Quando a maior parte de vocês ler este post já não devem estar publicados os meus stories de ontem em que estive a fazer o buço para quem quisesse ver. Sim, no instagram. Acho que o cansaço está a fazer com que perca (ainda mais) filtros e (ainda mais) noção e nem me questione do que estou a fazer.
Como escrevi aqui, adorava nunca mais ter buço na vida. Era a minha resolução para 2018 ou a melhor prenda de Natal que poderia ter. E no outro dia a minha sogra - ouvi dizer que apesar de já não estar casada com o filho dela que será "minha sogra" para sempre - aconselhou-me a usar a pomada anestesiante que usei para a Irene não ter dor nas análises ao sangue na zona do buço antes de me depilar.
E sabem que mais? Resultou!!! Há anos!! Há anos que estou em negação relativamente ao bigode central e fazia apenas os cantinhos para não dar aquela cana evidente. Há anos que sempre que alguém me olhava directamente eu fingia tremer de frio para não poderem focar a minha cara ao ponto de ver os pêlos do buço e agora... Estou safa!
Isto para vos recomendar (a cara para xuxu) pomada EMLA que vem com algumas bisnagas e que, a partir de agora, me vai permitir estar toda impecável a nível de moustache.
Não vou ao cabeleireiro fazer o buço porque digo muitas asneiras e choro muito - tenho vergonha. Agora já está resolviiiidoooo!!
A minha cara de arrependimento depois de me ter exposto daquela forma. Fotografia: The Love Project.
Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. Querem saber quando publicamos coisas?
É horrível o que vou dizer, mas há coisas pouco horríveis em estares doente. Não devia dizer isto, pois não? Enfiar-te na minha cama para estar mais perto de ti, para sentir quanto terás febre - mesmo que sempre que tenhas, me aperceba já tarde - ou se começaste a tremer com convulsões.
Assim dormes comigo. Gostamos as duas.
Assim há dias em que tu não podes mesmo ir à escola e eu não posso mesmo ir trabalhar e não podemos mesmo sair. Assim estamos tão juntas. Gostamos as duas.
Assim pedes-me que te abrace a meio da noite e eu faço-o.
"Abraça-me.".
Abracei, claro. Tu não sabes, mas tenho-te abraçado praticamente a noite toda. É um prazer sentir a tua respiração (mesmo entupida e fazendo apneias grrr). Acordar contigo e com a tua boa disposição é mágico.
Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. Querem saber quando publicamos coisas?
Sempre que a Irene fica doente, começo a rever em câmera lenta todas as decisões que fui tomando por ser - penso eu, nestas alturas - demasiado optimista.
Começo a duvidar se poderia estar a fazer algo diferente e ponho tudo, mas mesmo tudo em causa. E, além de estar exausta por ela estar doente e já pela vida que levamos no geral (cuidar da miúda completamente sozinha não é fácil, como muuuitas de vocês saberão), ainda me martelo toda com a culpa.
Que parvoíce isto da culpa.
Os miúdos ficam doentes acontece por mil e uma razões, muitas delas que têm 0 que ver se os lembrámos de vestir o casaco ou não. Ou se os devíamos ter inscrito na natação...
Vamos sempre encontrar a razão que achamos merecer.
Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. OH NÃO! Mas nós somos vossas amigas, certo? Querem saber quando publicamos coisas, certo? Então vá:
Começo a escrever o post ainda indecisa se o vá publicar ou não. Independentemente de quem terá razão ou de toda a gente que tenha e não tenha razão, estou farta de ler comentários aos berros. Grita-se muito hoje em dia tanto em assuntos importantes como em menos. Calma.
Não é muito meu criar uma estrutura de pensamento para aquilo que escreva aqui. Escrevo conforme me sinta no momento ou baseando-me em algo que gostaria de transmitir. Aqui vai.
Quando a Irene nasceu, não a quis mostrar ao mundo. Ou melhor: quis, mas senti que não devia. Tanto o pai como eu estávamos divididos se o devíamos fazer ou não.
Queria, na mesma, registar o momento. O meu primeiro sorriso depois dela ter nascido, ainda muito pouco recuperada do parto e de tudo o resto.
Senti que o mundo não tinha que a conhecer e que o meu dever era protegê-la. Que era a minha bebé, a nossa e que ser mãe e internet não tinha nada que ver uma coisa com a outra. Aliás, expô-la na internet pareceu-me que iria profaná-la. E fiquei assustada por assim que publiquei esta fotografia ter surgido uma notícia sobre isso num site.
Mesmo assim não conseguimos evitar. Tanto o pai como eu, depois de termos uma conversa em que falamos sobre quais seriam os perigos práticos de expôr a Irene e não conseguimos concretizar. Cheguei a pensar nisso várias vezes, claro, até escrevi algo aqui sobre isso aqui.
Apesar de ter começado a trabalhar no meio há 10 anos e de ter feito rádio em programas de destaque e também televisão, nunca me senti minimamente "conhecida". Talvez por não gostar de "aparecer" ou de não ir a sítios onde as pessoas que me reconheceriam frequentassem, mas não senti. Ter os seguidores que tinha no Facebook (e que, anos depois ainda são os mesmos que aquilo está morto), os que tinha no instagram (que eram alguns mas tão menos que tanta outra gente) apesar de serem tão menos que pessoas que eu considerasse conhecidas. Nunca me levei a sério. Nunca me vi como alguém que fosse popular nem, além da internet, fui tendo esse feedback. A minha vida era fazer rádio, sair e ir para casa. Ou rádio, televisão, casa.
Engravidar e decidir ser mãe preencheu-me um vazio enorme. A verdade é essa. Desde que engavidei que a Irene e a nossa ligação me inspira e, mesmo antes dela nascer, escrevi um livro sobre ela, sobre a nossa gravidez. Comecei a apaixonar-me por todas as mudanças e expectativas disto da maternidade e comecei a sonhar com a Irene diariamente, connosco.
Depois de um parto que esteve longe de ser o melhor parto possível e de um início de ligação muito desfasado entre mim e a Irene (eu não estava bem), as coisas começaram a acalmar ou, então, comecei a ter força para enfrentar o que se passava, relativizando, como sempre. Pensando: há de haver mais mães que se sintam tão sozinhas, perdidas, ansiosas e desesperadas como eu, preciso de sentir que somos mais e, provavelmente, elas também.
Uma das coisas em que penso mais é que em todas as evoluções há quem se sinta mais confortável na maneira anterior de viver o mundo e há quem se adapte mais facilmente (e automaticamente, sem pensar tanto, como preferirem) aos tempos actuais. Lembro-me quando usar o nome verdadeiro nas redes sociais ou onde quer que fosse na internet era impensável, mas praticamente toda a gente usa o seu nome verdadeiro (e apelidos!!) no Facebook. Praticamente toda a gente terá fotografias suas nas fotografias de perfil e até já há muitas mais pessoas a sentirem-se confortáveis a fazerem compras online sem medo que nos esvaziem os cartões de crédito. Também já não respondemos ou abrimos mails esquisitos da Nigéria... As coisas têm vindo a mudar.
E, com a minha ingenuidade, o que me tem servido até hoje para acalmar a minha "mãe leoa" - que chatice, só associo isto a reality shows - em mim é que hoje isto não parece normal porque é "o começo". Da mesma maneira que vender os meus CDs todos por ter tudo em mp3 também me pareceu horrível, mas a verdade é que nunca os iria usar e agora nem tenho leitor. No futuro, da mesma maneira que partilhamos as nossas localizações, os nossos estados de alma, os nosso quartos, a nossa comida, a nossa roupa, os nossos beijos na boca à pessoa com quem estamos, os Natais, os pais, os irmãos, os filhos, os netos farão parte do conjunto de infinitas imagens na internet de todas as pessoas do mundo. Depois, provavelmente, voltaremos a coom éramos antes. Não partilhar nada. Usarmos nomes a fingir e avatares para não darmos informações nenhumas sobre nós. Uns de nós vão rejeitar chips que passem informações sobre o nosso organismo ao médico, outros vão adorar (muito Black Mirror).
O meu ponto de partida não é errado. É um ponto de partida. É válido, mas falta aqui o que realmente importa: e o direito da criança à privacidade? Tenho vindo a reflectir mais sobre isso, por causa do programa, mas também por todos os berros em comentários aqui e noutros sítios... Eu não sou só "uma mãe" que mostra a criança para umas 100 pessoas (sendo que, às vezes, é até no seio mais próximo que acontecem as desgraças). As pessoas reconhecem-me e à Irene. E temos recebido imenso carinho, imensos sorrisos, até dos filhos dessas pessoas que vêm na Irene uma amiga.
Como vejo o Mundo actualmente, não imagino ninguém, muito menos mães que me odeiem (que as há pelas minhas opiniões e pelas suas maneiras de verem as coisas) a fazer mal à minha filha. Não sei como poderiam fazê-lo, sequer. As mães fazem isso aos filhos dos outros? No meu mundo as mães não fazem isso. Não fazem mal aos seus filhos nem aos dos outros e não decidem fazer ainda pior a uma miúda por ser filha de uma mãe que tem um blog onde o principal intuito é conversar sobre maternidade e que reflictamos em conjunto sobre as pressões a que estamos sujeitas e a dificuldade da questão, mas também o amor.
A Irene e o seu direito à privacidade. Afastando-me do lado concreto da questão (os artigos dos códigos) porque lá por estarem em livros não quer dizer que não pensemos sobre eles. É a lei, mas a lei pode ser mudada, ou não. Ou podem estar a ler - como se alguém lesse até aqui - sobre a blogger que vai mudar de opinião e vai deixar de publicar fotografias da filha na internet. Ainda não sei. Estou a escrever, como vos disse, em directo.
Na adolescência vivi um episódio muito difícil (vivemos todas, bem sei) em que senti o que era a minha privacidade ter sido grandemente violada e a um nível bastante intimidante. Por isso, posso deduzir que provavelmente o meu espectro para avaliar esta questão da privacidade da minha filha não será o "normal". Não me parece minimamente grave ela ter um blog, ou até mesmo um livro ou dois, em que a mãe fale diariamente do que sente por ela, das suas dificuldades e virtudes e em que publique fotografias lindíssimas dela. A mãe que gosta de olhar para ela, de a fotografar e que quer mostrar ao mundo o quanto é bela. A mãe que tem o cuidado - mesmo quando não tinha uma máquina de jeito - porque a ama, que ela não apareça em condições que não a favoreçam. Aparece bonita, feliz ou triste a fingir. Vejo o que tenho feito da minha maternidade pública com a Irene uma enorme declaração de amor diária, um diário que me ajuda a sistematizar pensamentos e sentimentos e também uma fonte de inspiração para muitas mães (parece presunçoso da minha parte, mas tenho de começar a assumi-lo tantas que são as vossas mensagens de carinho).
Foi por um mau motivo, mas eu sei (ou parece-me) que o "bullying" acompanha pessoas da mesma geração (quem lê este blog são as mães e não as crianças). Daqui a uns anos - se eu continuar a publicar fotografias dela - quando a Irene já não quiser aparecer, não aparece e os colegas dela não saberão quem ela é. A não ser, talvez, pelo nome. Não há muitas Irenes por aí, mas não iria eu escolher um nome normal para a miúda para ninguém saber que ela é minha filha, não é? Ou criar uma espécie de clima de segredo sempre que falasse nela e dissesse a Baby I e mostrasse só uma mão ou um pedaço do pescoço. Não sei. Parece-me tudo demasiado longe de mim e da minha realidade, mesmo respeitando a 100% quem escolha essa opção porque na minha linha de pensamento eu corro o risco da Irene odiar que eu tenha feito isto, mas nunca correria risco se não a expusesse. Nem violava um direito dela. Sei.
Pondo-me no lugar dela, eu tal como sou e não a leitora anónima como é e que já está a fervilhar), eu ficaria muito feliz se a minha mãe me tivesse feito isto. Tal como fiquei muito feliz com as fotografias que ela tem minhas e com o album da cegonha que ela fez de mim quando eu era bebé. Uma coisa é privada e a outra é pública, bem sei, mas passaram 31 anos desde aquele álbum. O privado e o público terão ganho também outras dimensões.
Como o que conto aqui. Inibo-me praticamente de forma muito natural a partilhar coisas da minha vida que possam perturbar terceiros. Não venho para aqui lavar roupa suja da minha relação com o pai da Irene, não faço aqui queixinhas de escolas antigas (posso dizer que me enganei na escolha), etc. Aqui partilho o que não me importo que se saiba o que todas nós sabemos que é verdade, caramba: o lado bom e lado mau disto.
Independentemente do que venha a decidir - ainda estou a pensar e reflectir e até lá continuarei a agir como tenho agido até agora porque se nunca tivesse pensado a sério nisto é que seria grave e já pensei o suficiente para ter chegado à conclusão anterior - este momento já serve para trazer mais food for thought e, nem que seja, para pensar ainda melhor nas parcerias e na publicidade que fazemos no nosso blog usando as nossas filhas.
E, por acaso, mesmo reflectindo tenho bastante vaidade na forma como temos conduzido o blog nesse aspecto. Temos recusado muitas muitas propostas de marcas com as quais não queremos que nem as as nossas filhas nem nós estejamos associadas. Tirando uma situação (acho que foi só uma e nem as envolveu), não me lembro de nada que me tenha deixado desconfortável, mesmo pensando na Irene. Há dias em que, quando olho para a conta, e vejo o saldo que tenho agora e quantos dias ainda me faltam para o fim do mês, me vem à cabeça os milhares de euros que já perdemos por termos os critérios que temos, mas a frutração passa rapidamente.
O que vou começar a fazer e também por causa disto é criar uma conta-poupança para a Irene, mesmo que o dinheiro que faço daqui vá praticamente para ela, é mais justo assim.
E agora espeto uma fotografia, uma daquelas que acho que a Irene irá adorar pela fotografia e também pela declaração pública de afecto. Digo eu, sei lá. Vou pensar.
Perdoem-me este tema nada sexy, mas ando num dilema totó: qual será a melhor altura para fazer as limpezas cá de casa e tratar da roupa e afins. Custa-me muito passar um fim-de-semana de volta da casa: acho o tempo mais mal gasto do mundo, mesmo que tente envolvê-las nas tarefas para não sentir que não lhes estou a dar atenção. Preferia, no entanto, estar três horas sozinha em casa (ou com o David ou alguém) para dar conta de tudo mais rapidamente e não ter de estar a arrumar, de um lado, e a ver desarrumarem, do outro. O que eu preferia mesmo, mesmo, era ter quem me tratasse da casa, pois está claro, mas, pelo menos por enquanto, não entra no nosso orçamento.
No outro dia, no domingo, experimentámos, pela primeira vez, levar roupa para secar a uma daquelas máquinas, à filme americano, e foi dinheiro muito bem gasto: a roupa seca num instante e muita dela nem precisa de ser passada a ferro. Mesmo assim, perdi tempo de volta de camisas e roupa mais "pipi" (ODEIO passar a ferro).
Durante a semana é-me muito difícil ter tempo para grandes limpezas e arrumações, ponho, no máximo, o robot a aspirar a casa, arruma-se a cozinha (tem sido sempre o David) e pouco mais. Ao fim-de-semana, custa-me prescindir do nosso tempo livre e do nosso tempo para elas para estar de volta da casa (e a casa até é pequena e tem pouca tralha, mas demora!). Às vezes estamos a arrumar a louça do almoço e já é hora de fazer jantar. Uma desgraça. Até já sonho em passar todos os fins de semana a passear ou em casa dos avós para tentar esquecer-me da casa e ter as refeições feitas e isso. Eheh
Como gerem vocês esse tempo? Têm ajuda de uma empregada ou são vocês e os senhores vossos esposos que tratam de tudo? E almoços e jantares, como é?
A minha expressão quando tenho a casa de pantanas é mais ou menos esta. :) Mas queria acreditar em unicórnios.
Camisola C&A
Ui que as haters já estão a esfregar as mãos para responderem 88 respostas a dizer que sou stressada, ansiosa que, por causa do divórcio, não sei o quê e que a Irene não é uma miúda normal porque eu, eu, eu e a culpa é minha. Whatever.
Faço esta pergunta porque tenho finalmente percebido que a percepção que tenho do meu corpo não é justa. É mesmo muito muito cruel.
Só me lembro de me achar gorda. Muito gorda. Trocava milhares de vezes de calças antes de ir para a escola de manhã, passava o dia a encolher a barriga, às vezes fazia dietas loucas no Verão de não comer durante horas e de fazer desporto durante o máximo de horas que conseguisse... Cheguei a dormir com um cinto a apertar-me a barriga para me lembrar de a encolher para "fazer abdominais enquanto dormia". Tentei milhares de vezes obrigar-me a vomitar e - ainda bem - nunca consegui.
E quando, num dia destes, fui ver fotografias minhas dessa altura... estava óptima. Não estava nada gorda. Não só estava bem, como estava muito bem. Era muita boazona, até. Nunca tive a barriga flat e com 6 pack, mas... não tinha motivos nenhuns para sofrer como sofri.
No outro dia, quando encomendei roupa da Zara e abri a caixa no trabalho, houve uma colega que me olhou nos olhos e disse: "porque é que compras roupa tão acima do teu tamanho?". Tinha comprado Ms e Ls. O L comprei para estar à vontade porque tenho sempre medo que não me apertem os casacos ou nos braços que não passem...
- São acima do meu tamanho?
- São, Joana. Tens um problema (sim, haters, tenho muitos problemas) e isso tem um nome. - Ela disse isto a "brincar", mas a chamar-me à atenção para isso. Foi uma querida.
E, realmente, não tenho noção nenhuma do meu tamanho. É um facto. No outro dia ofereceram-me uma t-shirt lindíssima que era um S (obrigada :)) e eu jurava a pé juntos que não me iria servir. Até andava a adiar experimentá-la para não ficar triste.
Experimentei umas calças e o meu número não é tão grande quanto imagino. Afinal pessoas cujo corpo visualmente me agrada no dia-a-dia vestem o mesmo número que eu. Porque será que me "odeio" tanto?
Sei que isto não acontece só comigo, sei que acontecerá com muitas de vós. Sei que há muitas por aí que odeiam aquela prega extra que não cabe nas calças ou que odeia que os tops de lycra não assentem perfeitamente. Que odeiam os braços, a celulite nas pernas, a forma como são os dedos dos pés, os dentes...
Somos óptimas a odiar-nos, mas temos mesmo de mudar o mindset para aquele que é menos fácil: o que temos em nós que gostemos? E será que esta nossa percepção é real?
♦♦♦
Vou partilhar convosco o meu exercício:
- Adoro os meus olhos, são verdes e tristes. Tenho pestanas grandes, é uma sorte.
- Gosto muito da minha boca, parece de boneca. Tenho lábios carnudos.
- Adoro os meus dentes - só os tenho por ter usado aparelho (e ainda usar contenção), mas acho que são uma parte importante da minha cara e do meu sorriso.
- Gosto muito das minhas costas. Fiz natação durante muitos anos e gosto muito de ter ombros largos e alguns músculos mais saídos.
- Gosto do meu rabo. Em tempos pensei que o tivesse perdido, mas com um pouco de exercício voltei a ter o rabo redondo e empinado que gosto.
- Gosto dos meus pés. São pequeninos. Gosto deles assim.
- Também gosto das minhas orelhas, por serem pequeninas.
- Gosto das minhas pernas quando faço um pouco de exercício. São grandes, coxudas.
Estou a fazer um esforço enorme para não escrever "mas".
E vocês? Se tiveram 3 minutinhos para ler isto, o que acham de fazerem agora o exercício aqui nos comments? Em anónimo, se preferirem :)
Sabem qual é a parte mais esquisita disto tudo? Quando estou nua e me vejo ao espelho consigo adorar-me! Vestida é que não consigo!
Sendo que "possível" aqui é a palavra chave. Todas nós temos desafios que poderão ser invisíveis aos olhos dos outros e que nos impedem de atingir aquele grau de perfeição/satisfação, o que for. Eu abrigo-me dentro da ideia de querer que a Irene conheça a "imperfeição" para ter espaço para ela mesma não se pressionar assim: a mãe às vezes suja tudo, a mãe esquece-se de coisas...
E ultimamente vim a reparar que a minha vida estava a voltar a ser um drama enorme. O pouco tempo que tinhamos de manhã estava repleto de discussões constantes, o deitar era um stress enorme, ir buscá-la à escola, deixá-la... Não havia nada que não fosse difícil e que não me consumisse. Consumia-me e quando me passava a "neura", sentia-me culpada por não ter agido melhor mas no dia seguinte era a mesma coisa.
Sem paciência nenhuma para a adormecer, sem paciência para os 38 pedidos de manhã antes de sair para a escola, sem paciência para dar o jantar com imensa conversa pelo meio e a adormecer na cama dela, sem ter tempo para mim. Acabando o meu dia por volta das 21h30 e acordando novamente stressada.
Estive assim tempo demais. Até, na semana passada, ter tido um ataque de choro depois de ter deixado a Irene na escola. Estava exausta, farta e infeliz. E fiz um zoom out. "O que é que se passa, Joana?".
O que se passava? É simples.
Mesmo acordando antes da Irene, não tinha tempo para fazer "tudo" com calma. Com ela a acordar e eu ainda meia por despachar punha-a a ver televisão o que faz com que coma o pequeno-almoço mais devagar. Nem nos dá "tempo para estarmos juntas". Cada segundo que passa é mais um segundo para chegarmos atrasadas e, pelo meio, uma miúda que foi apressada a manhã toda começa a deixar de ser tão cooperante. A mãe, irritada, stressada e exausta, faz birras.
Deixar a miúda na esccola também não era pacífico. Estamos as duas stressadíssimas e nenhuma sente que está a ter o que quer e precisa. Não há tempo para a "largar com calma" como ambas preferimos.
Passava o dia sem me conseguir concentrar e organizar. Parecendo que "não havia trabalho" mas por estar no meu registo de mínimo. Tinha só o modo "executar pedidos" e pronto.
Ia buscar a Irene à escola e começava o stress: querer cozinhar e ter a miúda a tocar mil instrumentos musicais, dar jantar no meio da loucura dela, adormecer no meio dos tais pedidos...
Os dias estavam a ser... horríveis. Estava cansada, mas não passava por dormir mais porque até me deitava às 21h30.
- Reparei que não jantava por não ter fome quando lhe estava a dar a comida e depois adormecer.
- Almoçava no bar da empresa e, por não gostar da comida, fazia sempre refeições fracas ou com pouca variedade.
- Não bebia água, 0.
Como espero que o meu corpo (cérebro incluído) funcione se não lhe dou o combustível que ele precisa? É normal que comece a ficar mais depressiva, cansada, impaciente...
Tive oportunidade de - neste timing - ir a uma clínica onde trabalha uma amiga em Lisboa e fiz umas análises (sem picar, apenas por as mãos e os pés numa espécie de painéis) que deram resultados que me deixaram ainda mais motivada: tenho falta de vitaminas do complexo B, desidratadíssima, o fígado podia estar melhor, etc...
Ainda não tive o plano para seguir para ficar toda saudável com estas análises mas já comecei o que posso por mim (sem indicação de ninguém) e - talvez seja placebo - senti os efeitos logo.
Comecei a tomar umas vitaminas que tinha lá em casa da última vez que me senti assim, beber muita mais água e comer sopa a todas as refeições. Sinto-me melhor. E até pus o despertador para mais cedo e deixei-me de "merdas" e comecei a acordar a Irene mais cedo também.
Depois dou-vos updates em relação ao plano, sempre que tiver algo giro para dizer, mas queria só deixar-vos este "alerta".
Andam a comer bem?
Todas conseguimos chegar à conclusão que o tipo de comida que comemos muda muuuito a nossa disposição e energia, não é? Porque é que não estamos mais atentas a isto?
Torço-me toda sempre que é para ir fazer análises ao sangue com a Irene. Infelizmente tive uma muito má experiência quando ela era bebé (falei disso aqui), em que até parou de chorar enquanto era picada, enfim. Ainda hoje me custa voltar àquele dia.
Tirando essa vez, das outras foram algo "inesperadas": idas de urgência ao hospital em que foi mesmo necessário fazer análises (sempre um cenário Dantesco para mim e para o pai - o que também piora as coisas para a Irene...).
Desta vez, por estar sempre entupida ao ponto de até perder parte da audição e tal, foi pedido pelo otorrino e pela pediatra que ela fosse fazer análises também. Confesso que - péssimo da minha parte, bem sei - que andei a adiar o máximo de tempo que podia. Entrei em negação e tudo... Fomos aos Lusíadas e não podia ter corrido melhor. Houve choradeira? Houve. Mas houve também uma menina chamada Joana e a sua colega (não me lembro do nome, já estava em pânico, desculpe) que tornaram tudo muito menos difícil.
Obrigada também à colega da recepção que percebeu que a Irene também já tinha fome e por nos ter ajudado.
Os olhos meigos, a paciência, o penso do Garfield no fim, os mimos. Foram espectaculares tanto para mim, como para a Irene.
O meu agradecimento a todas e fica a minha experiência ali, especialmente para quem ande à procura de um sítio para fazer análises com os filhos, aqui têm a probabilidade de vos correr bastante bem.
Escrevo este post também para vos dizer que existe uma pomada anestésica chamada EMLA e que - não sei se resultou - me ajudou a sentir que fiz o possível para minimizar a situação. Sendo que, claro, é uma questão de ansiedade e não propriamente da dor física.
Já está. Já foi e obrigada a toda a gente, a sério. Obrigada também a toda a gente a quem não lhe deve apetecer picar crianças que depois se apercebem do que se passa e que começam a chorar e que o consegue fazer com esta calma, dedicação e carinho.
Depois da fase em que se chamava Tomás e que tinha pilinha (parece que já passou, apesar de parte de mim se assustar, outra parte achava imensa graça e queria incentivar a liberdade de brincadeira), agora entramos noutra fase que também nos deixa desconfortáveis. Nem é por ela querer fingir ser outras pessoas, é a terceira geração que acha graça ao teatro e à representação, mas é por levar tão a sério.
Quem é a Irene agora? É a Isabel e tem uma irmã que é a Luisinha. A mãe dela - sou eu, vá lá - chama-se Joana Paixão Brás (para quem seja novo no blog, é a outra autora aqui do estaminé) e o pai dela - continua a ser o mesmo, apesar da mudança de nome - chama-se David. Por causa desta brincadeira, não lhe posso chamar filha porque é Isabel, não posso chamar-me de "mãe" porque sou a Joana Paixão Brás e não vou levá-la a casa do pai, vou levá-la a casa do David. Ter uma "Luisinha", porém, tem dado imenso jeito para a "Isabel" ser a mana mais velha e ter que mostrar à Luisinha como é que se faz alguma coisa como "lavar os dentes" ou ir deitar-se sem birras. Há que tirar o melhor partido de cada situação, certo?
Coisas que me deixam desconfortável/enervada com isto? Ela, de manhã, chamar "Joana Paixão Brás". Confesso que aquele "mãe" matinal amenizava o meu acordar e o "Joana Paixão Bráaaaaas" - apesar de te adorar, Joana - é como se fosse uma chapadinha. E, depois, claro que começa imediatamente a corrigir-me "não sou a Irene, sou a Isabel"... Ahhhhhh!!! Fazia o mesmo quando era o Tomás com o género dos adjectivos que eu usava e afins.
Também não gosto, quando lhe estou a abanar o rabo para adormecer, que ela me peça para trocar a letra de "a Necas e a mamã" para "a Isabel, a Luisinha e a Joana Paixão Brás". Há uma parte minha que - infantilmente - tem medo que se perca nesse mundo de fantasia, não vos sei explicar. Além de que, por muito parvo que pareça, tenho saudades da minha filha!
Claro que há parte de mim que também tem medo - porque sou medricas e também porque não vivo só no lado concreto das coisas - que ela esteja a inventar pertencer a uma família que está junta e com uma irmã como se o "guião certo" a fizesse mais feliz. Isto tudo, claro, porque me separei recentemente.
Há sempre tristeza, obviamente, mas rapidamente sou abraçada pela certeza de ter feito tudo o que tinha ao meu alcance e que este é o melhor cenário possível. Sem dúvidas. A vida não pode nem é sempre presa ao mesmo guião.A Irene agora é a Isabel. O que virá a seguir?
Seja como for, Joana Paixão Brás, a Irene que é a Isabel, está cheia de saudades vossas e anda a pedir um fim-de-semana fora. Quando vamos?
Não me vou por aqui com grandes dissertações sobre genética ou até mesmo questões comportamentais porque, da última vez que verifiquei, não percebia um glúteo disso.
Por isso, mais uma vez, venho partilhar convosco mais uns sentimentos que me têm percorrido a cabeça em simultâneo com um doce sentimento de culpa por estar a devorar uma caixa enorme inteira de Ferrero Rocher quando me ando a sentir mais obesa que vaso da dinastia Ming.
A Irene, à minha semelhança, gosta muito de ter todas as atenções. Muitas das brincadeiras que ela tem, tinha eu quando era mais nova. São brincadeiras típicas de criança, bem sei, mas há muitas crianças que não brincam assim também. Ela gosta de fazer espectáculos, de teatro, de dançar para que se aplauda no fim, de tocar piano, etc. Gosta de contar piadas e de fazer toda a gente rir. Gosta de ser querida e de agradar a toda a gente - qb, enquanto consegue por ser muito... certa do que quer.
Apesar de ter dois irmãos - um de 11 e outro de 21 - vejo-me sempre como tendo crescido como filha única e acho que, sim, existem algumas coisas mais prováveis de surgir em filhos únicos, talvez este tipo de tendência mais individualista e "look at me" style.
Estou atenta à miúda. E eu pratiquei vários desportos mas todos eles com uma tónica individual como a natação ou, riam-se, o bowling ou ainda o Judo que tem pouco de equipa - que não me caia a Federação em cima agora por uma filosofia qualquer que não sei. Sinto que a Irene precisa de perceber que, apesar de filha única, as relações se fazem mais do que "um para um" ou "todos para um".
Ontem, quando fomos jantar à casa do Miguel - meu bff desde o 6A do Colégio Quinta do Lago.
Não planeio engravidar em breve - até porque gastei dinheiro num DIU haha - mas vou tentar procurar outras coisas que me ajudem a que ela se sinta especialmente "desimportante" para, quando crescer, não ter dificuldade em relativizar os seus problemas ou a sentir empatia ou dificuldade a trabalhar em grupo.
Estamos de férias esta semana e muito inspirada por esta nova maneira de "pensar" tenho marcado cafés com amigas minhas com filhos ou até amigos sem filhos para a Irene ver e espairecer outras realidades. Não temos uma família grande, cheia de primos e tios e afins, mas já dá para construir uma rede de qualidade de pessoas que a façam sentir-se distribuída.
A Irene teve a sorte de ter a mãe e o pai exclusivamente para ela - sem nenhum trabalhar - durante praticamente dois anos. Tanto o pai como a mãe não são as pessoas mais sociais do mundo - apesar da mãe ser fantástica, divertida e muita linda - e, por isso, temos que lhe dar outras hipóteses, mais colos.
2018 vai ser um ano para a ajudar a confiar e a estabelecer outras relações. Reforçará que a mãe e o pai têm o seu lugar especial, mas que há muito mais além.
Pô-la num desporto colectivo era engraçado, mas nesta idade?