Ui que as haters já estão a esfregar as mãos para responderem 88 respostas a dizer que sou stressada, ansiosa que, por causa do divórcio, não sei o quê e que a Irene não é uma miúda normal porque eu, eu, eu e a culpa é minha. Whatever.
Faço esta pergunta porque tenho finalmente percebido que a percepção que tenho do meu corpo não é justa. É mesmo muito muito cruel.
Só me lembro de me achar gorda. Muito gorda. Trocava milhares de vezes de calças antes de ir para a escola de manhã, passava o dia a encolher a barriga, às vezes fazia dietas loucas no Verão de não comer durante horas e de fazer desporto durante o máximo de horas que conseguisse... Cheguei a dormir com um cinto a apertar-me a barriga para me lembrar de a encolher para "fazer abdominais enquanto dormia". Tentei milhares de vezes obrigar-me a vomitar e - ainda bem - nunca consegui.
E quando, num dia destes, fui ver fotografias minhas dessa altura... estava óptima. Não estava nada gorda. Não só estava bem, como estava muito bem. Era muita boazona, até. Nunca tive a barriga flat e com 6 pack, mas... não tinha motivos nenhuns para sofrer como sofri.
No outro dia, quando encomendei roupa da Zara e abri a caixa no trabalho, houve uma colega que me olhou nos olhos e disse: "porque é que compras roupa tão acima do teu tamanho?". Tinha comprado Ms e Ls. O L comprei para estar à vontade porque tenho sempre medo que não me apertem os casacos ou nos braços que não passem...
- São acima do meu tamanho?
- São, Joana. Tens um problema (sim, haters, tenho muitos problemas) e isso tem um nome. - Ela disse isto a "brincar", mas a chamar-me à atenção para isso. Foi uma querida.
E, realmente, não tenho noção nenhuma do meu tamanho. É um facto. No outro dia ofereceram-me uma t-shirt lindíssima que era um S (obrigada :)) e eu jurava a pé juntos que não me iria servir. Até andava a adiar experimentá-la para não ficar triste.
Experimentei umas calças e o meu número não é tão grande quanto imagino. Afinal pessoas cujo corpo visualmente me agrada no dia-a-dia vestem o mesmo número que eu. Porque será que me "odeio" tanto?
Sei que isto não acontece só comigo, sei que acontecerá com muitas de vós. Sei que há muitas por aí que odeiam aquela prega extra que não cabe nas calças ou que odeia que os tops de lycra não assentem perfeitamente. Que odeiam os braços, a celulite nas pernas, a forma como são os dedos dos pés, os dentes...
Somos óptimas a odiar-nos, mas temos mesmo de mudar o mindset para aquele que é menos fácil: o que temos em nós que gostemos? E será que esta nossa percepção é real?
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Vou partilhar convosco o meu exercício:
- Adoro os meus olhos, são verdes e tristes. Tenho pestanas grandes, é uma sorte.
- Gosto muito da minha boca, parece de boneca. Tenho lábios carnudos.
- Adoro os meus dentes - só os tenho por ter usado aparelho (e ainda usar contenção), mas acho que são uma parte importante da minha cara e do meu sorriso.
- Gosto muito das minhas costas. Fiz natação durante muitos anos e gosto muito de ter ombros largos e alguns músculos mais saídos.
- Gosto do meu rabo. Em tempos pensei que o tivesse perdido, mas com um pouco de exercício voltei a ter o rabo redondo e empinado que gosto.
- Gosto dos meus pés. São pequeninos. Gosto deles assim.
- Também gosto das minhas orelhas, por serem pequeninas.
- Gosto das minhas pernas quando faço um pouco de exercício. São grandes, coxudas.
Estou a fazer um esforço enorme para não escrever "mas".
E vocês? Se tiveram 3 minutinhos para ler isto, o que acham de fazerem agora o exercício aqui nos comments? Em anónimo, se preferirem :)
Sabem qual é a parte mais esquisita disto tudo? Quando estou nua e me vejo ao espelho consigo adorar-me! Vestida é que não consigo!
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