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6.01.2016

O meu decote. :(

Agora a vestir um top é que reparei. Não sei se é por andar mais leve, mais feliz e, por isso, ando a reparar nas coisas mais pequenas, mas só agora é que reparei. 

Hoje estou a usar um top de alças mais decotado (na verdade é um L por causa do peso que eu tinha dantes e, por isso, fico com um decote ligeiramente mais perigoso), com um dos meus soutiens (são todos iguais, só mudam a cor) e reparei que o rego das minhas mamas está mais comprido e elas estão menos cheias. A Joana Paixão Brás uma vez falou disto e chamou-lhes sacos de chá. 

O primeiro instinto foi: "merda, já tenho de lidar com complexos suficientes, não queria agora também ter de lidar com isto". Pedi encarecidamente ao meu cérebro, mais ou menos como as pessoas quando rezam, para ele ter forças para ignorar este momento em que me olhei ao espelho, mas não. Ignorou foi o meu pedido.

Depois lembrei-me que ainda ontem estava a ver uns fatos-de-banho e que já estava a ter isso em atenção, que seria melhor comprar um com "suporte", visto que não quero ter o mamilo a espreitar ao pé dos recortes ao lado da barriga. 

O meu corpo mudou aqui. O resto não me fez confusão porque nunca fui muito fã da minha barriga, mas isto das maminhas está diferente e bem diferente. 

Ah! Lembrei-me agora que hoje, com a camisola branca do pijama, também tinha os mamilos a verem onde é que eu estou a pisar (a apontarem para baixo). 

Amamento a Irene há 27 meses. Não sei se as minhas mamas estão assim por serem "maduras" (é como se chamam as mamas de quem amamenta), mas o que é facto é que é para isto que elas servem. 

Muito orgulho tenho eu nas minhas mamas, que mais parecem um pacote de leite amolgado, que fizeram crescer a minha bebé e que ainda lhe dão conforto, mimo e maior imunidade. Ainda há outra vantagem: por estarem tão molinhas, há posições que agora consigo ter, super confortáveis, para amamentar deitada - quase que parece um act do Cirque du Soleil. 

Espero ansiosamente pelo dia em que nem tenha de usar soutien, em que só tenha de as por no bolso das calças. Está quase. 

As minhas mamas são as minhas mamas tal como elas são agora. As minhas mamas foram diferentes e agora são estas e amamentam a minha filha. 

Já não vou para miss bikini? Não, mas também nunca iria. Prefiro assim.


Agora, se um dia, depois de ter parido tudo o que quero parir e tiver algum dinheiro "de parte" me vou operar e por as mamas no queixo? Epá, talvez hehehehehe.

5.28.2016

Carta à minha amiga que perdeu a bebé.

Vivi, no final desta gravidez, um sentimento contraditório enorme. Uma amiga perdeu a bebé, já com 26 semanas de gestação. Não conheço a dor de perder um filho. Quando recebi a notícia, a sentir vida a pulsar dentro de mim, no meio de pontapés e mais pontapés, foi desolador. A vida e a morte, ali, frente a frente. E eu, do lado bom, da sorte, da felicidade, da vida...

Escrevi-lhe um texto e resolvi agora publicá-lo também aqui, para as dezenas de mulheres que têm de passar por esta dor e que dizem ser muito difícil de sarar. Uma dor tantas vezes incompreendida pelos outros, como se um filho não fosse sempre um filho... 

"Quis estar contigo hoje, dar-te aquele abraço, umas festinhas, partilhar as minhas lágrimas e o meu olhar de dor contigo, falar-te baixinho, passar-te a minha força. Não pude estar presente - já não estou autorizada a fazer viagens de carro para longe sozinha e não consegui companhia. 
Mas quero que saibas que me despedi da tua filha, daqui. Abracei-te mil vezes e pedi que a tua tristeza desaparecesse, todos os dias, um bocadinho mais. Não sei o que é estar aí, nesse lugar, no teu lugar. Nem me consigo colocar na tua pele, de tão grande que é o aperto. Nem estou perto de imaginar que dor é essa. Felizmente. Infelizmente para ti, tiveste de ser tu a passar por ela. "Acontece muito", "a natureza é sábia": vais ouvir de tudo e nada vai parecer amenizar essa dor. Chora, revolta-te, manifesta-te, grita, pergunta porquê, porquê tu, porquê a tua A. Faz o luto. Pede ajuda. Pede abraços. Pede silêncio. Vive, mesmo que pareça que nada faz sentido. Não faz sentido. Mas estás cá. Eu estou cá e cá estarei para te ouvir, quando quiseres. Cá estarei e o meu coração - e o que bate dentro de mim - será sempre um bocadinho teu."


Força, força a todas as lutadoras desse lado. Algumas delas - porque sentimos que é preciso dar rosto à perda gestacional - partilharam as suas histórias connosco, neste post: Bebés que não chegam a nascer.

Se precisarem de ajuda, não hesitem em contactar o Projecto Artémis.

5.27.2016

Não dormiu a sesta!

O sono sempre foi uma das preocupações que eu tive com a Irene. Desde que ela nasceu, até acho que foi o que me fez "passar para o outro lado": não conseguir pô-la a dormir a primeira sesta a tempo de conseguir adormecê-la na segunda. Se sofria de ansiedade? Epá, sim. E juntar ansiedade e maternidade é quase pior que gasolina e um lança chamas. Depois daí, fiquei mais calma e também ela passou a dormir só uma sesta por dia (não a conseguir adormecer também poderia ter que ver com o facto de pasmem-se: ELA NÃO TER SONO) o que tornou tudo mais fácil. Há mais de um ano que não há problemas com as sestas. É hora de ir dormir, ela dorme, tranquilinho. 

Menos ontem. 

Ontem não adormecia por nada deste mundo e eu, parva, insisti imenso. Claro que resultou em choradeira e eu, de coração apertado, a tentar perceber as consequências de uma desistência da minha parte. Fiquei triste porque queria ir com ela ao Jardim Zoológico a seguir e queria que ela fosse descansada para ir mais tranquila. Não consegui e confesso que fiquei algo quentinha de nervos por causa da situação. O Frederico é que me disse (depois de também tentar): "Joana, não quer dormir, não dorme". E eu: "mas eu queria ir ao Zoo e já lhe tinha dito que íamos!". Ele: "E vais!". E... realmente!  Tanto que fomos. 

Foi uma óptima decisão porque pode realmente aproveitar o Zoo, não era como eu fantasiava saltar uma sesta (como vos expliquei, a última vez que vi a Irene sem uma sesta foi há mais de um ano) e isso fez com que começasse a questionar próximos eventos onde, se ela não dormir uma sesta, não será assim tão grave. Tem é de compensar. 

Querem ver as fotos? Beijinhos às mães que, apesar do meu aspecto domingueiro, me reconheceram. Desculpem estar tão acanhada, mas apesar de parecer "toda à vontade" é só quando estou preparada para isso, senão foi aquilo que se viu: timidez. 

Joana Paixão Brás, já sei que são muitas fotografias e tenho de aprender a ser mais selectiva, mas não consigo tirar fotos daqui, gosto de todas. Vai-te parir e não me chateies a cabeça. ;)










































5.24.2016

Já começou mal o dia e quem paga são vocês!

Olá. Sim. Bom Dia. 'Tá bem.
Estou super enervada.

Lembram-se de termos feito um passatempo em que vos iria oferecer 10 livros? Pronto. Vão receber os livrinhos, não comecem já a entrar em modo de "reclamação na loja depois da senhora ter dito que não aceitam devoluções". 

Até vos mostrei que estava a tratar disso ontem com esta foto:


                             

Ontem estive meia hora nos Correios do Colombo numa fila com 45 velhotes a perguntarem pelos certificados de Aforro e para desabafarem das mais-valias de se usar fotocopiadoras. Isto para comprar envelopinhos bonitos para vocês. No total gastei quase dois pares de calças aceitáveis, mas em dinheiro. 

Ontem, para "adiantar trabalho", decidi escrever as vossas moradas no destinatário e a minha no remetente e hoje seria só assinar os livros e enviar. Acham que devo assinar? Se calhar querem oferecer a alguém e assim não podem! É que vai mesmo assinado e com o vosso nome para não se armarem em forretas.

Envelopes escritos, hoje de manhã enfio o primeiro livro dentro de um envelope... só que não! E porquê? PORQUE A PORCARIA DO LIVRO NÃO CABE NO ENVELOPE, CARAÇAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E já estão escritos!

Agora estou, mesmo a quem não é fina, a cortar os plasticozinho de dentro todo para ver se a porcaria do livro cabe. E coube... mas o envelope ficou com este aspecto:




Desculpa Clara Gonçalves, mas olha... amanha-te! E um dos cantos vai com fita-cola também. Espero que as pessoas dos correios não se armem em mariquinhas com o aspecto do envelope e com o canto em fita-cola que hoje começo logo uma peixeirada.

Ah! E fiquei tão irritada que a coitadinha da Gisela Alves leva com um envelope em bom estado, mas sem o livro estar assinado! Desculpa, Gisela. Estava tão furiosa a ver se ia lá à força que me esqueci de assinar. Vê pelo lado positivo: tu podes oferecer a alguém!

Filhinhas, da próxima vez que houver um passatempo ou vai a maria-tenho-duas-filhas-porque-sou-muito-desenrascada ou vocês vêm cá a casa, trazem um envelope onde caiba a porcaria do livro e eu vou meter no correio (podia ter-vos dado o livro logo quando me traziam o envelope, podia).
Um vídeo publicado por a Mãe é que sabe (@amaeequesabe) a


Adeus.

Bom dia. 

5.19.2016

A Isabel partiu um dente da frente

Não quis escrever no dia do acontecimento nem no seguinte, propositadamente. Quis acalmar a catadupa de sentimentos que me invadia (até tive insónias nessa noite), por saber que estava a exagerar.

Na terça-feira, eram umas 15 horas, e ligaram da creche. A Isabel tinha um dente da frente partido. Fiquei nervosa, claro, antes, durante e depois da chamada. Pedi que me enviassem fotografias. O meu coração gelou quando vi. Metade de um dente caiu e tinha uma ponta afiada. Fiz um esforço enorme para não chorar.

Afinal a queda de segunda-feira deixou uma sequela. Pequena, claro. Há que relativizar logo desde o início. Sabemos, naquele momento, que não é nada grave, que há problemas a sério e que até é estúpido estarmos assim tristes, com tantas crianças doentes e pais a passar pela maior das provações. Filha saudável, feliz, brincalhona, cheia de vida. Aquilo não era nada. Mas e explicar isso a uma mãe? Explicar a isso a uma irmã, cujo irmão sofreu um bocado na infância com um dente preto e que até hoje não gosta de recordar essas fotografias?
Preocupei-me na hora com a raiz do dente, com as dores, com o dente definitivo, mas confesso que a parte estética também me chateou. Não tenho de me armar em Madre Teresa convosco e encher este texto de ensinamentos e reflexões, nem de frases feitas, para desculpar a minha futilidade, vaidade, falta de problemas reais, o que lhe quiserem chamar. Tenho consciência de que uma criança ter um dente de leite partido não é - em princípio - um big deal e, também por isso, me revoltei mais comigo e com o que estava a sentir.

Fomos nesse dia ao dentista, fazer raio X, e o mais importante está assegurado: não haverá, à partida, implicações com o dente definitivo. A raiz parece intacta.
Uma das coisas que me preocupava era que ela agora se cortasse e tivesse dores (até a espirrar morde o lábio de baixo, tadinha), achava melhor limar o dente, mas o médico disse que a melhor lima era a erosão natural, com saliva, língua, etc, para não desgastar mais o dente com a broca. Quanto a meter massa, não aconselha, mas disse que a decisão seria nossa. Dente pequenino e de leite, pouca estrutura para segurar a massa, e que de 15 em 15 dias lá estaríamos de novo. Bastava uma maçã, um impactozinho, e lá se ia a massa. Faz se quisermos - viu pela forma como a Isabel se deu na consulta (portou-se tão, mas tão bem!) que seria uma intervenção fácil - mas não considera necessário.

Já confessei: custou-me muito vê-la com o dentinho partido, de cada vez que sorria ou que nos mostrava. Mas agora também vos tenho de dizer que não há nada como deixar passar uns dias. Parece que o peso nos vai saindo de cima, que a culpa se vai indo embora ("não a devia ter deixado em cima da cadeira sozinha!") e que nos vamos habituando. Ela vê-se ao espelho, fala disso, mostra às pessoas, mas não tem para ela o significado que teria para nós adultos, se nos acontecesse agora. Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Uma das fotos que me fez gelar o coração, quando a recebi. Como canta a Isabel agora todos os dias, "já passou!".


5.16.2016

Nunca tinha visto tanto sangue na vida :(

A sério... até hoje a Isabel nunca se tinha espatifado desta forma. Tem dois anos e dois meses, até era normal que já se tivesse esfrangalhado toda numa esquina de uma mesa, que tivesse dado com a cabeça num brinquedo pontiagudo, eu sei lá. Mas não. Não como hoje. Hoje a miúda deu uma queda enorme, que vi de soslaio - e não, não foi em câmara lenta, foi rapidíssimo - de uma cadeira alta que temos na cozinha (daquelas de balcão) para o chão. Ela já não quer ficar na cadeira da papa, aprendeu a subir para estas cadeiras altas dos "crescidos" (a miúda tem imensa genica) e até hoje tinha corrido tudo bem, porque sabia que tinha de pedir ajuda para descer. Sempre pediu. Só que, estava eu de costas e ela lá se lembrou de tentar passar da cadeira para a banca da cozinha. Vejo os milésimos de segundo dessa operação, ainda pôs as mãos no balcão, mas o resto do corpo não chegou lá. Eu também não fui a tempo de chegar lá. O coração gelou, mas mantive a calma. Caiu de corpo inteiro no chão, de lado. A cabeça não foi primeiro e acho que os braços amorteceram a queda e a cabeça só bateu depois. Foi o que me pareceu. 

"Daviiiiid! Vem já aqui!, gritei baixinho - acho eu - para não a assustar. Peguei nela, dei-lhe mil beijinhos, tentei ver logo a barriga, os braços, as pernas enquanto ela estava num pranto enorme, quando o David me diz "sangue no nariz!". E foram litros. Pedi-lhe logo uma toalha, com a maior calma - que me saiu não sei de onde -, sentei-me com ela, inclinei-lhe um bocadinho a cabeça para trás, beijando-a muito. A minha camisa branca, a camisola branca dela, o chão... era um rio de sangue. Felizmente estancou de forma rápida e ela parou de chorar. Voltámos a analisar tudo muito bem e a achar que se algo estivesse partido, não pararia de chorar. Tudo acalmou, trocámos de roupa e falámos sobre o que aconteceu. Ainda antes de sair para a escola - onde pedimos que ao primeiro sinal de alerta nos avisassem - recapitulou tudo o que tinha acontecido e o que fez de errado (apesar da culpa ter ficado a morar comigo).

Será que ficou alguma coisa da nossa conversa? Será que vai voltar a tentar tamanha proeza? Horrível, horrível. Nunca estamos preparadas, nunca. 

Amor da mãe.

Foto tirada uns 5 minutos antes da queda 

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5.09.2016

Até me fez imersão!

Abençoado domingo em que decidi questionar as nossas rotinas. Geralmente, enquanto a Irene dorme a sesta da tarde, vou rapidamente aninhar-me no sofá para ver qualquer coisa na televisão com o Frederico e cochilar um pouco (já mesmo quando a miúda está quase a acordar -  um clássico). 

Depois de adormecer a Irene e de ficar alguns minutos só a ouvi-la respirar e ver o corpinho dela a mexer com a respiração, decidi não fazer o mesmo de sempre. Fui tomar um banho, longo, demorado, de imersão. 

Uma amiga minha ofereceu umas "bombas" para o banho. Uma espécie de sais para o banho, óptimas e só naturais. Experimentei e... fui feliz. Durante meia hora, pus-me toda a parte de mim que cabia dentro da banheira, ouvidos e tudo e ignorei o mundo exterior. O intercomunicador estava ligado, a água conduz o som e, portanto, qualquer coisa podia ouvir. 

Senti a minha cabeça a viajar, desde pensamentos mais concretos como "o que vou fazer a seguir", para "os rebuçados deviam ter mais cores". Senti que a minha cabeça andava aos berros e que consegui acalmá-la um bocadinho. Acho que meditei ou que me hipnotizei. Qualquer coisa. 

A água estava à temperatura perfeita e, como estava cheia de espuma, conseguia ouvir a espuma a desfazer-se nos meus ouvidos e pequenas bolhinhas de ar a contornarem-me o corpo. 

Senti primeiro os pés, isolei-os do resto do corpo. Depois as pernas, depois a barriga (parece que me esqueci do pipi), as mamas, o pescoço e a cabeça. Entrei mesmo num estado diferente que, sinceramente, não tinha nenhum outro propósito que não simplesmente deixar de ser um bocadinho. 

Acho que foi um efeito tipo SPA/Yoga só que na banheira da minha casa de banho. Foram 30 minutos em que borrifei para imensa coisa, para o cochilar no sofá, para dar um jeito à cozinha, pôr a roupa a secar... tudo. 

Adorei. 


Lembrei-me agora que um dos pensamentos que me veio à cabeça foi agradecer ao meu corpo por se ter portado tão bem durante o parto, por ter funcionado, por me ter feito ter a Irene. 

Não costumo ser tão esotérica. Influências de uma amiga minha (obrigada, Eugénia) e, sinceramente, acho cada vez mais que o crescimento interior tem de passar por reconhecermos mais a nossa dimensão espiritual que deve passar todos os dias amuada a um canto por não lhe prestarmos atenção.

Não sou coach de nada, não sei nada de Mindfulness, foi uma experiência que correu bem e que me deixou muito bem disposta e contente comigo, por me ter dado esse momento. 

Experimentem também.

PS - Não façam é como eu e tenham o telefone perto da banheira que, quando vibrou, apanhei um susto tão grande que me ia afogando. Eu, se é para me afogar, não pode ser naquela posição como se fosse a parir de fininho. 

5.04.2016

Quando nos ligam da creche...

Quem tem filhos na creche ou na escola já deve ter passado por isto.

Há aqueles segundos entre ver escrito "creche" no visor (ou o nome que lhe tiverem atribuído) e o ato de atender em que o coração não sai disparado da boca por pouco. 
Depois os 6 segundos em que se demora a receber a notícia parecem dois minutos. Normalmente há um "está tudo bem, mãe, não se preocupe, mas..." O "mas" mata-nos um bocadinho. 

Desta vez (assim como das outras, felizmente) não foi nada de grave. Mas há o "mas" e nós nunca sabemos. O coração acelera sempre, sempre. 

Conjuntivite. Ufa. Menos mal.

Também sofrem com as chamadas da escola ou sou demasiado piegas (hipótese mais que provável! Hehe) ?

5.03.2016

Aquela vaca salvou-me a noite!

Acho que não é típico da Irene. Pelo que tenho falado com algumas amigas (assim parece que tenho muitas), é algo recorrente. Desde nova - principalmente pela dificuldade que tinha em pô-la a fazer as duas sestas a horas (muita ansiedade minha) - sempre que ela não dormir "o que devia dormir", era de esperar dois episódios de terrores nocturnos. Ela "acordava", passada na cabeça, sem me reconhecer, só me batia e gritava como se fosse a Sansa Stark e estivesse a ser perseguida pelo Bolton (não o Michael Bolton, apesar disso também dar direito a querer fugir e bem). Gritava, chorava e tudo de TERROR. Não era só um pesadelo manhoso como aquele que ela tem de vez em quando a dizer que tem a boca com bichos (feita estúpida disse-lhe que tinha de lavar a boca senão ficava com bichos...). 

Foi horrível para o meu coração na altura. Ainda para mais, li nalguns sítios que o melhor é só ficarmos a vigiar o episódio e não lhes tocarmos nem acordarmos para o cérebro resolver o nó e não voltar a acontecer nessa noite, mas eu não conseguia, claro (acontece normalmente na primeira metade da noite). Voltou a acontecer no outro dia. Não fez sesta ou dormiu muito muito pouco, já não me lembro e, à noite, foi mesmo o TERROR.

Rejeitava a maminha, batia-me, arranhava-me, ficava super ofendida comigo, não dizia coisa com coisa... Não sabia o que fazer. Às tantas, pensei: vou fazer uma brincadeira com ela, pode ser que isso ponha o cérebro a funcionar um bocadinho mais do lado "dos acordados".

- Irene, queres banana?

- nãooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!

- Irene, queres um acordeão? 

- nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!

- E uma vaca amarela, queres? 

- Sim!

Parou de chorar. Acordou. Continuei: "Necas, uma vaca amarela??? Não há!! É como haver cães roxos! Ou o xixi ser verde! hahaha"

Ela sorriu e deitou-se de barriga para baixo. O pai fez-lhe festinhas até adormecer e pronto. 


Obrigada, vaca amarela. 

Pior desenho de sempre!! E não fui eu a fazer, googlei e encontrei ahah. 

4.30.2016

Senti que o traí.

Se vai ser um post estúpido? Epá, vai. 

No outro dia, de manhã, decidi ir ao Starbucks do Rossio. Não costumo, evito ao máximo porque me vicio facilmente nas coisas e aquilo não faz bem a ninguém, de certeza. Porém, estava tão bem disposta (por nenhum motivo) que me apeteceu celebrar. 

Tinha um casaquinho de "cabedal" novo e devia estar a andar toda gingona como quando andávamos apaixonadas por um tipo novo na escola. Cheguei lá e como adoro ser confundida com uma camone (não me perguntem porquê mas gosto que achem que sou estrangeira, apesar de adorar o nosso país e tal, 'tá) esperei que fosse primeiro o barcoiso a falar comigo. 

Lá pedi um Exclusivo Tall menos quente com soja mas com natas na mesma e disse "pronto, acho que de mariquices é tudo.".

Ele riu-se e disse: "e o seu nome?". 

Calma que eu sei que perguntam o nome a toda a gente por lá. 

Depois disse: "A Joana é muito bonita.".

E eu... que RARAMENTE fico sem palavras, fiquei. Fiquei toda contente por dentro (ficamos sempre, não é?), mas muito desconfortável por raramente me sentir envergonhada e não saber mesmo como agir naquele momento. Olhei para o chão, sorri e disse "eheh... obrigada". 

"Bom dia, Joana.". 

"Eu até retribuiria se estivesse a usar uma placa com o seu nome!". 

"Sou o Ricardo". 

"Bom dia, Ricardo". 

E depois fui muito rápido para o fundo do balcão buscar a porcaria do chocolate quente a rezar que todo o betume que tinha posto na cara de manhã chegasse para encobrir o facto de estar corada até às orelhas. 

Saí, dei o meu melhor para fazer uma saída tranquila, sem tropeçar aqui ou ali e... estava tão quentinha e nervosa que tive de contar ao Frederico! hahah

"Frederico, só para te dizer... o senhor do Starbucks disse que eu era muito bonita". 

Claro que foi porque achei "melhor" contar (apesar de não ter nada que contar, que parvoíce), mas foi também para ele perceber que aqui a moça ainda se mete no mercado facilmente se quiser e, melhor, tem chocolate quente de graça!!! ;)



NÃO QUERO SABER SE JÁ LÁ FORAM E SE TODAS OUVIRAM DE UM TIPO CHAMADO RICARDO QUE SÃO MUITO BONITAS!! 

Agora sou mãe?

Não sei porque é que às vezes me sinto mal por sentir isto se, ao mesmo tempo, sinto que deve ser normal. 

Às vezes, quando a contemplo (especialmente quando está a mamar e está tudo mais calmo), a minha cabeça parece que apaga os dois últimos anos e deixa de fazer ponte entre a Joana antes de ser mãe e a que está ali, acabada de chegar do trabalho e a amamentar a filha. 

"Como é que isto me foi acontecer? Onde estou eu? Agora sou mãe? Está a correr bem?"

É como se fosse aquele choque de temperatura quando entramos de cabeça numa piscina, do nada. 

Todo o corpo congela, dizemos três asneiras para dentro (se abrirmos a boca, somos capazes de nos engasgar), mas depois sabe-nos muito bem e pensamos "estava com merdas para quê?". 

Dei um grande mergulho de cabeça nos últimos 3 anos. Casei-me quando nunca tinha pensado nisso, engravidei quando tinha passado os últimos anos a dizer que nunca na vida seria mãe e cá estamos a escrever um post num blogue de maternidade (não é "num" que este é do caraças). 

A Joana "antiga" está cá, sou a mesma. Acho que finalmente o pós parto está a acabar. Deixei de estar em modo de sobrevivência e de estar constantemente a pensar no que falta, no que posso melhorar, no "será que ela tem fome" e estou a voltar a mim aos poucos. Que "mim" é este, pergunto? Sou mãe da Irene e mais? A Joana antiga seria mãe de alguém? Ou é esta a Joana nova? 

Claro que não estou louca (acho que já não) e eu sou uma continuidade do que sempre fui, mas sinto mesmo que, aqui pelo meio, há um buraco, houve um vórtex. 

Lembro-me perfeitamente, porém, dos sonhos esquisitos que tive nos primeiros meses. O meu corpo e a minha cabeça a dizerem-me que agora tenho um bebé e que tenho de cuidar dele. Aceitei e desfruto, mas entrei agora numa nova fase. 

Quem é esta mulher que está adorar sentir-se outra mas, ao mesmo tempo, a mesma só que melhor? 

A Irene sujou-se toda a beber sumo. Achei melhor explicar que vocês reparam em tudo! 

Vocês também têm estes "choques de temperatura" ou no nosso próximo livro vamos ter que fazer um novo capítulo sobre o meu "fritanço"? 

4.26.2016

Esqueçam tudo o que disse antes, por favor!

É como me sinto agora. Estou doente desde sexta-feira. Veio a instalar-se devagarinho em mim algo que inicialmente julguei ser uma crise alérgica e agora que tenho a certeza que será algo pior. Mesmo assim, mãe que sou, tentei fazer a minha vida (a nossa) como se nada se passasse e a Irene foi à aula de música, à praia, à festa da Luísa da Joana Paixão Brás, tudo. 

Sábado à noite a Irene já tinha uma ranhoca pequenina a fazer das suas, mas decidi ignorar porque as "alergias" não se pegam, blá blá. Ontem já tive que inclinar o colchão para ela conseguir dormir alguma coisa sem se engasgar com o que anda a passar nas vias respiratórias. 


Irene a mamar constipadita (ou lá o que é)

Se já no dia a dia nos sentimos cansadas, exaustas, exauridas por temos a vida de uma "mulher" normal e ainda lhe acrescentamos o outro full-time que é ser mãe, nestas alturas em que estamos doentes e a nossa filha também, os outros dias parecem peanuts. 

Relativizar. 

Mezinhas para além de soro e de levantar a cabeceira, são bem-vindas para a Irene sofrer menos com a ranhoca constante. ;)


4.19.2016

A genética é fo... tramada!

Uma noite destas, acordou a chorar imenso e a queixar-se que tinha doidoi no pé. Estava com a unha encravada e eu bem sei as dores que aquilo pode dar. Sofri muito com aquela porcaria, a vida toda. Centros de saúde, consultas, podologista, mini-operações... melhorava, mas o formato da unha - côncava - não deixava que se curasse. 

Quando a Isabel nasceu, vi logo que ia sofrer do mesmo. Pior até. A genética é lixada! Tem as unhas dos dedos grandes mesmo defeituosas. Encravaram uma vez no verão, era ela minúscula, mas até agora tinha-se andado a aguentar. Ficou uma miséria. Falei com a Joana Silva, a podologista que há pouco tempo escreveu um texto excelente para o blogue sobre calçado de bebés (aqui), e ela recomendou-me uma pomada e, além de me ajudar a controlar a inflamação, sem ter de lhe cair o dedo, ajudou-me a acalmar este coração.

Não quero mesmo que ela sofra: um simples lençol a roçar dá dores terríveis! E, no inverno, umas meias parecem uma bulldozer a passar por cima! Já estou à espera da próxima vez.

E não. Não é da forma que lhe corto os cantos, não é do tipo de calçado, é mesmo da forma da unha. E, com esta idade, não há muito a fazer.


Mais alguém que sofra disto?

4.18.2016

Nunca mais...

Já todas sabemos que "o tempo passa muito rápido" e é verdade que sim. Do nada passamos a ter mini-pessoas lá em casa que já dão opiniões, já fazem perguntas, já dizem o que querem e quando e quem é que querem que os ajude... 

A Irene, além de ter ficado mais alta nos últimos dias - reparamos nisso porque já não passa debaixo da porta do frigorífico sem bater lá com a testa ('tadinha), porque já não cabe nos pijamas até aos 24 meses e porque os avós disseram - também anda a construir frases cada vez mais complexas. No outro dia, quando a levava à aula de de música, fez conversa comigo. Se sempre foi uma boa companhia, agora - mesmo apesar das birras - é fabulosa. Estou cada vez mais apaixonada, nota-se muito? 

Apesar de todo este grande desenvolvimento intelectual e físico, há uma coisa que continua a não acontecer e que me dá cabo da... ia dizer da cabeça, mas não. Dá-me mas é cabo da conta. 

QUANDO É QUE ELES SE PASSAM A TAPAR? 




Farta de a ter de vestir com pijama polar e ainda mais umas coisas por baixo e ligar o aquecimento no quarto dela a noite toda. Sei que me vão falar dos lençóis sacos-cama, já sei (obrigada pelas sugestões). O problema é que a miúda se sente presa e começa aos pontapés super enervada como se uma pessoa estúpida lhe tivesse pegado ao colo. 

Sonho com o dia em que ela me diga: "Mãe, tapa-me com o edredão para eu ficar mais quentinha, 'tá bem? Olha, não te vás embora, diz-me só qual é o teu IBAN que, quando eu for mais crescida, vou dar-te todos os meses um x para te compensar de tudo o que tens gasto em vegetais e fraldas para eu crescer, é que vou ser podre de rica e quero mesmo dar-te parte daquilo que tiver, nem que seja só uns 20 euros para tratares desse buço e sobrancelhas. Pronto. Sendo assim, vai lá à tua vida que eu adormeço sozinha e a sorrir. Um abraço."


Quero tanto que a miúda se tape... gostava mesmo de a aconchegar e de POUPAR DINHEIRO NO AQUECIMENTO.

Pronto.

4.11.2016

Fazes tu e... e...!


Sempre que tenho capacidade para tal, tento que seja a Irene a fazer as coisas dela. Já vos contei que a deixo - dentro de alguns limites - escolher a roupa dela, mas ando a tentar alargar o círculo. Há um que ainda ontem me apercebi que continuo muito Nazi: deixá-la comer sozinha. 


Ela come a fruta sozinha, mas o resto confesso que ainda me deixa com calores. Ver tudo a acontecer demasiado devagar e saber que existe só um pequeno intervalo de tempo em que ela está disposta a comer, dá-me urticária. 


Além disso, sopas e arrozes e afins... Ui! Se tivesse um cão, acreditem que já tinha deixado que ela chafurdasse que nem louca, mas assim... faz-me confusão!

Sei que a miúda já devia ter tido liberdade para comer sozinha e que, se assim fosse, por esta altura, já tinha a perícia para comer arroz chao-chao com pauzinhos melhor que eu, mas nunca nenhum jantar me parece a melhor altura para ter que assistir ao espectáculo e ainda ter que apanhar as canas a seguir.  

Como diz uma amiga e bem: "fazes bem, ela depois aprende na creche e as professoras que lidem com isso". Ahah 

De resto, ando a dar o meu melhor para que ela se sinta crescida e responsável pelas suas coisas. Como puderam ver acima, desta vez foi o creminho pelo corpo todo. Estava menos frio que o costume, pus uma toalhinha no chão e enchi-lhe o corpinho de creme. Depois tinha só de espalhar as bolinhas...

Acho que se vê pela cara a vaidade e o orgulho.

Tenho de ganhar coragem para a comida...


*Quando a Irene era mais nova, fiz imensas vezes experiências blw e adorei, mas sopa e arroz não são mesmo a minha ideia de um jantar bem passado... ;)

4.09.2016

Zero que ver com maternidade.

Olhem, fiquei espantada comigo própria. Até diria chocada. Aliás, vou dizer: chocada! 

Nunca me considerei uma pessoa muito ciumenta, sou apenas muito rígida nalgumas das minhas opiniões - demoro mais tempo a ouvir e a considerar mas, quando mudo de opinião, não tenho vergonha de dizer. 

Neste assunto, porém, ainda não consigo ser muito flexível: quando toda a gente sabe que existem regras e decidem não as cumprir, não podemos agir como se tal fosse normal.



Vou ser mais directa: ciúmes, ex-namoradas, etc. 

Quando uma ex-namorada entra em contacto com o ex-respectivo, sendo que este está numa nova relação e não existe nenhum motivo para manter contacto, é porque está a pedir estrilhinho. Se não estiver, pelo menos estará a fazê-lo sabendo que corre esse risco. Não me venham dizer que há mulheres que falam com ex-namorados (fora situações excepcionais em que são todos amigos, etc) e que não têm ideia de que tal possa vir a causar alguma coisa. É sempre uma escolha. E quando escolhem estar-se a borrifar, fico cheia de calores. Não é pelos ciúmes, é porque sinto falta de respeito. Acho que não devíamos ser porcalhotas umas para as outras e devíamos facilitar a vida de todos. Ninguém gosta que as ex se metam ao barulho, para quê fazer aos outros... blá, blá.

Acreditem que não tem (tenho mesmo quase a certeza que não) que ver com insegurança. É só porque sinto que há má vontade e desconsideração. Não por mim em concreto porque, em princípio, não serei conhecida da fêmea anterior, mas pelo meu género, por nós próprias.

Não vivo naquele mundo perfeito em que todos devamos e possamos ser amigos uns dos outros.

Aliás, não imagino motivo algum pelo qual deva manter na minha vida uma pessoa com a qual a única ligação que tenho a priori é saber mais coisas que eu sobre a pessoa de quem gosto. 

Não deu? Siga. Todos. 

É esta a minha perspectiva, mas tal só é possível se toda a gente ficar muito bem resolvida e conversada e tal depende muito da maturidade de cada um. 

Posto isto, sempre que vinha à baila alguma coisa que pudesse não ter que ver comigo tipo: 

A - Já viemos almoçar aqui.
B - Nope.
A - Não te lembras? 
B - Não foi comigo.


C - Vimos este filme e gostaste muito.
D - Nope.
C - Vimos, vimos, no El Corte Inglés.
D - Nunca fui ao El Corte Inglés na vida.


Nestes casos, eu não conseguia ficar calada e ia até à ultima das consequências para saber quem onde porquê e quanto (ahah brincadeira). 

Agora já me estou a borrifar. Quatro anos depois ou lá o que é, nem é pela maturidade da relação, creio ser pela minha. 

No entanto, não estava à espera desta.

Fomos ao hipermercado no outro dia e, quando estava a escolher o meu champô, ele disse: "compra este, adoro o cheiro, é dos melhores e cheira mesmo quando o cabelo está seco, é o meu preferido.".

Eu pensei: "olha que fofo, ele a escolher o meu champô, vou levar este para ele ficar contente". 

E fomos para as fraldas. De repente saiu-me "eish, nem te perguntei quem usava o champô!". E a verdade era essa. Já não importa. Quero lá saber qual das outras usava que champô, o meu marido gosta daquele cheiro, não me importo de usar. Passa a ser o champô da esposa. F*ck you b*tches - sim, aquela maturidade de que falei haha.

Estou orgulhosa de mim. Não que tenha feito algum esforço neste sentido, mas chegar a este patamar é mesmo sinónimo de quem está bem com a vida. Eu estou e até uso o champô dela, seja ela qual for ou quem for.

Agora... não escrevi a marca do champô não vá a moça ler isto e ficar contente. 

Estamos bem, mas não estamos parvas ;)



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E a mim também ;) @JoanaGama

4.06.2016

Fiquei doente com isto :(


Ontem morreu um menino de dois anos afogado. Li esta notícia ainda há bocado num jornal online (acho que no DN ou JN) e comecei, imediatamente, a chorar. Ora, esse menino podia ser a minha filha. Temos piscina nesta casa e isto podia ter acontecido. A piscina ainda não está vedada. 


Assim que vi o título, soaram os alarmes e enviei SMS ao marido. Resolver isto, JÁ!


Porque, apesar de a Isabel ainda não conseguir abrir as portas, apesar de não a deixarmos sozinha na cozinha ou na sala, nem estar sozinha na rua, apesar das mil e uma coisas com as quais nos desculpamos para protelar a porcaria de uma vedação para a piscina!!!, pode acontecer. Ela pode conseguir abrir a porta (algum dia eles aprendem a abrir portas e esse dia podia ter sido ontem), pode conseguir descer as escadas até à piscina, podemos achar que está ali ao lado na cozinha e afinal já não está, podemos achar que está a brincar no quarto, mas ter conseguido sair de casa, podemo-nos esquecer e deixar a porta entreaberta, sei lá! Achamos que dominamos e prevemos tudo, mas não. Somos humanos. Temos momentos de distração. Eles são crianças e arriscam, sem noção do perigo. Bastam dois minutos (o tempo em que estou à espera que o café aqueça no microondas) para que uma fatalidade destas aconteça. Caraças. Não consigo imaginar a dor. A culpa. O sofrimento destes pais, destes avós, desta família. Não estou a ver desgraça maior. Fiquei doente. 


Por favor, se têm coisas importantes destas por fazer, não deixem para amanhã. E muito cuidado com tanques, piscinas, banheiras... o afogamento é a segunda causa de morte de crianças e jovens em Portugal.



Eu hoje fui buscar a minha filha ao colégio com um aperto enorme neste peito e abracei-a até mais não. Prometo – a mim mesma e à minha filha - que vou ter mais cuidado e resolver isto com a maior brevidade possível (acho que até lá vou ter pesadelos). 


Abracem também os vossos. Muito. E eu, que não sou nada disto das correntes de força, só desejava que a que vamos todos fazer hoje, a pensar nesta família, apaziguasse um bocadinho aqueles corações.