9.14.2015

Cá em casa há regras e não há.



Para mim, a vida não é um ensaio. Gosto de viver a valer, de sentir a valer. Sou mais de fazer do que de pensar. E talvez por isso goste de aproveitar todos os segundos e gosto que eles sejam um bocadinho imprevisíveis, mesmo sendo mãe. Gosto de dizer que sou um bocadinho hippie, no sentido em que me aventuro bastante e que não sou sempre fiel às rotinas. Gosto de decidir coisas naquele minuto, quase por impulso. Até agora tenho-me saído bem. Nunca me arrependi de ter ido, de ter feito, de ter experimentado coisas com a minha filha. Não gosto de exageros, não lido bem com eles. Gosto de aventura, q.b. e gosto de tranquilidade, q.b. Acho que a minha filha se tem habituado a esse modo de viver e está feliz assim. Sinto-a segura, alegre, inteligente, bem-disposta, meiga. Se estou ou não a fazer um bom trabalho, nunca se sabe, o tempo o dirá. Se este é o caminho correcto, não faço ideia, mas é o que estou a arriscar seguir.

A minha filha está em primeiro lugar, mas eu também estou. Por isso, tento encontrar um equilíbrio entre o que é bom para ela e lhe faz bem e aquilo que é bom para mim e me faz bem.


Ela não vai todos os dias para a cama à hora exacta. E há, de vez em quando, dias de festa.
Ela não toma banho todos os dias. Às vezes escapa.
Ela não dorme todos os dias na mesma cama. Já dormiu em pelo menos 7 camas diferentes, de norte a sul de Portugal.
Ela não dorme a sesta sempre à mesma hora. E houve um dia em que nem dormiu.
Ela não come todos os dias comida fresca e saudável. Já comeu douradinhos, croquetes e já provou arroz doce e croissant.
Ela não adormece todos os dias na cama dela. Há dias em que me pede colinho e eu dou – sempre - e há dias em que quem quer colinho sou eu.
Ela não come à mesa todos os dias. Nem nós.


Cá em casa há regras e não há. Há, porque isso lhe transmite segurança, conforto e a ajuda a crescer com autonomia. Não há, porque nos vamos moldando ao dia, à hora, à situação, às necessidades. Minhas e dela. Nossas. Sempre com uns rasgos de improviso, com “uma vez não são vezes”, sem dramas, sem sentimentos de culpa. 

Foto LoveLab

9.13.2015

Não há condições.


Se uma pessoa, num dia normal, já se sente uma super-mulher por conseguir fazer tudo o que tem de fazer num estado normal e quando estamos doentes? 

Sinto que agora não tenho condições nem para estar doente sossegada nem para ser mãe decentemente. 

Estou com umas dores na garganta e tosse já há alguns dias e, depois dos primeiros dias em pura negação, cá estou eu nas chamadas "lonas". Devia ter pensado melhor nisto antes de estar meia hora a adormecê-la, dar-me um ataque de tosse de cão e ela acordar assustadíssima. 

Nem no nosso quarto pude dormir por causa destes ataques imbecis. Tinha de tossir quase a engolir a almofada ao mesmo tempo e, portanto, mudei-me para a sala. Se já não durmo bem a acordar mil vezes por noite, ter que fazer um caminho novo e 4 vezes mais longo de cada vez que acordo... 

Quando eles estão doentes ganhamos umas forças extra vindas de não sei onde. Da única fez que a Irene esteve doente, lembro-me de estar de directa e sentir como se tivesse vindo de férias...

Devíamos ter uma imunidade qualquer por sermos mães. Nunca deveríamos ter dores nem doenças. 

Um beijinho à distância (para não pegar nada) a todas as mães que estejam a "chocar alguma" como eu. 




Queres ter filhos?

Conversa entre duas amigas. Uma que está a pensar em ter filhos.


- Era um McMenu Double Cheese, por favor. 

- Olha, pede-me mais um pacote de batatas fritas que já sei como é.

- E um pacote de batatas fritas médio, sff. 

- Depois pago-te.

- É, é. 


Sentam-se.


- Tenho uma coisa importante para te dizer!

- Ui! É má ou boa?

- Boa, claro!

- Porquê "claro"? Às vezes acontecem coisas más.

- Epá, "claro", porque se não fosse boa, não estaria com esta cara, não é?

- Não sei. As batatas daqui são as melhores de sempre...

- Se ao menos fossem batatas... Queres saber ou não?

- De que são feitas? Não, obrigada.

- Não. Se queres saber qual é a coisa boa.

- Quero, claro. Conta lá.

- O coiso e eu estamos a pensar em ter filhos.

- Ai que bom! Vocês conhecem-se há quanto tempo? Uma semana? Ai, não. Espera. Não sei sai à noite à terça-feira. Estou a brincar. Mas, agora a sério, estão juntos há quanto tempo?

- Namoramos há quase um ano.

- E moram juntos?

- Sim.

- Há quanto tempo?

- Isso interessa?

- Um bocadinho. Não muito, mas interessa. Já vi que não é muito.

- Mas porquê?

- Madalena, eu sou toda a favor do espontâneo e da maluqueira, mas não seria tua amiga se não te dissesse umas coisas. 

- Epá, lá vens tu com as tuas merdas.

- Não são as minhas merdas, Madalena. Por alguma razão me quiseste contar isto e já sabias que não ia só ficar contente por ti, não é?

- Tenho de ir buscar guardanapos. Por que é que os sacanas não metem logo a merda dos guardanapos no tabuleiro?

Volta.

- Madalena, é importante que já mores com o coiso há algum tempo porque quantos menos ajustes tiverem de fazer à relação durante o período de gravidez e de nascimento do bebé, melhor. Se já pessoas que estão juntas há anos têm os seus problemas em "ajustar agulhas", quanto mais um casal que ainda não se conhece, estando mesmo juntos muito tempo, e partilhando o mesmo espaço. Acho mesmo importante. 

- Nós nunca tivemos problema nenhum.

- Claro que não. Estão apaixonados, é tudo maravilhoso. Isso é natural. E vão continuar apaixonados que não sou daquelas que acha que a paixão, com o tempo, desaparece. Acho é que têm de se conhecer mesmo muito bem para decidirem ter um bebé juntos.

- Para a criança não ouvir discussões?

- Claro que a criança importa, mas podemos falar disso noutro dia. Agora queria falar de ti. É muito importante também por ti. Por ele não me interessa que sou tua amiga - já sabes como sou.  Sabes por que é que é importante para ti?

- Mas isto é algum evento infantil? Queres que eu diga "sim, professora"?

- Por que é que estás na defensiva?

- Porque eu vinha toda contente contar-te isto e já me estás a por entraves...

- Eu não sou nenhum dos dois, vocês fazem o que quiserem. Queria só dizer-te que é importante que se conheçam bem, por ti também. A gravidez, o parto, o nascimento duma criança, tornares-te numa mãe (e ele num pai) é um processo tão complexo como bonito. Odiaria que te sentisses sozinha com uma criança nos braços.

- Ele não me vai deixar, não vamos acabar.

- Não é isso, Madalena. Convém quererem o mesmo para a vida. Convém estarem ajustados um ao outro, saberem respeitar as manias de ambos, os nervos, saberem acalmar-se, saber quando se deve abraçar, quando se deve dar espaço, quando se deve opinar, quando se deve só dar um beijo na testa. Ele vai ser pai dum filho teu, mas também vai deixar de ser teu namorado para ser algo mais e diferente. Tem de ser algo mais. A paixão não se perde, mas já tem que haver mais do que isso. Ainda me estás a ouvir?

- Estou, sim. Mas o que é que é tão difícil?

- Posso falar-te das coisas básicas como as mudanças hormonais, os receios que ele poderá ter de não ser um bom provider, a gravidez poder ser stressante, a privação de sono de ambos com a criança, os berros da criança e não conseguirem pensar, expectativas não cumpridas, ajustamento do sonho à realidade do que é ser mãe e pai dum recém nascido... O nosso lado mais animal, mais primitivo vem à superfície e não é esse o melhor. Ficamos histéricas de cansaço, tristes fisicamente, nervosas... E eles lá deverão sentir as coisas deles que não faço ideia quais serão. Sei que nem sempre é bonito e que é bom que o casal já tenha uma vivência mais... ampla para ter filhos. Decidir ter filhos tão cedo é claro que é romântico, mas é como decidir comprar uma casa depois de teres bebido uma garrafa de vinho sozinha, entendes?

- Estás a dizer que é uma decisão estúpida?

- Não posso dizer isso. Na volta as coisas até poderão correr muito bem, não é assim com toda a gente, mas o que queria dizer  é que podes não estar a ver-vos com clareza. Têm pressa?

- Não, mas amo-o tanto que só me apetece acelerar...

- Percebo, não podem antes fazer outras coisas também definitivas? Casem-se ou assim!

- Que parvoíce...

- Mais do que ter um homem perfeito para ser pai, precisas mesmo de conhecer o homem que escolheres. Por ti. Para não ficares triste, para não te desiludires, para não te sentires ainda mais sozinha do que as hormonas te poderão fazer sentir. Não é só um bebé que nasce. És tu. É o pai. É um novo casal. Uma família.

- Mas morreu-te o cão para estares a falar assim?

- Caga nisso. Vou buscar os gelados. 

Antes e Depois

17 meses depois, voltar a Santarém continua a significar o reencontro dos amigos Sunny e Pipo. ❤️
E da avó Tatá, vá ;)





9.12.2015

A minha filha a preto e branco.

Eu prometo que, em breve, deixo de vos chatear com esta treta das fotografias analógicas, mas fiz um rolo a preto e branco com a Irene e fiquei apaixonada. Sim, as fotos poderiam ter ficado melhores, mais enquadradas, mas é mesmo deste desleixo que eu gosto. Se quisesse fotografias mais "standard", teria tirado com o telemóvel. 

Já antes de ter a Irene adorava fotografar. Antes de termos todos máquinas no telemóvel, andava com as minhas atrás. Umas mais leves que outras, a fotografar todo o meu dia, as pessoas com quem estava, os caminhos, tudo, para depois, lá está, publicar no meu blog ou nos meus sites de "fotografia". Não queria ser fotógrafa porque nunca me considerei dotada para este lado das artes, mas adoro fingir que o sou. Fico verdadeiramente entusiasmada de poder parar a realidade, de isolar apenas um quadrado e de o guardar para sempre, gabando-me interiormente de que fui eu quem o "fez". 

Com a Irene surgiu o motivo. Já há muito tempo que me tinha borrifado para a minha máquina (uma d60, nada de especial e velhota), ao ponto de não ter carregador, de já não fazer ligação por USB, de ter a objectiva empanada, de ter um filtro UV e de nem sequer me lembrar que o tinha... Enfim. Com a Irene, voltou tudo. Voltou a vontade de não me esquecer de nada - a minha cabeça é aleatoriamente selectiva, não tenho controlo - e não quero que nada me escape. 

Gosto deste preto e branco, dá para ver mais as formas e menos o que grita por atenção. Dá para ver os desenhos. O desenho da boca da Irene, por exemplo. Faz-me lembrar os meus Nenucos. Dá para ver a sinceridade no sorriso dela. Um sorriso de quem brinca. Dá para vê-la pequenita como é. Sem ruído.

Conseguem ver como eu vejo? Ou parecem só "más fotos"? ;)

























Se gostarem das fotografias que tiro, sigam-me no instagram aqui.

A mãe que eu quero ser

A mãe que eu quero ser é compreensiva, paciente, mas firme. Não tem medo de dar colo e de mimar muito. Faz comidas deliciosas mas não obriga a comer. Insiste todos os dias, pondo tomate no prato, até que o filho perceba que afinal até gosta.  

A mãe que eu quero ser é dedicada aos filhos, mas não deixa de cuidar dela. Às vezes chateia-se e grita, erra e pede desculpa. É humana. É generosa, é meiga e dá gargalhadas estridentes por tudo e por nada. 
A mãe que eu quero ser é alguém que se dá aos outros, e com os outros aprende muito. 
A mãe que eu quero ser adora ler, gosta de passear. Gosta de regras mas gosta de as quebrar de vez em quando. 
Se eu for metade da Grande Mãe e Mulher que a minha mãe é, já me vou dar por satisfeita. 
Parabéns, Mãe!   
  


P.S Livra-te de dar gelados à Isabelinha!
(Cabana do Pescador 1989)

Vieram as fotos das férias!

Estou louca com elas!

Isto de ter usado analógico (a minha máquina tinha falecido) tem esta coisa boa (além de adorar a estética das fotos), parece que estou a reviver as férias todas outra vez! Também já morrem de saudades das férias por aí?

Depois faço-vos uma selecção e mostro melhor, mas para terem uma ideia:











9.11.2015

Ia acontecer...




Ia acontecer, mais tarde ou mais cedo. Faz parte. Mas o instinto animal começa a rugir. "Quem foi?" Como se a resposta importasse. Como se fosse tirar satisfações com a mãe do miúdo ou com o miúdo "fazes isso outra vez à minha filha e... e..." e nada, como é óbvio. 

Qualquer dia - se é que não o fez já na creche - será ela, chateada e frustrada por lhe estarem a tentar tirar o boneco das mãos. Foi o que aconteceu e o outro bebé mostrou-lhe a sua garra. Os dentes, neste caso. Faz parte, repito vezes sem conta para me convencer disso. Mas custa. Custa não poder protegê-los. Custa não os ter debaixo da nossa asa.

Será que um dia vamos conseguir encarar todas estas coisas sem dramas e achar natural? Ou vamos ter sempre este fogo que passa no peito e faz acelerar o coração durante uns segundos?

Ficou com os avós.

Hoje contei-vos que, pela primeira vez, ia almoçar fora com o Frederico, sem a Irene. Tenho ido almoçar várias vezes sem ela, mas fica com o pai. Desta vez ficou com os avós. Ela costuma chamar muito por mim quando acorda mas, pelos vistos, é só com o pai. Com a avó chamou por mim e sorriu. Sorriu quando viu que estavam cá os avós. De saber isto já se "lixaram" e na próxima semana, no meu aniversário, já cá cantam outra vez. 

Estivemos umas boas 4 horas numa esplanada, no Espelho D'Água, em Lisboa. A única coisa que me fez imensa confusão foi a de não fumar. Estar numa esplanada, a comer bem e não fumar.. ainda não sei bem como fazê-lo. 

Fartou-se de dormir, mas também acho que foi do Fenistil que levou de manhã por causa da reacção alérgica. Dormiu mais meia hora que o costume! Fartou-se de lanchar pêras e bolachas de milho... 

Correu tudo maravilhosamente bem. Estou atónita e louca pelas próximas separações.

Corre tudo bem quando temos o privilégio de só fazermos as coisas quando sentimos que ambas estamos prontas. 

Estamos todos felizes! O pai e eu que fomos passear, os avós que tomaram conta da netinha e a Irene que esteve com os avós. 


Sei que não é post mais interessante do mundo, mas queria mesmo partilhar convosco. ;)

Novidades!!

Hoje, pela primeira vez em muito tempo, vamos almoçar fora sem Irene. Eu já saí algumas vezes, principalmente para compromissos do blog ou do livro ou algumas reuniões de outras coisas, mas nunca saímos os dois para almoçar. Mentira. Saímos uma vez à tarde para ir  estreia duma peça que o Frederico escreveu ("A Velha" com César Mourão - foram ver? gostaram?). 

Bom, tanto tempo depois, decidimos ir agora. A Irene criou uma relação ainda mais próxima com os avós durante as férias, já se conhecem melhor e, por isso, agora estamos todos mais confortáveis. 

Claro que a Irene hoje de manhã está com uma reacção alérgica a qualquer coisa no pescoço e nos braços, já tivemos de ir à farmácia. Estou com confiança que abrande. Suspeito que seja de ter estado a limpar o aspirador e de, infelizmente, nem sempre termos conseguido mantê-la longe... Ácaros? Dão reacção alérgica cutânea?

'Tadinha que sai à mãe cheia de alergias e não sei quê. Os avós chegam assim que a puser a dormir para a sesta do almoço. Depois conto-vos tudo. Estou tranquila. Só fico um bocadinho nervosa porque sempre que ela acorda da sesta e não sou eu quem a vai buscar, fica à vontade 20 min a chamar por mim em repeat.

Desejem-me sorte!

Prometi e não cumpri!

Mais uma vez, não cumpri. Sinto-me uma fraude.

Já desabafei convosco várias vezes. Não sou a melhor amiga do exercício físico. Fui, quando era criança e adolescente. Fiz, desde que me lembro de existir, natação, basquetebol, ginástica de trampolim, danças de salão, cardiokickboxing, rugby, ténis. Adorava mexer-me e era uma das primeiras raparigas a ser escolhidas nas equipas de futebol e voley na escola. Não que tivesse grande jeito, mas era grande e fussona (esta palavra existe?).

Quando vim para Lisboa viver (sou de Santarém) e estudar abandonei a prática desportiva. Ainda andei a enganar-me num ginásio, mas dei cabo de um tendão ou algo do género numa aula do demónio de cycling. A desculpa perfeita.

Depois de ser mãe, comecei a querer cuidar mais de mim, a ter uma vida mais saudável. A alimentação foi das primeiras coisas a alterar (ainda não é perfeita, mas já está muito melhor). Perdi bastante peso com uma dieta seguida por nutricionista, que se mantém. Não a dieta, mas o peso e alguns bons hábitos.

Mas prometi que ia fazer exercício. Fiz este post: Não quero ter a barriga da Carolina Patrocínio e disse que dali a 3 meses mostrava resultados de um treino continuado. Pois, pois. Nem três meses, nem cinco. Fui ao ginásio mais duas vezes depois daquela. Numa delas corri 5km e tal na passadeira e pensei que no dia seguinte lá iria correr ainda mais. Foram vocês, fui eu. Nunca mais lá pus os pés. Entretanto fiz uma biópia, fui operada e tive desculpas para mais um mês e tal (reais, vá). Mas depois puseram-se as férias e o cansaço depois das férias e desculpas e mais desculpas. Sempre que vejo fotografias da Carolina a treinar, fico motivada dois minutos e meio. Depois passa-me e ponho logo outras prioridades à frente dessa. Sempre que vejo fotografias de dois amigos que estão loucos e treinam quase todos os dias (e eram como eu, não mexiam uma palha), pergunto-me "do que estás à espera Joana Patrícia?". "Não tens tempo para o ginásio, fazes um treino de 30 minutos em casa!" Mas depois passa-me.

Não quero ser assim. Não quero estar à espera que um médico me diga que poderia ter evitado uma doença qualquer se tivesse feito exercício físico. Eu sei disso, não preciso que mo digam. Quero sentir-me enérgica, queria precisar da sensação do banho depois de transpirar e a sensação de dever cumprido. 

Do que é que eu estou à espera afinal? Por que não me consigo auto-motivar, se sei que exercício físico é das melhores coisas que posso dar ao meu corpo, às minhas células? Se quero viver muitos anos saudável? Se quero dar o exemplo à minha filha? Não sei, não tenho respostas. Tenho vergonha até. Lembrei-me das promessas que fiz a mim própria e senti-me uma fraude.

Não prometo mais nada. Só isso não chega, não vale a pena. Continuo sem saber do que estou à espera.

9.10.2015

Este nem precisa de texto.

São só das melhores fotos que já tirei em toda a minha vida. Nem as editei.



















A mãe sugere - Quarto dos Miúdos (#03)

Quando tiver o próximo filho - a não ser que até lá encontre um grande achado para arrendar que me compense a mudança, ou me saia o Euromilhões - a Isabel vai partilhar o quarto com o mano ou com a mana. 

Sou uma apaixonada por decoração (apesar de não perceber patavina), por isso cá estão as minhas sugestões para quartos partilhados, que andei a namorar no Pinterest. Nem sei de qual gosto mais.















9.09.2015

Que revolução!

Está mais do que provado que existem saltos de desenvolvimento e que um acabou de acontecer. A Irene, dum momento para o outro, fritou da cabeça e agora acha que é a super-mulher. E, de facto, é. E passou a ser ainda mais. De repente passou a dominar o parque infantil onde costumamos ir e já sobe e desce os degraus pequeninos, já quer trepar para carrosséis, estava doida para escorregar em pé no escorrega e ainda nem tinha escorregado sozinha convenientemente. Já se agarrou a umas barras e tirou os pés do chão (lembrei-me da música do Netinho, claro), sem medo algum. Voltou a por pedras na boca, mas pronto, há de passar de novo. Correu. Gritou. Saltou (ou achou que sim), tentou trepar, alçou a perna, gritava que queria fazer as coisas sozinha. Ficava ofendida com ajudas. Deitava-se de barriga nas pedrinhas e fingia que estava a nadar - teve de ser a querida mãe Selma com quem já me encontrei umas vezes para me explicar o que ela estava a fazer. Dizia lixo quando via lixo no chão. Brincou com a Rita e tentava imitá-la, disse que ela tinha a Kitty na t-shirt. Tenho mesmo uma criança saudável, aventureira, maluca e traquina. Não podia estar mais feliz. Não só por ela estar num bom caminho, mas também por eu ir perder uns bons quilos com os nervos! Imaginam o que senti quando a vi pendurada nas grades? 

Ela estava tão orgulhosa de conseguir fazer tudo! E eu dela. 

Ah! Nunca se sujou tanto na vida. Quando lhe mudei a fralda, tinha trazido metade do jardim com ela! 













Estou quase a ir trabalhar...

A história foi a seguinte: uma licença de maternidade de 5 meses + um mês de férias. Um mês de trabalho e pedi uma licença sem vencimento de um ano. Em Novembro lá estarei de volta à Rádio Renascença, à Mega Hits. 

Vão ser 19 meses em que passei 24h por dia com ela. Contam-se pelas mãos dos dedos duma pessoa normal, os dias em que me separei dela, o que muitas vocês acharão anormal, mas o melhor é mesmo fazermos aquilo que queremos e não agirmos de acordo com aquilo que é esperado pelos outros. Eu queria mesmo estar com ela e ainda quero. Sempre. Se às vezes me passo da cabeça? Sim, mas depois passa.

É um privilégio vê-la crescer todos os dias. Poder observá-la, educá-la, mimá-la, percebe-la. Para mim, foi essencial todo este tempo que passámos juntas. Cresci imenso. Precisava disto. Ela cresceu comigo, perdoando-me os erros e ensinando-me a fazer de maneira a que sejamos ambas mais felizes. Aprendi a valorizar as coisas mais simples, a abrandar. A parar para ver. A ouvi-la. A respeitá-la. A respeitar-me.

Não foi nada fácil, não, mas fa-lo-ia de novo, sem pensar duas vezes.

Já começo a despedir-me de pequenos rituais e liberdades. Em breve já não poderei ir passear com ela de manhã, quando for por o lixo, para ir ver o comboio e as pedrinhas que fazem barulho com os pés. Em breve, irei eu sozinha, por o lixo e entrarei nos comboios que antes, juntas, víamos passar...

Segunda fase do nosso crescimento, Irene. Vamos a isso?




9.08.2015

Abracei uma de vocês e chorei com ela.

A propósito do post desta tarde da Joana Gama (aqui), lembrei-me de partilhar convosco o que me aconteceu na semana passada, quando fui com a Isabel procurar um vestido para ela levar a um casamento. Wrong decision. Apesar de querer integrá-la em tudo o que eu faço, há coisas que para ela não são minimamente atractivas e mais valia ter ido ao parque para ela correr e brincar à vontade. Está na fase em que a única coisa com piada nas lojas é deitar tudo abaixo, sapatos, vestidos, camisolas. Tira e põe, desarruma e arruma, o normal. Quer fugir disparada das lojas porque, se estou a correr atrás dela, deve ser uma grande brincadeira. Ri, ri e ri. Despachei-me num instante, sem vestido, pois está claro.

Mas ainda bem que fui. Pude conhecer a Tonicha. "Isabel!", disse com entusiasmo assim que entrou na loja. A Tonicha é uma mãe como nós. Mas é uma Mãe que teve de arranjar forças sobre-humanas. É uma Mãe a quem tiraram o chão durante uns tempos. O filhote, Gustavo, tem uma doença crónica. Assim que me disse que já tinha comentado no blogue, soube logo quem era.

Emocionámo-nos. Dei-lhe um abraço. O meu coração foi dela. E do Gustavo, que tem menos um mês que a Isabel. Falámos por breves minutos. Desabafou comigo e eu ouvi-a, entre as correrias atrás da Isabel. Nem sabia porque estava a chorar, disse-me, meia envergonhada. Eu sabia por que é que eu estava. Dei-lhe dois beijinhos. Viemos embora.

Nestes dias já pensei muito nela. E em como este blogue me dá tanto em troca. Não são mães que estão do outro lado do computador que nos seguem. São a Tonicha. A Célia. A Filipa. Têm nomes. Têm filhos. Têm histórias reais, que não se importam de partilhar connosco. Confiam em nós, gostam de nós.

Só pude abraçar uma de vocês. Espero poder abraçar muitas mais.

Não acredito!!! Que bom! Obrigada, obrigada!

Assim que voltei do hospital, no dia 9 de Julho, escrevi isto (acho que vale a pena ler).

No outro dia, a dar uma volta pelo blogue, encontrei isto:




Agora fui eu quem recebeu o miminho. Que nos sirva de inspiração sempre que virmos uma mãe a precisar de ajuda, de uma palavra, dum abraço. As mães também precisam das mães. :)

Sara, procurei-te no Facebook e não te encontrei! Ficamos platónicas?