2.10.2015

Jurei nunca bater na minha filha...

... e vou manter. A sério que sim. Claro que não falo de dar uma sapinha na mão. Isso acho que deve ser dado quando necessário.

Porém, a miúda anda a tirar-me do sério. Está naquela fase de atirar tudo da cadeira de alimentação abaixo, mas já há imensos meses. A sério.

E nem é tanto a questão de atirar as coisas para o chão. É que ela atira-as com um desprezo... Nem é atirar, é deixar cair, como se fosse uma princesa e os livrinhos que há 2 segundos a estavam a fazer tão feliz, agora lhe metem nojo.

Juro que o meu instinto é dar-lhe uma lição das boas. Não é bem dar-lhe uma sova, mas sei lá. O problema é que acho que faz parte do desenvolvimento deles, estão a aprender a permanência das coisas quando desaparecem da vista. A minha questão é: aos quase 11 meses também?

Não quero nada seguir aquelas teorias de que os bebés são uns monstros que fazem birras porque isto e aquilo. Ela não está a fazer isto para me testar, pois não? É que eu nem os apanho. Será para quê?

Qualquer dia já não tenho coisas para lhe dar para a mão enquanto ela está a comer - faço isto durante a sopa porque não come muito sofregamente e, com livros, sempre que viro uma página, ela abre a boca (vá-se lá saber porquê). 

Isto tudo porque ainda finco pé em não a por a ver televisão. Para quem não saiba, durante um ano, serei mãe a tempo inteiro e se a habituo a ver televisão acho que os nossos dias pioram de qualidade de convívio num instante, além de lhe piorar o sono, etc. E... "nós" não queremos isso, de certeza! Ou queremos? Ando a ficar cansada de ter que montar uma feira do brinquedo à hora das refeições maiores... grrr. 

Truques? Sem ser tv ou ipads e afins? 

Solário dos pobres

Os pobres também têm direito a solário.

Não gosto de fotografias de bebés a chorar porque sinto sempre que quem tinha a câmara na mão estava a achar piada ao momento e eu nunca consigo, seja por birra ou não.

Agora, fotos a levar com o sol nas trombas?

Adoro!!!

Uma hora pequenina!!!

O caraças!

Quem inventou esta frase ou teve uma experiência como esta (aviso já que este vídeo não é para meninos porque mete um parto num carro! WOW!) ou então tinha os relógios todos avariados.

Não desejem mais isto, pá! Acho que de tanta gente a desejar-me uma hora pequenina, aconteceu um sumatório dessas horas pequeninas todas. Das 13h e tal às 02h48: buaaaaaaaa! Mas lá por terem sido umas quantas horas não me pareceram assim tão extensas. Foi "uma hora grandinha" mas boa e apenas 10 minutos na sala de partos até se dar a desova. 

Portanto, o tamanho não interessa. Das horas, estou a falar das horas, por quem me tomam?


As vossas foram pequeninas? As horas, estou a falar das horas!


2.09.2015

Mães que tudo sabem (#05) - Joana Paixão Brás

Já que andamos a entrevistar mães para o nosso blog, que tal também darmos a atenção devida à nossa betinha aqui do pedaço? Também é mãe, também "sabe tudo", ela é: Joana Paixão Brás!!

Aplausos moderados, sff, que isto não é uma tasca, senão não estava cá a Joana. A outra, claro.



1) Já disseste várias vezes que gostavas de ter "para aí uns 8 filhos". Agora que a Isabel tem quase 11 meses, manténs ou ganhaste cabecinha?

Hahaha mantenho, porque está no terreno do sonho. 8 não, credo!, 4 adoraria. Mas acho que vou ficar pelos três. Ou pelos dois, quando chegar aos dois e achar que estava era maluquinha de ter pensado em quatro.

2) Tu és muito visual, sonhas muito acordada, muitas vezes estipulas objectivos com aquilo que consegues pintar na tua cabeça (salvo seja, não literalmente que não és indígena). A maternidade está a ser tal qual imaginaste?

Está, está a ser melhor até. Era mesmo isto que eu queria, uma bebé calminha que me faz rir muito, um pai e namorado muito presente, um amor sem fim... e vou parar por aqui porque senão isto fica lamechas.




3) Que cuidados tiveste/estás a ter com a Isabel que o irmãozinho ou irmãzinha dela já não deve ter direito por já teres mais "andamento" nisto da maternidade?

Sinceramente, acho que já não vou estar a ler este mundo e o outro de cada vez que o irmãozinho der um pum. Vou confiar mais em mim. Talvez não tenha tanta preocupação em não o deixar ver TV. E muito provavelmente vai de boiões com mais facilidade quando tivermos de sair e pronto. Ah! E as fotografias e os vídeos... talvez não tenha tempo para fazer tantos e queira aproveitar estar mais com eles em vez de estar sempre atrás da lente.

4) O que te faz querer ser mãe tantas vezes? É para teres mais gente ainda a gostar de ti? É para poderes vestir todos com jardineiras da Osh Kosh de igual e tirar fotos? É porque gostas de uma casa cheia? Se for a última, podes sempre morar num atelier que, assim, já fica cheia só com a Isabel.

Hahaha É só para fazer fotografias em escadinha, com eles todos de gola e meias até ao joelho, claro. Estou a gozar. Sempre quis ter muitos filhos porque acho que os irmãos são mesmo o melhor que podemos dar aos nossos filhos, os maiores companheiros (aproveito para mandar um beijo grande ao meu), adoro famílias grandes e unidas, confusão q.b. à mesa, a fazerem teatros para a família no Natal, miúdos a brincarem e a partilharem e, claro, a meterem a mesa e a ajudarem. Lá estou eu a ser romântica e visual.




5) E tu como mãe? Surpreendeste-te contigo de alguma forma?

Eu sempre achei que teria jeito para ser mãe e quero acreditar que sou e vou ser uma boa mãe. Só me surpreendi com o bom humor com que às vezes fico depois de uma má noite. Sempre adorei e precisei de dormir, mas não é que fico mesmo feliz por ela existir e não me apetece mete-la num caixote do lixo?

6) O que é que a Isabel te tem ensinado? Sim, que não são só eles a aprender...

Tem-me ensinado a ser mais organizada, a gerir melhor a minha vida, a ser menos perfeccionista em algumas coisas e mais prática e, claro, dar mais importância ao que a tem e a fazer escolhas, a não querer ir a todas, a não fazer fretes. A respirar fundo, a tentar ter calma. Não vou sequer falar do amor incondicional que nunca antes tinha sentido e de ela me ter ajudado e ensinado a ser mãe. Ah, já falei.




7) És uma mãe muito activa. Gostas imenso de sair para passear, estar com os amigos, de vida louca, citando Fanny. Tem sido difícil para ti moderar? Ou não tens moderado de todo? Sentes falta da tua vida dantes?

Tenho moderado, combino muito menos saídas, já não consigo (nem quero) ir a tantos aniversários nem jantares, mas de vez em quando sabe-me bem! Vou-me revezando com o pai dela porque acho que nos faz falta estar com amigos, longe dos compromissos e da rotina. Mas muito pontualmente, só para manter a sanidade mental. Tento combinar mais lanches onde possa ir com a Isabel e combinamos almoços ou jantares em casa uns dos outros, para ela poder dormir as sestas dela. Ah! E já sabem que eu não tenho horas de chegada, é quando a princesa acordar das sestas! Disso não abdico.

Não sinto falta da minha vida anterior porque adoro esta e acho que consegui encontrar um equilíbrio, deixo-a com a avó para ir ao cinema uma vez por mês e já a deixei um fim-de-semana para ir passear a dois e soube-nos muito bem. Mais tempo que esse por enquanto não consigo, nem quero. Incrível como isto está tão bem feito que essas coisas deixam de ser importantes e passamos a gostar mais de outro tipo de programas e passeios a três.

8) Muito do que és enquanto mãe foi por teres sentido tanta coisa boa da tua ou estás em freestyle e, por acaso, sai-te tudo bem?

Muito do que sou se deve à minha mãe. Queria tentar fugir ao discurso dos Óscares, mas é difícil, porque acho mesmo que o facto de ter sido tão amada e tão estimulada, de terem brincado tanto comigo e me ensinado valores tão importantes (tanto a minha mãe como o meu pai - um beijinho PAI!), me ajudou a ter auto-estima, ambição, mas também a ser abnegada. Gosto de pensar que sou assim, como mulher e como mãe, por causa deles. Agora, não acho que seja condição para se ser uma boa mãe. Felizmente muitas mães dedicadas e ternas não tiveram o melhor dos exemplos, mas aprenderam o que não fazer.



9) Em que tarefa de mãe não és nada boa? Ou, vá, menos boa porque "a mãe é que sabe".

Não sou boa a gerir o frigorífico e a planear as refeições e acho que acabo por pôr a miúda a comer a mesma sopa durante uma semana (ou quase, porque alterno com outra, mas deve ser um enjoo, pobrezinha). Não devia estar tanto tempo no telemóvel e aproveitá-la mais. Devia ser mais organizada, mas acho que estou a melhorar.

10) És mãe há praticamente um ano. O melhor ano de sempre? Ou, médio, porque agora é que vem aí a parte mais gira da Isabel?

Todas as partes são giras: a gravidez (adorei), o nascimento (tive um parto maravilhoso!), os primeiros minutos, dar mama pela primeira vez e ficarmos juntinhas, os esgares a dormir, os primeiros tudo (banho, roupinha, papa, gatinhar, dente...) mas vê-la agora a fazer porcaria, a provocar-nos gargalhadas, a dançar, a tentar falar e andar é uma maravilha! Não sei se pode ser melhor, será que pode? Há mães que me dizem que é sempre a melhorar, mas este para mim foi o melhor ano de sempre! Para o ano serão os melhores dois anos de sempre e por aí em diante.




11) a Mãe é que sabe?

Agora tenho de dizer que sim para não estragar todo o conceito do blogue, mas acho que o pai também sabe, se quiser saber. Agora, que temos um instinto de leoas único e que somos nós a ter a palavra final, não me lixem, é que somos mesmo! HAHAHA (riso tipo Cruela).



Creche? Sim, mas quando?

Acredito que a Joana Gama esteja já a ensinar o abecedário à Irene, não vá a miúda ficar menos esperta que a Isabel. Tudo porque leu este artigo do Público "Creche: Quanto mais cedo melhor?" e deve estar a panicar já.
Joana, está lá?

JG - Hello! How are you? Desculpa, enganei-me. É que agora só falo em inglês com a Irene e troquei o livro do Bolinhas pelo de Física Quântica. 

JPB - O primeiro ou o segundo volume? Lá no infantário da Isabel já vão no segundo, apressa-te!


Este seria o diálogo entre nós, caso o tivessemos. A verdade é que nenhuma das duas está muito preocupada com o tema, porque somos mais da teoria do "deixá-los crescer ao ritmo deles", com carinho, amor e com estímulos, claro. Então para que é que estás a escrever este post, sua estúpida? Porque até tenho algo a dizer.

A Isabel foi, por necessidade, para a creche com 5 meses e meio. Custou-me, achei cedo. Neste momento, já me habituei à ideia e acho que está muito bem entregue. Preocupava-me a ideia do depositório de crianças e que os bebés fossem tratados "de forma estritamente funcional - mudar a fralda, dar a papa ou o biberão - e o cuidador não estabelecesse laços afectivos com ele", de que o texto fala. Preocupavam-me as doenças contantes.

Agora vejo que está bem entregue e que tem um vínculo grande com as cuidadoras. Vejo que a estimulam e brincam com ela, que cuidam dela. Lá começou a gatinhar, a explorar e a ter contacto com os outros miúdos.

Mas sinceramente? Acho os três anos uma idade óptima para ir para a creche e tenho vários exemplos à minha volta que me dizem que as crianças podem ser tão ou mais espertas que as outras, caso tenham à sua disposição carinho, amor, brincadeiras. Nesses casos, as mães/ avós/ cuidadoras, podem tentar arranjar umas actividades com mais miúdos, algumas vezes por semana, para a tal socialização.


Creche? Sim, em caso de necessidade. Quando? Acho que nunca (muito) depois dos 3 anos.

E vocês, o que acham?

Fiz caca.


Isto era, se bem me lembro, chalotas (achava que eram cebolas, mas não, são primas), aipo e... qualquer outra coisa.

Queria que ficasse tudo muito bem cozinhado para a Irene e parece que consegui.

Ela, por acaso, adorou! Como é que é possível?



A sério? Acharam mesmo que tinha dado isto à miúda? Numa de "não se deita comida fora"? ;)

A bolonhesa de que vos falei tinha corrido tão bem que fiquei cheia de moral e aventurei-me... 

Porque é que os dotes de dona de casa não vêm com com o parto também?

Aposto que vocês são todas perfeitas e daquelas que fazem as bolachinhas de gengibre para dar às educadoras e ainda aproveitam e fazem uns lacinhos!

Se vocês não existissem eu não me esforçava tanto e espetava uma lasanha do Lidl à miúda!

Estou a brincar, pessoas da assistência social que possam estar a ler isto. Não me levem a Irene. A não ser quando ela está birrenta. Aí podiam ir passeá-la algures. 

2.08.2015

A moda das cesarianas

Estão na moda os turbantes, as t-shirts com statements (estilo "Last clean t-shirt" ou "I have nothing to wear"), roupa com franjas e... as cesarianas. 
Parece ser in marcar data e hora da cirurgia sem que ela seja realmente necessária. Há dias em que não vai dar mesmo jeito porque há mais que fazer. Assim o check in fica agendado, quarto reservado e vidinha organizada que há mais na vida do que um parto.

Mães que fizeram cesariana, não me queiram chacinar já. Percebo que quem tenha consentido em marcar a operação não havendo necessidade médica, o tenha feito porque alguém a convenceu de que não haveria diferença nenhuma e que não haveria risco algum (ver este vídeo para se rirem um bocado). Como não confiar no nosso médico? Ainda por cima estamos numa fase mais susceptível de ceder a pressões e a ansiedade pode ser nossa inimiga. E há quem queira tanto ouvir isso do médico que nem levanta uma única questão. (Claro que há sempre excepções e, por exemplo, uma situação anterior de parto "normal" traumatizante parece-me uma razão perfeitamente legítima para não se querer repetir a dose, entre muitos outros motivos e não quero ser eu a julgá-los).

Quando a minha obstetra (do privado) me disse, um mês antes, que provavelmente teria de fazer cesariana, chorei. Não estava à espera, não queria, confesso. Depois lá me mentalizei de que se tivesse de ser, seria. Que o importante era o parto correr bem e a minha filha nascer saudável. Contaram-me histórias com final feliz para me alegrarem e já estava preparada mentalmente. Acabou por não ser preciso porque, dias antes da já agendada cesariana, as águas rebentaram e tentámos o parto normal. Pode, afinal, não ser preciso. E é assim que se deve encarar uma cesariana: só quando é preciso (antecipando algum problema ou mesmo na hora do parto) e não porque se quer ou só porque sim.

Claro que as cesarianas já salvaram muitas vidas, claro que é graças às cesarianas que muitos bebés e mães sobreviveram e também deve ser terrível deixar um parto "normal" prolongar-se até às últimas forças por teimosia, pondo em risco ambos, mas esta prática quando é por "dá cá aquela palha" devia ser pensada, reflectida e muito questionada! Por que razão no privado há tantas cesarianas? Não estará o dinheiro metido ao barulho? Não será mais conveniente para alguns médicos (disse alguns, ok?) ter a vidinha planeada do que partos imprevistos e imprevisíveis? Não se fará uma melhor gestão do hospital desta forma? E como saber se o que nos dizem (de ter passado muito tempo desde que a bolsa rompeu, do colo assim e assado, ou do cordão à volta do pescoço) é mesmo verdade? 

A verdade, é que numa cesariana há riscos (neste artigo do Público):
- As complicações resultantes da anestesia são duas vezes superiores e as lesões urológicas acontecem 31 vezes mais.
- Os recém-nascidos ficam com riscos respiratórios cinco vezes superiores, acrescidos na infância de um risco de diabetes e de asma 25% superior aos dos partos normais.
- O risco de grandes hemorragias é 11 vezes maior.
- Após a cirurgia o risco de infecção também é 11 vezes superior, enquanto o de trombo-embolismo quadruplica. 
- O óbito materno acontece cinco vezes mais nos partos por cesariana. 
- Numa gravidez posterior também podem surgir mais problemas com a placenta, sendo o risco de morte do feto 1,6 vezes superior.

Em 2014, segundo o artigo, os hospitais públicos conseguiram baixar taxas de cesariana para 28% e atendem grávidas de maior risco. No privado a taxa ronda os 67%. O resultado global é de 33%, uma meta muito acima do recomendado pela OMS e o segundo pior valor da União Europeia, apenas ultrapassado por Itália. 
Então no Brasil, li algures, é um número enorme! Alguém confirma?

É esta a minha proposta: pensar um bocadinho melhor antes de escolher fazer uma cesariana só porque sim.

2.07.2015

Sou só eu que me enervo com isto?

Já sei que este vai ser mais um post sujeito a más interpretações não só pelas mães que já me pegaram de ponta por eu ser muito opinativa e, acima de tudo, sarcástica quando escrevo, mas também por profissionais desta área que vou mencionar que, apesar de esperar que não façam parte deste sub grupo que vou referir, vão, na mesma, desnecessariamente, dizer que não é o caso deles, blá blá.

Em vez disso, sugiro que me expliquem a razão pela qual acontece o que acontece e o que poderia ser feito para alterar isso, o que poderá estar ao nosso alcance. Acho mesmo que é um assunto sério. Não estou a escrever para ofender alguém, estou a constatar factos. Não digo que estas pessoas sejam a maioria ou a regra, mas que as existem, existem (são como as bruxas).



1 - Faço parte de vários grupos de amamentação no facebook, com mães de norte a sul do país e são demasiados (sendo que, neste caso, um já era em demasia) os casos em que enfermeiras (algumas, ok?) fazem comentários ignorantes e ridículos sobre o leite da mãe, o peso dos bebés, a forma de amamentar, a introdução da alimentação complementar, etc. 

Como é que é possível não haver umas reuniõezinhas de pessoal para comunicar as novas recomendações e descobertas relativamente ao aleitamento materno e consequentes timings de alimentação e de aumento de peso? Isto, já para não falar do facto dos próprios profissionais não sentirem, por brio e profissionalismo, a necessidade de se actualizarem, dada a importância do seu trabalho. Nós confiamos nas enfermeiras. Se elas nos disserem que "o leite da mãe é fraco", vamos para casa e só veremos sinais no bebé de que está a morrer à fome (mesmo não estando) e vamos embuchá-lo de leite artificial e fazer pior, muito pior. Tudo por um comentário ignorante (já que, quanto à nossa insegurança não conseguimos fazer grande coisa, ainda para mais nestas fases) e falta de apoio. Isto põe em causa todo o nosso sistema de confiança. Se as enfermeiras (algumas, ok?) não sabem o que dizem, em quem podemos confiar?

No meu caso, apesar de ser sempre atendida por enfermeiras muito simpáticas, algumas (apesar de, lá está, serem todas umas queridas) me aconselharam coisas estúpidas (porque me informo) sobre o aleitamento materno: desde que o "leite gordo" sair logo no início e, portanto, não terem de ficar mais de 10 minutos à mama (!!!!!!!) a dar só de uma mama, para ter sempre a outra cheia (!!!).

(Existem duas fases no leite, a primeira mais centrada numa "injecção de defesas" e a segunda, mais nutritiva. Ambas são cruciais para o bebé. O bebé pode não querer beber das duas em todas as mamadas e mamar só por carinho ou sede, por exemplo. Tempos para mamar é coisa que não deve existir em "livre demanda" e as mamas não são garrafas, não se esvaziam.)

2 - Por que é que muitos pediatras não têm uma formação adequada sobre amamentação? E, se não a têm nos seus cursos (acho que são poucas horas), por que é que não procuram tê-la? Pode ser útil para descortinar comportamentos mais diferentes nos bebés ou, melhor, até para os ajudar a recuperar mais facilmente de um problema qualquer. Visto que, muitas vezes, têm de fazer o papel de psicólogos, se conseguirem dar o apoio que a mãe precisa, podem fazer bem a toda a uma família.

Li relatos inclusivé de uma mãe que foi ao pediatra e que o pediatra lhe apertou uma mama (!!!! como se houvesse algum motivo para um pediatra nos apalpar uma mama) e, como não saiu um esguicho que ele considerasse aceitável (vá-se lá saber porquê), disse à mãe que ela tinha pouco leite. 

Outros pediatras, alegadamente, têm parcerias com marcas de leite artificial mas não quero mesmo acreditar nisso. A sério que não. Acho demasiado grave e far-me-ia sentir completamente à toa. Mais uma vez, se não podemos confiar nos médicos (alguns, ok?), em quem vamos confiar?

Pelo menos, se não têm essa formação ou vontade de a complementar, saibam reencaminhar as pacientes (ou clientes, como até me faz alergia dizer) para quem as possa ajudar.

Como podemos mudar isto? Já passaram por alguma destas situações?

Para mães que estejam a passar por alguma coisa menos boa na amamentação aconselho-vos vivamente a aderirem a grupos de amamentação no facebook, a ligarem para o SOS Amamentação, consultarem Conselheiras de Aleitamento Materno.

Aqui  e aqui podem também encontrar algumas das principais dúvidas esclarecidas por uma CAM. Estou a tentar fazer a minha parte. :)

*Imagem do site We Heart It. 

Manhã no Gymboree

Hoje a manhã foi passada no Gymboree de Carnaxide. A Isabel a-do-rou! Os escorregas, as bolas, os brinquedos, as texturas, as músicas, as danças e as bolinhas de sabão: um mundo de cor e movimento, onde pude ver a minha filha brincar e aprender.

Gosto muito do conceito: ajudá-los a adquirir capacidades motoras, sociais e de auto-estima, de que irão necessitar para se tornarem adultos confiantes e felizes. Tudo isto na presença da mamã, que passa as horas de trabalho desejosa de poder brincar com ela. A mamã sou eu e não sei por que raio agora também já digo "a mamã" se nem estou a falar com ela... Rrrrrrrrrr
Saí de lá cheia de ideias para brincadeiras em casa (até porque nos dão um papel com sugestões) e a saber mais sobre a fase de desenvolvimento deles. 

Todas as aulas são diferentes, para estimular competências diferentes (com algumas músicas e jogos iguais, porque, li algures, a repetição também é importante para assimilarem conhecimento e vermos a progressão deles) e eu mal posso esperar pela próxima aula!



A Isabel demorou a ganhar coragem para subir o túnel mas lá conseguiu



Gostaram da ideia? Então em breve teremos um A mãe dá e uma de vocês (vocês não, o filho) poderá ganhar um mês de aulas no Gymboree de Carnaxide. Estejam atentas!

Só me apetece chorar!


"Só me apetece chorar!". 

"Então, chora!" - é o que o meu marido diz quando lhe digo estas coisas. Escusado será dizer que só não lhe dou uma lambada porque sou anti-violência (e porque ele é muito maior do que eu, no fundo é só isso). 

Neste caso, só me apetece chorar mas é por uma coisa MUITO boa: a noite nem foi má! Só vocês me conseguem compreender (as mãezinhas que tenham filhotes que durmam a noite toda, guardem essas pornografias para si, sff) o que é uma bebé que desde há meses só faz intervalos de 2 horas/1h e meia, ontem ter feito dois de 4h horas e um de 3h. 

Sim, passei por aquela fase de mãe do "será que está viva?", mas consegui não ir cuscar, porque não queria mesmo estragar a maratoninha. Se já não tivesse viva, não haveria grande coisa que eu pudesse fazer, senão embalsamá-la ou assim. 

Dormiu (como se vos interessasse) das 20h à 00h30, depois até às 4h40 e depois até às 7 e tal. Que maravilha.



Não dormi lá grande coisa, claro. Sabem como é: o nosso "psicológico" (como dizem os energúmenos dos reality shows  - a verdade é que tive de ir ao google ver como se escreve "energúmenos", mas a fingir que não vos disse nada), por estarmos habituadas a acordar de 2h em 2h, acordamos de 2h em 2h. 

E, se não acordarmos, acordamos ao final de três completamente prontas para viver: para limpar a casa toda, ver um filme inteiro sem adormecer e tirar a loiça da máquina e até fazer um bocado de amor (!!!).


Só me apetece chorar, a sério! Agora, tenho de me controlar para não elevar as minhas expectativas e amanhã não me apetecer chorar, de rastos porque voltámos à mesma merd* - como se o asterisco mudasse alguma coisa.  

Quando é que os vossos bebés começaram a dormir a noite toda? - respondam só se for depois dos 10 meses, sff, para eu não me internar devagarinho. 

*imagem do site We Heart It. 

2.06.2015

Afinal havia outra (#06) - Impôr limites a um bebé. WTF?

A minha filha tem 17 meses, quase 18. Em linguagem de pessoa normal tem um ano e meio mas nós, mães, falamos assim em meses embora tenhamos jurado nunca o fazer. Também prometemos não falar em semanas quando nos referíssemos à gravidez mas até hoje ninguém cumpriu e peço desculpa por isso. Em minha defesa alego a dificuldade em fazer contas aliada ao facto de os médicos falarem sempre  em semanas. Transformar aquilo em meses, para mim, é como fazer uma equação: impossível. E não é a equação que é impossível, eu é que não consigo resolver equações. Ou contas de dividir com mais de um dígito. Também não sei a tabuada.

Agora perdi-me e já não sei o que ia escrever. Dêem-me um bocadinho.

Lembrei-me. A minha filha tem quase 18 meses e diz “pápá” que significa simultaneamente papá e papa; “mamã” que quer dizer mamã, bolacha, não quero dormir, tenho fome, iogurte, tenho sono; cão, que quer dizer cão, e é isso. Ora esta minha filha, disse a educadora, precisa de limites. Parece que sai da cama, a malandra, para não dormir a sesta, e não dá muitos ouvidos à malta. Acrescentaram que nesta idade eles são “muito virados para eles próprios” e eu pergunto quando é que um ser humano não é “muito virado para ele próprio”. Não sei exactamente que tipo de limites é que se podem impor a uma miúda que se farta de falar numa língua misteriosa que não consigo decifrar. Ela bem tenta, mas nada. Quem me garante que ela não explica à educadora o que pretende? A miúda diz frases completas e até as repete tin-tin por tin-tin. Ou será tim-tim por tim-tim?

A verdade é que ela em casa faz o que eu mando, de uma forma ou de outra, sem grandes dramas, apenas algumas teimosias normais, por isso não sei bem o que responder à educadora além de um tímido “desenrasque-se”. Eu não estudei educação infantil por isso vou agindo por instinto. Mas não me venham dizer que a miúda precisa de limites a menos que vão dar com ela fechada na casa de banho com o Lucas ou com a faca da manteiga escondida no urso de peluche. Se for por menos que isso, não me macem.

Parece-me que esperamos constantemente que os filhos se comportem de forma irreal. Esperamos que eles partilhem os brinquedos alegremente com crianças que não conhecem de lado nenhum e que não se zanguem se algum puto lhes roubar a bolacha. Se um estranho me pedisse o carro emprestado mandava-o pastar e se me tirasse o pastel de nata da mão  dava-lhe um sopapo. Esta pressão social da partilha é absurda. Querem-se crianças obedientes que nunca questionem ordens, mas que depois se tornem adultos independentes, fortes e decididos, quando os miúdos deitam coisas para o chão a olhar directamente para os olhos dos pais é porque estão a testar a paciência, são uns teimosos, torcidos, são “assim” (faz-se um ganchinho com o dedo indicador).  E eu penso: mas está tudo maluco? As crianças são pessoas. Pequeninas, com dificuldade de locomoção e expressão, mas pessoas. Porque raio hão de gostar ou aceitar merdas que ninguém no seu perfeito juízo aceita? Para não envergonhar os pais no parque infantil? #deixemascriançasempazevãomasébeberumcopoqueissopassa


Leididi

Inventam tudo (#07)


Mas o que é que o raio da miúdo tem na boca? Parece que está a comer um pedaço de sabão dos antigos, mas com um gargalo, é isso?

É isso, mas sem ser.

Este alimentador anti-sufoco (como lhe chamam e acho que é horrível) tem duas partes: a do adaptador de garrafas e afins a uma tetina (giro) e a do chucha-coisas. 

Mete-se a fruta ou o bife de alcatra dentro de uma rede e damos-lhes para eles andarem a chuchar nisso. Se pusermos um magret de pato, também deve dar para ir que nem ginjas. 

Apesar de ser uma coisa tentadora de experimentar (por ser um gadget, no fundo), acho que a Natureza funciona muito bem. E, se eles não conseguem ainda trincar e engolir determinados alimentos é porque, também, não devem. 

Ir devagarinho será sempre melhor do que pô-los a chuchar numa rede, digo eu. 


O que têm a dizer? Além de que a coincidência da senhora ter levado uma camisola da cor do alimentador ser bastante agradável à vista?


a Mãe dá (#06) - Bomba de leite Bébéconfort®

Ahhhh! Saudades que pingassem coisinhas para as nossas mães preferidas (que não as nossas)? Nem por isso, não é? Pois. Somos muito fofas (eu até um bocadinho demais, mas já ando a jantar só salada - se calhar, convém dizer que é a Joana Gama que está a escrever, que a outra não merece este tipo de comentários).

É mesmo de "pingar" que vamos falar, mas de pingar leite. 

Não sei se sabem (deviam), sou muito muito fã da amamentação (quase todos os meus posts têm sempre uma notinha sobre isso vejam lá aqui). 

Ora, como queria continuar a amamentar a Irene quando voltasse ao trabalho (pus uma licença de 5 meses mais um mês de férias), tinha de fazer um bom stock de leite materno para que nada faltasse. Se foi difícil? Foi. Tirar leite e armazenar é um processo que custa muito ao início.

Não porque doa, mas porque parece que as mamas ignoram a nossa intenção e a nossa pressão psicológica não ajuda o corpo a relaxar. Investiguem um pouco sobre isso na net para ser mais fácil para vocês. Demorei um mês a tirar leite depois de todas as mamadas, para aumentar a minha produção ao ponto de conseguir tirar quantidades visíveis. Aconselho a que comecem a fazer o stock de leite assim que a vossa produção esteja estabilizada para não terem pressão de andar a tirar leite todos os dias à noite enquanto estiverem a trabalhar ou terem que levar a bomba para o trabalho. 

Posto isto, houve várias coisas que fizeram com que tirar leite se tornasse desagradável (além de ter que esperar pelo hábito do corpo), uma delas era o barulho. Tínhamos que ver programas com legendas enquanto eu tirava leite porque não conseguíamos ouvir nada do que diziam na Casa dos Segredos (não estou a gozar, vemos e adoramos ver a Casa dos Segredos - também só se estraga uma casa, não é?).

Além disso, eu não podia escrever nada ou mexer no computador ou no telemóvel porque tinha sempre uma mão ocupada a segurar a bomba na mama. 

Até tinha comprado uma bomba bastante cara (Tommee Tippee), confiei no preço, apesar de não conhecer a marca, mas agora estou arrependida. E porquê? Porque conheci o Extrator Elétrico Natural Comfort da Bébéconfort (acabou de sair). A sério, melga. ;)



Mesmo que esta bomba não fosse mais silenciosa, dá para usar sem mãos. Só por isso, até podia ter o barulho de uma rebarbadora que eu não me importava. 

Outra coisa óptima, que não falei ali em cima, é o facto de podermos por o disco que retira o leite por baixo do soutien. No início foi muito giro andar sempre com as maminhas de fora no sofá, até nos riamos com isso, mas depois sinto que a imagem se tornou tão comum que o meu marido já não ligava nenhuma e me via só como um instrumento de tirar leite. 

Ahhh!! Olhem, esta nem tinha experimentado quando usei a bomba, li agora e vou experimentar. Para tirarmos leite, não sei se sabem, mas convém estarmos sentadas com as costas bem direitas para as bombas fazerem um bom vácuo. Neste caso, parece que podemos estar refasteladas no sofá! Que bom! Fico mesmo genuinamente contente por quem vá receber esta máquina. Não têm noção do chato que é: nem toda a gente consegue tirar leite com grande bisga (eu!) e, por isso, todo o conforto é tão, mas tão bem-vindo. Fico contente pela BébéConfort estar a ajudar mães a prolongar a amamentação (eu disse que era fã da amamentação). 

Assim sendo, temos duas salva-vidas destas para oferecer. Vamos embora participar? ;)

Para participar é preciso:
1) Fazer like na página da Bébéconfort Portugal
2) Fazer like na página d'a Mãe é que sabe (mas isso já está, não é?)
3) Partilhar publicamente este link no perfil do Facebook
4) Preencher o formulário em baixo (o link da partilha é o endereço do seu perfil do Facebook)

Condições:
O vencedor será anunciado dia 21 de Fevereiro, sendo aceites inscrições até às 23h59min de dia 20 do mesmo mês.
Os vencedores serão escolhidos aleatoriamente através de random.org.

Só é válida uma participação por endereço de e-mail.

2.05.2015

Já somos famosas (#03) - La Redoute


Vá, vamos fazer com que este seja um post muito dinâmico e, como se costuma dizer no mundo da publicidade, "fora da caixa", porque queremos que isto resulte num "a Mãe dá" para vocês e um "a Mãe recebeu para nós". Nesta casa é assim, tudo em pratos limpos, não há cá publicidadezinha de fino. É bom? É. Queremos? Sim. Se queremos e temos, vocês também têm que ter. Tungas.

Joana Paixão Brás (JPB) - Claro que esta parte de cima foi a Joana Gama a escrever...

Joana Gama (JG) - Ai, coitadinha da menina que tem sempre de lavar as mãos de complicações. Estás por aqui?

JPB - Pelos vistos, sim. Vá, rápido que tenho de ir fazer coisas.

JG - Ok, mãe ocupadinha que trabalha e não sei quê. Hoje fomos à mostra da nova colecção da La Redoute.

JPB - Claro que a Joana ficou muito mais entusiasmada com o pequeno almoço. A maneira com olhou para os bolos parecia que não comia há séculos. Olhando para os olhos, claro. Olhando para a barriga, diria o contrário (parece que não para de comer há séculos, eheh). 

JG - Por acaso quem se fez mais à comida nem fui eu e... tenho provas disso!! Parece aquele programa do João Klebber, não parece? Drama nu cásau!


                  


JPB - Um "márron", meu Deus! Ainda bem que sou eu a organizar a festa das nossas filhas, senão elas iam ter "pancakes" em vez de "cupcakes" e cortinas em tom de "macarron". Às vezes é muito frustrante ter que estar a ensinar-te a ser uma senhora. 

JG - Até fui bonita para não ficares mal, mulher. Não sejas assim! 



JPB -  O cabelo da Irene, ahah! Sim, hoje fazíamos um bom par. As duas lindíssimas (viva ao filtro esquisito do teu telemóvel). Porém, tenho de aprender contigo a posicionar a cara para parecer mais magra. Bem jogado, miúda!


JG - Pronto, depois parece que começou a parte de mostrar a nova colecção e, infelizmente, não consegui empanturrar mais a Irene de pão e manga. Ela começou a birrar e tivémos de sair. Pelo menos, deu para tirar umas fotografias giras lá fora. Como foi lá dentro, Joana? Agora parecemos aqueles dois jornalistas da rubrica "Ir é o melhor remédio" da SIC, não parecemos? hehehe



JPB - Lá dentro, Joana, a Ana Rita Clara apresentou-nos a colecção de senhora (maravilhosa, quero tudo! Menos a bela da mini-saia, porque AINDA não tenho perninha para isso. Ainda, ainda!!!), enquanto umas miúdas desfilavam (todas tão feias, que raiva!). Também deu para espreitar algumas imagens das roupas de criança e já fiz aqui a escolha das peças mais giras para as nossas miúdas.

Looks Isabel:
Looks Irene:

Looks namorado da Irene (que a Isabel está terminantemente proibida até aos 32 anos):

JG - Oh! Tenho mesmo pena de não ter visto, mas também estive bem acompanhada lá fora. Depois entrei, pus mais uns bolos à boca, fomos ver as roupas que, por acaso, não vi muito porque estive à conversa com toda a gente que me perguntava quantos meses tinha a Irene. 

JPB - Nem desconfiaram que era um toque de marketing para nunca mais se esquecerem de nós. Muahahah. 

JG - Era mais para ver se ela via um bocado do mundo e não estar tão fechada em casa, mas acho que tivemos mais sucesso por causa disso, sim.

JPB - Eu a pensar que era por causa do meu traseiro.

JG - Não.

JPB - Tirámos uma fotografia no canto das famosas, lá está. A Ana Rita Clara não nos deixou em paz até tirarmos uma fotografia com ela. Chegou até a ser um pouco inconveniente. Haha



JG - Temos de nos habituar a esta vida, Joana. Bolos e Anas Ritas Claras a pedirem fotografias. Mais complicado que isto só ser o tipo que indica os lugares no cinema. 

JPB - Foi assim a nossa manhã! Ah! Esquecemo-nos de dizer que foi no Pestana Palace Hotel em Lisboa e que é um óptimo sítio para passear e tirar umas fotos. E pagar 3,50 euro de parque de estacionamento à nossa amiga...

JG - Não tinha moedas, pá!

JPB - Seja como for, mais novidades em breve e num a Mãe dá ;) 

Sonho com uma casa de campo

Sonho com uma casa com jardim. Ou com um quintal. Sonho com a Isabel a rebolar na relva. Passarinhos pousados nos parapeitos das janelas. Um cão a correr. Amigos nas espreguiçadeiras a beber uma cerveja. Churrascadas e música alta. Crianças a dispararem pistolas de água e a darem gargalhadas. Uma horta com morangos e alfaces. Ervas aromáticas. A carrinha do pão a apitar. Ver o pôr-do-sol, embrulhados numas mantas. Ouvir o som dos grilos no verão. O som da lenha a estalar no inverno.

Tudo isto sem estar uma hora no trânsito infernal e a desejar, todos os dias, viver num T0 na rua do trabalho. Perto das comodidades de uma cidade. Sem as paredes estarem a cair de podre e sem um vendaval dentro de casa. Sem ter de vestir 14 camisolas à Isabel e um gorro. Sem ter de pôr um desumidificador em cada canto. Sem ter de gastar um dinheirão em aquecimento. Uma casa barata.
Já estraguei tudo, não já? Isto só existe nos filmes, não é?
Ou há por aí alguém que tenha conseguido transformar este sonho em realidade?



2.04.2015

Tenho umas coisas para te dizer.

(tentei ao máximo fugir do ao título do "Carta do telemóvel para a mãe", por já não conseguir ver mais "cartas" à frente aqui na internet.)

Olá, sou o teu telemóvel, aquele que tu tanto adoras, mais até do que a tua carteira. 

Sei que sou muito importante na tua vida, visto que me levas contigo para todo o lado. Até para a casa de banho, quando vais tomar banho, não vá alguém ligar e não sei quê. 

Sei que me adoras e agradeço. Agradeço do fundo da bateria até o facto de seres uma mariquinhas e de me pores capas para não me riscar, para não me partir se cair ao chão. 

Há algumas capas que me fazem sentir um pouco mais efeminado mas, realmente, quando é que te disse que não sou uma rapariga? 



Sinto-me seguro nesta relação. Sei que me amas e, por isso: 

1 - Não sinto ciúmes se ligares mais à tua criança do que a mim. 

2 - Eu posso esperar. Respondes depois à tua amiga no Whatsapp. As minhas mensagens não vão embora. Estão cá para quando tu puderes. 

3 - Não percas sorrisos da tua criança, por minha causa. Sei que represento "o mundo lá fora" para ti, mas o "mundo lá fora" não está a crescer e não precisa da mãe. 

4 - Não faz mal se não me usares para tirares fotografias da tua criatura. Às vezes, há momentos em que deves estar mais presente do que a imaginar como vão ficar as fotografias no Instagram.

5 - Usa e abusa de mim, se quiseres, não me importo, quando a criança está a dormir. Não me importo de ser apenas um amigo para as ocasiões. Afinal de contas sou um aparelho electrónico e não tenho sentimentos. 

Estamos entendidos? 

*imagem do site We Heart It. 

Sou culpada e gosto.

Assim que sabemos que estamos grávidas, nasce logo a culpa de mãe. É algo que sentimos desde o início. Às vezes até ainda antes de sabermos que estamos populadas por dentro. 

"Devia deixar de fumar porque estou a tentar engravidar", "Devia fazer mais exercício físico", etc. 

Há até outras mulheres que podiam dar óptimas mães que sentem tanto essa culpa antes de seja do que for que até preferem nem o ser. Era o meu caso, modéstia à parte. Achava que não ia ser uma mãe de jeito (até conhecer o meu velhote - são só 9 anos de diferença, estou a brincar, mais ou menos, claro.). 

Acho que a culpa, esta culpa, é uma coisa boa se for bem direccionada. Funciono bem com ela. É essa culpa que me faz esforçar mais (claro que também é o amor), mas o "sair de casa", sentar-me com ela no chão a brincar em vez de ficar só a vê-la do sofá, fazer sopas novas sempre que possa para não andar sempre a embuchar a mesma, etc.

Desde a gravidez que a sinto e muito e isso reparava-se no meu pânico quando descobria que algo era abortivo: 

"A canela é abortiva? E eu que comi meio arroz doce no outro dia? Meu deus, o que fui eu fazer? A miúda ainda nem nasceu e eu já sou péssima mãe!"

As hormonas ajudam muito a que esta culpa seja, muitas vezes, confundida com loucura. Porém, a verdade, pelo menos no meu caso, é que aprendemos a lidar com ela. 

Acho que, o melhor, visto que ela não vai desaparecer, é torná-la nossa amiga. Vamos tentar ver nela uma força para sermos ainda melhores mães, para aquele extra mile. 

A culpa já me ajudou tantas, mas tantas vezes. 

A ganhar coragem para entrar no quarto e tapá-la com a manta (mesmo correndo o risco de a acordar), a ir passear com ela para um jardim, mesmo não me apetecendo sair de casa há uns dias, a superar questões de amamentação, etc. 

Obrigada, culpa. 


Caiu da cama!

Caiu da cama. Não demorei sequer vinte segundos e ela caiu da cama.


Tinha cinco ou seis meses. Deixei-a lá, no meio da cama, de barriga para cima, porque "ela ainda não rebola" e, afinal, rebolou. Alguma vez é a primeira. Foi dessa vez. Fui à casa de banho a correr (literalmente) buscar a escova porque "é aqui mesmo ao lado" e ouvi um estrondo abafado. Senti. Percebi nesse momento que a Isabel tinha acabado de cair da minha cama. Silêncio. Pareceram-me horas. Chora, chora, pedi, enquanto corria para lá. Chorou. Chorou muito. Eu chorei mais ainda. Agarrei nela, beijei-a, pedi-lhe desculpa e fui à procura de sangue na cabeça. Ou de um inchaço. Nada. Passei-lhe a mão uma e mais uma vez. Chorei. Ela parou de chorar. Beijei-a na cara e ela sorriu. A culpa. "Tens uma mãe tão estúpida e ainda me sorris, filha? Não mereço. Zanga-te! Não mereço."

Liguei ao David. "O que faço? Vou ao Hospital?" "Se ela te parece bem, não vale a pena. Vigia."
Quis vigiá-la. Quis tudo menos levá-la à creche. Pedi que me avisassem caso ela vomitasse ou ficasse sonolenta. Passei o dia todo mal-disposta. Como podia ter cometido um erro tão grande? Se sabia que podia acontecer, por que é que não preveni? 

Quando a fui buscar e ela me sorriu, prometi a mim mesma que nunca mais ia ser uma mãe desnaturada. 

Nem um mês depois, sentei-a no sofá para conseguir estender o tapete no chão. Fiquei à altura dela para ter um reflexo rápido caso ela se armasse em Kamikaze. Foram dois segundos, não fui a tempo. Caiu. Em cima do tapete, mas caiu. Chorei. Fiquei doente. Duas vezes? A primeira ainda foi um erro de principiante, completamente escusado mas quem nunca errou que atire a primeira pedra. Agora uma segunda vez?... Onde é que eu estava com a cabeça?

Entretanto, ela já caiu mais vezes. Mas por ela. Distâncias mais curtas ou porque se queria meter em pé ou porque estava em pé e se queria sentar. Sem que eu a pudesse ajudar. Mas aí caiu sozinha, sem que eu sentisse o peso da responsabilidade. Porque faz parte e nem sempre estamos lá para a aparar todas as quedas.

Agora quedas da cama e do sofá? Escusadas, completamente escusadas.

Que este texto, recém-mamãs, vos seja útil. Não vacilar. Não dar hipótese. Neste caso acabou por correu bem, mas podia ter corrido muito pior.

2.03.2015

Às mulheres da minha vida

Às mulheres da minha vida. As mulheres que me ensinaram a ser mulher e mãe, se é que isso se aprende. Às mulheres que são para mim um exemplo e por quem me esforço para ser melhor. Às mulheres que me deram vida.


avó Rosel
mãe de quatro, mulher de fibra, que ainda hoje com 79 anos (acabados de fazer) trabalha no que pode e sabe para continuar a viver e a sobreviver e ainda ajuda filhos e netos com o que vai podendo. faz os melhores pastéis de bacalhau de que há memória, croquetes e rissóis e lá vai ela à cidade vendê-los pelos cafés e restaurantes. faz o melhor arroz doce, as azevias e broas e o bolo de amêndoa molhado e delicioso. tem naquelas paredes frias de casa as melhores memórias da minha infância, as castanhas assadas na lareira, os natais e as noites intermináveis de conversa à mesa, as danças e as gargalhadas. levei-a há um ano e meio a conhecer Londres e foi como viajar com uma criança, de olhos deliciosamente ávidos de ver o mundo, mas um saber enciclopédico e romanceado de tudo o que são histórias de reis e rainhas. a pessoa sempre disposta a ajudar, mesmo que as articulações já pesem e as mãos enrugadas e um pouco disformes sejam sinónimo de muitos anos, de muito esforço, de muito trabalho. vejo nela a alegria que não nos pode deixar nunca, a gargalhada fácil, mesmo que a vida nos pregue duras partidas, como a de a deixar sem um filho.


mãe Isabel
mãe de dois, mulher de fibra, que ainda tem mais força e garra do que eu. dá aulas, motiva os alunos, tem fome de saber mais. mulher que me incentivou a seguir os meus sonhos, por mais difíceis que parecessem. que me levou, muitas vezes por semana, ora às danças de salão, ora à ginástica, ora à natação. abdicou de tanto por nós. sofreu e ergueu-se. deu-me colo e ajudou-me a ultrapassar os desgostos do primeiro amor. foi minha mãe e amiga. contou-me histórias todos os dias, deixou-me dormir na cama dela, deu-me explicações de filosofia, fez arroz com atum todas as vezes que lhe pedi, chorou comigo quando lhe contei que estava grávida. a avó dedicada, capaz de fazer mais de 100 quilómetros só para passar a folga com a neta. a pessoa que me ajuda a organizar a vida e a cabeça, que me lembra que tenho de comprar legumes, pão e nestum. a mãe que se emociona com as minhas conquistas, que me ama incondicionalmente. a mulher guerreira que aprendeu a meditar e a concentrar-se no mais importante. a pessoa que me fala de filmes, livros e bandas de que nunca ouvi falar. a mãe que errou algumas vezes, como qualquer mãe, mas que soube transformar as fraquezas em aprendizagens. a pessoa em quem me revejo e que mais falta me faz. a mãe, a minha mãe.




filha Isabel
filha de 10 meses, que em tão pouco tempo me ensinou tanto. a ter medo e inseguranças, mas a ultrapassá-las com amor. a pessoa que fez crescer em mim as garras e a afiar os dentes, que me faz despertar à mínima respiração, que me fez desdobrar em mil e descobrir em mim talentos adormecidos. a pessoa que me estimula, todos os dias, todas as horas a crescer com ela, a ser melhor, a separar o importante do acessório. a bebé pequenina que me faz crescer o coração, que fica de um tamanho que nunca pensei ser possível. a pessoa que me faz perder horas de sono, mas ganhar dias de sol, mesmo quando chove. a filha com que sempre sonhei e que me transformou para sempre.


Obrigada às três.

Joana

Afinal havia outra (#05) - Vida em nós

Sete meses depois de perder a minha Mãe descobri que estava grávida. Engravidei em Maio de 2013, na semana do Dia da Mãe, o primeiro que vivi sem a minha. Curiosamente, um dos últimos pedidos que a minha Mãe me fez foi que lhe desse um neto. Um pedido feito na cama do Hospital, rodeada de fotografias e de objetos desnecessários aos olhos dos outros, mas que a aproximavam de casa. Lembrou-me que a vida passa depressa, que os sonhos não devem ser adiados. Nesse dia, pensei de forma ainda mais séria sobre o assunto: ser Mãe. Eu que estava cheia de medo de perder a minha, que enfrentava a desilusão de perceber que os pais não vivem para sempre - o que não é o mesmo que dizer que “não são eternos”. Porque os pais são eternos. As Mães são feitas de uma massa tal, que conseguem estar presentes na beleza de uma flor, nos pingos da chuva que nos fazem cócegas no rosto, no bolo acabado de fazer, no som do mar que nos embala a alma. Não é à toa que no final da gravidez a nossa barriga se assemelha a uma lua cheia. Lua, o único satélite natural da Terra cuja superfície se mantém intacta há milhões de anos, tal como o amor de Mãe, que é feito de matéria imaculada e inalterável, da matéria que são feitos os sonhos e o amor incondicional, amor que nunca morre, que com o tempo só cresce e permanece.



Estas palavras que escrevo não são sobre a perda, mas sim sobre a vida. Ou melhor, sobre o prolongamento da vida garantido no momento do nascimento dos nossos filhos.

A minha filha Clara nasceu no dia 7 de Fevereiro de 2014 e desde esse dia passei a viver com metade do coração fora do peito, porque é também dela este músculo que há um ano pulsa dentro de mim de forma surpreendente e inesperada. A Clara é muito mais do que imaginei. É plena de luz, de uma serenidade que contrasta com a sua curiosidade, tem uma alegria contagiante e um entendimento fora de série. E apesar de (quase) todos dizerem que é a cara do Pai, tem o meu sorriso e um olhar expressivo como eu. Pelos olhos dela vejo o Mundo pela primeira vez.

Quanto à Avô Juca, não tenho dúvidas da cumplicidade que tem com a neta, construída não neste plano físico, mas num outro qualquer que as palavras não explicam. E sei que a visita em sonhos, desde o dia em que nasceu, e que é por isso que a Clara sorri tanto enquanto dorme. Imagino-as a percorrerem campos povoados de girassóis, com os cabelos ao vento, a encostarem búzios ao ouvido para escutarem o som do mar, a abrirem todas as janelas de casa para deixar o sol entrar, dia após dia.
As Mães jamais se perdem, porque as Mães são ternas e eternas, porque cada filho que nasce acrescenta vida à (nossa) vida. 
 
Palavra de Mãe (da Clara).

Sandra Torres
mãe da Clara, de 11 meses (quase 12)