Onde é que li isto?
"Aprendemos a ser pais quando somos filhos e aprendemos a ser filhos quando somos pais".
Faz-me cada vez mais sentido.
Decidi há muitos anos que, se fosse mãe (ou, na altura, acho que ainda pensava "quando fosse" - depois houve uma altura em que deixei de querer ser e depois, como sabem, fui na mesma, ahah), iria fazer tudo de maneira diferente. Agora sei que talvez não tudo, mas sinto que sei o que quero fazer, mesmo que ainda vá tendo de ir conhecendo o caminho.
Sei que o que tenho de fazer pela Irene é fazê-la compreender todas as suas capacidades. Fazê-la sentir o que é amor na pele (para não se contentar nunca com menos) e ensiná-la a amar (para não se contentar nunca com menos).
Quero que ela saiba que não há limites. Que consegue tudo aquilo em que acreditar, mesmo que aquilo em que acredite vá mudando todos os dias.
Quero que não tenha medo de imaginar, de supor, de mudar de opinião, de se enganar e de aprender com isso. Quero que ela saiba que deve zangar-se, deve dizer que não, deve dizer que sim, deve sorrir, deve ser palhaça, deve ser bem educada, deve fazer o que sentir sempre que é verdadeiro. Quero que sinta.
Quero que veja sempre o que está além do imediato. Que as pessoas parecem más, mas na verdade estão zangadas ou magoadas. Isso não quer dizer que tenhamos de ser amigos de toda a gente, mas sim não nos ligarmos uns aos outros através do ódio.
Quero que ela perceba que aquilo que ela é muda. Que ela não é o que lhe dizem ou o que costuma achar que é. É o que tiver de ser e o que for sendo e o que é muda consoante... tudo. Inclusivé se é amada ou não e se ama.
Quero que saiba que pintar fora do risco está certo. Quero que proponha coisas impensáveis com a esperança que lhe digam que sim. Sim, Irene, podes pintar-te toda.
Quero que se lembre dos meus sins e que procure como dizer sim ao longo da sua vida.
Quero que saiba que o meu papel não é ir à lua por ela, mas é mostrar-lhe que a carrego até onde puder e que lhe mostro um dos caminhos.
Agarra um bocadinho da lua, Irene. E vê se gostas. Se não gostares, não tens de querer muito uma coisa só porque está longe.
O que está perto é fabuloso também. Principalmente com os teus olhos.
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