1.24.2018

A minha amiga/ irmã / cunhada está grávida. O que posso oferecer-lhe?

Gravidez. Primeiro filho.
A alegria, o segredo, as expectativas, as dúvidas. Será que vai correr bem? Vou dar conta? Vou adormecer em frente ao computador no trabalho mais quantas vezes? Vou continuar a vomitar nos próximos 8 meses? Como assim enjoar peixe? Vou engordar muito? Isabel ou Maria? O que preciso de comprar? O que preciso de saber? Que livros ler? Que livros ler sem adormecer? :)
Parece que já foi há uma eternidade, mas lembro-me bem deste rebuliço. Trabalhei até às últimas e trabalhava muito, por isso, não tive o tempo todo do mundo para fazer o ninho e para ler tudo o que tinha a palavra "bebé" na capa, mas primeiro filho já se sabe: há um enxoval para ir fazendo e tudo parece ser muito importante. Pomos muito amor em tudo. Começamos a usar "inho" em tudo. É uma fase mesmo, mesmo, mesmo boa. Eu cá gostei. E gostei muito também de me sentir apaparicada. Não tive grandes desejos (laranjas conta?) nem grandes exigências, mas recebi mimos e palavras muito bonitas. Gostei de receber alguns presentes também e que me tivessem emprestado umas quantas coisas. 

(Não posso ver imagens destas que fico logo com o relógio todo descontroladinho)

Agora estou na fase de ser eu a emprestar, a oferecer e a aconselhar às minhas amigas (tive filhos mais cedo que a grande maioria delas). Uma delas já me pediu que lhe fizesse uma lista do que é mesmo, mesmo necessário e irei fazer, prometo. Por agora. uma mais curtinha de:  
o que oferecer a uma amiga, irmã, colega, cunhada que está grávida ou que teve o bebé há pouco tempo?
Roupa para o bebé é uma boa prenda, mas provavelmente não vai ser muito original (além de que podemos enganar-nos no número, calcular mal a altura em que vai nascer se comprado com antecedência, etc, etc). Roupa para a mãe também pode ser fixe, mas é preferível que seja ela a experimentar e estraga-se o factor surpresa. Cremes para estrias tem de ser MESMO a mãe a escolher porque, se forem como eu, vão enjoar cheiros muito fortes.

Deixo-vos as minhas sugestões, nas várias áreas.

DECORAÇÃO e OUTROS DETALHES

Álbum de Bebé "Olá, Mundo!"


Depois de ter comprado um fofinho para oferecer ao David, comprei este para oferecer a uma amiga nossa, quando a bebé dela nasceu. É um álbum para registar todos os momentos do primeiro ano do bebé, cheio de autocolantes queridos e espaços para personalizar.

Bandeirinha ; Moldura Mr Wonderful ; Luz de Presença Unicórnio

Uma luz de presença fofinha, uma bandeirola para decorar o quarto com uma mensagem querida, uma moldura, atentem bem no que se segue. Adoro esta marca!



Um do li tá: difícil vai ser escolher.



LIVROS para a mãe (e para o pai)


Os Bebés também querem Dormir, da Constança Ferreira

A Constança é das primeiras pessoas que nos deve ser apresentadas assim que engravidamos. Ajuda a quebrar aqueles mitos que a nossa sogra ou vizinha do quarto esquerdo já fizeram questão de nos tentar passar: tem de se deixar chorar, que precisam de adormecer logo sozinhos, porque caso contrário ganham manhas e outras coisas que tal. É importante conhecermos as necessidades biológicas de um bebé para que aprendamos desde cedo a relacionarmo-nos com ele e a perceber as suas exigências. Primeiro livro a ler, mesmo antes de todos os outros, este.

Educar com Mindfulness, Mikaela Övén

Não sei se conhecem a Mia, mas é uma lufada de ar fresco no meu feed do Facebook. Fiz um workshop uma vez com ela, pela internet, e fiquei ainda mais fã. Sim, acho muito importante estarmos na nossa melhor versão quando temos à nossa frente o maior dos desafios. Mindfulness faz falta neste mundo em que tudo corre depressa e em que nem sempre temos paciência e calma para apreciar e resolver o que nos incomoda.

Mãe, quero mais, da Leonor Cício

Um livro com receitas para os miúdos dá muito, muito jeito. Neste há sugestões a partir dos 6 meses para sopas, papas caseiras sem açúcar (mas deliciosas) e pratos apetitosos e fáceis de fazer (e tem também uma pequena parte dedicada ao Baby Led Weaning, que fiz com a Luísa, que é bom para iniciantes). 

Um que não conheço, mas vou ver se trato disso é este: Pais à Maneira Dinamarquesa. "O que sabem as pessoas mais felizes do mundo sobre como educar crianças confiantes e capazes", com tópicos práticos. Gostei. 
Agora até recomendava o nosso livro, mas não o vou fazer. Está aqui o link, só por acaso, mas não vos quero influenciar. :)


LIVROS e BRINQUEDOS para o BEBÉ
Já insisti aqui que livros são das melhores coisas que se pode oferecer a uma criança. Comecei a fazer a biblioteca da Isabel tinha ela dias (oferecia um todos os meses) e ainda é das coisas que peço, quando me perguntam o que as miúdas querem. Brinquedos didácticos e apropriados aos primeiros tempos são também uma boa aposta.

 

As Cores do Elmer 

O Elmer é uma personagem muito querida cá em casa. Com páginas duras (imprescindível para as mãos sapudinhas e destruidoras da Luísa) e cores vibrantes, cativa a atenção desde logo.

 Guizo Zebra Tuc Tuc 
Bebé tem de ter uma roca, um guizo. Nos primeiros meses, eles não ligam patavina a bonecada (falo pelas minhas) mas assim que descobrem o poder de agarrar em objectos, gostam de chocalhar. Um peluche macio com guizo é sempre uma boa aposta.


 Ginásio Sons da Natureza

De acordo com o vosso orçamento para o presente ou grau de proximidade com a grávida, deixei para último um presente que é muito útil e didáctico. A Isabel passava imenso tempo a brincar no ginásio e foi lá que começou a arrastar-se e a rebolar e tudo.


SÓ mais um: O meu primeiro puzzle com animais de estimação é também uma boa ideia: Lego é sempre uma boa ideia e tudo o que diga "o meu primeiro" é fofinho e vale logo pelo simbolismo. Se for um puzzle, é dinheiro bem investido, mesmo que demorem a saber completá-lo, manuseiam, aprendem as formas, os objectos e animais.

Espero que tenham gostado! Tive de usar, a muito custo, o meu (fraco) poder de síntese para não escarrapachar aqui com 40 opções e deixar-vos na mesma, cheia de dúvidas.

A FNAC está com descontos até 40%, passem por lá e espreitem! [E agora com Tuc Tuc no catálogo também].





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1.23.2018

Que coisas querem fazer como os vossos pais?

Isto dava pano para mangas. Mas, quando vejo as minhas filhas com os meus pais, acabo por me lembrar muitas vezes da minha infância. Regresso a ela. Fui muito, muito feliz. E há muitas coisas que adorava replicar na minha relação com a Luísa e com a Isabel.

O QUE QUERO FAZER COMO OS MEUS PAIS

- deixar as minhas filhas irem para a minha cama (fim-de-semana a começar mesmo bem);
- contar-lhes anedotas e histórias de quando era pequena (lembro-me de adorar);
- fazer-lhes cócegas até se engasgarem de tanto rir;
- sair para a rua e passear com elas muitas vezes, mesmo que não se tenha dinheiro para mandar cantar um cego (para apanhar ar ainda não se paga imposto);
- ter paciência para lhes explicar matérias, ajuda com o trabalho de história ou com as contas de matemática;
- fazer o esforço de me deslocar, aos domingos, para 70 kms de distância se isso as fizer cumprir um grande sonho (no meu caso, eram os ensaios dos Onda Choc);
- não ter temas tabu;
- educar com firmeza mas com respeito por elas;
- dançar sem vergonha (mesmo que haja ali uma idade em que isso possa envergonhar um bocadinho os filhos);
- deixar-lhes o pequeno-almoço ao alcance para que possam prepará-lo enquanto eu durmo mais uma horinha ao sábado (anseio por esse momento ahah);
- emprestar roupa às minhas filhas (e vice-versa) :)
- ensinar-lhes que em casa todos ajudam;
- usar as piadas e o sentido de humor o mais que puder para educar e passar mensagens (é tão mais divertido!);
- deixá-las escolher as actividades que queiram; deixá-las escolher a profissão que queiram; deixá-las traçar o seu caminho, sempre a saber que podem contar comigo para tudo.








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De comer e chorar por mais. Onde? Fauna & Flora

Já conhecem o Fauna & Flora? É daqueles restaurantes a que se tem de ir, com ou sem filhos. O ambiente é muito descontraído, familiar, o espaço é muito bonito, branquinho com flores e plantas por todo o lado. Vão encontrar lá as instagrammers do momento, mas também turistas e até famílias, como nós. 

A comida é deliciosa e saudável. Tem bowls (com caril de frango, basmati, romã e folhas frescas, por exemplo); tostas em pão saloio com abacate e ovos escalfados (divinal); hambúrgueres com picadinho de atum fresco com chimichurri em bolo do caco, e mais não sei quantas opções, todas elas de babar. Ah! Húmus de beterraba, peçam o húmus para entrada, com palitos de vegetais crus, que fica delicioso. Para acompanhar há sumos naturais, smoothies ou vinhaça. 

E, minhas amigas, as panquecas... falemos das panquecas. Há uma opção com frutos vermelhos e doce de leite que, se tivesse um último desejo para pedir, provavelmente seria isso. A de chocolate e manteiga de amendoim também é a maior delícia, mas não destrona essa. E, para quem gosta de misturar o doce e o salgado, têm também panqueca salgada com bacon e ovo - também já provei (shiuuuuuuu).

Como é perto do meu trabalho e vou lá almoçar, confesso-vos que ainda não reparei se tem cadeirinhas ou trocador, penso que não, porque não vi, mas não posso jurar. Já vi, no entanto, crianças por lá, da idade da Isabel, pelo que serão certamente bem-vindas. :)





Fauna & Flora

Rua da Esperança, Madragoa
Brunches, almoços ou lanches com amigos ou família

Comida: óptima, para brunch com amigos e família, com bowls, tostas com ovos escalfados, com opção vegetariana, hambúrgueres, panquecas, taças de granola ou com açaí...

Preço: boa qualidade/preço - uns 15€ por pessoa

✔ Serviço: óptimo, uma simpatia e rápidas

Espaço: muito bonito, acolhedor e suave, branco com apontamentos de madeira e muitas plantas

Crianças: não tem menu infantil, no entanto as minhas comeriam ali sem problema algum, já que tem bastantes opções e o espaço é muito acolhedor

 Vista: não tem vista (nem esplanada)

Estacionamento: é "onde houver", ali por aquela zona


Outras ideias de restaurantes aqui, aqui e aqui.


O meu instagram e o d'a Mãe é que sabe :

a Mãe é que sabe Instagram

Agora comentam a minha roupa?

Jaaaaasus! Tudo bem que algumas de vocês são uns amores lindos e que estão a fazer uma sugestão querida a uma miúda que lêem com frequência na net e que até a acham uma brasa, mas...  isto chegou a todo um novo nível. 

Gente, cada pessoa usa o que mais gosta. Aquilo com que se sentir mais confortável. Ou por ser onde se sente mais confortável, ou onde se sente mais confiante, ou o que estava em saldos e lhe deu na cabeça comprar por ser de uma cor gira... 

Acho que andamos a perder um bocadinho a noção quando comentamos "lá de cima" que determinada pessoa não se sabe vestir. Já não é o primeiro ou segundo post ou terceiro em que comentam a minha indumentária. 

Foi este o último post, jasus! 

Agradeço que me digam que não me favorece, são uns amores, mas "queredo!"! Não me ponham no tapete por causa disso que tenho 31 anos, são 31 minutos e ainda tenho coisas para fazer cá em casa. 

Se aqui a blogger de maternidade se quer vestir com o seu casaco preferido, a saia mais gira que tem no armário e uma camisola lindíssima que sempre que a veste adora ver-se ao espelho... deixem-na estar! 

O que importa é a maneira como nos sentimos com as roupas. O resto é postura. E essa temos a que conseguirmos ter e quando é preciso. 

Deixem lá aqui a blogger de maternidade em paz a sentir-se toda bonita nas fotografias. Mesmo que vocês não usassem as mesmas roupas ou não vos apeteça saltar-me em cima (num bom sentido). 

Pode haver roupa que me fique melhor mas que me deixe desconfortável ou menos vaidosa. Mas a maldade já não me serve tão bem.  Não sou propriamente uma pessoa que goste de ser fotografada e estou linda nestas fotografias. Linda e confiante.

Fotografia: Yellow Savages



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"Abraça-me".

É horrível o que vou dizer, mas há coisas pouco horríveis em estares doente. Não devia dizer isto, pois não? Enfiar-te na minha cama para estar mais perto de ti, para sentir quanto terás febre - mesmo que sempre que tenhas, me aperceba já tarde - ou se começaste a tremer com convulsões. 
Assim dormes comigo. Gostamos as duas. 

Assim há dias em que tu não podes mesmo ir à escola e eu não posso mesmo ir trabalhar e não podemos mesmo sair. Assim estamos tão juntas. Gostamos as duas. 

Assim pedes-me que te abrace a meio da noite e eu faço-o.

"Abraça-me.". 

Abracei, claro. Tu não sabes, mas tenho-te abraçado praticamente a noite toda. É um prazer sentir a tua respiração (mesmo entupida e fazendo apneias grrr). Acordar contigo e com a tua boa disposição é mágico. 

Gosto muito de ser a tua mãe, filha. 

Fotografia: Joana Hall


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1.22.2018

As decisões mais marcantes da minha vida... até agora.

Estava a tomar banho e comecei a fazer uma retrospectiva. São 31 anos de decisões. Algumas muito pesadas - ou pareceram (como sempre tudo me parece). Vamos lá a ver.


(as que me lembro - se calhar as datas não estão certas -  e conto)

10º ano - decidir entre humanidades e ciências 

Foi tão difícil. Queria ir para ciências que é o "lado do pai" e que eu tanto gostava (à excepção da matérias dos vulcões, já sabemos, mãe) e que até acho que tinha algum jeito. Matemática (uma das minhas professoras lê o blog e poderá desmentir), mas tendo jeito ou não, quando encarrilhava no que era para perceber, dava-me um gozo enorme fazer tudo direitinho. E depois o lado das humanidades (o lado da mãe): inglês era fácil para mim, francês interessava-me e era boa a falar e gostava das aulas de português...  Fui em frente de olhos fechados e escolhi o que me pareceu mais fácil: humanidades (acho que já repararam). 

11ºano - decidir ir morar para a casa do Pai em Lisboa 

Ui que foi tão difícil. Ainda por cima tinha um dos meus irmãos, o Pedro, que é como se fosse... sim, uma espécie de filho (temos 10 anos de diferença) e sabia que ia perder todos os segundos de crescimento dele. Dizer à mãe foi doloroso (para ambas, claro) e deixar de ver o irmão com a frequência do costume foi horrível. Fiz várias listas de prós e contras, mas faltava-me muito a coragem. Muito. Não queria que ninguém sofresse por minha causa. 

Faculdade - decidir voltar para a casa da Mãe. 

Aqui já era uma questão de "orgulho" e "vergonha". Depois de ter causado tanta dor, voltar a pedir para voltar para casa. Tive de me encurralar e de contar ao meu irmãozinho (antes de contar a mim própria até): "a mana vai voltar para casa". 

Acabar com uma das relações amorosas mais marcantes da minha vida. 

O meu primeiro grande amor e sua família. Aquele meu primeiro grande amor que se misturava com o meu sangue. Que sentia que tínhamos crescido juntos e aprendido juntos. Em que fui adoptada pela sua família, em que as suas irmãs eram minhas e os seus pais eram meus tios. Tive de acabar e doeu. Era infeliz. Infeliz ao ponto de ter que o fazer.

Escolher entre uma profissão que me permitia viajar pela Europa inteira e em que era bem paga e um estágio na Mega FM (agora Mega Hits)

Foi complicado para mim. Nunca tinha sonhado com fazer rádio, mas enviei o currículo para a minha rádio preferida da altura. E a outra oferta era simplesmente o que qualquer outra miúda da minha idade adoraria ter... Confesso que tinha muito medo de viajar sozinha, de sair "de cá" (e na altura nem tinha nenhuma relação que me prendesse grandemente) e a Mega parecia-me estranhamente confortável. Mesmo assim, ainda anos depois, fui recebendo e-mails a convidar-me para dar uma hipótese ao outro trabalho. 

Pedir para sair da RFM e voltar para a Mega Hits

Depois de ter tido a oportunidade de apresentar o programa de rádio na rádio com maior audiência (só para perceberem a coisa haha) de Portugal, pedi para voltar para a rádio onde tinha crescido. Decidi que não era o número de pessoas a ouvir que me satisfazia mas o que sentia quando ia trabalhar e isso era na Mega. 

Casar com o pai da Irene 

O pai da Irene simbolizava para mim o contrário. A certeza no meio de tudo o que questiono. Uma pessoa que apontava o caminho e que me ajudava a deixar de pensar tanto. Alguém que me faria descansar e não ter que lutar contra mais nada. 

Decidir ter a Irene

Era o passo natural a seguir. E parecia a altura certa. Nada me andava a saber a nada e a vida parecia estar a pedi-lo. Era o que o pai da Irene mais queria e comecei a construir a narrativa na cabeça. Agradava-me, muito. Num impulso - depois de meses a sonhar com isso - decidi. 

Decidir sair das manhãs da Mega Hits

Cansada de acordar tão cedo. E de me deitar tão cedo. E de não ter vida. E de todos os dias me parecerem iguais e rápidos e lentos ao mesmo tempo. Dores de costas por causa de uma avitaminose. Colegas tão comunicativos quanto eu e tão histéricos quanto eu, não aguentei mais o ritmo. 

Decidir ficar um ano em casa com a Irene

Depois de 6 meses (5 meses de licença + 1 mês de férias) de licença de maternidade, quando voltei ao trabalho senti que não havia "sítio para mim". E não consegui perceber o que queriam de mim, se é que queriam alguma coisa. Senti-me triste e esquecida. O tempo em que estava no trabalho a olhar para o relógio a saber que a Irene àquela altura era quando... ou quando... estava a deixar-me maluca. Pedi 1 ano de licença sem vencimento e, apesar de até à última querer tanto quanto não querer, tive a sorte de me aceitarem o pedido.

Divorciar-me

Não foi fácil. Já quando muitas pessoas julgam que o suicídio é uma cobardia, eu não acho. Nunca achei. Acho que é preciso uma dor e uma coragem gigante para tomar uma decisão tão definitiva relativamente a algo. Divorciar-me do pai da Irene foi, de longe, a decisão que mais me doeu. Não só por ser filha de pais separados, não só por amar a minha filha, mas também por tudo o que implicava de fracasso e de dor para todos. Todos incluídos. 

Fotografia por Yellow Savages 

E, se repararem, a minha perspectiva das coisas (ainda) é muito negativa. A forma como escrevo, arrasta fumo de queimaduras anteriores, arrasta falta de energia para pintar por cima, mas isto vai aos poucos. Se há decisão que tome todos os dias é... a de estar atenta e de tentar sempre ser mais feliz e de fazer a Irene mais feliz. 

Só falta acabar com esta necessidade constante de recomeços, talvez pensando melhor quando tomo as decisões, mas o que é que se sabe quando não se sabe? 


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1.21.2018

Já deixaram o vosso bebé chorar?

Assim que temos um filho tornamo-nos mães. E ser mãe implica demasiadas coisas. Implica estar sempre disponível, implica muitas horas de devoção, implica também poucas horas de sono. O que ninguém nos diz é que quando nos tornamos mães a nossa confiança cai a pique. Podemos ser as pessoas mais positivas, resilientes, seguras e confiantes do mundo, mas assim que abraçamos no nosso colo aquelas criaturas pequeninas, tudo se dissolve num mar de dúvidas. E tentar que assim não seja, tentar ouvir o instinto maternal e calar o mundo à volta é onde mais falhamos. O que não faz qualquer sentido hoje em dia. Antes e como se dizia “era preciso uma aldeia para criar uma criança”, agora essas aldeias não existem. Cada um está na sua vida. As avós não vêm para casa nos primeiros tempos, não existem tios e tias para partilhar as horas de atenção necessárias, não há apoio dos vizinhos, nem tão pouco existem comunidades que se protegem. É um mundo novo, diferente, onde as dúvidas do dia a dia são escritas no computador e enviadas para o mundo, onde quem nos sossega e responde é uma cara que nunca vimos e que pode estar a quilómetros de distância. As avós ficaram para segundo plano, as tias estão ocupadas a trabalhar ou até fora do país, os vizinhos vivem a vida deles e dão-se ao trabalho de tocar à nossa campainha para se queixarem de qualquer coisa, nunca para perguntar se precisamos de ajuda. É um mundo onde cada um está por si, e por mais informação que exista, por mais livros que se leiam, falta a experiência humana, o calor humano, a companhia. Companhia. Há quanto tempo alguém não vos faz companhia? Simplesmente estar ali, para o que for preciso. Para falar, para cozinhar, para embalar, para passar as mãos pelos cabelos ou para estar. Ninguém tem tempo nem paciência para estar. Estar, respirar o mesmo ar, sentir o mesmo ambiente. Sem planos, sem distrações, com aborrecimento até. Porque se temos uns minutos livres estamos agarrados aos telemóveis, aos tablets, aos computadores, estamos em constante dispersão, desviamos a atenção do que é realmente importante. Será que alguém precisa de nós neste momento? Para se aborrecer? Para estar apenas? Sem críticas, sem opiniões, sem comentários. Sem dizer que não se pode dar colo, que não se pode dar mama, que não se pode dar biberão, que não podem estar na nossa cama, que não podem estar tão vestidos, que não se pode dar bolachas, que já devia beber água, que está demasiado calor, que as sestas deviam ser maiores. Que, que, que. E nós, mães, sozinhas, sem apoio, vamos ouvindo estes comentários, estas frases soltas, e agarramo-nos a elas como se fossem bóias de salvação. Porque são a única coisa que temos para agarrar nesta sociedade egoísta, egocêntrica e distraída. Quantas vezes já vos disseram para deixar o vosso bebé chorar? E quantas vezes se ofereceram para o adormecer? Dá que pensar não dá?


 




Joana Diogo
A Joana escreve no O que vem à rede é peixe
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