10.29.2017

A primeira birra (de muitas) da Luísa.

Caso eles ainda não estejam nessa fase, há algo de muito assustador quando eles fazem a primeira birra a sério. É normal fazerem-no, não estão a ser mimados, não precisam de palmadas, é provável que tenham sono, ou fome, estejam frustrados, faz parte do crescimento e, apesar de não os reconhecermos naquele instante - caso até então tenham sido bebés "fáceis"-, sabemos que se irá repetir mais e mais vezes. 

Apesar de saber que esse dia ia chegar, não soube como reagir. Foi uma coisa muito "fora", como se nunca tivesse presenciado nada assim, como se fosse mãe de "primeira viagem", quando a Isabel já teve episódios semelhantes nos níveis de "descontrolo" e também nós sem sabermos bem como a ajudar, principalmente numa fase de terrores nocturnos. 

A Luísa, perante uma troca de fralda, começou a chorar. A chorar muito. A debater-se. Depois não queria vestir-se. Aquilo começou a escalar. Estava cheia de sono, mas só me apercebi naquele momento, até então não tinha dado sinais. Começou a dar luta, a espernear. Fomos para a cama para tentar que dormisse, mas já tinha ultrapassado o limiar. Tentei distraí-la, sossegá-la, dar-lhe mama, abraçá-la, retirá-la do quarto, mas já não consegui. Batia, mordia-se a ela própria, gritava e eu cheia de medo que se magoasse. Foi uma senhora birra, uma daquelas ao nível do Exorcista. Tentei acalmá-la mas aquilo só a enervava mais. Veio o David, tentar distraí-la, mas nada. Colo era sentido como um colete de forças. Ainda piorava. E ficámos os dois a olhar para ela, à espera que se cansasse. Não nos ocorreu mais nada. Sentimo-nos impotentes.

Quando ela acalmou, veio para o meu lado e pediu mama. Respirou fundo, muitas vezes. Adormeceu.

E com isto tudo veio aquela sensação de que está a crescer. E que crescer implica, muitas vezes, dor. Implica contrariedade, frustração. Para ela, para nós. Vieram-me as lágrimas aos olhos durante o episódio. Tantas vezes brinco a dizer que estou deserta que aprendam a fazer ovos mexidos de manhã para eu poder ficar a dormir mais uma hora, mas são estes momentos que me lembram de que quanto mais crescem, maiores os desafios. 

E estamos ainda tão longe da adolescência. :)
Que até lá tenhamos construído uma relação tão sólida e respeitadora que torne tudo mais fácil. Assim o espero. Para já, venham as primeiras birras. Inspirar, expirar, tentar ajudar, redireccionar, abraçar, esperar. Vai passar.  

Fotografia The Love Project



Entretanto tenho de reler este post sobre a forma como tentava lidar com as primeiras birras da Isabel:


 
 
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11 comentários:

  1. Já lá vão 8 anos de maternidade e 2 filhos e se há coisa que aprendi é que é tudo tão mais fácil quando eles são bebés! Na minha casa o verdadeiro caos instalou-se quando o 2º começou a andar e a querer ser dono do mundo, quando começaram as disputas, as picardias, quando as viagens de carro se tornaram campos de batalha no banco de trás! E eu ouvia as recem mamãs de 1ºs e 2ºs a queixarem-se de como era duro não dormirem e eu só dava tudo para voltar ao tempo de não dormir e para anular a fase "tontinha" dos 4/5 anos do mais velho e as "crises existênciais" do mais pequenino com 2 anos. Agora crescemos, porque eu e o pai também crescemos com eles e parece-me que voltámos ao equilíbrio, aprendemos a estar todos juntos. Até ver, até chegarmos a uma nova fase, seja ele qual for. Mas decididamente, acho que é tudo tão mais fácil quando eles são bebés... mesmo quando são bebés mais difíceis, que também o tive. Não costumo dizer nada no que respeita a isto, geralmente deixo que lá cheguem e percebam, porque isto também faz parte de ser mãe, o crescimento como mãe.

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  2. Esta fase, das birras, é bastante desafiante. Exige de nós uma grande capacidade de auto-controlo e gestão emocional. Muitas vezes a única coisa que podemos fazer é mesmo respirar fundo, enchermos-nos de empatia pelos nossos filhos e pelo o turbilhão que estão a viver e ficar perto deles, por vezes em silêncio mas profundamente ligados. Quando o turbilhão diminui, e eles mostram que já aceitam, é abraçá-los, enchê-los de beijos e procurar falar sobre o que aconteceu .

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  3. aguenta coração! mil beijos, princesas lindas (as 3)!

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  4. Epah, eu leio estas coisas e assusto-me. :P A minha filhota tem 2 anos e por enquanto nada de birras monumentais (faz o ensaio de algumas mas são facilmente controláveis) e eu não faço ideia de como irei reagir a elas quando chegarem.

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  5. A fase das birras, é complicado.
    Tenho uma filha pequena de 2 anos e um filho mais velho com 16.
    A de 2 anos, lá faz algumas birras.
    O de 16, quer é sair à noite, e trazer para cá a “amiga”.
    Enfim, só sexo e bebida nestas saídas e mesmo durante a semana.
    É desafiante.

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    1. É verdade,tenho uma filha com a mesma idade e também é o mesmo aqui em casa.
      É muito boa aluna,verdade seja dita.
      Mas já a vi chegar a casa bêbada, já li conversas sobre sexo em grupo,e por aí.
      São jovens tudo bem,mas muito mudou desde os meus tempos de jovem

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  6. E quando há crianças que fazem birras por tudo e por nada ?! Para entrar no carro para sair do carro, para tomar banho, para vestir, para ir lavar os dentes. E quando tentamos mil e uma maneiras de acalmar e não dá?! Beijinhos, abraços, falar, tentar acalmar?! Chegamos a ficar frustados e a desejar que aquela criança trouxesse um manual de instruções. Há dias que parecem nunca chegar ao fim. A fase dos terríveis 2. E ainda agora começaram. Sabem o melhor de tudo Joanas? É que de manhã ele acorda-me com festinhas, é que ele me dá os melhores beijinhos do mundo e os abracinhos mais apertados quando está animado. O que me acalma é saber que birras e traquinice é vida, e que mais tarde vou recordar com piada e até saudade. O melhor disto tudo é que ele tem tanto de amor como de traquina. ❤❤

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    1. Tenho uma destas lá em casa.
      Birras, umas grandes outras pequenas, apenas por 2 motivos... por tudo e por nada :-)
      Mas depois também assim do nada, é um amor, que diz coisas amorosas e me enche de beijinhos.

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  7. Estava a ler e a pensar que em tudo foi igual ao que me aconteceu a semana passada! A 1ª birra de uma mamã de 1ª viagem! Fiquei em pânico!!! Com 16 meses a minha piolha fez a sua primeira birra de uma forma avassaladora é assustadora! Acalmar foi muito difícil mas com a exaustão acabou por adormecer! Ufa! Não queremos mais...

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  8. Aconteceu-nos o mesmo ontem. Acho que estavam a antever o dia das bruxas.🤣🤣

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  9. xiiiiii!!! birras !! tenho um pestinha pertinho dos 3anos e volta e meia lá se lembra por que lhe apetece fazer....goela,lá isso não lhe falta...e certo dia, aqui ha uns meses atrás lembrei me de ter visto algo sobre uma mãe na mesma situação(ou pior) e que optou por fazer birra com a filha por simpatia! hahaha fartei me de rir pois a miúda mal a mãe começava em 3 segundos calava se, e assim eu fiz!! ah!ah! e não é que resulta mesmo!! é espetacular seja em que sitio for mal eu faço isso ele cala se e vem ate mim dar abraçinhos e miminhos. estando mais calmo rapidamente não chega a ficar num estado que ate dói ver e consigo ajuda lo a intender seja o que for.

    bjs

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