Não sei quantos posts escrevi sobre este tema: alimentação (vão vocês contá-los, que eu agora não posso), mas devem ter sido bastantes. Foi, sem dúvida, das coisinhas que mais nervos me causou nestes dois anos. A Isabel teve períodos assustadores, em que pouco ou nada a agradava. Chegámos a desistir de lhe dar sopa, tal era o estado de stress em que ficávamos lá por casa. Tentámos de tudo. Cuspia, chorava, dizia que "não" e ainda nem tinha visto o que era. Meses disto. Um suplício. Sossegava-nos ela comer bem na creche (chegaram a fazer vídeo para que eu pudesse comprovar a rapidez com que comia uma sopa... "isto não pode ser a mesma criança!". Era a mesma mas sem fazer farinha ali). Acalmava-nos ela ir ganhando peso e estar bem de saúde. Começámos a não relevar. A não nos sentirmos culpados por nem sequer fazermos sopa ao jantar (comia melhor bróculos inteiros, por exemplo, siga!).
Até que... começou a comer rúcula! Rúcula, têm noção do passo enorme que isto é para uma esquisitinha como a Isabel? E depois tomate cherry. E depois... tudo. Todos os frutos (banana ainda não é fã), sopa ao jantar, legumes variados, queijos de toda a espécie e até - como, como, como? - azeitonas! Mas mais do que isso é a curiosidade e os sons que às vezes faz a comer, de satisfação. O pegar num palito de cenoura e querer molhar no iogurte natural e fazer "uhmmmmm" e repetir. Dizer "quero" para qualquer coisa que estejamos a comer. Uma alteração gigante que me chegou até a comover.
Quem tem filhos que não são grandes apreciadores de comida, saberá bem o desgastante que é tentarem fazer um mortal encarpado para que eles engulam uma colher que seja de comida. E até davam um mindinho para que tudo mudasse.
Não estou a cantar vitória, não, não estou. Eles têm fases e ela poderá querer voltar a fazer greve de fome... mas isto já tem sido uma enorme conquista. Orgulha-me que ela coma papas de aveia com granola, fruta e passas ao pequeno-almoço e que goste de iogurte natural sem açúcar e que o coma como me lambuzo com uma taça gigante de gelado. Fico de coração cheio ao fazer-lhe um pratinho de salada a acompanhar o segundo prato e vê-la comer aquilo tudo à mão, como se estivesse a picar uma iguaria. Adoro ouvi-la pedir pão com manteiga. "Só um bocadinhoooo", diz ela com olhos de bambi, porque sabe sabe que eu não gosto de abusar na manteiga.
E a roupa suja sem ser por ela cuspir tudo ou girar a cabeça como se estivesse a ser exorcizada... maravilha! Passei a gostar de nódoas nas camisolas. E fico contente por não me ter deixado comprar pelas teorias de que lhe tinha de dar comidas com mais tempero ou mais açúcar e por ter esperado por ela [mesmo que às vezes tenhamos de ter o tablet como aliado...].
Boa sorte a todos os que andam a passar as passinhas do Algarve com esses piscos aí em casa!
*post escrito antes da Luisinha