Há quatro meses que não durmo mais de quatro horas seguidas.
É esta a nossa realidade. Mantive sempre a esperança de que os primeiros meses
eram os piores e depois melhoraria. Era e é o que toda a gente me diz. Mas
agora que atingimos os quatro meses estamos piores que nunca. Um bebé que
adormecia relativamente bem ao cair da noite, embora mantivesse as suas rotinas
de mamar de duas em duas horas ou de três em três, neste momento não adormece.
Cheio de sono, chora desalmadamente, ao colo, no berço, na nossa cama, em
movimento. Já tentámos várias abordagens, banho, sem banho, muita mama nas
horas antes, biberão com o meu leite para ter a certeza que o deito de estômago
cheio, nada. Se antes conseguia adormecê-lo em alguns minutos e ter pelo menos
quatro ou cinco horas de sono na primeira parte da noite, agora nem uma coisa
nem outra. Durante o dia dorme lindamente. Faz três sestas de meia hora a duas
horas e nem precisa de ajuda para adormecer, assim que detecto os sinais
deito-o logo e assim fica serenamente. Mas já me custa, ao fim de tanto tempo,
fazer qualquer tipo de racíocinio. Noto-o em coisas pequenas. Esqueço-me de
coisas importantes quando saio de casa, não tenho paciência para conversa de
circunstância, não tenho vontade de escrever, quase nunca encontro as palavras.
Fico a matutar imenso tempo em listas de coisas para fazer e nunca as dou por
terminadas. O pior é ao cair da noite. Fico exausta. Apetece-me chorar por
saber o que me espera. Tenho posto todas as técnicas que vou lendo em prática,
todos os livros, posts, textos que encontro sobre o sono dos bebés. Leio em
demasiados sítios diferentes que após os três meses os bebés começam a dormir
mais horas e, mesmo sabendo que, nestas coisas da parentalidade, o pior que
podemos fazer é comparar, encho-me de desalento ao constatar que o meu filho é
a excepção à regra. Pode ser que seja uma fase, um pico de crescimento, que com
a introdução da comida daqui a um mês/dois meses melhore. Mas caio em mim ao
pensar que dois meses são ainda 60 noites em que não vou dormir. Agora sim,
percebo o que toda a gente me dizia quando estava grávida, para aproveitar para
dormir. O problema é que o sono não é cumulativo. Posso dormir uma semana
seguida agora, mas se nos dois dias seguintes não durmo, volta tudo ao mesmo. É
a verdadeira tortura do sono. Daqui a uns anos, quando ele entrar na
adolescência e quiser dormir até ao meio dia, vou vingar-me. Já tenho as tampas
das panelas guardadas para essa fase. Aí vamos ficar quites.
Joana Diogo
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