11.01.2017

No dia do parto, a mãe não estava lá.

Nunca quis ser mãe. Foi algo que sempre disse a mim mesma para não ter que lidar mais com o assunto nem com os constrangimentos de talvez não me sentir apta o suficiente para ter alguém  a crescer dentro de mim e a ser cuidado por mim. Não sabia cuidar, tinha medo de não saber amar. Não estava assim tão longe da realidade.

Mais tarde, tudo me pareceu satisfatório nesse sentido. Na vida nada me estava a saber como deve ser. Parecia tudo cinzento e sempre de noite num armazém vazio repleto de pequenas caixas do meu eu antigo. Estava casada e pareceu-me o próximo passo. Pensei que “a ser mãe, tavez seja agora” que nada me sabe a nada e nada me parece estar a atrapalhar.

Engravidámos. E não houve um único dia dos 9 meses que não tivesse representado uma oportunidade para me afeiçoar à ideia de vir a ser mãe e de ser já uma mulher. Pareceu-me muito tempo, mas talvez tenha sido o suficiente. São 9 meses em que se gera uma criança, mas em que se começa a gerar uma mãe. Que mãe?

No dia do parto, a mãe não estava lá. A mãe estava algures antes de terem começado as contracções e de se ter apercebido que tudo isto era a sério. Apesar das noites sem dormir, das dores enormes de barriga, das dores de costas que não a deixavam respirar e rir a determinada altura, a mãe saiu.

Quando a filha nasceu, estava lá o pai. A mãe não sentiu nada. A mãe tinha saído. O corpo sentiu a perda de algo, mas o coração não ganhou nada. A cabeça perdeu-se em ansiedade e medo e decidiu desligar. Senti nada.

Senti um pouco quando o Frederico a pegou ao colo. Senti como se o meu pai me tivesse abraçado. A menina ao colo do pai, mas não era necessariamente a minha filha.

Dois dias e duas noites de recuperação de filme de terror de algo que tem tudo para correr naturalmente. No meio de angústia e de confusão, os sentimentos eram nenhuns. O teatro apresentava-se como necessário, não fosse “o que é que os outros vão pensar” algo sempre demasiado presente.

Quis ir para casa. Não queria mais hospital, queria começar a vida, mas senti-me analfabeta. Tinha à minha frente aquele que sempre me disseram que iria ser o melhor livro do mundo, mas não sabia lê-lo. Não sabia sequer manuseá-lo. E pior, ele chorava e precisava de mim.

Roboticamente fui imitando o que se vê aqui e ali. O que terei gravado em mim algures de ter visto algo com o meu irmão Pedro, mas nem uma fralda me achei capaz de trocar no hospital. Tive de chamar o enfermeiro.

Comecei abaixo de 0. Comecei sem sentir aquele amor de que todas as mães falam. Ou quase todas. A minha falou do parto ter sido de ventosa. Como o da minha filha.

Aos poucos fui-me permitindo “ser ridícula”. Comecei a falar com aquele pedaço de carne que respirava. Comecei a cantar para me acalmar, na esperança de o acalmar também e, devagarinho, por entre muitas lágrimas de dor enquanto amamentava, fui sentido que estava certo. Que o meu corpo também dava leite e que estava preparado para ser mãe. Não só mulher que gera vida, mas mãe também.

Ver a minha filha a crescer alimentada por mim e por mim (as duas “eu”: cabeça e corpo) foi-me dando força para acreditar no meio das milhares de batalhas que ia travando na minha cabeça entre ser capaz ou de não ser capaz e qual é a voz do instinto maternal? Porque é que erro tanto? Porque é que é tudo tão difícil sempre para mim? Merecia eu ser mãe?

Adormecer para as sestas era um terror. Dar a comida. Manter-me acordada. Amamentar de noite. Adormecê-la de noite. Não me poder afastar dela. Vivi os primeiros meses sobrevivendo e sem saber dançar, sem conseguir ouvir. Algo me impedia de chegar a mim e, por isso, de ver a minha filha.

Seis meses depois voltei a trabalhar, mas não tinham o meu regresso preparado. Não tinham pensado se voltava a antena ou não e, tendo saído de um programa das manhãs, percebi que já não importava como equipa de palco, mas talvez tivesse de me contentar com os bastidores. “Eu adapto-me a tudo.”.

Não me adaptei. Fiquei zangada por não se terem lembrado de mim, não terem pensado em mim, por parecer que tinham seguido sem mim e pensei que aquele tempo ali não interessava e ainda menos estando a minha filha sem mim. Propus um ano sem vencimento e foi-me dado.

Um ano e seis meses em casa com a minha filha (e marido). Uma dádiva, um privilégio, mas aterrrorizante. Secretamente desejava que o pedido da licença sem vencimento não fosse aprovado. Como se a minha “culpa” de não estar com a minha filha fosse atenuada com um “tem que ser”, mas não.

Agora tinha um ano para me dedicar em exclusivo a isto de ser mãe do qual não sei nada. Um ano.

Percebi os truques: passear, muito. Ficar em casa dá lugar a um cansaço mental ao qual não tenho resistência e expunha a minha filha à minha falta de sanidade. Ver pássaros, ouvir as árvores, pô-la a brincar com pedrinhas. Estava a protegê-la de mim, do ambiente morto lá de casa e a pedir por tudo que o tempo passasse rápido.

O normal de estar em casa instalou-se. Tudo era muito, mas mais 10 kilos de bolachas em cima, de muitas sestas e de não ser eu mais do que um cadaver que cuida com amor da minha filha.

O amor surgiu. Surgiu pelo meio das muitas músicas que lhe cantei, mas surgiu à séria, quando comunicamos inequivocamente para mim: ela mamava, pisquei duas vezes os olhos para brincar com ela e ela piscou de volta. Tinha ali a minha filha, a minha pessoa.

Agora é a sério. Tenho que a mostrar diariamente o quanto a amo. Não vou descansar até ela saber. O meu maior tendão de Aquiles é não saber reconhecer o que é amor. Amor por mim. Vou amá-la tanto que isso vai definir-lhe o que é amor. Vou amá-la de maneira a que ela floresça.

E tenho amado com o meu corpo todo, com a minha cabeça, lábios, mãos, ouvidos, nariz, tudo. Em todos os pormenores há amor de mim para ela.

Depois desse encontro, voltei a trabalhar. Não havia tanto tempo para amar tanto, mas a minha cabeça arejou. O amor respirado é um amor que me parece mais saudável. Com idas ao parque, mas já não como sobrevivência. Sim como escolha. Só por ela. A Irene só foi para a escolar aos dois anos e meio.

No trabalho, tudo igual. Nenhum projecto em especial para mim que, quando saí do ar, o programa que fazia era o meu nome. Já sabia quando engravidei que ia perder o meu tempo. Convenci-me que tinha morrido para a radio e também para a televisão. Talvez tenha morrido no formato anterior porque essa Joana também desapareceu. Ou melhor: sofreu um upgrade.

Esta nova Joana que procura diariamente maneiras de mostrar à filha o que é o amor também procura diariamente o que é ser. Quem é a Joana agora que não é o centro das atenções? Agora que tem alguém que é tão importante na vida dela e para sempre?

A Joana que é mãe (e que ser mãe significa ser mulher, nunca entendi bem a separação) separou-se do pai da filha. Sentiu que para amar mais e melhor que precisava de iluminar a casa, deixar entrar ar, libertar de coisas que a prendessem a uma determinada imagem que já não tinha de si própria. Afinal de contas, tudo flui nela. 

A Joana merece o mundo.

A mãe da Irene não estava quando ela nasceu.


Existe mais por ter descoberto o que é o amor.






Fotografia - Joana Hall


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10.31.2017

Bem-vindas ao cocó na minha cabeça.

Este tempo é muito ingrato. Vivemos numa época em que as descobertas mais cruciais e fundamentais já foram feitas. É pena. Gostava de ter feito história como a pessoa que inventou o ginocanesten ou o indivíduo que se lembrou de por um buraquinho na porta para ver quem está do outro lado. 

Borrifem-se para a roda, por favor. 

O primeiro senhor - que desconfio ter sido uma senhora com alguma comichão no pipi - achou que, com uma seringa, devíamos enfiar alguns ml de creme pela vagina acima, preferencialmente à noite para não parecermos um pombo durante o dia. Assim parecemos só uma andorinha com problemas de estômago de manhã. 

O segundo indivíduo, que gosto de imaginar ser um escritor muito famoso em crise criativa, preferia fingir que não estava em casa a perguntar quem é e abrir a porta. Então pensou: vou fazer um buraco aqui pelo meio, mas não convinha entrar frio que isto do aquecimento é um balúrdio: "Ponho um vidrinho à medida e, ui, óptimo!". 

E o rapaz que inventou a fralda? 

Tinha o bebé a fazer xixi ao longo do dia e a molhar o pai e a mãe e as amas e tal e tal. Ou, se calhar, a molhar o fardo de palha, quando o bafo quente da vaca e do boi não chegava para evaporar a urina. 

Ele pensou:

"... não o posso por dentro de um saco de congelação do Ikea senão o tipo não vai conseguir respirar muito bem. Ora bem, se lhe puser uma rolha na uretra e outra no rabo, além de ficar sem rolhas para o vinho, poderá não ter uma experiência agradável de sobrevivência durante as possíveis 6 horas. Por isso, se calhar, vou só... por o rabo dele dentro de um pano ou assim. Assim, suja o pano e lava-se o pano (não vou eu lavar aquilo pelamordedeus). EXCELENTE!". 

Anos depois, outro tipo: 

"então e se não tivermos que mudar o pano? E se o bebé poder ficar sujo algumas horas sem haver qualquer tipo de urgência de tirar patardos de cocó ou poças de xixi da pele dele? Ainda podemos depois dizer que a pele dele é que é esquisita e vender produtos para isso, como se fosse normal fazermos cocó num tabuleiro e não numa sanita e ficarmos horas sentados em cima dele ou deitados."

E, de repente, anos depois, temos bebés que assim que nascem já têm um instrumento de plástico ou de pano (já se usa novamente) para que o cocó e o xixi sejam armazenados. 

Que ideia genial, esta!

Quem me dera ter sido o tipo que inventou as fraldas. 

Antes disso, será que havia terapeutas de xixi e cocós que diziam que se lhes dessem frango entre as 2h da tarde e as 5 que só fariam cocó às 7 da manhã e, por isso, dormiriam melhor? 

Será que havia mães que diziam que o xixi nem deveria ser limpo porque na pré-história eles não tinham paninhos no bolso para se irem limpando? 

Acho que vou inventar o berço-sanita. Da cintura para baixo, loiça da revigrés que escoa na rede de saneamento básico. De lado aqueles mini aspersores que usam no Jumbo para refrescar os vegetais e temos sempre bebé limpinho durante toda a noite. Com alguns riscos de pneumonia, mas não há de ser nada. 

Está tudo bem comigo. Obrigada.

Tomem uma fotografia normal para isto parecer um blog de jeito:





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10.30.2017

Mergulhei rosas em água e gel de banho de bebé e foi este o resultado!

Imaginem que vos desafiam a fazer um teste: colocar em dois frascos com 400 ml de água destilada e 8 ml de gel de banho para bebé – num Johnson’s Cuidado Completo banho para bebé e, no outro, outro gel de banho de bebé – e deitar duas rosas, uma em cada um dos frascos. Imaginem que vos pedem para esperar 24 horas e ver o resultado. Como ficarão as rosas? Haverá diferença de uma para outra? 

Cumpri o desafio da Johnson’s e fiquei muito, mas mesmo muito surpreendida. Aliás, todos cá em casa. Nada como verem por vocês próprias neste vídeo.






Post escrito em parceria com a agência


 
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10.29.2017

A primeira birra (de muitas) da Luísa.

Caso eles ainda não estejam nessa fase, há algo de muito assustador quando eles fazem a primeira birra a sério. É normal fazerem-no, não estão a ser mimados, não precisam de palmadas, é provável que tenham sono, ou fome, estejam frustrados, faz parte do crescimento e, apesar de não os reconhecermos naquele instante - caso até então tenham sido bebés "fáceis"-, sabemos que se irá repetir mais e mais vezes. 

Apesar de saber que esse dia ia chegar, não soube como reagir. Foi uma coisa muito "fora", como se nunca tivesse presenciado nada assim, como se fosse mãe de "primeira viagem", quando a Isabel já teve episódios semelhantes nos níveis de "descontrolo" e também nós sem sabermos bem como a ajudar, principalmente numa fase de terrores nocturnos. 

A Luísa, perante uma troca de fralda, começou a chorar. A chorar muito. A debater-se. Depois não queria vestir-se. Aquilo começou a escalar. Estava cheia de sono, mas só me apercebi naquele momento, até então não tinha dado sinais. Começou a dar luta, a espernear. Fomos para a cama para tentar que dormisse, mas já tinha ultrapassado o limiar. Tentei distraí-la, sossegá-la, dar-lhe mama, abraçá-la, retirá-la do quarto, mas já não consegui. Batia, mordia-se a ela própria, gritava e eu cheia de medo que se magoasse. Foi uma senhora birra, uma daquelas ao nível do Exorcista. Tentei acalmá-la mas aquilo só a enervava mais. Veio o David, tentar distraí-la, mas nada. Colo era sentido como um colete de forças. Ainda piorava. E ficámos os dois a olhar para ela, à espera que se cansasse. Não nos ocorreu mais nada. Sentimo-nos impotentes.

Quando ela acalmou, veio para o meu lado e pediu mama. Respirou fundo, muitas vezes. Adormeceu.

E com isto tudo veio aquela sensação de que está a crescer. E que crescer implica, muitas vezes, dor. Implica contrariedade, frustração. Para ela, para nós. Vieram-me as lágrimas aos olhos durante o episódio. Tantas vezes brinco a dizer que estou deserta que aprendam a fazer ovos mexidos de manhã para eu poder ficar a dormir mais uma hora, mas são estes momentos que me lembram de que quanto mais crescem, maiores os desafios. 

E estamos ainda tão longe da adolescência. :)
Que até lá tenhamos construído uma relação tão sólida e respeitadora que torne tudo mais fácil. Assim o espero. Para já, venham as primeiras birras. Inspirar, expirar, tentar ajudar, redireccionar, abraçar, esperar. Vai passar.  

Fotografia The Love Project



Entretanto tenho de reler este post sobre a forma como tentava lidar com as primeiras birras da Isabel:


 
 
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Agora que sou mãe, já sei...

Há algumas que preferia não saber, sinceramente, mas agora já não dá para voltar a pô-la dentro da barriga, ambas sobrevivendo, claro.



Agora que sou mãe, já sei...

... que é possível andar dias, meses, anos sem dormir e, mesmo assim continuar a garantir a sobrevivência de um ser vivo e manter um emprego. 

... que cada dia é menos um para a criança se saber levantar sozinha da cama e, independentemente vir ver televisão para a sala. 

... que os cocós de bebé a leite materno me cheiram melhor que muitos perfumes - ideia: largar umas fraldas no metro, para arejar. 

... que a lima para limar as unhas dos bebés quando são pequeninos é só jajão, mete só as garrinhas para dentro e fica esquisito.

... que é possível não sentir amor pela criança no dia do parto e, mesmo assim, ser uma pessoa que merece viver e que será uma óptima mãe. 

... que nem as crianças merecem sopas em que se atiram 754389 vegetais lá para dentro à parva, só para garantir que têm todos os nutrientes (coitada da miúda). 

... que ter coragem de  fazer cocó depois do parto é um acto de maior coragem que fazer parkour no Amoreiras. 

... que um berço é uma espécie de jaula que só nos lixa as costas e faz com que percamos tempo com o "põe na cama e acorda". 

... que o dia parece que recomeça quando a criança adormece. 

... que adormecemos poucos minutos depois do dia recomeçar. 

... que às vezes comemos as últimas coisas deles e dizemos que foram os gatos ou outra pessoa qualquer avulso ou que smarties "ficaram estragados, não sei o que aconteceu!". 

... que se é para sair na sexta-feira em que a criança está com o pai, temos mesmo de fazer uma sesta, senão tudo fica duplicado e à meia-noite estamos a cantar Lena d'Água a caminho de algum lado. 

... que amamentar e estarmos de diarreia é uma missão impossível de correr bem. 

... que quando estão doentes parece que ganhamos forças mágicas mas que, quando deixam de estar, cai-nos tudo em cima. 

... que não há coisa mais deliciosa que alguns "mãe" que nos batem muito.

... que é difícil para xuxu fazer lanches diários variados e minimamente saudáveis.

... que ter a nossa criança acabadinha de tomar um banhinho e penteada é melhor que ter rebentado com 100 euros na Zara. 

... que o hálito deles é sempre agradável. 

... que quase que não há nada mais enervante que a fase que todos têm de atirar coisas para o chão da cadeira de alimentação.

... que a gilette é a nossa melhor amiga. 

... que somos muito produtivas e eficazes, já viram a quantidade de coisas que conseguimos fazer ao mesmo tempo e ainda tendo sempre uma culpa a melindar as nossas decisões? Incrível.

... que somos todas mães e (praticamente) todas as melhores mães que conseguimos ser e isso tem de ser suficiente. 

... dizer que não de mil e uma maneiras.

... ser barrada por uma criança que diz não querer mais mimos. 

... que sou péssima a fazer vozes de bonecos.

... que o "Daniel Tigre" é provavelmente dos melhores desenhos animados que por aí andam.

... que podemos mudar de pediatra se estivermos desconfortáveis com o nosso.

... que consigo escrever este post nalguns minutos sem a miúda estar aqui a dizer que também quer escrever e perguntar se tenho uma virose. 


O que sabem vocês?


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10.27.2017

Dizer que sim às fantasias.

A Irene, como já vos contei, gosta de dizer que é o Rafa e o Tomás. Muda de voz, postura, forma de andar, tudo. No início, fiquei algo reticente mas, olhando mais atentamente, dá para perceber que é uma brincadeira. A melhor brincadeira de sempre para ela. 

Só há Carnaval uma vez por ano, mas a Irene escolhe o que vestir todos os dias (dentro de algumas opções que pré-selecciono) e às vezes parece ir mascarada. 

No outro dia mascarei-a de bruxinha. Não queria remetê-la para nada muito assustador como monstros e fantasmas que depois dêem mais trabalho a explicar do que diversão. 

Ficou a-do-rá-vel. Não acham?

(mais em baixo no post, dicas para disfarces dos miúdos, um vídeo que fizémos para o Carnaval)






E aqui está o vídeo ;) 




Fatos - Imaginarium 


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10.26.2017

Quando foi a última vez que cuidaram de vocês?

Quando trabalhava em televisão, e tinha menos uma filha, tinha a vida mais facilitada neste sentido. Como fazia reportagem, havia pelo menos uns 3 dias por semana em que chegava cheia de olheiras ao trabalho e meia despenteada e numa hora ficava com aquele ar de que não era nada comigo: maquilhada, penteada e com o ego mais insuflado. Aqueles minutos numa cadeira de olhos fechados entregue às mãos de quem sabe eram um mimo. Não que precise de tudo isso, sempre, para me sentir de bem com a vida (porque por fora podemos estar lindas e por dentro em cacos), mas ajuda-me. Sinto-me mais confiante e isso instala-se de alguma forma em mim e dá-me mais segurança. Gosto de ser mimada. Às vezes basta-me ir lavar o cabelo. Cortar umas pontas. Tirar 40 minutos num mês para mim. Como não tenho tido tempo para ir ao ginásio (que falta me tem feito o meu Scape, Deus Meu!) e muito menos para massagens ou tratamentos mais demorados (adorava, mas não dá), ir arranjar umas unhas ou fazer uma hidratação pontualmente sabe-me pela vidinha. 

Vou sempre à Catarina, do Cut by Kate, que já é o "meu" cabeleireiro em Santarém. Boa pinta, gente simpática, óptimos produtos (para grávidas e para quem está a amamentar, há imensa oferta!, com produtos naturais), e excelentes profissionais. 

Quando foi a última vez que cuidaram de vocês? 
Não percam essa vontade. Pode estar a fazer-vos falta. Pode ser aquele cafuné que vos dá força para mais uma semaninha de más noites e que vos faz sentir: "eu também cá estou".















Fotografias no dia desta sessão em Santarém - The Love Project

Madeixas louras, ondas, maquilhagem - Cut by Kate

 
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Adeus gastro do demo!

Foi, tirando a pneumonia que a Isabel teve com 9 meses, a doença mais prolongada cá em casa. Nunca tinha visto a Luisinha assim: sem forças, adormecia no chão (às vezes, o único sítio onde se sentia bem), completamente derrotada. Um dó. Foi uma gastro que, felizmente, (ainda) não apanhou mais ninguém cá em casa. Ao menos isso.

Hoje dormimos, eu e ela, quatro horas de sesta, tal era a necessidade que tínhamos de descansar, depois de 8 dias de sofrimento. Roupas atrás de roupas, banhos e mais banhos, colo, muito colo, medo da desidratação, duas idas ao hospital, três médicos e eis que finalmente estamos a ter tréguas. 
Safou-nos a mama, única coisa que o corpo dela ia aceitando, às vezes, sem vomitar [sem ela teria certamente ficado a soro, porque não aceitava o soro oral, nem mais nada]. Foram dias cansativos, de preocupação.

Já passou. Voltar a vê-la em pé foi bom. Voltar a ver aquele sorriso, com os olhos, com o corpo todo, uma maravilha. Vê-la comer uma canjinha então... bom, mas bom. Amanhã ainda não vai à escola, irá segunda feira.

Estamos de volta.

{as melhoras para os doentinhos desse lado}


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E se o Natal fosse mais cedo?

Ahhh!! Sonho de qualquer criança. "Afinal não tens de esperar até Dezembro, porque... o Natal é já hoje". 

Quando era mais pequenina lembro-me de viver as festas de Natal da empresa e da escola como dias de Natal e é isto mesmo que é o Concerto de Natal do Ruca. Uma oportunidade de mergulhar no espírito natalício, vendo os olhos deles a brilharem por verem o bonequinho da televisão ali em cima do palco e, no fim, se calhar até abraçando-o.


É o equivalente a vermos o Jackson Avery em palco a dançar em tronco nu e, no final, podermos ir dar-lhe um abracinho com o corpo todo, digo eu. 

Fomos o ano passado e além das miúdas se terem divertido muito, é algo de que a Irene ainda fala. É sinal de que foi bom, como vocês sabem. 




Temos convites para vos oferecer para o Concerto de Natal do Ruca. :)

Aqui no blog: um duplo para Lisboa e um duplo para o Porto. 

Lisboa, 12 de Novembro  e Porto 26 de Novembro. 




O que têm de fazer? 


  • Seguir a Lemon no Facebook 
  • Comentar este post com a cidade onde queres ir ver o Concerto de Natal do Ruca + identificar três amigas. 


                       


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E depositar 100 euros na minha conta. ;)

Simples. 

Divulgarei os vencedores em resposta à participação no post. Easy ;) 


Mais informações sobre o espectáculo aqui







Ainda vivemos na pré-história?

Não é costume levar a minha filha ao centro-comercial. Confesso que, quando vou às compras, prefiro que seja um momento mais para mim, em que posso ter headphones e fazer escolhas devagarinho, sem ter que me preocupar com mais nada, nem sobre maneiras de dizer não à Irene que não lhe vou comprar aquilo ou isto.

É normal que ela queira tudo. Isto do consumismo apela muito a este lado mais pequenino nosso. O desejo imediato de algo que não precisamos para sentir aquele high de novidade e posse, mesmo que acabe esquecido 20 minutos depois algures dentro do carro ou dentro de um armário. 

Ela tem 3 anos. Vê coisas que são postas propositadamente ao nível dela, coisas com desenhos que são apelativos, músicas e que alimentam um mundo de fantasia que se retroalimenta com o merchandising. São tudo truques para gastarmos dinheiro que nos custou a ganhar com a ausência da vida dos nossos filhos. É dinheiro que custa o dia inteiro no trabalho e eles o dia inteiro na escola. É dinheiro que nos faz responder a mails fora do horário e a atender a telefonemas enquanto eles nos pedem para nos sentarmos e olharmos para a casa de Lego que estão a fazer. 

Este dinheiro, mesmo que seja um euro aqui e um euro aqui tem de ser gasto em nós, para algo que nos faça sentir algo mais que um kick momentâneo ("nem sempre" - penso eu se receber a newsletter da Zara). 


Não é habitual ir com ela, mas fui. Ao sair das escadas há uma máquina daquelas que tem uma garra e que tira bonecos. Quando se põe um euro, tem-se duas vezes para tentar e, na hipótese de não sair o boneco, legalmente estão protegidos porque dão um rebuçado, deixando de ser assim um jogo de "sorte ou azar". 

É, aos meus olhos, triste que este tipo de indústrias viva degradando o sistema de pensamento da criança e que tal seja sempre estrategicamente posto, como uma armadilha, para não dar para fugir. Claro que depende dos pais o que decidem ou não decidem (ou, se nem sequer se apresenta como algo a pensar como em muitos e isso é com cada família, claro), mas acho que devíamos ter uma sociedade mais protectora das crianças.

Bem sei que há crianças que nem têm o que comer, que nem têm com quem passear, sei tudo isso. Porém, não podemos deixar de olhar para tudo com vontade de fazer parte da mudança, mesmo tendo consciência e dor de que existem sempre problemas maiores e tão maiores. 

O tipo de publicidade para crianças na televisão (evito os canais de desenhos animados com publicidade por causa disso), os produtos à altura deles, os desenhos animados feitos já a pensar no merchandising... Fazemos parte de um esquema muito, muito grande e em que o objectivo é deitarmos fora o dinheiro que nos custou horas de distância dos nossos filhos e mais dinheiro a pagar quem toma conta deles por nós. 

Podemos não pensar nisto porque já temos de pensar em tanta coisa, mas podemos também pensar nisto e tentar criar um futuro diferente, com outros automatismos mais saudáveis para os nossos filhos. O automatismo de beber água, de arrumar as coisas que desarrumam, de serem solidários, empáticos... 

Parece que não, mas acordei bem disposta. Esta merd* das máquinas e de haver armadilhas que nós, homens, pomos para nós mesmos é que, às vezes, me deixa um pouco revoltada.

Tendo consciência, claro, que terei os meus telhados de vidro. Sempre. 






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