Ontem assisti a uma discussão sobre o que é legítimo e o que não é. O que é do bom senso e o que nem devia sequer estar a ser discutido.
Eu não sou a grávida que precisa de prioridade sempre. Mas confesso que lá para as 38 semanas uma ida ao supermercado já não era pêra doce. Doíam-me os rins se passava muito tempo em pé. E o pipi. "E por que não encomendavas pela internet?" Pois, pergunta legítima. Acho que sempre tive aquela mania de mostrar que era uma grávida super activa e que estava bem e fiz questão de trabalhar até ao fim. Às vezes davam-me prioridade e eu agradecia e não aproveitava. Outras vezes sim, dependia de como me sentia. Não sou a grávida que usa logo o lugar de estacionamento das grávidas às 5 semanas. Penso "se calhar, vem agora aí alguém a seguir com 32 semanas que precisa mais. Ou com 5 semanas que precisa mais". O tempo de gravidez não é, para mim, o único factor a ter em conta. Cada gravidez é diferente.
Agora, a verdade é que já me chateei uma vez quando pedi, delicadamente, prioridade (acho que deve ter sido a segunda vez) e a rapariga da frente, acompanhada pela mãe, de seus 56 anos, me disse que ali não havia caixas prioritárias. Eu tinha na minha mão dois pacotes de leite e pão e não me estava a sentir lá grande coisa. Fiquei com cara de cu, bufei e disse-lhe "ora muito obrigada pela gentileza". Nem a rapariga da caixa se pronunciou. Alguma coisa deve ter ficado a levitar sobre aquelas cabeças, espero. Ou então não, que há pessoas demasiado umbiguistas.
A verdade é que não está na lei esta coisa da prioridade para as grávidas em locais privados. Há um Artigo 9. algures, mas para organismos públicos, que define isto como prioridades no atendimento (copiei de um grupo do FB) :
"1 - Deve ser dada prioridade ao atendimento dos idosos, doentes, grávidas, pessoas com deficiência ou acompanhadas de crianças de colo e outros casos específicos com necessidades de atendimento prioritário.
2 - Os portadores de convocatórias têm prioridade no atendimento junto do respectivo serviço público que as emitiu."
Por isso, nos sítios públicos impera apenas o bom senso, de quem lá trabalha, de quem está nas filas, das grávidas, das mães e pais com filhos de colo. Sim, porque também já vi famílias com filhos bem crescidos, 4, 5 anos - e calminhos - a "tirarem lugar" a outros casos prioritários. Não me caiu bem, mas não me armo em Zorro a impor o meu sentido de justiça.
Regra geral, sempre me senti bem mimada e bem tratada perante o meu estado de graça. E até com a filhota ao colo, quase sempre me perguntaram se queria passar. Umas vezes passei, outras não. Avaliava a situação.
E vocês? Como lidam com isto? São umas lambonas das prioridades? Aproveitam tudo a que têm direito? Como é?