6.05.2018

Acho bem que se minta às crianças.

Uma das várias coisas giras de ter um blog é - além de receber e responder a comentários - ver a nossa mudança de opinião. Lembro-me perfeitamente de já ter escrito um post por aqui a dizer que nunca iria mentir à minha filha - não me lembro foi qual, ahah. Muitas das minhas opiniões têm mudado e esta é mais uma. 

Ontem, escrevi um post em que disse que não castigo a Irene (na minha óptica o que faço não é castigar). E que, para facilitar, lhe disse que só iamos um dia para o hotel porque ia fechar para obras - o que é mentira.

Imagem do site slate.com

Recebi este comentário - educado, a propósito e pertinente, uma opinião válida - e quis partilhar convosco a minha resposta porque só por si daria e dá - tanto que está a dar - um post. 


Joana, aqui estou em desacordo. Mentir e não por de castigo? Na minha opinião continuo a achar que há um protecionismo desmesurado. Nisto de sermos pais, na minha opinião é preciso experimentar a dureza da realidade .isso é que estrutura as crianças. Se é bom gritar ou por de castigo? Não é de todo, mas os pais não são infalíveis, inquebráveis, acontece-lhes serem injustos para as crianças. Mas muitas vezes isso aproxima-os, torna-os mais fortes.
Joana, não penses tanto em não magoar a Irene. Para quê arranjar desculpas para uma coisa que é natural. E dizeres que se ela não se despacha não vão ler um livro, isso é um castigo


  1. Como disse, não tenho mesmo agora muita disponibilidade mental para esta questão :) Mas podemos sempre falar por e-mail e, depois, quando eu conseguir estar "à altura" responder-lhe-ei com calma. Posso dizer-lhe, porém que, no meu entender, são coisas completamente diferentes. Um castigo seria: "Irene ou lavas agora os dentes ou amanhã não vais à festa de aniversário da Isabel". Neste caso é apenas a consequência real das suas acções. Se demora muito tempo, visto haver hora para deitar, depois não dá tempo para ler histórias. Fica à escolha dela. E depois, claro, não leio as histórias se ela optar por continuar a brincar com a escova em vez de lavar os dentes. Não sou a favor de espetar a dura realidade às crianças, nem aos adultos. Acho que muitas das vezes é perfeitamente desnecessário sujeitarmos os outros à nossa verdade. A mentira existe - a boa mentira - para proteger as pessoas de tristezas desnecessárias ou de pensamentos inúteis. Neste caso claro que disse à Irene que só iamos um dia porque era o que tinha combinado com o hotel. Ela ficou muito triste porque imagina sempre que a gente vá uma semana para os sítios e, honestamente, há coisas que tenho paciência e que faço questão de lhe explicar, há outras que ou na altura não tenho tempo e paciência ou não acho que seja assim tão importante. Neste caso, eu, mãe da Irene, não achei que fosse importante ao ponto de me sentar e dizer-lhe "a vida é assim, Irene, a mãe não tem moedinhas suficientes para ficar mais dias" - que é mentira porque isso é tudo relativo - ou "a mãe não quer ficar mais tempo porque quero recomeçar a rotina com calma no Domingo, blá blá". Faço isso com verdades que interessem (para mim, mãe da Irene e para a Irene, minha filha) e não com a disponibilidade do hotel. Tenho vindo a acreditar que, às vezes, o amor também nos impele a mentir de vez em quando para que poupemos os outros a momentos desnecessários. Nada é "sempre". Dizer a verdade "Sempre", dizer a "mentira sempre". É caso a caso. Está mais sensível? Cansada? Temos pressa? Interessa? Que aptidão estou ali a desenvolver? Chora agora porque depois chora menos? Quero é ir de "fim-de-semana" com ela e que nos divertamos. Se segue o blog repara que até sou bastante cuidadosa ou, pelo menos, atenta nas decisões que tomo e nas posturas que vou tendo com a Irene, mas não sou fundamentalista (ou já não haha). Depende. Neste caso decidi assim :)

    Um beijinho e obrigada pelo comentário :) Farei provavelmente um post com a sua opinião e com a minha resposta, já que achei tão interessante <3


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7 comentários:

  1. Olá Joana. A Francisca tem 18 meses e eu já lhe “minto” quando digo que a geringonça de fazer bolhas de sabão “não abre” 🤷🏻‍♀️... quando digo que vamos à rua “ver o cão” 🐕... quando digo que já “não há mais línguas de gato” quando a caixa está escondida debaixo do pano... Noutras alturas sou mais directa em relação à realidade e ao que quero que ela faça ou não faça! No meio disto tudo a única coisa certa é acreditarmos que todas as mães fazem o melhor que podem com o que sabem fazer e o outcome não depende das mil pinças com que tratamos os assuntos mas sim de mil milhões de variáveis que vão interagindo com ela ao longo da vida! A mãe é que sabe... cada mãe é que sabe. Um beijinho. Gosto muito do teu blog.

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  2. Olá Joana. A Francisca tem 18 meses e eu já lhe “minto” quando digo que a geringonça de fazer bolhas de sabão “não abre” 🤷🏻‍♀️... quando digo que vamos à rua “ver o cão” 🐕... quando digo que já “não há mais línguas de gato” quando a caixa está escondida debaixo do pano... Noutras alturas sou mais directa em relação à realidade e ao que quero que ela faça ou não faça! No meio disto tudo a única coisa certa é acreditarmos que todas as mães fazem o melhor que podem com o que sabem fazer e o outcome não depende das mil pinças com que tratamos os assuntos mas sim de mil milhões de variáveis que vão interagindo com ela ao longo da vida! A mãe é que sabe... cada mãe é que sabe. Um beijinho. Gosto muito do teu blog.

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  3. Eu minto! Sempre que é necessário. A minha filha tem 3,5 anos.
    - Mãe, onde estão aquelas caixas?
    - Sabes, veio um vento muito forte e elas voaram / um buraco negro sugou a balbúrdia que estava na sala.

    - Quem desmontou aquelas peças?
    - Vieram uns duendes durante a noite e desmontaram tudo.

    É que por mais que a pequena vá arrumando, ao final do dia o caos impera. Antigamente ela esquecia-se, mas agora não, pergunta sempre por isto ou aquilo que ontem deixou alinhado com o tapete e a casa das bonecas.

    Apedrejem-me. À vontade! Não aspiro minimamente a ser uma mãe perfeita.

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  4. Eu faço mediante as situações mas numa grande parte das vezes digo a verdade. Não os protejo da realidade mas também não mostro as calamidades do Telejornal, tudo a seu tempo. Mas isto sou eu, a minha maneira de ser mãe.
    Mas como o comentário em questão também acho que a Joana em muitas situações super-protege a Irene mas isto claro é uma comentário de fora, não estamos nos momentos e não somos todos iguais (ainda bem) a verdade é que fazemos tudo por amor e pelo bem-estar dos nossos filhos.
    Um beijinhos ás duas

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  5. eu também dizia essas mentirinhas quando os meus tinham a idade que referem nos comentários anteriores... mas a partir duma certa idade isso já "não cola" e temos que começar a dizer a verdade. Com um filho de 8 anos já não dá para mentir muito. (as vezes nao me apetece e digo que tal loja já está fechada, por exemplo). Portanto não se encostem muito as mentiras porque não dá para manter durante muito tempo...

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  6. Gostei de ver o meu comentário ser alvo de um post!
    Reforço, a minha opinião tem muito a ver como a coisa foi primariamente apresentada, no sentido de proteger a criança de uma realidade que não é dura. A forma como escreveu fez-me pensar que preferia mentir do que por de castigo, quando depois de ler todos os comentários (incluindo os da Joana), a perspetiva já não me pareceu tanto essa. E sim, continuo a achar que dizer que não vais ler o livro se demorares a fazer a tarefa xxxx é um castigo, pois todos os castigos são consequência de uma ação, venham eles da forma como vierem. Floreias, pensas, analisas, questionas e (às vezes) parece que sofres demais. Mas às vezes também acho que és marota nas palavras e recriação das situações, pois pareces quase neurótica. Quando na verdade tenho a certeza que és tão normal quanto todas nós! Biju minha querida!

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