7.21.2016

Não quero que a minha filha seja médica.

Quando estivemos de férias em Óbidos, acabei por lhe comprar dois brinquedos um bocadinho "ao calhar" no Pingo Doce: o Ruca e o Dinossauro. Acabaram por ser uma surpresa engraçada porque além de serem "bonecos", também dão para desmontar. 

No outro dia, quando cheguei a casa, o Frederico e a Irene estavam a brincar com eles. A Irene, ao que parece, decidiu imitar o pai a montar coisas (no outro dia montou uma cadeira de alimentação com chave de fendas - o pai, não vão vocês pensar que a Irene é sobredotada como a mãe, hahahah) e estava a enfiar lápis de cor nos buracos do Ruca (ahahahah salvo seja!!), dizendo que era a Doutora Necas. 

Pus-me a pensar: será que quero que a Irene seja médica? Claro que é uma profissão maravilhosa a muitos níveis, mas é também muito pesadona. Além de uma responsabilidade enorme (tudo o que esteja ligado à saúde, meu deus, que respeito), são também profissões que existem imenso da vida pessoal de alguém. 

Não sou médica, não sou amiga de nenhum (o que daria imenso jeito hehehe), mas pelo que vejo na Anatomia de Grey (ahahah já sei, nenhum argumento válido virá daqui), conciliar medicina e ambições profissionais (isso, se calhar, em qualquer profissão) com maternidade é uma missão complicada, imagino. Talvez se sinta que não se consegue ser excelente numa coisa sem senti que está a  "falhar na outra". É um malabarismo para o qual eu não conseguiria ter fôlego e que deixo já aqui escrito que me faz respeitar e muito todas as profissionais que tenham escolhido fazê-lo. Obrigada. 

Não sei se quero que ela seja médica. Quero que ela queira ser o queira ser, claro, mas não faço questão que seja a Doutora Necas. 






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24 comentários:

  1. Mas já estás a pensar no que ela vai querer ser e que isso pode chocar com o seu desejo de ter filhos? E ela tem 2 anos? Han? É só a mim que isso não faz qualquer sentido?

    Até lá ainda vai querer ser muita outra coisa, logo se verá o que se decide, logo verá se quer sequer ser mãe, enfim, tanta coisa...

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    1. Confesso que pensei o mesmo, a Joana já está a assumir que a Irene vai querer ser mãe lol. Um bocadinho cedo pra essas preocupações, diria eu. Anyway levei mais naquela de post só pra encher espaço, pq n deve ser facil tb arranjarem sempre conteúdos interessantes.

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    2. Eu desde pequena (mesmo da idade da Irene), sempre disse que queria ser médica veterinária, e é o que sou hoje!
      Não acho que a JG se esteja a precipitar. ;)

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  2. Joana precisa de férias e tranquilizar essa cabeça.

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  3. Não estou minimamente stressada. São pensamentos e foi apenas despertado pela brincadeira no contexto que referi! Beijinhos

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    1. JG não sei que se passa mas parece que te andam sempre "a bater", não há necessidade é certo :)
      Claro que tens mais que fazer mas sugeria-te que não te desses só ao trabalho de responder aos posts que te criticam... Responde também aqueles que te perguntam coisas e te elogiam e assim :)
      Ah eu nunca fiquei sem resposta (acho que ainda não perguntei nada)

      Anonima Catarina

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  4. Olá, Joana! Texto pertinente. Sou Enfermeira, apesar de adorar o que faço, sinto que a minha profissão me "rouba" os melhores momentos a nível pessoal. Falto a festas de anos, a saraus de final de ano, não posso ver com os meus a final do Euro, por exemplo. Isto tudo, associado ao facto de ser mulher, de querer ser mãe, mas não saber se devo avançar porque ainda não tenho o tal contrato de trabalho, ou porque sendo mãe vou parar uns meses e vou ficar "para trás" em relação a outros colegas de profissão. Gostava mesmo que alguém me desse uma luz e me dissesse: "avança, sem medos, sem culpas" Mas e depois?
    A Irene é uma linda :)

    Beijinhos,

    Ana Ferreira

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  5. Eu não sou médica, sou Gestora de Projectos Internacionais (seja lá o que isso for na pratica) mas a verdade é que antes de ser mãe tinha cerca de 2 viagens para fora do país por mês e quando penso em regressar ao trabalho (ainda estou de licença de maternidade) também penso como raio é que vou conciliar isto tudo e não falhar naquilo que para mim é o mais importante neste momento: a maternidade!

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    1. O meu trabalho é semelhante mas viajo mês sim, mês não, mais coisa menos coisa. Coloquei como mínimo só viajar depois do meu filho (o segundo) ter 6 meses e aceitaram bem o pedido. Assim que ele fez 6 meses lá fui eu para o outro lado do mundo. 6 noites fora e ele que ainda mama de noite. Ia super apreensiva e com receio que tudo corresse mal. Na viagem de ida pensei em mudar de emprego! Mas correu tudo muito bem e em breve terei de me ausentar mais vezes. As saudades são muitas mas também sabe bem dormir uma noite completa, ler um livro ou uma revista, ver um filme... E passa rápido! Bom regresso ao trabalho!

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  6. Também não sou médica e quando terminar a minha licença não sei como vou explicar (e como vão aceitar) a notícia de que a "Catarina que trabalha até que horas for preciso e sai sempre tarde e as vezes ainda trabalha fins de semana e feriados, morreu! Tratem dos temas dentro do horário de trabalho sff"
    Enfim.
    Anonima Catarina

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    1. Não querendo obviamente comparar o meu trabalho com o dos médicos, se eu falhar ninguém morre...

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    2. Forca...isto de ficar horas infinitas e trabalhos ao fim de semana sem qualquer gratificao, tem de acabar! Eu cai nesse erro e tive mesmo de mudar de trabalho porque a entidade patronal não sw habituou ao fato q podia ser produtiva dentro do meu horário de trabalho. Hoje sou mais feliz, dentro do meu horário, peodutiva e até me grtificam. A parte boa e que sinto q as menos horas q faco podem sgnificar mais contracções...se toda gente fizesse isso havia menos pessoas desempregadas e famílias mais felizes :)

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    3. Sim, infelizmente é um problema de mentalidade em grande parte - senão a maioria - das empresas deste país.

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  7. Daqui fala uma médica filha de dois médicos. A medicina para mim não é meramente a profissão que escolhi, é uma paixão que sempre tive, inspirada pelo trabalho dos meus pais, e que agora tenho o prazer de ver realizada e de ser o meu dia a dia. E é, realmente, uma escolha que implica muitos e duros sacrifícios, que a pessoa terá de aceitar se quiser ser um medico competente. Posto isto, não acho que para se vingar na medicina seja necessário que se falhe na maternidade, ou vice-versa - é tudo uma questão de saber equilibrar as coisas, e de, se se tiver essa sorte, contar com um bom apoio familiar, especialmente dos avós (com os quais, graças a isto, tenho uma relação mesmo muito próxima)! A verdade é que durante a semana a maior parte dos dias só via os meus pais quando eles me vinham dar um beijinho antes de eu ir dormir, mas todos os minutos livres e de descanso que tinham não eram passados a descansar, mas sim comigo. Levaram-me a conhecer o mundo desde bebé e nunca faltaram a nenhuma ocasião importante. E quando ocasionalmente lhes perguntava porque é que trabalhavam tanto, respondiam sempre que era para me poderem dar uma boa vida, e deram a melhor que posso imaginar!

    Tenho os melhores pais do mundo, como médicos talvez não ganhem esse primeiro título, mas estão lá quase! Espero um dia conseguir vir a fazer o mesmo.

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    1. M
      Também sou filha de médicos. Vivi desde miúda "em hospitais". Conheço o HSM tão bem que quando lá vou sei os "caminhos todos".
      Mas enquanto era miúda, de uma coisa estive sempre certa, não queria ser médica. Tinha uma aversão gigante a esta profissão. E nem sei explicar bem porquê. Os meus pais foram e são espectaculares, muito presentes nas nossas vidas e muito cúmplices connosco (somos 3 filhos).
      No entanto, apesar de nunca ter tido a certeza do que queria ser, sabia que Não queria ser médica.
      Acabei por ir para ciências e sou investigadora (e professora universitária).
      Mas agora, aos 35 anos e com 3 filhos, sei e sinto que a medicina era a opção certa para mim. Já o sinto há algum tempo e acho que ainda vou conseguir.

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    2. Nunca é tarde para se ser médico! Espero que um dia tome essa decisão, e tenho a certeza que irá conseguir :)

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  8. Marta Branco12:24 da manhã

    Eu desde muito pequena que disse que queria ser médica. Saiu um bocadito ao lado, sou dentista :P Mesmo assim os médicos acabam por ter mais vantagens. Por exemplo podem tirar a licença de maternidade todinha, e acrescentar férias e horas e tal e ficar 6 meses com o bebé, enquanto aqui a trabalhadora a recibos verdes teve que ir trabalhar ao fim de um mês senão já não tinha trabalho. Dependendo da especialidade podem ter bastante qualidade de vida, principalmente se tb trabalharem no privado (a menos que se meta em cirurgiã, medicina interna ou coisas malucas que mais ninguém faz), porque o estado não tem dinheiro para pagar ao fim de semana :P Como médica tem, além disso, uma vasta rede de conhecimentos que a vão poder ajudar a qualquer hora do dia. Quanto à Anatomia de Grey desvaloriza, aquela gente ainda está a viver a adolescência. De resto são 11 anos de curso até começas a trabalhar "a sério". Quando finalmente tiver filhos tu "velhota" já a vais poder ajudar :) beijocas

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    1. Medicina dentária, porque a média para medicina não é beeeem a mesma.

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    2. Marta, é óbvio que fala do assunto com um conhecimento bastante supérfluo do que é a vida de um médico. A regra são os horários pesados e desgastantes, em várias especialidades que não a medicina interna e a cirurgia geral, e não essa "qualidade de vida" de que fala, que acontece nalgumas sim, mas poucas. E nenhum médico pode trabalhar no privado antes de cumprir os 4 ou 6 anos de internato específico depois de terminar o curso. E a maioria dos especialidades que trabalham no privado, fazem-no a seguir às suas 40 horas de função pública, e não a tempo inteiro a ganhar rios de dinheiro. Informe-se antes de tentar diminuir a vida laboral da maioria dos médicos deste país.

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  9. Credo Joana, que pensamento... mas já me passou a mesma coisa pela cabeça... fomos a uma loja para que ela pudesse escolher o brinquedo (até 2 euros, eheheh) e ela escolheu um de médico e agora é a brincadeira preferida e sempre repete que quer ser médica... mas confesso que, não sei exatamente qual a razão, não me agrada muito... enfim... ainda mudará muitas e muitas vezes essa escolha....

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  10. O pai cá de casa é médico e, apesar de ter muitas vezes horários de trabalho chatos, não o vejo a prescindir de ser pai. Não acho que seja mais difícil conciliar ambições profissionais com pessoais do que noutra profissão qualquer... principalmente nos dias de hoje em que tantos amigos têm dificuldade em arranjar emprego em Portugal e acabam a ter de sujeitar-se a condições laborais vergonhosas ou a ter de emigrar.

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    1. Não sabe por certo as condições em que os profissionais de saúde trabalham. Ou o marido tirou a especialidade de MGF e trabalha num centro de saúde, ou então, desculpe-me, mas qualquer carreira a nível hospitalar que envolva trabalhar por turnos, em horários rotativos e com dias de urgência, é sentença de morte à paternidade. Não é uma questão de prescindir. Ninguém por vontade própria quer prescindir de ser pai ou mãe. Mas nós, mulheres, estamos sujeitas a uma desigualdade tamanha, que já há hospitais que nos obrigam a assinar contratos em que no tempo Y não podemos engravidar. Há muitas formas de não se conseguir ser pai e mãe, pelo menos da forma como ser pai deveria ser. Infelizmente, em 99% dos casos, essa, não é uma decisão pessoal. E conciliar? Até se concilia... Só não se consegue conciliar do mesmo modo que trabalhando das 9h-18h com fds e feriados livres...

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  11. Eu vejo pelo meu obstetra. Está sempre com agenda mega cheia. As vezes está no hospital a atender mamãs ás 22h00. Fora os turnos na urgência... eu penso sempre: será que tem tempo para a familia?

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  12. Este tema de pais médicos vs maternidade lembra-me um só blog: "Palavras que enchem a barriga" também ele de uma Joana!
    Tenho quase a certeza que vais achar interessante em alguns aspetos ahah dá la um salto e verás!

    Sofia *

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