Sim, este texto é para ti. Tu que estás agora perante essa tarefa, muitas vezes hercúlea, de amamentar. Eu sei, nem sempre é fácil. Também, como tu, sofri muito. Pensei várias vezes em desistir. Pedia ao David para me apertar o pé enquanto a Isabel mamava da mama direita, para ver se me distraía daquela dor e se parava de chorar. Dei de mamar à frente de enfermeiras do centro de saúde para ver se era preciso corrigir a pega, mas não, estava tudo certo. Ela recuperava peso a olhos vistos, estava bem. Então por que é que me custa tanto, perguntava-me? Nunca tive resposta. Passou. A dor passa. E depois vem uma das sensações mais mágicas de sempre.
Nem sempre é assim. Há quem não tenha uma única dor a amamentar. E há quem nunca chegue a gostar. Somos todas diferentes. Eu não teria sido pior mãe se tivesse desistido, naqueles dias em que só me apetecia morder a língua de tantas dores. "Nem o parto me custou isto", disse mil vezes. Compensou? Muito. Consegui ultrapassar um obstáculo dos grandes que, depois, me deu uma grande felicidade. Ver a minha filha crescer com o meu leitinho, sabendo que era o melhor para ela, enchia-me o coração. Além de todos os benefícios largamente conhecidos, quer para o bebé, quer para a mãe, amamentar sempre foi um ideal romântico para mim. Talvez por ter visto fotografias minhas, com quase dois anos, na praia, a mamar. Sempre achei que aquilo fazia sentido.
Ainda acho. Mas, depois de ter passado por aquele terrível mês, já não julgo. Não me vou esquecer nunca do que disse para mim mesma, repetidamente. "Percebo as mães que desistem. Percebo as mães que desistem." Percebo. Até hoje percebo.
Não percebo é quem nos está sempre a mandar bitaites sobre amamentação, sem dominar minimamente o assunto. Quem nos faz duvidar das nossas capacidades. Quem não acha normal o bebé pedir mama fora das 3 horas, de um relógio que só inventaram para nos stressar. Como se as pessoas tivessem relógios internos e comessem sempre a mesma quantidade e ficassem sempre satisfeitas a cada refeição. Como se a mama fosse somente para alimentar e não para confortar.
Não percebo quem diz que a mama é um vício ou que se eles não largam a mama é porque o leite não é forte ou não é suficiente. É suficiente, sim! Estás a ler isto? Se praticares a livre-demanda, sem relógios, o teu corpo vai produzir precisamente o que o teu bebé precisa e vai-se adaptando às necessidades dele. Nunca ninguém nos explica isto, mas há picos de crescimento (por volta dos 7-10 dias, com 2-3 semanas, 4-6 semanas, 12-13 semanas, aos 4 meses, aos 6, aos 9...) e nessas alturas eles podem precisar mesmo de passar a vida na mama. É natural! É uma forma de comunicar ao nosso corpo as novas necessidades deles. Se tentares acalmar-te, respirares fundo, fizeres ouvidos moucos a quem te está sempre a deixar insegura, vais conseguir.
Vai por etapas. Eu, cheia de dores, pensei "dou um mês a isto". Depois que a tempestade passou, "vamos aos três meses pelo menos", até ir trabalhar. Depois, comecei a fazer reserva para prolongar a amamentação exclusiva, até aos 5 meses. Não, não fiz os 6 meses em exclusivo mas não sinto que tenha falhado. Ganhei, foi sempre tudo um bónus. Depois daquele mês infernal, depois de vários episódios de recusa - porque introduzi, estupidamente, o biberão (há várias formas de lhes darmos o nosso leite, para que não haja o nipple confusion) - foi sempre a somar. E estamos sempre a aprender. Da próxima vez, estarei mais informada e, sobretudo, mais confiante, por isso acho que vou conseguir prolongar a amamentação para lá dos nove meses, que foi a última vez que a Isabel mamou, depois de ter sido internada com uma pneumonia (e de eu, que dantes extraía litradas, não ter conseguido tirar mais leite). Ainda tentei, mais uma vez, com ajuda da Amamentos, voltar a amamentar, mas já não consegui. Se tenho saudades? Muitas. Mas agora posso não ter aquela coisa do "amor em estado líquido" de que tanto se fala, mas tenho Amor, muito, em estado sólido, gasoso, o que quiserem, a transbordar do meu peito. E esse basta-nos.
Vai por etapas. Eu, cheia de dores, pensei "dou um mês a isto". Depois que a tempestade passou, "vamos aos três meses pelo menos", até ir trabalhar. Depois, comecei a fazer reserva para prolongar a amamentação exclusiva, até aos 5 meses. Não, não fiz os 6 meses em exclusivo mas não sinto que tenha falhado. Ganhei, foi sempre tudo um bónus. Depois daquele mês infernal, depois de vários episódios de recusa - porque introduzi, estupidamente, o biberão (há várias formas de lhes darmos o nosso leite, para que não haja o nipple confusion) - foi sempre a somar. E estamos sempre a aprender. Da próxima vez, estarei mais informada e, sobretudo, mais confiante, por isso acho que vou conseguir prolongar a amamentação para lá dos nove meses, que foi a última vez que a Isabel mamou, depois de ter sido internada com uma pneumonia (e de eu, que dantes extraía litradas, não ter conseguido tirar mais leite). Ainda tentei, mais uma vez, com ajuda da Amamentos, voltar a amamentar, mas já não consegui. Se tenho saudades? Muitas. Mas agora posso não ter aquela coisa do "amor em estado líquido" de que tanto se fala, mas tenho Amor, muito, em estado sólido, gasoso, o que quiserem, a transbordar do meu peito. E esse basta-nos.
Se quiseres amamentar, tenta, pede ajuda*. Vai compensar.
Se não conseguires, se não quiseres, se não der mais, a vida segue.
E serás tão Mãe como qualquer outra.
Outros textos sobre a minha experiência:
Amamentação: ultrapassei, com a 2a filha, o tempo da primeira!
Como sobrevivi ao primeiro mês de amamentação (dicas essenciais)
Amamentação: o que vou fazer diferente da 2a vez
Acabou-se a mama
VÍDEOS EXCELENTES:
AJUDAS:
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VÍDEOS EXCELENTES:
Este vídeo
devia ser obrigatório para perceberem melhor como funciona a pega, as
várias posições, a melhor postura do corpinho deles: é óptimo, mesmo,
mesmo!
Este vídeo ajuda-nos a perceber como se extrai leite manualmente, para aliviar um bocadinho por exemplo na subida do leite (só consegui começar a extrair assim um mês depois).
*Amamenta Setúbal - devem ser todas fantásticas mas eu recomendo a Patrícia Paiva (quem me ajudou com a segunda filha)
Amamenta Lisboa
Amamenta Lisboa
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