6.04.2018

As 10 coisas que mais me irritam nas crianças no geral e nas minhas em particular

As crianças são o melhor do mundo, que são. São curiosas, conseguem ver o lado bom das coisas, confiam e não têm vergonha de dançar na rua. Mas, convenhamos, há coisinhas que, por mais que sejam sinal de que estão a crescer e bem, que se exprimem e que estão a construir as suas personalidades, irritam e não é pouco. Há dias que irritam mais que outros. E há dias em que não irritam nada e que até nos dão vontade de rir.


01 - Querem sempre a última uva.

[e quem diz a última uva diz a última bolacha, a última tudo].

Quando é que se começa a fazer cerimónia e a deixar a última, como gesto de boa educação? Lá para os 24?

Lá vou eu partir a última ao meio só para evitar que se esventrem uma à outra... [sim, sim, venham cá dizer que elas têm de aprender a ceder e a resolver os seus conflitos sozinhas que só eu sei quando já tenho a cabeça em água com “mais uma birra”]


02 - Querem sempre a mesma coisa, ao mesmo tempo.

Acaba por ser redundante. Mas é isto: Se a Luísa quer o pai, a Isabel também quer o pai. Se a Isabel quer a mãe, a Luísa também quer. Se a Isabel quer a colher vermelha, porque é a cor do Benfica do pai, a Luísa já não quer a amarela. Se a Luísa quer a amarela, a Isabel pensa melhor e afinal também quer a amarela porque é a cor preferida, claro. [lá a argumentar, ela é boa]. Apetece-me comprar pratos, toalhas e roupa, que é para não nos chatearmos.


03- Conseguem mudar de ideias no mesmo minuto.

A fita que eles às vezes fazem para conseguirem qualquer coisa e assim que a têm, afinal não era bem aquilo. A Isabel arena entre defender-se a dizer que eu percebi mal ou a admitir: “enganei-me, mãe”. Pede-me arroz, quando eu tinha era massa feita, por acaso até faço arroz, vá, não custa assim tanto dar-lhe esse miminho, e afinal ela queria mesmo, mesmo era massa. A imagem que me vem à cabeça é despejar-lhe o prato de arroz em cima da cabeça, passo a redundância. (Calma, é uma imagem à Ally Mcbeal). Às vezes digo que agora vai ter de comer o arroz; outras vezes não chego a fazer-lhe o arroz, que isto não funciona como discos pedidos nem estamos num hotel.


04 - Não nos deixam mudar a fralda, vestir, pôr um chapéu, sair do banho, sentá-las na cadeira do carro.

É a fase da Luísa (2 anos). É tudo um drama sem igual. Nunca quer nada. Não quer viver basicamente.


05 - Querem ser os primeiros em tudo.

Eu quase que aposto um mindinho em como se eu propusesse à Isabel ser a primeira a comer todos os macacos do nariz, ela aceitaria, e de bom grado. A vida é uma competição. Ser a primeira a chegar ao carro, a subir as escadas, a comer, a fazer chichi. Tudo vale. Também não pode comer menos fatias de melancia do que a irmã. Nem dar menos goles de água. Seriously?


06 - Querem passar a vida em parques infantis.

Não odeio mas não aprecio. Não precisava de ter conhecido 3 parques em Dublin, ainda por cima um deles indoor. Não havia mesmo necessidade (por alguma coisa ainda não pus os pés na Kidzania). Miúdos histéricos, crianças aos gritos, pedidos para andar de baloiço de 3 em 3 minutos. “Mas ainda agora andaste”. Fazemos isto por eles e vê-los felizes compensa tudo, mas convenhamos, não é assim o mais idílico dos cenários. E eu adoro crianças (não parece, mas adoro). :)


07 - Resolvem as coisas com a trilogia gritos-chão-bater.

Reconhecem esta trilogia? “Não, o meu filho não faz nada isso”. Ora então, muitos parabéns! Não sei se já alguém te disse isto, mas cá vai: o teu filho não é perfeito, o teu filho não é normal! O normal é eles terem confiança suficiente com os cuidadores para com eles libertarem as suas frustrações da forma mais animal possível, enquanto não conseguem dominar os seus sentimentos nem têm outras estratégias para se acalmarem. É irritante? É, muito. Mas aprendamos a lidar com isto da melhor maneira, nem que seja com um grande copázio de vinho. Lá para os 35 anos melhora.


08 - Têm timings do caraças.

Desde interromperem cenas à noite que já não eram feitas há séculos (e se calhar está ali o porquê), a quererem sempre muita sede e comichão e calor seguido de frio quando é hora de dormir, venha o Diabo e escolha. Muito espertinhos: não querem cá maninhos nem pais e mãe com paciência para mais filhos.


09 - Comportam-se muito melhor com os avós, tios, primos, vizinhos e até desconhecidos.

Na casa dos outros são uns anjos. Portam-se lindamente, comem tudo e nem acordam durante a noite, quando connosco acordam 3 a 4 vezes, os sonsos. [Sim, conheço a explicação para isto, mas não invalidava que uma vez por outra pudessem ser uns querubins connosco só para variar].


10 - Terem uma luz, uma energia e uma gargalhada que nos derrete e faz esquecer todos os pontos anteriores.

Pelo menos até à próxima birra.


No Intercontinental Dublin, onde estivemos 4 dias - num próximo post conto-vos tudo das nossas mini-férias! :)

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12 comentários:


  1. ​Eheheh Joana, é mais ou menos isso, ponto por ponto ;) A minha, com 2 anos e meio, é cá um festim para despir, vestir, pentear, mudar a fralda​. Foge de nós, mexe-se que nem uma serpente, choraminga, chora. Claro que não é sempre assim. Mas como ela é miúda para não gostar de estar parada, volta e meia temos isto. Eu respiro fundo muitas vezes e levo tudo (tento) com humor, para não pirar ;)

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  2. Identifico-me com praticamente tudo (tenho duas miúdas 4 e 2 anos e um menino a caminho).
    O que me custa mais é à noite quando a mais velha irrompe pelo quarto e nós ficamos logo de cabelos em pé a rezar para que não seja chichi na cama e que seja apenas comichão em qualquer lado, ou o coelhinho que se perdeu ou vontade de fazer chichi na sanita. Parece que nunca mais dormimos profundamente porque assim que a mais velha entra no quarto, com passinhos super leves, ouvimos logo. Como é possível.
    Quanto ao portarem-se melhor com outras pessoas é verdade, principalmente na creche onde são super bem comportadas. Já com os avós, por exemplo, a qualquer contrariedade a mais velha faz escândalos que me deixam chocada. Porta-se muito pior com eles.

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  3. Não percebo. Têm um blog de maternidade, escrevem textos e textos com o intuito que as mães se identifiquem com algumas coisas que escrevem, defendem-se de quem não acha normal que amamentem até tarde e tomem outras opções de vida, ou que as vossas filha façam isto e sejam assado, mas depois a Joana escreve "o teu filho não é perfeito, o teu filho não é normal!"?

    Eu até concordo consigo que as crianças têm de libertar as suas frustrações e enquanto não aprendem a fazê-lo correctamente ou a lidar com os sentimentos, tenham atitudes mais animalescas, mas não acha que assumir que apenas as crianças que gritam, batem e se atiram para o chão é que são normais é um erro? Ou que se não o fazem é porque não têm confiança nos pais? Tenho uma filha de 2 anos e meio que nunca me bateu, nunca se atirou para o chão e não tem o costume de gritar. Aos 18 meses já falava sem grandes problemas e era facilmente compreendida pelos pais pelo que não passou pela frustração que muitos sentem por não conseguirem exprimir-se, o que obviamente evitou muitas birras. Mas não fica frustrada e zangada quando as vontades não lhe são feitas? Fica, é normal que fique. Pode até chorar uns minutos mas depois explicando as coisas geralmente passa-lhe. Estou à espera que os 3 anos cheguem (e ela entre na escola) e com eles cheguem as birras mais a sério. Ou então não, porque os avós contam que nem eu nem o pai fazíamos grandes birras se nos expliquem as coisas.
    E não, não tenho uma filha espectacular (a não ser aos meus olhos), especial (a não ser aos meus olhos) ou com uma super-mãe (que não sou de todo), tenho uma filha calma (por enquanto) e normal, felizmente. Ah, e que confia na mãe para os seus pequenos momentos de frustração.
    Gostei do texto, Joana, a sério de gostei (e gosto de blogue senão não o lia) mas admito que achei este ponto infeliz.

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    1. Nunca gritou nem fez nenhuma birra? Acho que a Joana não se estava a referir nesse caso a acumular todas as 3 reacções, mas a não fazer nenhuma delas. De certeza que a sua filha nunca gritou sequer? Não digo que não seja normal, acho apenas que é uma questão de tempo para que isso venha a acontecer! :)

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    2. Sim, claro que faz as suas birras, eu digo isso, são é curtas, fáceis de resolver e não envolvem gritos nem atirar ao chão nem bater na mãe (junto ou separado). E também digo que estou à espera da fase pior das birras (acho que os 3 anos, com a entrada dela na escola, vão ser ricos em birras fortes e maiores frustrações). Como disse, a minha filha é absolutamente normal. :)

      Da mesmo forma que acho que se ela estivesse numa creche, já teria tentado levantar a mão ou morder-me ou algo do género, pois veria esses comportamentos nas outras crianças e provavelmente ela própria os teria (por não terem outra maneira de se exprimir). Felizmente cá em casa não andamos a bater uns aos outros, nem a morder nem a gritar :D, talvez isso tenha alguma influência, não sei.

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    3. Há crianças mais calmas e outras mais agitadas. Eu tenho um filho de 4 anos que foi sempre uma criança super calma, "fácil" de lidar e tudo mais. Agora aos 4 anos já está mais arisco, mas ainda assim é um miúdo pacato... já o mais novo...desafia tudo e todos desde antes dos 18 meses.Isto para dizer que quando nos "corre bem" temos a teoria do somos calmos, não somos apressados, etc etc, que influencia, o universo trata de nos mostrar que nem sempre é assim!

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    4. Sim, Teresa, dou-lhe razão de que me posso ter excedido nessa avaliação. De facto, não conheço nenhuma criança com 4 anos (neste tópico estava a lembrar-me de todas as cenas que a Isabel já que nos proporcionou, a Luisa só começa agora a “fazer das suas”) que não faça uma birra ou que nunca tenha batido ou gritado ou esperneado. Mas não posso dizer que não é normal. Até porque esse conceito é muito vasto e subjectivo. Não leve a peito. Que não é muito comum, penso que não seja, mas eu posso ter uma bem amostra pequena da realidade. :)

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    5. Joana

      Que não é comum, até acredito que não seja. :) Pelo menos com a idade da minha mas a minha amostra da realidade também é pequena. E quando ela fizer 4 anos, volto cá para dizer como é que isto anda mas não tenho grandes esperanças que se mantenha assim calma, ahah :D.
      Não levei a peito, não se preocupe. Quis apenas mostrar um ponto de vista diferente porque no fundo nenhuma mãe gosta de ter um filho a fazer uma birra enorme no supermercado e ter alguém a comentar "Isto não é normal..." da mesma forma que nenhuma mãe com filhos mais sossegados gosta de ouvir o mesmo (e acredite que ouvimos, oh, se ouvimos).:)
      Boa continuação da escrita :)

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    6. Filipa

      Mas eu em momento algum dei certezas de nada. Aliás, eu na brincadeira até digo ao meu marido que não acho boa ideia termos outro filho porque dificilmente será igual à nossa filha.:)
      Eu não acho que sejam os pais a determinar a maneira de ser das crianças (era bom e se houvesse um manual com instruções fáceis para isso, ainda melhor!), mas acho que, para além da própria personalidade da criança, há mil e uma coisas que influenciam. Eu acho que se a minha filha tivesse crescido numa casa onde houvesse berros de manhã à noite, discussões a torto e a direito, fosse a mais nova de 7 irmãos e não houvesse silêncio à noite, a sua maneira de ser não seria igual à que é hoje. E isto é um mero exemplo porque eu não acho que apenas o ambiente familiar influencie. :) Além de que, logo em primeiro lugar, está a personalidade da criança e se esta for activa,agitada,birrenta ou drama queen, os pais até podem fazer yoga de manhã à noite e beber chá calmante a todas as refeições que não passarão a ter um filho zen.

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  4. Eu também estou no grupo das mães com crianças que não são normais. A minha filha tem 4 anos e meio, nunca bateu ou se atirou para o chão. Se por gritar entendem falar mais alto, já o fez, mas um simples guincho irritado e irritante também nunca fez. As barras dela parecem mais "adolescentes" amua, atira-se para cima da cama com uns lamentos extremamente dramáticos. Como em tudo, cada caso é um caso.

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  5. Pois eu faço parte das mães que tem o "pack" quase completo. O meu desde pequeno (menos de 1 ano) que quando é contrariado levanta a mão, grita, revira os olhos. A forma como lido com isso tem variado a longo do tempo, dependendo daquilo que sinto que funciona naquele momento.
    Neste momento, aos 2 anos raramente levanta a mão e revira os olhos, mas continua a gritar (embora menos). É a personalidade dele, cá em casa também ninguém anda a bater, nem está na escola.
    Agora o que me incomoda é a forma como as pessoas à volta acham sempre que sabem a forma como EU tenho de lidar com o meu filho. Desde o "devias ter dado logo uma palmada", "quando bate tens de dar uma palmada não mão", "quando ele grita tens de ralhar", "quando ele grita tens de gritar também mais alto do que ele", "quando ele grita tens de ignorar"...

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    1. Anónima

      Quando eu disse que cá em casa ninguém morde, bate ou grita, não foi com o intuito de dizer que as crianças que têm estes comportamentos é porque os vêem em casa. Não quero mesmo ser mal-interpretada porque, embora a minha filha não o faça, eu sei perfeitamente é normal as crianças passarem por estas fases (que são fases, se tudo correr bem não chegaram aos 18 anos a morder, a atirar-se ao chão e a gritar :D). Referia-me especificamente à minha filha e punha a hipótese de caso ela visse estes comportamentos na escola ou em casa, isso a poder influenciar.

      Quanto aos outros, respire fundo e ignore. Acho que não há mãe nenhuma com filhos, tenham eles a personalidade que tiverem, que não ouvem mais do que queriam. Acho que dá mais trabalho educar os outros a não dizerem parvoíces do que educar os filhos. :P

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