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9.10.2017

Desconfiem da Mãe perfeita

Estão perante uma mãe que faz, acontece, tem tempo para as bolachas caseiras, para as unhas sem uma mossa, para o cabelo sem raízes, para o ioga e para um copo, para uma casa a brilhar e roupa impecavelmente engomada, zero ajudas, que ainda realiza pedipapers, vende bolos na quermesse, trabalha 9 horas fora de casa, passa imenso tempo com os filhos, lê livros, uns atrás dos outros, está feliz e realizada, fala com toda a calma do mundo, nunca stressa e ainda tem aquele bumbum todo empinado. Desconfiem.

Estão perante uma mãe cujos filhos dormem bem, comem bem, nunca fizeram uma birra, não pintaram uma parede nem um sofá e fazem sempre o que lhes é pedido e ainda têm a roupa toda aprumadinha e brincam imenso na rua, são óptimos a tudo: desportos, música e mandarim. Desconfiem. 

Estão perante uma mãe cujos primeiros tempos foram maravilhosos, zero dores, casa impecável, jantar sempre pronto para quem a for visitar, sorriso nos lábios e zero olheiras, percebe à primeira o que o bebé quer, raramente chora, raramente dá más noites, adormece sozinho, não faz cocós até ao pescoço nem pede colo a cada minuto, tem tempo para tudo, tudo controlado, nunca se esquece de nada quando sai de casa, faz tudo como dantes e a vida segue igual, mas melhor. Desconfiem.

Estão perante uma mãe que nunca se culpou, nunca desesperou, nunca teve saudades de nada da vida sem filhos, nunca se queixou, nunca teve medo, nem dúvidas, nunca quis ser ou fazer diferente. Desconfiem.

Desconfiem da mãe perfeita. Desconfiem da mãe que consegue tudo a toda a hora sem queixume, só com optimismo e contorcionismo e onda zen e que ainda joga com o baralho todo. 
Desconfiem porque a omnipresença e a omnipotência dá tanto trabalho que dificilmente se consegue manter, ad eternum. 
Desconfiem, não no sentido de puxar para baixo quem assim é - ou pensa ser - mas no sentido de não almejarem ser igual. Não vão conseguir. Não o tempo todo. 

Ser bem sucedida, fazer carreira, mãe presente, mulher extremosa, amiga irrepreensível, cozinheira dedicada, pessoa voluntariosa, cujos dias parecem ter 57 horas e um ar que transmite paz de espírito, segurança e completude, tudo, ao mesmo tempo, não vai dar. 

Desconfiem que seja possível ser perfeita. Ou desconfiem que estar no controlo de tudo - ou achar que se está - seja quanto baste para ser feliz. Desconfiem mais ainda que as crianças ou os bebés sejam mini-adultos, sem necessidades especiais, sem precisarem de testar, sem espaços em branco que precisam de ser preenchidos. Se desejamos um filho que fique sempre quieto, compremos um tapete. Se desejamos um filho que não chore, compremos um boneco a pilhas. Se desejamos um filho que durma logo a noite toda, adoptemos um já adulto (e, mesmo assim, sem garantias). 
De forma alguma devemos nivelar por baixo, esperar o pior, encarar a vida de forma pessimista. Mas ter as expectativas muito elevadas, esperar de nós e dos nossos filhos algo que não estamos preparados para ser, pode trazer frustração.

Mães e pais imperfeitos, filhos em construção, casas que às vezes parecem caóticas: é Vida, com altos e baixos, sempre a pulsar. O mais normal é isso. Desconfiem do resto.

Fotografia I Heart You

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8.25.2017

A mãe que eu acho que sou, a mãe que eu quero ser e a mãe que as minhas filhas vêem

A mãe que eu acho que sou

A mãe que eu quero ser

A mãe que as minhas filhas vêem

não são a mesma.


A mãe que eu acho que sou, está cheia de "ses", cheia de "tenho de" e "devia". Tem culpa debaixo da pele, tem medo de estar a errar, grita muito e não dá tudo o que poderia dar.

A mãe que eu sou quer ser outra mãe muitas das vezes.

Mas, nos momentos mais lúcidos, vejo que a mãe que as minhas filhas vêem em mim é mais do que suficiente. Elas não me julgam como eu me julgo. Não me apontam dedos, nem exigem que eu seja o que não sou. Olham para mim com olhos cheios de ternura. A Isabel desenha-me sempre que faz desenhos e diz-me que eu sou linda. A Luísa corre-me para os braços e aninha-se a pedir maminha. Sorriem-me com a boca e com os olhos. A Isabel apanha flores para me pôr no cabelo. A Luísa vai pôr cuecas minhas ao pescoço, como se fossem colares, para me fazer rir. Elas adoram-me.

Eu basto-lhes.



Susana Cabaço Fotografia
Site aqui.


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8.24.2017

Maternidade Low-Cost.

Coisas que, três anos depois, não teria comprado e teria poupado imenso dinheiro: 

- Brinquedos de plástico

São datados, são irritantes e não ficam bem em lado algum. Prefiro comprar ou instrumentos musicais (tem muitos) ou brinquedos de madeira de maior duração e cuja utilidade vai mudando consoante o desenvolvimento dela. 

- Peluches

Para quê tantos? A maior parte não fui eu a comprar, mas já reparei que eles escolhem um ou dois e os outros são só "malta". 



- Pratos infantis

Que parvoíce, como é que caímos nesta? Who cares o tipo de prato? Além de que eles, ao comerem nos nossos pratos até ganham uma noção de consciência e responsabilidade diferente (claro que não lhes daríamos os pratos tão cedo para as mãos, só quando estivessem preparados).

- Milhares de copos de plástico assim e assado. 

A bebés que bebem de um copo, sem mariquices. Será que não dá para passar de um para o outro ou usando as palhinhas, simplesmente? Desconfio que um próximo não terá acesso a 88 maneiras de beber água por garrafas diferentes. 



- 48 talheres

Sejamos honestos, pomos a loiça a lavar ou lavamos a loiça com alguma frequência. Não precisamos de ter talhares como se deixassemos de ter água em casa durante semanas. 

- Esterilizador de biberões

No meu caso praticamente não usei biberões, mas também reparei que a fase de esterilização passa rápido e que não é necessário um mono lá em casa. 

- Demasiada roupa

Fazendo as contas à quantidade de vezes por semana que se lava e passa roupa, só precisamos de x número de conjuntos que, se alternarmos, darão um dobro. A Irene tem roupa demais para cada estação, mas vai deixar de ter, muahah. 

- Chuchas

Apesar da Irene não ter usado chuchas, chegou a uma altura que tenha 342. E, que saiba, eles têm uma ou duas que gostam (se não tiverem tantas alternativas devem conformar-se mais facilmente, digo) 



- Muitos sapatos

Apostar nos neutros e para estilos variados! A Irene precisa de um par de ténis, umas botas, uns sapatos mais betos, umas sandálias e uns chinelos. Porque é que parece ter tantos sapatos como eu (mesmo sabendo que o pé dela cresce e vai tudo a abrir não tarda!). 

- Berço

Nunca teria comprado o berço, teria passado imediatamente para o colchão no chão no quarto dela. Sem berços para não me enervar. É uma mini-jaula tanto para nós como para eles. E quando temos que os por no berço depois de duas horas a embalar? Não havendo berço.... mais fácil ;)

- Trocador

Se se planear bema  mobília, qualquer cómoda poderá fazer de trocador com algo fofinho para por o bebé por cima. Simples. 



- Mala do bebé

Compramos uma mala maravilhosa para arrumar tudo em todo o lado mas, na verdade, qualquer mochila serviria para o mesmo. Criativamente até poderíamos ter criado compartimentos com saquinhos, caixas o que for. 

- Cadeira de alimentação XPTO

Que parvoíce. Nem vos digo quanto custou a nossa cadeira de alimentação, quando as do Ikea servem perfeitamente... e custam 1/1000000 dos euros além de lhes termos menos amor e deles poderem brincar à vontade com menos avisos. 

- Livros de Puericultura

Andei a ler porcarias imenso tempo e a comprar demasiados livros muito cocós até chegar aos melhores. Podia ter tido uma mãe amiga que me soubesse guiar, mas não tive. Tempo e dinheiro perdido. 



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8.14.2017

E se deixarmos de ser tontas?

Cada vez mais adoro mulheres. 

Houve  alturas na minha vida em que me tornei territorial, em que olhava para as mulheres (miúdas na altura) magras como se a magreza delas me engordasse. Como se elas tivessem a culpa de que eu não gostasse de mim. Como se houvesse um tabuleiro de corpos e elas tivessem conseguido os melhores primeiro e eu, que cheguei mais tarde - ou porque tropecei numa mama - fiquei com a ralé. 

Quem mais que não as mulheres para nos perceberem melhor sem nos acharem malucas? 

Não falo de todas as mulheres, porque há mulheres que destilam ódio gratuitamente em blogs (tanto a fazer posts - eu já fui assim  - como a comentar), há mulheres que não respeitam os seus filhos, há mulheres que... 

No entanto, se fôssemos em busca da nossa alma gémea, de alguém que nos compreenda e que sinta as mesmas coisas que nós, que fale a nossa mesmíssima língua, bem mais provável que a encontrássemos numa mulher, digo eu. Daí sermos tão afeiçoadas às nossas melhores amigas. 

As nossas melhores amigas que cumprem o papel de serem uma sombra nossa. Que não nos largam mesmo quando estão longe. Que, mesmo num silêncio de semanas, sabemos que basta 1 segundo para tudo ser "como sempre". Não tenho irmãs, mas calculo que o sentimento seja semelhante. 

Faz-me confusão como é que nós (estou mesmo incluída), na fase em que mais precisamos de sentir que nem tudo está errado, que não estamos malucas, que não estamos a falhar muito, que não somos piores que outras, temos a tendência para nos separarmos e dividirmos. 

Bem sei que estamos inseguras e que precisamos de muita força para acreditar nas nossas escolhas para as conseguirmos levar avante. Estamos cansadas e estamos "na berlinda", com a missão mais importante das nossas vidas em mãos: fazer com que o nosso filho, além de sobreviver, seja feliz. 

Porque é que acham que os blogs de maternidade têm tanto sucesso (também)? Algumas mães gostam de ver nos seus blogs espelhada alguma perfeição, podendo dizer a si mesmas que é tudo fabuloso porque nas fotos parece. Quem lê (estou a generalizar, claro), sente que é por ali o caminho e acha que ao comprar aquelas camisolas ou aqueles brinquedos, tirando talvez aquelas fotografias que a felicidade poderá estar ali. 

Ninguém usa ninguém ou toda a gente usa toda a gente. É uma relação. Há muitos motivos para se escrever, para se fotografar (além de blogs que já dêem dinheiro - ai também é uma motivação, posso garantir) e há imensos motivos para ler, para comprar. 

Hoje em dia, quando compramos coisas, é porque achamos que nos trazem algo mais que utilidade. Aquela camisola faz-me sentir bonita, aqueles cereais vão ficar bem nas fotografias, isto vai fazer com que sinta que faço parte do grupo de pessoas que usa estes ténis... Estamos a comprar pensos rápidos para a tristeza, solidão, insegurança... 

Ficamos focadas naquelas que parecem tão felizes mas que, se calhar, ou adormecem dormentes por não quererem pensar em nada para o mundo não desabar ou  adormecem a pensar que mentem para si mesmas e para o mundo e se sentem ainda mais negras por isso. 

E se, em vez de tudo isto, deste frenesi todo (no qual estou incluída, claro), tentássemos calar a urgência e investíssemos no que está por baixo das roupas e dos colares e dos vestidos? E se começássemos a querer coisas substanciais  em vez de mais uma camisola que durante 3 ou 4 vezes nos deixa com moca de "coisa nova", mas que rapidamente passa a ser mais uma? 

Creio que o segredo poderá estar na nossa união. Se nos passarmos a ver umas às outras. Se baixarmos o nosso imediatismo e olharmos para o outro (neste caso, a outra) como gostaríamos de sermos vistas: com atenção e carinho.

Se déssemos verdadeira atenção uns aos outros, não estaríamos tão sedentos dela e não seríamos tão histéricos nas redes sociais, na roupa, nas compras, nos saldos... 

Longe de mim querer dizer que isso está errado. Mais uma vez digo que faço parte desse carrossel e que tenho tentado abrandar ou, pelo menos, desconstruir o que se passa.

O que quero dizer é que todas procuramos colo, todas choramos (umas mais caladas que outras) e precisamos de alguém que nos dê atenção - até nós mesmas - e tudo seria mais saudável e mais bonito e mais verdadeiro se procurássemos isso nas nossas mulheres, por exemplo.

Na nossa mãe. 
Nas nossas avós.
Nas nossas primas. 
Nas nossas amigas.
Nas "nossas pessoas"

Quem mais compreende a angústia ou as vitórias de uma mãe que outra mãe? 

Somos feitas do mesmo. Queremos o mesmo, talvez por caminhos diferentes. 

Só isso.

E, como me tem dito uma amiga  - de formas bem mais encantadoras - "é  na diferença que está a riqueza". 

Vamos deixar de ser tontas? 


7.11.2017

Top 10 do Pior de Ter Filhos

Acho que tenho andado muito positiva por aqui e não quero tornar-me daquelas mães todas cor-de-rosa que parece que não têm problemas na vida ou que a Irene é a filha perfeita, mas há fases, há coisas e momentos. E se muitos já passaram, outros virão.

Fiz um directo convosco ontem para falar deste assunto e "escreveram" este post comigo (obrigada), aqui vai, pela minha ordem, o TOP 10 do pior de ter filhos. 

Fotografia The Love Project
Vestido Moki & Mar


10 - Queda de cabelo 

Epá, como se já não chegasse termos o pipi ou a barriga todos esfrangalhados, ainda temos que lidar com o facto da nossa testa ter mais área que um campo de futebol. Se já nos andamos a sentir como se tivessemos chafurdado todos os dias num balde de banha de porco, ainda nos espetam com a cara toda uns 20 cms abaixo do que seria suposto. 

Durante a gravidez não perdemos cabelo, acontece por motivos hormonais. Não se encham de produtos desnecessariamente. Eles voltam a crescer. 

9 - Eles crescerem tão rápido

Por um lado considero uma benção porque a fase de recém nascido me custou muito e só queria que acabasse. Por outro lado, a Irene já está uma mulherzinha e custa-me um bocadinho que o tempo não volte atrás (e que, nessa viagem ela estivesse a dormir, caladinha, sem me azucrinar). 

8- Gerir a divisão de tarefas entre pais

Foi o que disse no directo ontem. Há que tentar deixar claro quais são as funções e a participação de cada um logo no início para depois, quando se tentar mudar os papéis, não apanharmos más surpresas. A questão da "justiça e igualdade para géneros" não tem que funcionar para todos, mas encontrem o que funcionar para a família e vos deixe a TODOS mais felizes. 

Leiam este texto brilhante da Joana Paixão Brás: "Os pais não têm que ajudar"

7 - A árdua tarefa de amamentar

Muito ligada ao ponto 5. Um questão muito íntima. É uma árdua tarefa porque exige muito trabalho e dedicação, muita paciência e, às vezes, sacrifício. Muita informação e auto-controlo. Porém, não tem que doer: procurem ajuda de especialistas e certifiquem-se que têm a melhor experiência possível se esse for um objectivo para vocês e para o vosso filho. 

Leiam aqui tudo o que já escrevemos sobre amamentação. 
Peçam ajuda a especialistas como na Clínica Amamentos, na Linha Vamos dar de Mamar, nas Redes Amamenta. Simples busca no Google que poderá mudar a vossa vida. 

Fotografia Joana Hall


6 - As mudanças no nosso corpo 

Não tenho muita ligação a este ponto porque nunca tive um corpo do qual gostasse muito. Pelo que "mais um bocadinho aqui e ali" não me deu vontade de me atirar de um 4º andar - só de um r/c, vá. Porém, conheço muitas mulheres que, até apavoradas por este assunto, não conseguem saber se querem ou não ser mães. O corpo muda, mas podemos, a seu tempo, melhorá-lo também. Passados 3 anos da Irene, consegui encontrar espaço para ir 4 vezes por semana ao ginásio. Talvez também consigam - espero que sim. 

5- Falta de liberdade 

Sim. E sentimento de culpa por sentirmos que precisamos dela. É verdade. A gravidez não acaba ao fim de 9 meses. A gravidez é um estado que se prolonga e cujo parto vai acontecendo devagarinho ao longo do tempo. A sorte é que já não temos que os ver só na ecografia e o retorno vai sendo cada vez maior com carinhos, sorrisos, conversas, perguntas... Está feito para que as recompensas igualem os desafios - digo eu. 

4 - Gerir a opinião alheia

Tanto a nossa insegurança como a dos outros faz-nos falar muito, duvidarmos muito de nós e pouco de quem fala. Paremos para resolver as nossas questões e para as tirarmos a limpo porque a melhor "arma" - para deixarmos de estar tão vulneráveis aos encontros com pessoas (muitas das vezes até bem intencionadas) linguarudas que nos põem bichinhos na cabeça e que muitas vezes foram outras que os meteram nas delas. Existe leite fraco? Não. Por exemplo. 

3 - As doenças  

Pior do que ver aquela fonte enorme de energia e de luz, apagadinha... sem podermos ajudar com mais nada a não ser beijinhos e xaropes? Não há. Sentir esta incapacidade de fazermos o nosso papel é terrível. Porém, conseguimos ter mais tempo com eles para lhes mostrarmos que estamos aqui e que cuidamos deles, para sempre. 

2- Choro incontrolável 

Ainda hoje tenho pesadelos com isto. Com o choro que a Irene tinha ao final do dia porque sim, porque estava hiperestimulada, porque já tinha sono, porque o cortisol tinha subido demasiado e porque ainda não tinha ferramentas de auto-regulação. Sinceramente, resolvi tudo quase sempre com a mama na boca. É uma das melhores coisas de amamentar. A mama serve 90% das vezes, não andamos tanto aos papéis, mas quando andamos... elouquece-nos e é mesmo suposto que assim seja, sabem? Está tudo feito para que sintamos urgência em cuidar deles. As mães estão programadas para isso hormonalmente. 

Nos recém nascidos há algumas dicas para interpretar o choro deles, ajudou-me imenso, a Irene chorava exactamente como dizem aqui

1- Privação de sono 

É.a.piorzinha.coisa.pela.qual.passei.desde.que.nasci.e.acreditem.que.já.tive.alguns.dissabores. É uma morte lenta. É algo que nos vai chupando vida, vontade, côr, felicidade. Que só não nos apaga o amor por eles, mas que quase que nos tira a paixão. É um sentimento enorme de injustiça. Como é que o nosso próprio bebé nos corta os sorrisos? Ser mãe é duro. É mesmo. 

Leiam tudo o que já escrevemos sobre sono aqui.

Aconselho "Os Bebés também querem dormir" da Constança Cordeiro Ferreira e/ou marcarem uma consulta com ela, se sentirem que precisam de ajuda. 


Mudariam a ordem? Querem contar-me mais? :)


✩✩✩✩✩✩✩✩✩✩

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7.03.2017

Vais ficar viciado no colo.



Vais ficar viciado no colo. Na mama. Nas minhas mãos que te confortam até adormeceres. Nos meus beijinhos pelo corpo todo logo pela manhã. No facto de assim que choras eu pegar em ti e mostrar-te que estás em segurança. Em adormeceres na nossa cama de madrugada quando tens noites mais agitadas. É isto que me dizem de ti, filho. Que tens um mês de vida mas já tens manha, que sabes manipular-nos a fazermos o que queres. Que vais ser uma criança dependente. 

És o meu primeiro filho, não sei se estou a fazer tudo bem ou tudo mal. Estou a fazer o melhor que sei. A seguir o meu instinto. Aquilo a que já quase ninguém dá importância. Preferem regular-se por horários, biberons, regras estipuladas e choros constantes. Eu prefiro seguir o amor. Porque dar-te colo quando choras, alimentar-te quando queres e mostrar-te que estás em segurança quando acordas no meio da escuridão e do silêncio, é fazer-te crescer com amor. E o amor é a base de tudo. Pelo menos de tudo o que está certo. É a base de uma infância feliz, das hormonas que te dão leite, de uma família equilibrada e de adultos conscientes e humanos. É o amor que vence sempre. Qualquer luta ou batalha, qualquer medo que se atravesse à nossa frente. 

Fala-se tanto de traumas de infância, de adolescentes rebeldes, de psicoterapeutas para resolver problemas psicossomáticos, de dizer sim ou dizer não. Mas continuamos a cruzar-nos com pessoas que assim que olham para nós decidem aconselhar “não o habitue ao colo”, “deixe-o acalmar-se sozinho”, “não lhe dê mama sempre que quiser, senão não quer outra coisa”, e tantas outras barbaridades. Pais que se queixam de não compreender os filhos, mas que os deixam horas a chorar no berço ignorando completamente os pedidos dos mesmos. Que fazem cursos pré-parto, pesquisam todos os sites possíveis, lêem todos os livros sobre bebés, mas ignoram tudo porque a vizinha lhes disse que as teorias estão todas erradas.

Não sei se tens manha, se me manipulas, se já vens ensinado, se nunca mais vais adormecer sozinho ou aos dez anos ainda vais queres passar a madrugada na minha cama. Mas sei do que precisas agora. Do que me pedes. Do medo que tens do escuro e do silêncio. Do colo que te faz já sorrir para mim. Do amor que tenho para te dar e da segurança que me exiges. É por isso que vamos ignorar o mundo à nossa volta e crescer os dois no que é certo para nós, no que nos faz felizes, com ou sem manha, mas com muito colo pelo meio.





Joana Diogo
A Joana escreve no O que vem à rede é peixe
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4.02.2017

Coisas imprescindíveis para o bebé (e para nós)

Já fizemos aqui algumas listas de maternidade, mas resolvi compilar as várias e - agora que já passei pela experiência de parto no público - fazer uma a conjugar tudo: coisas para a maternidade e coisas para a casa, para os primeiros tempos. É sempre útil.

MALA DE MATERNIDADE DO(A) FILHO(A)
- Três babygrows fáceis de vestir (nada destes para os quais a Joana Gama chamou a atenção aqui que, por sinal, eram do género do primeiro que a Isabel vestiu e tive as enfermeiras em stress a tentarem vestir-lhe aquilo). Acho que, no verão, de algodão serão suficientes.
A primeira roupa da Isabel e da Luísa <3
- Três bodies de manga comprida, de algodão (compro os interiores e os pijamas quase todos na Primark)
- Três calças interiores (Zippy) ou collants (Calzedonia, Zippy, Condor - estas com números pequenos)
- Um casaquinho de malha
- Um gorro (perdem muito calor pela cabeça), mas depende muito do calor do hospital
- Quatro pares de meias
- Fraldas q.b. (alguns hospitais dão as fraldas, mas não custa levar umas quantas e se for preciso alguém traz mais). Eu comprei Dodot para a Isabel e para a Luísa experimentei estas ecológicas da Bambu, à venda por exemplo na Origami Kids [Dizem que as Libero para recém-nascido também são muito boas]. Depois de recém-nascido, uso Dodot ou Pingo Doce.
- Compressas (não usei toalhitas nos primeiros meses), limpava apenas com compressas com água quente - é melhor para eles.
- Fraldas de pano (uma ou duas) ou sacos: no meu caso, fiz uns envelopes com as fraldas de pano para cada uma das mudas de roupa, selados com alfinetes de ama, mas também têm estes saquinhos giros e baratos que descobri esta semana na Dois + Dois = Quatro, que dão para usar também para organizar as malas de viagem

- Toalha para o banho
- Produtos de higiene para o bebé e creme muda-fralda
- Tesourinha ou lima (gostei mais de tesoura) e soro fisiológico



Não acho necessário:
- Chucha (para não atrapalhar a amamentação) nem biberon
- Sapatos nem gangas ou coisas desconfortáveis


MALA DE MATERNIDADE DA MÃE
- Três camisas de dormir (ou aquilo que for mais confortável para vocês, equacionando que têm de  despir para dar mama) - usei umas da Primark e outras da Woman Secret


- Chinelos (de banho e de quarto, ou só de banho)
- Kit higiene + cremes (levo maquilhagem básica porque sou vaidosona no dia de vir para casa)
- Soutiens de amamentação (dois ou três): adoro estes sem costuras das H&M (ainda os uso).
- Discos absorventes para pôr no soutien (caso tenham a subida do leite logo lá)
- Purelan, da Medela - pomada para os mamilos - ou dois cremes que encontrei na Origami Kids - este bálsamo para mamilos e este, um pouco mais espesso, de que gostei muito!


EXTRAS QUE ME SALVARAM A VIDA:
- Elástico para o cabelo (parece ridículo, mas depois esquecem-se e dá tanto jeito!)
- Spray de água termal da Vichy - cara e lábios sempre hidratados. Levei para as duas e sempre adorei a sensação.
- Tena Pants - Ah, pois é, minhas amigas, também eu pensava que me ia guardar lá para os 70 anos, mas segui o conselho não sei de quem, experimentei e não quis outra coisa (quer dizer, quis, quis outra coisa, mas enfim, teve de ser). Ainda experimentei uma vez um penso numa daquelas cuecas de rede que nos dão no hospital e não tem nada a ver, deslocam-se, saem de sítio e é desconfortável. Com estas cuecas-penso (há também de outras marcas em qualquer farmácia ou hipermercado) não há risco de nada sair de sítio, ajustam-se bem e estamos sempre confortáveis. Além de que se rasgam para despir, não tendo de fazer grande esforço para nos baixarmos. Recomendo, sem dúvida! 
- Carregador telemóvel + máquina fotográfica (com cartão e bateria carregada)

COISAS QUE ME SALVARAM AS MAMAS EM CASA:
ler este post - Como sobrevivi ao primeiro mês de amamentação

EM CASA:
- Berço para estar coladinho à nossa cama: nos primeiros meses, pelo menos, o lugar do bebé é bem pertinho de nós. Se quiserem poupar uns trocos, ou não puderem meter-se em mais despesas, a cama de grades colada à nossa também funciona, claro.
- Cama de grades: comprei a cama no IKEA para a Isabel e é a que uso ainda com a Luísa. Adoro. Barata e bonita. O colchão também é do IKEA, mas investi no melhorzinho que lá havia. Vão precisar também de resgardo para a cama, lençóis e uma manta. Ou um saco-cama, como preferirem.

Quarto da Isabel em Lisboa (agora bateram umas saudades... eheh)
- Trocador: é dispensável, se tiverem um armário de gavetas com uma largura considerável, onde possam pôr um muda-fraldas. Eu comprei o trocador no IKEA (Gulliver), com 3 prateleiras, que além do apoio à higiene (com fraldas e produtos dentro de cestas de vime da Zara Home), usei também como biblioteca da Isabel, por estar à altura dela.
- Almofada de amamentação: deu-me um jeitaço nos primeiros meses para a amamentar na minha cama e no sofá da sala - temos esta da Mada in Lisbon.
- Banheira 

CASA/RUA:
- Ovo para o automóvel: temos e o Pebble da Bebéconfort e é excelente
- Carrinho
- Espreguiçadeira (para quando precisamos de ir fazer um xixi, comer ou tomar banho e tê-los sempre debaixo de olho). Temos esta.
- Sling/pano/marsúpio ergonómico: acho meeeeeesmo essencial para eles e para nós. Usei primeiro um pano da Vivi&Me e depois usei e uso - muito - estas mochilas.

ROUPAS:
- 10 babygrows, 3 calças interiores de algodão e 10 bodies 1-3 serão suficientes para começar.
Ter três ou quatro bodies 0-1 mês se o bebé nascer mais pequenito (aqui usaram-se muito pouco tempo).
- 3 casaquinhos de malha e 3 casaquinhos mais quentes
- 4 pares de collants

Não acho necessário: esterilizador, biberons, leite adaptado (só caso não queiram amamentar, claro), brinquedos (no primeiro mês não ligam e vão oferecer-vos também).

Mais coisinhas a acrescentar ou que substituiriam?

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2.27.2017

Síndrome do ninho vazio. Já?

As mães têm um bocadinho de esquizofrenia. Ora estão desejosas de ter umas horas para si, sem terem de fazer todos os dias jantares e dar banhos, sair da rotina, ora, quando esse momento chega, ficam com uma espécie de síndrome do ninho vazio (que se aplica, claro, quando os filhos saem de casa para irem viver noutras, para estudar, trabalhar, casar, viver com o(a) namorado(a), sendo um sofrimento relacionado com a perda do papel da função de pai/mãe). 

Eu tenho este síndrome em doses pequeninas quando a minha filha de dois anos passa dois dias com os avós, tias e primas. Tenho saudades, pronto. Sinto a casa vazia, fico a pensar "se a Isabel estivesse aqui, não podia fazer este jantar", imagino-a a dançar na cozinha e a esmigalhar a irmã com beijos ou com umas bordoadas que às vezes lhe escapam das mãos, para de seguida pedir desculpa. Toda essa dinâmica já faz parte dos meus dias. Aposto que até a Luísa, com 9 meses, sente falta da irmã. Com esta mesma idade, estava eu e o David a caminho de Praga para 3 dias sem a Isabel e agora eu não me imagino a fazer o mesmo. Na verdade, gostámos imenso da cidade, mas ao fim de um dia já andávamos loucos cheios de saudades da miúda. Por isso, aquela coisa do "faz-nos bem tirar um tempo para nós" nem sempre se aplica e não se aplica definitivamente a todas as famílias. Cada uma terá o seu timing para dar esse passo.

Mas continuo a defender que lhe faz bem a ela. Que é bom criar estes laços com as primas, com os avós, brincar no campo, fazer bolos, ir à piscina, ir ver os animais, ter experiências diferentes com outras pessoas, para ir aprendendo, devagarinho, a ter de lidar com o facto de nem sempre estarmos por perto, criando outras defesas e alargando o leque de vínculos com outros adultos. Ainda não consegui deixá-la uma semana, mas assim dois, três dias, já consigo. E vem feliz. Cheia de coisas para contar. Vem mais crescida. E eu fico com o coração (ainda mais) a transbordar e pronta a matar todas as saudades.

A Isabel chega hoje. E eu mal posso esperar.


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12.13.2016

10 coisas que uma futura mamã tem de saber

Se estás grávida, ainda no início, meia aluada, com mais enjoos do que se tivesses comido feijoada com ovos moles e tivesses sido enfiada numa montanha russa com 50 loopings, fascinada com cada pontapé, amedrontada com cada incerteza, assoberbada com cada novidade, cansada, pesada e já desejosa que o bebé nasça, este texto é para ti.
Há 10 coisas que uma futura mamã tem de saber.

#01- Não vai haver nada nem ninguém que vás amar mais do que o teu filho. Mesmo que esse sentimento avassalador não surja logo (como aconteceu com a Joana Gama, aqui). Mesmo que pareça que não estás a dar conta nem a dominar a arte de ser mãe. Mesmo que às vezes pareça estar tudo meio enublado e nem saibas bem o que estás a sentir, esta é uma verdade absoluta e vai acabar por revelar-se.

#02 - Nunca mais vais ver noticiários, tragédias que envolvam crianças, páginas de jornais assombrados, da mesma forma. Vais engolir em seco, sentir lágrimas a correr cara abaixo, colocar-te no lugar daqueles pais e estremecer, enfurecer-te e chorar, mesmo que por dentro. Vais tornar-te mais sensível aos problemas, aos anúncios e até comover-te com gatinhos bebés a lamber leite de copos. A pieguice vai abraçar-te, com tudo o que isso tem de bom e de mau. 

#03 - Amamentar nem sempre é fácil. Tens de confiar no teu corpo e na capacidade que ele terá de alimentar o teu bebé; informar-te bastante antes e durante; procurar ajuda a cada dificuldade, porque de certeza que o teu caso não tem um fim anunciado e haverá solução. Já escrevemos muitos textos sobre o tema, aqui (e se já ajudámos, pelo menos, quatro pessoas com eles, queremos ajudar-te também).

#04 - Todos à tua volta vão ter uma opinião a dar-te sobre tudo. Desde o peso do bebé e à "qualidade" do teu leite, à quantidade de horas que lhe dás colo, aos mimos a mais ou a menos, à temperatura, ao modo como o posicionas na cama, à comida que lhe dás, ao apego que lhe tens... Ouve (ou finge que sim), filtra e dá ouvido ao teu coração. Às vezes vai haver ruído a mais, até dentro de ti, mas as tuas escolhas - informadas - serão sempre as mais intuitivas, as mais certeiras.

#05 - Saboreia cada momento. É frase batida, repetida por tudo o que é canto, dita no supermercado por cada senhora que se vai meter contigo, mas é sábia e verdadeira. O tempo urge, passa a correr, e não vais querer olhar para trás e lembrar-te de que passaste demasiado tempo ao telemóvel, a ver programas de lixo na televisão ou a pensar nas mil coisas que tens para fazer. O teu filho está ali e daqui a uns minutos - sim, vão parecer minutos! - já vai estar a viver sozinho.

#06 - Não tenhas medo ou vergonha de pedir ajuda. Vivemos agora mais isolados do que nunca, de portas trancadas, sem conhecer os vizinhos, sem receber tanto os amigos em casa, sem ter a avozinha por perto. Pede ajuda, baixinho ou num grito bem alto. Pede para te levarem uma sopa, pede para te ficarem com o bebé uma ou duas horas para poderes tomar um banho ou até fazer cocó sozinha na casa de banho (!), ir correr vinte minutos, descarregar adrenalina, o que estiveres a precisar. Às vezes as pessoas não querem incomodar, outras vezes não sabem ou não adivinham o que estás a sentir.

#07 - A privação de sono pode enlouquecer-te (ou quase). Por isso, todas as estratégias que te pareçam saudáveis, lógicas e cheias de amor, serão boas. Se tiverem de dormir todos juntos, que o seja [com os devidos cuidados, claro], se precisares de descansar durante o dia, dorme sestas com o teu bebé (e caga nas arrumações da casa), tenta partilhar com o pai da criança as noites difíceis (mais não seja a mudar-lhe a fralda, a tentar readormecer o bebé para conseguires descansar), pede ajuda à Constança Cordeiro Ferreira, do Centro do Bebé.

#08 - O teu bebé não é um alien. Às vezes vai parecer-te que o teu bebé chora mais, dorme pior, é mais difícil do que todos os bebés à face da terra. É mentira. Isso é porque as novelas, os filmes e as colegas do trabalho douraram um bocado a pílula. O normal é um bebé chorar, o normal é um bebé acordar muitas vezes durante a noite, o normal é nós não sabermos muito bem como os acalmar, nem os percebermos logo à primeira. Nem à segunda... É um processo. Fazer contacto pele a pele (sim, mesmo no inverno é possível tê-los coladinhos à nossa pele, vestindo camisolas largas por cima), babywearing e dar muita maminha pode acalmá-los mais. A eles e a nós.

#09 - Todas as fases têm os seus "quês". A fase em que são pequeninos custa porque para eles é tudo novo, precisam imenso de nós, e porque, também nós, estamos a apalpar terreno. Custa também a fase das birras, dos gritos e dos desafios constantes, porque eles não sabem lidar com a frustração de outra forma e porque nós ficamos às avessas sem saber bem como lidar com aquilo. Outras dificuldades virão. É encarar tudo como um desafio, de peito aberto e coração a transbordar, tentando afastar a vontade de gritar e mantendo a raiva longe, porque não resolvem nada. 

#10 - Aproveita todos os segundos que te faltam da gravidez. Mima-te, toma um banho demorado, dorme, se conseguires, vai ao cinema, namora muito, faz promessas de amor, faz o ninho, arruma as roupinhas e as fraldas de pano... as semanas que faltam são como que um prefácio que te deixa com água na boca para o grande desafio que aí vem.

imagem We Heart It


Não são dez as coisas que precisamos de saber antes. Talvez não precisemos de saber nenhuma delas. Ou se calhar até serão mais, muitas mais, mas a magia da maternidade também é essa, a da descoberta.



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10.01.2016

Hoje a Luísa faz quatro meses e hoje fiquei deprimida

Hoje a Luísa faz quatro meses. 

Hoje conheci um casal - ela sueca, ele português - pais do Isaac e do Oliver. O Isaac tem 3 anos e o Oliver 8 meses. Estão cá em Portugal 3 meses, de licença de maternidade. Sim, na Suécia, país onde ele trabalha há 5 anos, as mães têm direito a 380 dias de licença - 13 meses - que podem, se percebi bem, ser usados/espalhados durante anos. A mãe pode tirar, imaginem, 3 dias por semana durante anos. O pai - e isto foi a coisa que mais me espantou - tem direito a 6 meses de licença. Sim, leram bem, mais do que uma mãe em Portugal. Podem fazer este esquema: mãe tira 3 dias por semana e pai os outros 4, sem falar nas horas de trabalho: "começamos às 7h mas depois saímos e ainda temos um dia pela frente, não é como aqui que temos de esperar pelo chefe para sairmos por último". Na Suécia, não há creche antes do primeiro ano dos filhos, não há o conceito de berçário. E eles cá estão, 3 meses em Olhão, com a família dele, a aproveitar a vida, a família, a construir memórias. Fiquei meia deprimida. Viemos passar o fim-de-semana ao Algarve (este ano ainda não tínhamos cá posto os pés), toda contente por estarmos dois dias em família, a achar-nos uns sortudos (que somos, é verdade...), mas há países que vêem mais além, que percebem que os primeiros anos são essenciais para o desenvolvimento de uma pessoa e que mostram que é possível pôr a economia a mexer assim mesmo. A Luísa hoje faz quatro meses e eu fiquei deprimida porque por cá ou temos de pôr uma licença sem vencimento (quando dá...), despedirmo-nos (isto se houver rendimento suficiente na família, o que é raro...), abdicarmos de uma carreira para que os nossos filhos tenham o direito de crescer com uma mãe (ou pai) mais presente. É triste. Pronto, já desabafei.

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8.28.2016

Técnicas para conseguir alta depois do parto

Tinha ouvido um zunzum de que poderia ser no dia seguinte, se tudo continuasse bem. Apesar de todo o carinho que recebia ali, não deixava de ser um hospital, com comida de hospital (acho que perdi o peso todo da gravidez logo à conta daquelas iguarias), com companheira de quarto com horários diferentes, choros de outros bebés, pessoas desconhecidas no meu quarto. Sem televisão, sem um sofá confortável, sem a minha cama larga e grande, os meus lençóis, os meus cheiros. Mas essencialmente sem a minha filha mais velha. Que saudades gigantes! Queria voltar à minha casa, mesmo correndo o risco de ter mais dores, de ter uma pirralha a saltar em cima de mim e a pedir-me colo sem eu poder dar, de ter menos acompanhamento, de temer a subida do leite. Apesar de tudo o que tinha acontecido, do maior susto das nossas vidas, de que falei aqui, eu queria voltar à normalidade. Apesar dos meus olhos ainda inchados de tanto chorar na primeira noite, o resto do meu corpo queria reagir, queria pôr-se de pé. A miúda já tinha tido alta um dia antes, só faltava eu. Então o que fiz?

- maquilhei-me: um pó, um bocadinho de blush para me dar uma corzinha, rímel e um batom claro nos lábios - cuidado para não parecerem transformistas no Finalmente

- pus o melhor sorriso possível na cara - não exagerem no sorriso amarelo, senão ficam a parecer a Betty Grafstein (a senhora do Castelo Branco)

- falei com alegria na voz - mas também não queiram ser Anas Malhoas, alegria q.b., acabaram de deixar passar um pequeno elefante pelo pipi ou foram escurtanhadas como se fossem bife do lombo

- disse à médica que tinha ouvido "por aí" que poderia ser nesse dia, com uns olhinhos de Bambi, e que adoraria ir para casa, "se fosse possível, claro" - mostrem que estão preparadas, que querem muito, mas que a autoridade na matéria é sempre a médica, porque qualquer pessoa com dois dedinhos de testa (até tenho uns doze, como se pode ver) e com alguma sanidade mental percebe que o mais importante é ir para casa em segurança.

Fotografia que enviei à Joana Gama antes de ter a visita da médica no quarto ;)

Antes de sairmos do hospital

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