Caso eles ainda não estejam nessa fase, há algo de muito assustador quando eles fazem a primeira birra a sério. É normal fazerem-no, não estão a ser mimados, não precisam de palmadas, é provável que tenham sono, ou fome, estejam frustrados, faz parte do crescimento e, apesar de não os reconhecermos naquele instante - caso até então tenham sido bebés "fáceis"-, sabemos que se irá repetir mais e mais vezes.
Apesar de saber que esse dia ia chegar, não soube como reagir. Foi uma coisa muito "fora", como se nunca tivesse presenciado nada assim, como se fosse mãe de "primeira viagem", quando a Isabel já teve episódios semelhantes nos níveis de "descontrolo" e também nós sem sabermos bem como a ajudar, principalmente numa fase de terrores nocturnos.
A Luísa, perante uma troca de fralda, começou a chorar. A chorar muito. A debater-se. Depois não queria vestir-se. Aquilo começou a escalar. Estava cheia de sono, mas só me apercebi naquele momento, até então não tinha dado sinais. Começou a dar luta, a espernear. Fomos para a cama para tentar que dormisse, mas já tinha ultrapassado o limiar. Tentei distraí-la, sossegá-la, dar-lhe mama, abraçá-la, retirá-la do quarto, mas já não consegui. Batia, mordia-se a ela própria, gritava e eu cheia de medo que se magoasse. Foi uma senhora birra, uma daquelas ao nível do Exorcista. Tentei acalmá-la mas aquilo só a enervava mais. Veio o David, tentar distraí-la, mas nada. Colo era sentido como um colete de forças. Ainda piorava. E ficámos os dois a olhar para ela, à espera que se cansasse. Não nos ocorreu mais nada. Sentimo-nos impotentes.
Quando ela acalmou, veio para o meu lado e pediu mama. Respirou fundo, muitas vezes. Adormeceu.
E com isto tudo veio aquela sensação de que está a crescer. E que crescer implica, muitas vezes, dor. Implica contrariedade, frustração. Para ela, para nós. Vieram-me as lágrimas aos olhos durante o episódio. Tantas vezes brinco a dizer que estou deserta que aprendam a fazer ovos mexidos de manhã para eu poder ficar a dormir mais uma hora, mas são estes momentos que me lembram de que quanto mais crescem, maiores os desafios.
E estamos ainda tão longe da adolescência. :)
Que até lá tenhamos construído uma relação tão sólida e respeitadora que torne tudo mais fácil. Assim o espero. Para já, venham as primeiras birras. Inspirar, expirar, tentar ajudar, redireccionar, abraçar, esperar. Vai passar.
❤
Entretanto tenho de reler este post sobre a forma como tentava lidar com as primeiras birras da Isabel:
❤
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