Ah! Fiquem a saber que a Irene voltou a dormir mal. Não tão mal como dantes (de uma em uma hora ou de duas em duas), mas já não é o festim que era a semana passada. Pronto, era bom demais!
Bom, seja como for, na mesma, custou-me a adormecer ontem à noite. Não só por causa do calor (a nossa casa é estupidamente quente) mas também porque tenho um gato que verbaliza muito quando está escuro. O Noddy farta-se de falar, feito parvo. Começo a achar que ele é tipo morcego e que se guia no escuro com o retorno dos barulhos nas paredes.
Isso pos-me a pensar (wow) que um dia não terei os meus animais comigo. Um dia a Bubbles e o Noddy já não farão parte do presente da família.
Que belo post para segunda-feira, não é? Animado, isto! Não queria, de todo, por-vos tristes nem nada, mas queria partilhar isto convosco.
Eu penso muito nas coisas por antecipação e isso faz com que depois lide melhor com elas. É como funciono. Como não consigo pensar no "presente" por ficar muito aflita ou nervosa, tento configurar o sistema antes.
Preocupou-me a Irene ter que passar pela perda. Ainda por cima são dois. Claro que será diferente consoante a idade, mas não queria mesmo ter que explicar nada disto, apesar de fazer parte da vida, não é?
Lembro-me de me terem dito que um familiar qualquer meu (desculpa, mãe, mas não faço a mínima ideia quem era, alguém de Melgaço, suponho) tinha atado uma corda à lua e que não conseguia voltar.
Duas coisas:
1 (pensamentos duma criança) - Que raio de corda tão grande era essa? E como é que ele conseguiu lá chegar na mesma? Trepou aquilo tudo? Não ficou assado das mãos? Como parava para comer e para fazer xixi? Depois o xixi caía cá para baixo e as pessoas pensavam que era chuva? Se o homem era adulto, por que raio queria ir à lua com uma corda se havia naves espaciais? Se é uma coisa que demora algum tempo, por que é que ninguém procurou por ele se a corda continuava pendurada na Terra? Por que é que não consegue voltar? Ata-se outra corda e vai outra pessoa atrás. Depois chamam uma nave espacial e vão buscá-los. Por que é que ninguém o vai buscar? Fez uma patetice e ficou sozinho? E agora morre à fome lá na lua? Vai morrer na mesma com corda ou sem corda.
2) Acho que não acreditei em nada disto, sinceramente, mas fingi que sim porque reparei que também estava a ser mais fácil para a mãe contar-me isto assim. Acho que estávamos na cozinha da casa de Oeiras, mas ela vai dizer-me que não, porque tudo aquilo de que me lembro está errado ou nunca aconteceu. Eu já sabia o que era morte. Já tinha tido cágados que tinham morrido (ou hibernado e deitados fora), peixes, familiares de amigos meus, até meus familiares quando eu era mais pequenina.
Estou tentada em contar-lhe a verdade (quando for, claro, que parvoíce de preocupação tão antecipada, não é?) mas ela é capaz de não entender. Digo-lhe que o quê? Que o coração é uma máquina e que se estragou?
Como é que vocês lidaram com isto? Também não quero que ela seja a miúda que vai para o infantário explicar o que é a morte a toda a gente... Ainda chamam a assistência social!