1.07.2015

Medo de atrasos

Enquanto que, com os cães, achamos sempre que os nossos são mais espertos que os dos outros, com os filhos, temos sempre medo que as coisas não estejam a ir na direcção certa. Tememos as piores doenças cerebrais possíveis, os piores atrasos de desenvolvimento conhecidos e imaginários e que, pior ainda (como se houvesse): que seja tudo por nossa culpa, por culpa de algo que comemos ou de não os estimularmos correctamente.

Até chegamos a conspirar contra os nossos pediatras, como se eles soubessem ou suspeitassem que o nosso filho tem um problema qualquer, mas que não nos queira dizer por ser inevitável e para não nos stressar. 

A Isabel, da Joana Paixão Brás, "está à frente do desenvolvimento" (cabra). A Irene ainda não gatinha e já tem praticamente 10 meses. A Isabel já fica em pé agarrada a móveis do Ikea lá em casa. A Irene arrasta-se de rabo como se tivesse parasitas, como os cães. Enfim.

Até confiar na Irene, demorou. Principalmente quando somos constantemente confrontadas com sites, aplicações e livros que nos dizem "a idade normal" para começarem a fazer determinado tipo de coisas.

Na brincadeira, chamava à Irene de foca, por a única coisa com piada que ela fazia ser eu por-lhe uma chucha no nariz (how sad).

A verdade é que, apesar de ter começado a sorrir mais tarde que a Isabel, a gargalhar bem mais tarde que a Isabel (só, para aí, há um mês é que gargalha sem que eu tenha de espancar com cócegas), ela descobre tudo sozinha, a seu tempo.

Lembro-me que, quando ela se abanava, tivemos medo, durante uns dois minutos que pudesse ser autista (por causa daquela imagem estereótipo), mas descobrimos que, afinal, estava a dançar. A Irene não gargalhava, não gatinhava, mas dançava (coisa que a Isabel não faz, toma!).

Os bebés não têm curiosidades com a mesma intensidade ao mesmo tempo, podem não sentir as mesmas necessidades de deslocação ao mesmo tempo. Há bebés que passam directamente do sentar ao andar e tudo (isto deixou-me descansada muitas vezes).

Confiemos nos nossos bebés. Se houver algo mesmo brutalmente esquisito, os pediatras vão reparar nas consultas de rotina. Eles não ganham à comissão por segredos escondidos e até perderiam pacientes, além de ir contra tudo aquilo que representa ser médico, digo eu.


3 comentários:

  1. A minha filha começou a andar praticamente ao fim dos 10 meses, mas tem 16 meses e pouco fala... Diz olá, mama e pouco mais... Fala no dialecto dela. Uma colega de trabalho, tem uma bebé que nasceu 15 dias antes da minha, que já diz imensas palavras e não anda e mal gatinha,,, Cada um tem o seu desenvolvimento e qd eles quiserem fazer as coisas fazem.

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  3. É nestes casos que dizemos... sem stress! O 1o dente da nossa princesa nasceu aos 13 meses; aos 10 m já queria caminhar sem ter gatinhado. Só por volta dos 2 anos começou a falar (tirando os básicos mamã e papá e pouco mais)... mas sempre foi muito enérgica e destemida a nível físico. E percebe tudo o que se diz ou pede e mostra curiosidade. .. eles são todos diferentes! Só temos mesmo de respeitar essa diversidade.

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