2.16.2015

Afinal havia outra (#08) - Viver no campo ou o elogio das coisas simples

Lá fora, nos dias quentes cheira a flores e a alfazema; nos frios, a terra molhada. E a chaminé dos vizinhos não cheira a fumo, mas a pão quente. Cá dentro, as tábuas de madeira rangem como quem se queixa da idade e o teto não é baixo, mas aconchegante. 


A primeira vez que a Maria Rita entrou na nossa casa ainda morava na minha barriga. Com uma noção espetacular de timming, achámos que bom bom era fazer a mudança com uma recém-nascida nos braços. No dia em que ela nasceu, o pai trouxe os avós e os tios a conhecerem a casa e eu, que sou dada a atribuir significados especiais às coisas, achei que isso ia dar sorte – vá-se lá saber porquê!  
Tinha apenas uma semana de vida quando a trouxemos cá. Lembro-me de olhar para ela, toda enroscadinha no sling, enquanto esperava que nos abrissem a porta, e de não saber se aquela sensação quentinha vinha do corpo dela colado ao meu, ou do coração, que transbordava de coisas boas.
Quando me perguntam sobre como é viver numa aldeia normalmente digo só que adoro, porque na verdade apetecia-me fazer poesia – soubesse eu fazer poesia! – sobre isso. Eu gosto de tudo. Tudo. E para mim os defeitos nas ombreiras das portas ou nas esquinas da parede não são imperfeições, são traços de personalidade. 

A nossa casa não tem número, tem nome. E eu acho que isso lhe dá mais alma – mesmo que se chame “Casa da Mó” e mó nem vê-la! Na verdade, na parede lê-se “Cãsã dã Mó”, mas isso é porque os outros donos tiveram preguiça de esperar pelos azulejos dos “A” normais e compraram com til…
Aqui, aprendi que a felicidade não é algo abstrato que paira no ar ou que habita os nossos desejos. Ela está nas coisas mais simples, em momentos específicos do dia-a-dia. Quando as minhas filhas correm caminho fora até casa dos vizinhos sinto uma felicidade imensa por toda esta liberdade, por terem espaço para crescer... com espaço. Por saber que toda a gente aqui lhes quer bem. A Avó ‘Melita, o Ti’ Toino, a Ti’ Margarida. Todos. Uma família que nos foi dada como um prémio na raspadinha: não fizemos nada, tivemos só sorte – muita sorte - e eles estão aqui para nós.
Ou até quando o portão da vizinha fica aberto para podermos ir até lá com as miúdas, porque elas adoram apanhar laranjas e limões e espreitar as galinhas. É como se tudo fosse um bocadinho nosso. As próprias hortas acabam por ser também um bocadinho nossas, porque os legumes e as frutas vão aparecendo à nossa porta, consoante o que a terra dá. E nós também deixamos o portão aberto, para um café, para uma conversa, para verem as miúdas e saberem que estão melhores da constipação.   


E é tudo bonito e perfeito? “Mães que sabem”, esta que vos escreve nasceu e cresceu em Lisboa e contava os dias para ir de férias para a “terra”, para fugir da cidade. E se há sonhos que estão tão longe de se tornar realidade, porque é que não agarramos com as duas mãos aqueles que só dependem de nós? A nossa casa custou o mesmo que um T2 nos arredores de Lisboa. Depois, claro, há as portagens, a gasolina e o saber que não levo menos de 35 minutos a chegar a casa. Mas para mim, compensa cada minuto e cada cêntimo. Porque no final do dia regresso a casa, ao sítio onde somos mais família, ao sonho que um dia tivemos, ao chão que range e ao teto que aconchega.

Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês

Manual de sobrevivência para uma mãe que está em casa

Faz dia 21 de Março um ano desde que tomo todos os dias conta da minha bebé e em casa. Sou uma privilegiada e, ao mesmo tempo, uma óptima candidata a um esgotamento nervoso.

Há amor, é verdade, há muito amor, mas... também há muito, muito enervamento.

É como dizem os concorrentes dos reality shows: "são 24h sobre 24h, voz, ai... Teresa!"

Ainda bem mas... MEU DEUS!

Fica aqui um resumo das coisas que me apercebi que nos fazem bem (às duas e, vá, aos três porque o meu marido também leva por tabela, obviamente):





1- Tomar banho todos os dias

Tem um efeito especial em nós - já para não falar da higiene, claro. Tomar banho faz-nos sentir mais capazes, mais bonitas, com mais força e com menos cansaço. Parece que é uma espécie de reset. Mesmo quando a noite do dia anterior foi tão calminha quanto ver pessoal a dançar Afrobeat, ganhamos uma meia hora de energia e duas de paciência. 

Mães de recém-nascidos: aproveitem uma altura em que eles estejam mais calminhos, deitem-nos na espreguiçadeira ou numa alcofa de maneira a que consigam vê-los da banheira com a cortina um pouco aberta e pronto. Se for preciso alguma coisa, não demoram a lá chegar. Podem desfrutar de um banho calmamente. E sim, nós ouvimo-los a chorar, mesmo que eles não estejam quando estamos longe deles. 

2- Mudar o pijama ou, idealmente, vestir roupa confortável mas não de dormir.

Mais uma vez: "já para não falar da higiene, claro". Se nos aprontássemos todos os dias um bocadinho, mesmo que não saíssemos de casa era mesmo óptimo. Vestirmo-nos faz com que estejamos mais perto daquele papel que desempenhamos numa vida mais "activa" (refiro-me a quando vamos trabalhar) e vamos buscar também as qualidades que mais usamos nessas alturas: organização, responsabilidade, paciência, etc. Não digo pintarmo-nos loucamente como se fossemos a Paula Bobone ou como se soubéssemos que íamos encontrar o amor da nossa vida, mas um creminho hidratante e mudar a roupa, já é bom!

3- Ter um plano diário.

Por muito insignificante que seja: ir aos correios, passear ao jardim, ter de ir à FNAC, etc. Ter um plano diário faz com que consigamos diferenciar os dias uns dos outros e também que nos dê algum objectivo além de lidar com o bebé.

Sentimo-nos "úteis" e levamos o bebé connosco a passear. Um óptimo dois em um. É muito apetitoso gastar dinheiro, principalmente no Inverno que saímos mais para centros comerciais mas façam como eu e não tenham dinheiro na conta. É isso.

Se os fãs da Sofia da Casa dos Segredos também que quiserem passar dinheiro, eu dou o meu NIB sem problemas. Também sou uma mãe coragem e leoa, o que quiserem que justifique.

Sei que é uma segunda referência ao programa, mas é o que se vê cá em casa à noite. Não digam ao meu marido que escrevi isto que ele gosta de dar aquele ar de que é muito machão e depois delira com estas bimbalhadas como eu.

4- Ter uma rotina de arrumação da casa.

De preferência de manhã quando o bebé ainda não está rabugento. Não digo dar uma volta à casa tipo Cinderela sobre o efeito de bebidas energéticas, mas dar aquela "voltinha": fazer as camas, organizar a casa de banho, tirar e por a loiça na máquina, etc. Fingir que se limpou tudo. Vocês sabem como é, que eu sei. Até podem acender aquelas duas velas grandes do Ikea para cheirar a lavadinho e tudo. 

5- Dormir sempre que o bebé dorme ou, pelo menos, uma das sestas.

É mesmo muito muito complicado irmos dormir quando estamos cansadas. Andamos a manhã inteira a sonhar que o bebé adormeça e, finalmente, quando adormece ficamos tipo estúpidas a olhar para a televisão a ver programas tão pouco produtivos como o FaceOff da Sic Radical. Temos de ser mais espertas e de nos obrigar a ir dormir. É como ir ao ginásio. Sabemos que nos vamos sentir bem, mas só no fim, claro.

6- Não querer ser muito produtiva.

Se fizermos muitos planos e quisermos acabar muitas coisas, além de ser muito complicado conseguirmos e de, no final, nos podermos sentir menos capazes, acaba por ser contraproducente quando o bebé estiver mais rabugento: "ainda tenho que ir fazer isto, ainda me falta acabar aquilo... assim não consigo fazer nada!!"

Logo se vê. Eu, por exemplo, há um mês que estou para escrever uma peça. Não é por preguiça, a sério. Estou louca para deitar as mãos à massa, mas isto de "não trabalhar", dá muito, muito, muito mais trabalho do que pensava.

7- Se o bebé está birrento é só estar lá para ele.

Está muito ligada à sugestão anterior. O melhor é mesmo dedicarmo-nos ao bebé, com tempo e calma quando ele precisa. É desesperante (para os dois) se tentar fazer algo ao mesmo tempo porque começa a vê-lo como um empecilho às outras coisas que está a tentar fazer. Aquela dica de não se olhar para o relógio quando se amamenta em livre demanda acho que se aplica em todas as outras ocasiões (menos na hora de dormir). Faz birra? Vamos a isso. Temos tempo. "Temos", mais ou menos.  Espero que o Manoel de Oliveira tenha menos tempo que eu. Começa a ser assustador.

8 -  As pilhas do bebé não duram para sempre. 

"Não dorme agora, dorme depois" - disse-me o pai de três filhos pequeninos e ficou-me sempre na cabeça.

"As pilhas vão acabar" -  para dizer como mantra nos momentos mais complicados.

O importante é manter uma atmosfera calma para os dois. 

9 - Ressalvar com os amigos com quem combina alguma coisa que tudo pode ser alterado conforme a disposição do bebé

Evita enervamentos a toda a gente, mais a nós que, geralmente, os outros chegam atrasados a tudo. 

10 - Vestir sempre o bebé 

Torna-se mais rápido sair entre mamadas e sonos e é menos um entrave a uma possível saída espontânea. Não que o bebé estivesse nu, claro. 

11 -  Ter noção de que ver televisão - ainda para mais sozinha - é uma perda de tempo. 

Estar em casa, apesar de as vezes poder ser muito difícil, é uma dádiva para se poder dar mais ao nosso bebé. Lá por estarmos "habituadas a isso", vai ser como a gravidez: vamos ter muitas, muitas saudades, "apesar de tudo". 


12 -  "Isto é só uma fase".  

É fácil desesperar quando as coisas não correm bem, mas vai haver uma idade em que vão acordar sozinhos e fazer o seu próprio pequeno almoço. 

13 - "Limpa-se amanhã".

Não deu para limpar hoje a casa? Limpa-se amanhã. Ou depois. Ou depois. O importante é aspirar para o miúdo não andar alimentado a bolas de cotão.



Mais conselhos? Acho que só temos a ganhar se trocarmos dicas umas com as outras :)

*Imagem do site We Heart It.

2.15.2015

Mães que tudo sabem (#05) - Vanessa Oliveira

"Se soubesse o que sei hoje já teria tido uns 5 filhos." É assim que Vanessa Oliveira, uma das apresentadoras mais lindas de todo o Portugal (adoro esta expressão e aqui posso usá-la), aborda a experiência da maternidade. Foi mãe do André, um bebezão com 3,945kg, a 18 de junho de 2013.
Hoje é uma mãe que tudo sabe, "pelo menos com o coração".


Como soubeste que estavas preparada para ser mãe?
Acho que nunca se sabe. Pelo menos na primeira vez. Tudo é tão avassalador que nenhuma mulher estará preparada. E quando digo avassalador, é no sentido de que tudo é uma descoberta, desde o teste e até ao fim da vida.

Como descobriste? Quem foi a primeira pessoa a quem contaste que estavas grávida?
Ponto prévio: eu e o João temos um péssimo acordar!
Foi tudo planeado, portanto na altura certa, acordei, fiz o teste e fui tomar o pequeno-almoço. Confesso que me esqueci completamente e, quando de repente me lembrei, fui a correr para ver. Confirmava-se, então fui até ao quarto e ouvi logo um rabugento “O QUE FOI?”. Disse-lhe que o resultado tinha dado positivo. Tirámos uma foto e voltámos a dormir. Quando acordámos, ligámos ao Obstetra e marcámos consulta. Não tem graça nenhuma, pois não? Pois, mas foi literalmente assim. Acho que fomo-nos consciencializando a pouco e pouco.

Lembras-te da primeira coisa que compraste para o bebé?
Depois da primeira consulta, o médico mandou-me tomar Ferro. Como daria muito nas vistas se fosse eu à farmácia, dado que queríamos segredo até aos 3 meses, foi lá o João.
Tínhamos combinado que só compraríamos alguma coisa depois dessa mesma data. Quando chegou ao carro, o João trazia o Folicil e duas chuchas! Disse que não conseguiu resistir!

Tinhas preferência por menino ou menina?
Confesso que tinha preferência por menino mas claro que se fosse rapariga, não teria qualquer problema. A dada altura, inconscientemente, as prioridades mudam radicalmente. É um lugar comum mas só queria que tivesse saúde.


Como correu a tua gravidez?
Tranquila. Cheia de comida! Engordei 22kgs! Como é possível?! Ainda há uns dias vi uma foto do final da gestação e nem me reconheci. Credo!!! Mas de resto tudo bem. Muito feliz!

Ias com medo para o parto ou calma?
Ia ansiosa, mas nada nervosa. Estava muito bem disposta. Foi parto induzido pois o André já estava muito grande, portanto, na noite anterior dormi pouco o que fez com que, depois das primeiras contrações e de, posteriormente levar a primeira dose da epidural, adormecesse e estivesse bem tranquila. Portanto, de 6 horas de trabalho de parto, lembro-me apenas de umas 3 ou 4.

Como recuperaste o teu peso? Era uma preocupação voltar à tua forma o mais depressa possível?
Recuperei sim. Tudo em 4 meses. Logo que pude, voltei ao ginásio, fechei a boca, ou seja, deixei de comer porcarias mas não deixei de comer, e foi tudo ao lugar. Tinha mesmo que ser!

Custou-te muito regressar ao trabalho depois da licença de maternidade ou nem por isso?
Não me custou nada! Eu adoro trabalhar e sempre soube que iria conciliar muito bem tudo. Confesso que ter a ajuda das avós ajuda IMENSO. Não sei como passaria sem elas.


O que foi/ é mais difícil na maternidade?
O André sempre dormiu relativamente bem. Sempre fomos muito rígidos em relação a colos e tudo mais no que respeitava às horas do sono, mesmo ainda na maternidade. O que acontece é que, quando ele está doente ou com dentes a nascer, acorda 2 e 3 vezes por noite. Para quem não está habituado é a loucura. Nenhum dos dois reage bem com sono portanto o André quando não dorme fica com uns pais insuportáveis!

Agora que és mãe, o que mudou na tua vida quotidiana?
Passei a dormir mais cedo e a acordar mais cedo. O que até é bom pois o dia rende muito mais (tenho sempre mil coisas para fazer). Custa é ao fim-de-semana pois aí podíamos desligar o relógio biológico dos miúdos e dormir mais um bocadinho mas já me habituei. Desde que não me estique nas horas a que me deito, tudo tranquilo e em paz.

Aprendeste algo novo sobre ti, quando que te tornaste mãe?
Sim, dou uma nova ordem às prioridades da vida. Coisas com que me chateava diariamente passaram a ter importância zero em relação àquilo que agora é importante para mim: o André, a saúde e felicidade dele, a construção da sua personalidade, planear a sua vida futura, etc, etc, etc.


Que valores consideras mais importantes na educação do teu filho?
Tentar que seja a imagem e semelhança da mãe e do pai. Bem educados, batalhadores, com muito amor para dar, com espírito de sacrifício, bondade… e muitos mais adjectivos espetaculares!!!

O que é que mais gostas no teu filho?
Ai! Ai! Ai! Daquele sorriso quando chama Mãiiii! que é a forma como ele diz e quando me abraça a dar miminhos.


Ele é dorminhoco e sossegadinho como desejavas?
Dorme bem, pelo menos 10 horas seguidas, o que é fantástico. Sossegado não, é uma peste! Mas é da maneira que faço ainda mais exercício físico em casa. Mas é tramado e muiiito teimoso! (tem a quem sair!)

Tens saudades de quando ele era bebé, bebé? Ou estás a gostar mais desta fase?
Eu acho que todas as fases são giras e importantes. Não podemos selecionar uma pois quando era recém-nascido tinha um encanto brutal, agora é o meu amor para toda a vida. Quando for adolescente será com certeza importante por outra razão…

És uma mãe control freak ou mais descontraída?
Completamente descontraída. Às vezes até penso que me interpretam mal mas quero lá saber. Sou responsável e isso é que é importante.


Da próxima vez vais fazer alguma coisa diferente? 
Sim, vou tentar fazer uma menina!!! Só para ser diferente. (Hahaha)

Algum conselho para as futuras mamãs?
Três:
1 – Não ouçam toda a gente. Façam uma filtragem muito elevada de todos os conselhos. Escolham duas ou três pessoas a quem recorrer para ouvir tais opiniões.
2 – Não stressem demasiado. Aproveitem cada momento, cada bocadinho, pois nada volta para trás.
3 – Dêem sempre um(a) irmão/ã ao vosso filho. Assim conseguem garantir que nunca ficará sozinho no mundo.

Qual é a última coisa que lhe dizes quando o pões na cama?
Todas as noites sem exceção: a oração do Anjo da Guarda e que o amo muito para sempre e com todas as minhas forças.

Ser mãe, para si, é...
A melhor coisa do mundo. Se soubesse o que sei hoje já tinha tido uns 5 filhos!

Porque é que é a mãe que sabe?
Porque a mãe gera, a mãe faz nascer, a mãe cuida, a mãe faz.

E sabe o quê?
Tenta saber sempre tudo, pelo menos com o coração.

Obrigada, Vanessa!

Nunca tive tanta paciência!


marido que só vê programas de culinária na televisão 
(até o "Prato da Casa" da CMTV que tem o apresentador menos talentoso de sempre) 
livro de receitas para bebés 
querer que a miúda coma com gosto 
primeira vez que corto algo tão minuciosamente




Quando nos tornamos Mães, ganhamos super-poderes.

2.14.2015

Mousse de oreo no bucho!

Muito eu protestei, gritei e desabafei há bocado, neste post. Mas quando chego a casa deparo-me com este cenário: Isabel no chão da cozinha a brincar com as compras e o meu namorado a fazer o jantar.

Ela deu-nos uma folga e até adormeceu sem grandes protestos, ele fez um peito de pato com molho de frutos vermelhos daqui (dedo indicador e polegar a puxar o lóbulo da orelha). Claro que para a Joana Gama isto não seria grande novidade (o marido dela é um cozinheiro de primeira, pelo menos é o que ela diz e a avaliar pela fofice dela, acredito), mas cá em casa, o namorado anda a surpreender-me muito e ultimamente até tem sido ele a fazer o jantar, caso contrário parece-me que morreríamos à fome.

Não quero ser daqueles casalinhos mete-nojo, mas tenho mesmo, mesmo o melhor namorado do mundo!

Menu, como se vos interessasse: folhado de queijo cabra com mel e nozes; patê de pato e cebola roxa caramelizada (isso até fui eu que fiz num instante); o tal do pato com couscous de passas e, para terminar, mousse de oreo com morangos e kiwis.





Tudo maravilhoso. As flores não eram comestíveis, mas achei por bem tirar foto para isto ficar a parecer um daqueles blogues fofinhos.

Agora vamos ao que interessa: alguém para vir cá a casa, LIMPAR A COZINHA?! (sobrou mousse...)

Vou só ali morrer um bocadinho e torcer para que a minha mai nova durma bem esta noite, por favorrrrrrr! Eu prometo que o mau feitio me passa, não se preocupem.

Só me apetece gritar!!!

"Então e como está a correr esse dia dos namorados, Joana?", perguntam vocês imaginariamente, só para eu ter o que escrever. Para já, neste blogue têm de ser mais específicas: Joana só não chega, pela razão óbvia de sermos duas. Esta que vos fala é Paixão Brás, não porque é "bem" assinar com três nomes, mas porque não se consegue livrar do Paixão, a alcunha do ciclo. Entranhou-se.
Onde é que eu ia mesmo? Ah!, na vossa pergunta. Não perguntaram nada? Pelo menos finjam-se interessadas, por favor.

Está a ser espetacular! Não, não está.
Primeiro, tive uma noite daquelas... a desejar cama. E não, não estou a falar de sexo. Dormir, dormir, dormir. Se pudesse dormia agora mas estou armada em finória no cabeleireiro a ler revistas do mês passado e a fazer madeixas. "E ainda te queixas?", indignar-se-ão algumas. Toda a razão, sair porta fora foi um alívio daqueles e o som dos secadores está a ser terapêutico. Já adormeci, de boca aberta. Palavra.
A Isabel anda a dormir pessimamente, devem ser dentes ou o raio. Quando acordou às 07h20, (para mim foi como se nunca me tivesse deitado) levantei-me, dei 4 passos e acordei já no chão. Não sei o que me aconteceu. Felizmente, fui de rabo. A sensação que tive foi a de ter adormecido, mas não sei se isso é possível. Quebra de tensão não me parece porque sempre que tenho, tenho consciência disso e agarro-me à parede ou a algum armário. Desta vez, nada. Só senti quando o meu cóccix me doeu (e não foi pouco).
Estou cansada, muito cansada. A maternidade não são só vestidos cor-de-rosa, quartos com cavalinhos brancos e bonecas de pano, mães e filhos sorridentes. A maternidade também nos lixa muito a cabecinha. A tortura do sono pode transformar-nos na pessoa mais irritante e desequilibrada à face da terra. Tenho pena de mim, até. 
Calma, pessoas que ainda não são mães que seguem o blogue (gabo-vos a paciência de aqui estarem), nem sempre temos vontade de os mandar janela fora. A maior parte do tempo é bom. E compensa. E aqueles clichês todos, que são mesmo verdade. Mas... AAAAAHHHHH! Há dias em que só me apetece gritar! 

Fica o desabafo. Já me sinto melhor. Pelo menos até ver o que me fizeram ao cabelo. Está quase.

Afinal havia outra (#07) - A descoberta

Descobri recentemente que a minha pancinha, proprietária de um carismático pneuzinho desde tenra idade, é lar de um bebé. Estou grávida de 9 semanas! Descobrir foi um episódio engraçado. Eu e o meu marido tínhamos estado 2 semanas em Portugal para o Natal. Ah. Moro em Zurique, esqueci-me de dizer. Um mês antes, pensámos: olha, a partir de agora, quando calhar, calhou? Certo. Teca teca porque assim não nos pressionamos, teca teca porque o destino tem as suas manhas, teca teca porque podemos esquecer-nos de ver se o momento é mais, menos, extremamente, super fértil ou não. E não é que calhou logo? Não tive aquele tempo de espera e de preparação, de pensar ai será que é agora? Será que ainda não é? Quando dei por mim, estava a ver a minha app para o ciclo menstrual e a pensar "um dia de atraso não é nada, toda a gente sabe que o Natal dá nervos nas pessoas e uma pessoa come sempre bastante". Dois dias, três... "oh, isto quanto mais o tempo passa, mais me enervo à espera, por isso é que nada acontece". Comprei um teste. A senhora da caixa olhou para a minha mão à procura da aliança e como a encontrou, sorriu. O que foi estúpido, mas o alemão também soa a estúpido e tenho que viver com isso. Fiz o teste. Apareceu um tracinho. Eu fiquei sem reacção, a pensar como é que o tracinho tinha lá ido parar, para além do facto de o ter afogado num copinho de xixi (sou fina e sem pontaria, ok?). Sorri muito a senti-me idiota. Sorria porque se deve sorrir, e eu sorria, à espera de sentir assim algo mais avassalador. Resolvi que não ia só dizer ao meu marido. Fiz um cartãozinho, aliás dois. Um a dizer "mamã" e outro a dizer "papá". Ele chegou com o carrinho das compras (nesta terra é fashion e prático usar carrinho, não é preciso ter-se mais do que 65 anos) e eu estava sentada na cama. Ele vem ter comigo e entrego-lhe o cartão. Ele abre-o, lê, e diz Ahhhhhh até perder ligeiramente o fôlego. Eu mostro-lhe o meu. E ele riu-se, mas ele ri-se sempre que fica nervoso. E eu desato a chorar e a primeira coisa que lhe digo é "eu estraguei-te a vida, perdoa-me!!!!". Não sei o que me deu, pronto, mas era só nisso em que pensava. Era a minha forma de lhe dizer o quão gosto dele e da ideia de irmos ter um filho. Felizmente ele fala o meu hormonal-language bastante fluente e entendeu. Ficámos imensamente parvinhos. E eu no dia seguinte fui 10 dias para fora em trabalho. 10 dias de reuniões. 10 dias em que estava sem ele, apenas eu e os meus pensamentos, e muito trabalho. Não sabia como digerir isto tudo. Não ia acrescentar um slide extra nas minhas apresentações a dizer "ahh já agora podemos debater isto?...". Passei o tempo todo a tentar descobrir como me sentia. Fisicamente sentia-me igual. Ou seja, não sentia nada. E isso perturbava-me e sentia-me anormal. Sempre achei que se sentia uma epifania cá dentro. Mas não só não sentia nada, como havia bastantes momentos em que me esquecia. Esquecia-me! Quando me voltava a lembrar sentia-me muito culpada. "Se não sou capaz de me lembrar que estou grávida, como é que um dia vou ser mãe de alguém? Se calhar não tenho instinto, o meu avariou-se. Se calhar o meu bebé não vai gostar de mim nunca porque já sabe que eu me esqueci que existia". Fui, voltei. O corpo foi compreensivo e resolveu enviar-me sinais. Pega lá umas mamocas doridas. Pega lá enjoos. Afinal parece que já sinto qualquer coisinha.

Joana Mesquita

a Mãe dá (#07) - Coffrets Mustela

Temos aqui um a Mãe dá muuuuito, muuuito suave e bem cheiroso.
Como já repararam, fazemos parte da família Mustela. São mesmo os nossos produtos preferidos!

Para mim, são tão o cheirinho do bebé que, antes de estar grávida, fui cheirar um Musti (refiro-me à água de colónia da Mustela) a uma loja, às escondidas (porque iria parecer esquisito entrar só para fazer isso) para me sentir mais perto de ser mãe.
Tenho alguns problemas de cabeça, sim, mas estava desejosa de engravidar e as coisas já estavam a levar demasiado tempo, hehe. 
Bom, chega de falar de mim (será que consigo?).

Vamos falar dos coffrets Mustela que temos para oferecer. Temos, para dar: dois coffrets exclusivos da Mustela que vêm com o perfume e com o Musti em azul ou cor-de-rosa.

Olhem aqui a fotografia, que bonitinhos: 

Visto que está aí o Carnaval, achámos que seria giro enviarem fotografias dos vossos bebés com uma máscara de Mustela: um coração na bochecha com creme, uma bolinha no nariz... Mostrem-nos as vossas criaturas para depois, quando divulgarmos os vencedores (que, apesar de serem escolhidos aleatoriamente, não deixam de ter o envio da foto como requisito de participação) termos umas fotografias queridas para mostrar. 



Para participar é preciso:
1) Fazer like na página d'a Mãe é que sabe (mas isso já está, não é?)
2) Partilhar publicamente este link no perfil do Facebook
3) Enviar, por e-mail (amaeequesabeblog@gmail.com), a tal fotografia do vosso bebé "mascarado" com creme na cara, com o assunto MUSTELA, com NOME (do participante e da criança), MORADA e link do Facebook.

Condições:
O vencedor será anunciado dia 21 de Fevereiro, sendo aceites inscrições até às 23h59 min do dia anterior.

Os vencedores serão escolhidos aleatoriamente através de random.org.

Só é válida uma participação por endereço de e-mail.


2.13.2015

Inventam tudo (#08) - Bonecas "reais"

O projecto Tree Change Dolls  é das ideias mais fantásticas que vi nos últimos tempos e está a fazer tanto sucesso que transformou a vida da Sonia, uma mãe australiana. 

Recupera bonecas (Bratz) em segunda mão e abandonadas e transforma-as em meninas, sem toda aquela carga sexualizada a que estamos habituadas: sem maquilhagem, sem lábios com botox, e sem roupas a la Casa dos Segredos.

Se repararem bem, a Sonia não quis tapar por completo os rabiscos de caneta - incorporou-as na boneca, para lhe dar mais personalidade. E porque nós não somos perfeitas.






E estas roupas? Não se aguenta!!! Lindas!

Bonecas de molho, à espera da rehab :)


Toda a história aqui: 


Simplesmente maravilhoso, Sonia! (como se ela um dia fosse ler este post hehe)

Em breve, estarão à venda online. Não são o máximo?!

a Mãe sugere (#01): Autocolantes Ardósia

Acho que isto é giro para as mães mais práticas como eu e para as mães mais pipis com a decoração como a outra Joana. Acho que pode ficar giro no quarto deles com pequenos recados, na cozinha (como é no meu caso), na sala, etc. Juntos de maneira a parecer um quadro grande ou separados. Direitos ou tortos, sei lá.




Comprei isto há alguns anos para pôr na cozinha e para me deixar recados motivacionais. Escrevia coisas como: "Disseste que ias correr, gorda de merd*", "escreve mais stand-up!", "compra bolachas", etc. 

Agora, já que tenho uma vida menos triste, decidi dedicar os quadros à família. Pelo menos até a senhora que me ajuda a passar a ferro me esborratar aquilo tudo com a camisola. Enfim, escrevo outra vez. 

Não acham giro? Acho que dá para matar um pouco aquela "tesaneira" que tinhamos de ir ao quadro quando éramos mais novas e queríamos escrever tudo direitinho. Era só eu? Não, pois não?

Pronto. Dei-me ao trabalho de virar umas quantas páginas num site para ter aqui o link direitinho dos autocolantes. Só porque vos amo. E porque a miúda está a dormir, claro. Senão estaria a borrifar-me para vocês. Com muito carinho, claro.

Está aqui o link. 

Alguém gostou da ideia? Não tenho jeito para estas coisas de decoração, mas sei lá. Pode ser que alguém goste. 

2.12.2015

Todas nós nos passamos com isto ou não?

Simples:


É quando estamos a embalá-los,

eles estão finalmente a adormecer

e temos uma valente comichão no nariz.


É isto.

Bom dia.




Já somos famosas (#04)

Joana Paixão Brás (JPG) - Controla-te um bocadinho, Joana. Pareces uma pita aos saltos. 

Joana Gama (JG) - E sou, mulher! Acho cá uma graça a isto!!!

JPB - A isto de irmos ser entrevistadas para uma revista?

JG - A isso e à palavra marisco. Já viste que não tem nada que ver com aquilo que é? Marisco. Ainda por cima dava um bom nome para um dentista: Dr. Marisco Pires. Não achas? 

JPB - És tão cansativa. Começo a achar que não tiraste uma licença sem vencimento mas sim que o teu local de trabalho quis uma pausa de um ano... 

JG - Vamos ser entrevistadas, pá!! Não é o Alta Definição (a JPB trabalha "lá"), eu sei, mas já é grande cena!

JPB - Grande cena é o meu buço que tenho de ir fazer rapidamente por causa desta brincadeira.

JG - Eu não vou fazer o meu. Por um dia fora de casa? Peço para me tirarem fotografias à sombra. Tu sempre ao sol e eu à sombra. Aquilo dói, pá! Fazer o buço é como dar chapadas a mim própria nas mamas. Dói. 

JPB - E esse cabelo?

JG - Eu sei que parece só um, mas podias fazer o esforço de falar no plural sobre ele. 

JPB - Tu é que devias fazer um esforço para que parecesse o cabelo de uma pessoa normal.

JG - Olha, estou a fazer agora. Gostas? Está melhor?

JPB - Estúpida. Bem, viemos partilhar convosco a boa notícia: vamos ser entrevistadas para uma revista de tiragem nacional e com direito a fotos!

JG - E fotos nossas! Não vão tirar fotos a cedros e pôr a nossa entrevista ao lado, não é bom?

JPB - "Por" já não tem acento.

JG - Não me enerves, menina dos 19 na faculdade e que ficava triste por não ter 20.

JPB - Não tens sopa para ir fazer?

JG - 'Tá, 'miga.

JPB - Recebemos o mail a perguntar se queríamos ser entrevistadas para a tal revista (depois contamos tudo heheh), a JG ligou-me e depois foi isto no WhatsApp:









JPB - No "Viking do Cais do Sodré"... O que eu tenho que aturar!

JG - Óptimo sítio para fotos amorosas, nem sei como ainda não organizaram para lá um "Mercado da Carlota". Perfeito. 

JPB - Joana!!! Não cries inimizades aqui também. Argh. Sou mãe de uma Isabel de 11 meses e de uma Joana de 28...  Estamos a brincar mãe da Carlota, não ligue, não ligue. 

Eu, tu e todas as coisas bonitas que vivemos - SUGESTÃO DIA DOS NAMORADOS

Não sou de achar grande piada ao dia da árvore, ao dia dos afónicos nem ao dia dos namorados. Mas este ano apeteceu-me celebrá-lo. O dos namorados. No nosso dia, ele não estava. Esteve fora, em trabalho, durante quase um mês. E este ano, faz mais sentido do que nunca. Somos três. As coisas bonitas que vivemos mais do que triplicaram.

Quis fugir ao relógio ou à camisa. Procurei uma coisa simples e inesquecível, daquelas que vamos revisitar ano após ano. Um álbum, um álbum especial.

Foi impossível responder a este desafio sem me emocionar: condensar em 45 fotografias todas as coisas bonitas que vivemos. Dei o meu melhor, mas muitas ficaram de fora. No entanto, as mais simbólicas e que arrastam centenas de outros momentos estão cá. O que nos fez rir, a maior aventura das nossas vidas, aquilo que nunca esqueceremos. Fotografias mais estudadas e outras desfocadas, espontâneas. Em seis anos mudámos muito, mas o que nos juntou continua imutável. 

É um agradecimento à pessoa tímida, generosa, de gargalhada fácil e que me faz sentir especial, todos os dias. Um agradecimento a quem me dá tanto e me deu o melhor que a vida me podia ter dado: a Isabel.










 
[Agora é rezar para que ele não veja este post (trabalho ao lado dele, aproveitei uma ausência dele e tirei-lhe o like da nossa página do FB para não receber notificações hehe). Nem que nenhum amiguinho dele estrague a surpresa.
Queria mesmo dar-vos esta ideia, se não souberem o que oferecer. Comprei o álbum numa lojinha no primeiro piso do Saldanha Residence (chamada Tell me a Store), em Lisboa, mas deve haver em mais sítios. Podem levar as fotos numa pen e revelar numa Worten ou Fnac (nunca tinha experimentado e foi um instantinho! Vão a tempo! Boraaaaa!)

Ah! E sim, a minha mesa está toda suja e manchada, mas gosto assim e não me consigo desfazer dela: era da minha querida avó Isabel]

Como é que se enfia o supositório?

Aiiiiiii!!!!!

Odeio quando acho que já estou esclarecida em relação a algo e depois me trocam as voltas!

Afinal, como é que se põe o supositório?

Ponho-lhe sempre com a parte em ogiva primeiro. Achei que assim deve magoar menos, até porque tem a forma de um tampão e eu não ponho a parte grossa do tampão primeiro (senão, o fio ainda me fecundava um óvulo).  Sim, sei que estamos a falar de orifícios diferentes. Não lhe ando a empaturrar o pipi de ben-u-rons.

Desculpem lá a imagem estúpida, mas no Wikihow dizem que é assim: 



Li há há pouco tempo no blog da Caco de Mimo que, afinal, não!

"6 - Os supositórios enfiam-se com a parte mais grossa primeiro;

Passo a explicar o ponto 6: os supositórios são mais finos numa extremidade do que na outra. Eu sempre coloquei a parte mais fina primeiro, mas o correcto é a parte mais grossa, de maneira a que depois custe menos a entrar. Foi uma enfermeira que me disse. Já testei e funciona. Fui mais clara, agora? :-)"

A minha questão é: por que é que isto não vem com livro de instruções, pá? Especialmente se é uma coisa para por no rabo da minha criança, gostaria de saber como é. 

Até está aqui a porcaria da bula para verem como é (que não traz desenhos, se é que me estou a explicar). 

Encontrei depois outro blog E os filhos dos outros que cita literatura científica e ainda traduz e explica (ainda dizem que blogs não são serviço público - não sei quem, mas alguém a de já ter dito isso):
"Encontrei a teoria da introdução invertida do supositório, inclusivamente, defendida por outros enfermeiros. Mas, porque raio as farmacêuticas continuavam fabricar os supositórios tal como os conhecemos? Parte fina e de ponta lisa para a frente que vai ficando mais larga, de forma abrir delicadamente o ânus, seguido de uma diminuição do diâmetro até até um corte súbito. Fui à literatura científica e desfiz o mito.



«Historically suppositories were inserted pointed end first but the publication of one study (Abd-El-Maeboud et al, 1991) changed nursing practice overnight. The authors suggested retention is more easily achieved if suppositories are inserted blunt end first because the squeezing action of the anal sphincter against the apex pushes (sucks) them into the rectum. (...) However, there has been a lack of critical appraisal of this research, which has never been replicated and has the limitations inherent with any small study. The research analysis used simple descriptive statistics, which further brings into question the validity and robustness of the research and the conclusions drawn. (...)In the absence of conclusive evidence to recommend one particular method of suppository insertion, it seems that a common-sense approach is required (Bradshaw and Price, 2006).»



Conclusão: houve gente que acreditou que a porção fina virada para baixo ajudaria a que o supositório fosse mais facilmente 'empurrado' para cima pelo próprio esfíncter anal. Eventualmente faria sentido, quando era o próprio a colocar. De qualquer forma, essa hipótese nunca foi provada, pelo que deve imperar o bom senso. E, para mim, bom senso parece ser colocá-lo como o fabricante preconiza, isto é, como mostra a figura.

"



Um bem haja ao "João Moreira Pinto. Marido, pai, cirurgião pediátrico. Entre casa e o hospital, a ver crescer os meus dois filhos... "(é assim que está descrito no seu blogue) por me ter desfeito esta dúvida sobre como introduzir algo no recto da minha filha. 

2.11.2015

Mania de lhes impingirmos tudo!

- O meu filho é louco pelo Pluto. Mesmo, mesmo fã! 
- Mas tu ainda só estás grávida!

- A Isabelinha é maluca por fofos com folhos cor-de-rosa. Quando lhe visto um fato de treino, chora angustiada!
- Com 10 meses?
- Sim, sim! E já me pede laços na cabeça, não sai de casa sem um!

Mães, sejamos sinceras: nenhum bebé de 3 meses é fã de Pluto nenhum. Nem com 6 meses o é, de livre e espontânea vontade.




Podemos querer muito que o sejam (não percebo muito bem a necessidade) mas temos de admitir que nós é que temos uma grande panca pelos bonecos e os impingimos!

Claro que os influenciamos com os nossos gostos e eles são esponjas, mas por que é que os queremos moldar à nossa imagem e semelhança?

"O meu filho só gosta das fraldas amarelas, com as laranja recusa-se a defecar."
"A minha Mariana só adormece com luz de presença. Tem 3 meses."

Vamos lá a ver: não seremos nós que queremos arranjar explicação para tudo para nos sentirmos mais seguras? Definir-lhes padrões e personalidades conforta-nos mais e dá um sentido a tudo. Queremos sentir que estamos a fazer tudo certo e que eles ficam felizes com as nossas escolhas.

Na altura de decorar o quarto dela, lembrei-me de algo que li em algum lado (ou vi no Querido, Mudei a casa, sei lá): tentem criar um ambiente simples, acolhedor, de cores suaves. Quando eles tiverem gostos e opinião, deixem-nos ser eles a decidir que animais querem ter na parede."

E isto aplica-se um bocadinho a tudo: por enquanto sou eu quem escolhe tudo na vida dela, desde que música ouve, a que roupas veste. Um dia, há-de ser ela. E aí sim, vou poder dizer: "a minha filha é louca pelas princesas da Disney" e "odeia os fofos que eu lhe vestia". Oh não!

*imagem do site We Heart It

Mete medo ao susto!

A expressão dos bebés quando ficam sem luz, quando passam por túneis, mete medo ao susto. hehehe

Eu já me tinha apercebido disto sempre que fechava os estores. Realmente, faz sentido, não faz?

Se querem ver melhor, têm que abrir mais os olhos, óbvio.

Por acaso, em crescidos, fazemos o contrário. Semicerramos os olhos para focar. Porém, esta é a lógica (até em fotografia): para entrar mais luz, tem que se abrir mais ou durante mais tempo.

Ficam tão fofinhos e, ao mesmo tempo, assustadores para caraças!

No prédio onde moro, apesar de há ter pedido há 40 meses para porem luzes novas, o hall antes de se entrar na garagem está completamente às escuras e, por isso, a Irene faz sempre estas caras.

A Joana (a outra) acabou de se lembrar que já me tinha enviado um vídeo da Isabel a fazer o mesmo hehe :) (em Novembro, eishh)

 
               


Também têm videos dos vossos?

Agora fica aqui a compilação de bebés queridos e amorosos mas, de vez em quando, uns que parecem um pé. E sim, a música parece de um filme porno.

Pelo menos, foi o que me disseram. Um abraço.



               

Acabou-se a mama

Foi bom. Foi mau. Foi assim-assim. Foi terrível. Foi das melhores coisas de sempre e chegou ao fim.


Amamentar foi das melhores experiências da minha vida. A primeira vez foi mágica. Assim que puseram a Isabel da minha maca, a minutos de ter nascido, ela soube logo o que fazer. Fomos juntas até ao nosso quarto, unidas. Foi a mamar, timidamente. Os dias que se seguiram foram de preocupação na hora da mama. Adormecia. Molha pé, despe, aperta pé, mexe na orelha, mexe no queixo. O sono falava mais alto. Perdeu algum peso. Ainda no hospital, a médica que lhe deu alta sugeriu suplemento. Tive dúvidas, mas quis confiar em mim, no meu instinto. Não dei. Estava bem, não parecia ter fome. 

Já em casa, a subida do leite. Horrível. Dores e mais dores. Parecia que ia rebentar e ela não dava vazão. Vidrinhos no peito, dores lancinantes quando mamava e antes e depois. Pedia ao pai da Isabel para me apertar um pé com toda a força possível. Só queria deixar de sentir aquelas dores. Podiam ser outras. Aquelas não. Experimentei todas as mezinhas, o saco quente, o banho, a massagem. Depois o saco frio, creme, o próprio leite, a bomba. Fiz de tudo. As dores eram enormes. Ninguém me tinha avisado que podia ser assim. Não sabia. Doeu mais do que o parto. Chorava a dar de mamar. Aquele momento supostamente tão lindo, tão próximo, era um inferno. Mas ia passar. Tinha de passar. Eu só perguntava "isto vai passar, não vai?". "Vai, isso passa", respondiam. Um mês. Um mês inteiro com dores na mama esquerda. Naqueles momentos lembro-me de pensar nas mães que desistiam. Percebi. Percebi tão bem. 

Passou.
Um mês depois, amamentar era bom. Era um momento só nosso, mágico. As dores tinham ficado no passado. Valeu a pena. A satisfação dela a mamar compensava tudo. Finalmente tudo corria bem.

Depois vieram as cólicas a mamar ou o que era aquilo. Contorcia-se, chorava, tinha fome mas causava-lhe dor. Até parecia que ouvia o som do leite que lhe chegava ao estômago. Foi difícil. Tinha de me levantar, tentar distraí-la e lá ia mamando. Malditas cólicas. Passaram as cólicas. Voltou a mamar bem. Mas foi sol de pouca dura.


Biberão. Esse grande "aliado" quando fui trabalhar, no dia em que fez três meses, revelou-se o maior inimigo da amamentação. Deixava leitinho e bebia no biberão. Acontece que se começou a habituar ao facilitismo do biberão, a mama dava muito mais trabalho... Prestes a fazer 4 meses, preferia o biberão. Pedi conselhos, liguei para o SOS Amamentação, pediatra, tudo. As reservas de leite congelado estavam a acabar. Sabia que se não mamasse, dificilmente a bomba iria ajudar tão bem na produção de leite. Comprei suplemento, pelo sim, pelo não. Não queria deixar de ter leite. Não depois de tanto esforço. Não depois de ser o nosso momento. Uns dias a tirar pouco, a tristeza a apoderar-se. Mamava bem durante a noite e de manhã. Às vezes à tarde também. Fiz de tudo. Comecei a conseguir produzir mais leite para ela mamar e para guardar. Dei-lhe algumas vezes suplemento, porque tinha fome e descongelar ia demorar muito tempo. Chorar com fome, não! Queria ouvir aqueles sons de prazer a mamar, qualquer que fosse o leite.
Até que fui à clínica Amamentos pedir ajuda. Tinha ela 4 meses. Melhorou. Ficou a mamar muito melhor. Estava fartinha da bomba, mas continuei a tirar leite mais um mês para a minha ausência. Por ela, tudo. 


Até aos 9 meses mamava de manhã e à noite e ao fim-de-semana sempre que queria.


Aos 9 meses e 3 dias foi a última vez. Ausentei-me um fim-de-semana e quando voltei ela não quis. Não conseguia. Pareceu-nos doente, fomos ao hospital: pneumonia. Internada 5 dias e sempre a recusar a mama. Tentei tirar leite, mas nada de jeito.

Nova consulta com uma especialista, procurei ajuda, comprei uma máquina nova. Banhos com ela, pele com pele, danças, brincadeiras e nada. Não consegui fazer com que ela quisesse mamar de novo.

E esta semana decidi: chegou ao fim a nossa maminha. Foi bom, não me posso esquecer daqueles olhos a olharem bem nos meus, daquele mimo todo, daquela cumplicidade. Foi também mau, mas consegui superar sempre as dificuldades.

Decidi não continuar a tentar, bem comigo e até com um certo alívio porque não vou arrastar mais esta situação. Pus definitivamente um ponto final. Uns dirão que foi cedo, outros que já foi muito bom. Para mim, nem sempre foi bom, foi bom, foi mais ou menos, foi das melhores coisas e já tenho saudades. Pode ser que com um(a) maninho(a) ela queira voltar a mamar, quem sabe? Não me importava mesmo nada. 

Entretanto, e como a amamentação não é tudo, vou continuar a ser tão boa mãe como fui até aqui. E não sou mais nem menos do que quem amamentou 30 meses ou do que quem amamentou apenas um. Nem mais nem menos do que quem odiou e desistiu, nem mais nem menos do que quem teve a melhor das experiências. Amor e cumplicidade entre mãe e filha há-os de várias formas.

 *imagem we heart it