Já voltei a trabalhar depois de 19 meses em casa com a Irene.
Ontem, quando fui ao bar da minha empresa, encontrei uma colega minha que foi mãe há um mês e meio. Revi-me nela. Vi nela aquele olhar perdido e desorientado. Decidi dar-lhe mais atenção que um olá. Afinal "ela é uma de nós".
Perguntei como é que ela estava, ela disse que muito feliz mas atrapalhada porque não conseguia parar de fazer chorar o miúdo, que ele "sofria muito da barriga". E que dá colo, imenso colo, mas que pessoas lhe dizem para ela não fazer e ela tem medo de estar errada.
Pensei: "vamos a isto, ninguém merece sofrer assim". Disse aquilo tudo que já li e compreendi e que, acima de tudo, está no livro da Constança Ferreira que é um óptimo resumo e imprescindível para quem esteja agora a iniciar-se disto da maternidade:
"
Só tu sabes amar bem o teu filho.
O quer que se meta entre ti e a tua maneira de manifestar amor por ele está errado.
Tu sentes o que ele precisa.
Estão ligados e estarão para sempre.
É aflitivo que ele chore com cólicas, mas é natural.
Muito mimo, muita maminha.
Ele precisa de ti.
A maior parte das vezes nem são cólicas, é o desconforto compreensível de um recém nascido que, durante os primeiros três meses, ainda deveria estar dentro da barriga da mãe.
Choram muito, engolem muito ar, ficam com ar na barriga e, ao final do dia, com o cansaço acumulado (de ambas as partes) e de muita estimulação, é a maneira que ele tem de exigir a tua presença, ele precisa de ti.
Toma banho na banheira com ele.
Dá-lhe maminha com os dois mais despidos, sem horas.
Usa-o para te acalmares e não vejas só como se tivesses que o acalmar. Sente-o. É o teu filho.
Tudo o que parece horrível agora vai desaparecer. Outras vão parecer que desapareceram. E o bom, com o tempo, será cada vez mais forte. Agora estás perdida, mas não estás. Tens só medo.
Ele que ande sempre pertinho de ti. A sentir o teu cheiro e calor.
Um bebé precisa de amor. E uma mãe também.
Ouve-o. Sente-o.
Ninguém sabe melhor que tu o que ele precisa e só tu o poderás dar tão bem.
"
Não fui tão inspiradora quando disse, mas fez a diferença. Ela ficou mais aliviada e trocamos mensagens e, com todo o prazer, estarei cá para o que ela precisar e mandarei os meus bitaites não porque "acho que sei", mas porque SEI o que ELA precisa. É o mesmo que todas precisámos.
Nunca a frase
"temos de ser umas para as outras" me fez tanto sentido.
Ter ajudado um bocadinho esta minha colega, fez-me sentir como se me tivesse abraçado quando precisei desta conversa, que alguém mo dissesse. E é isto que sinto sempre que escrevo coisas que vos tocam, que vos ajudam de alguma maneira.
Há um ano que sinto este amor por vocês, mães. Por nós, mães.