amigas. irmãs. Colegas. Amigas. Somos tanta coisa... e vamos deixar que umas linhas nos definam para pior? Somos nós. 

Somos uma folha pautada, cheia de linhas. E então? 

Fico à espera de um convite para escrever para a Maria Capaz. Ahah.


Debaixo das saias do pai

Há uma coisa que me tranquiliza. O facto de saber que se eu for desta para melhor, a minha filha vai ser educada pelo melhor dos pais. O pai da minha filha é essa pessoa. O melhor pai do mundo. Tem defeitos, como qualquer pessoa. Por acaso agora não me lembro de nenhum. Ah! É destrambelhado, como eu. E rezingão, durante a noite.
O pai da minha filha sabe fazer tudo: dar-lhe banho, fazer-lhe o jantar, adormecê-la, trocar-lhe fraldas, brincar com ela, fazê-la rir, conversar com ela, dar-lhe beijos, abraços. O pai da minha filha fala dela quando ela não está. O pai da minha filha preocupa-se com o futuro dela e quer educá-la para ser uma adulta trabalhadora, confiante e feliz. O pai da minha filha mete a cabeça dentro de água na hora do banho para a ver rir às gargalhadas. O pai da minha filha faz cucu de manhã com os lençóis, fingindo não ter sono. O pai da minha filha vai pô-la à escola e vai buscá-la e trata dela tão bem quanto eu. O pai da minha filha canta-lhe e inventa histórias parvas para a distrair do choro na hora de mudar a fralda. O pai da minha filha corre atrás dela para um ataque de cócegas. O pai da minha filha é um pai babado, presente, que delira quando ela chama por ele. 
Quando ele chega a casa e pousa as chaves, ela sabe logo que é o pai. Estica os braços assim que o vê e sorri-lhe com os dentinhos todos. Às vezes chama-lhe mamã. E não falha muito. O pai da minha filha é mamã. E ela gosta de ficar debaixo das saias do pai.