Quando fiz o primeiro corte quase chorei. Fiz aquele erro crasso de principiante que é esticar bem o cabelo para baixo de um dos lados e zás - tesourada a direito. Ora, quando larguei, subiu ao lugar dele e ficou acima do que eu queria. Quem me mandou?! Disse para dentro, quase a morder a língua. "Estás linda, filha!" disse-lhe, com vontade de me mandar para baixo de um camião. Por que é que as mães têm de achar que conseguem fazer tudo e ainda várias coisas ao mesmo tempo? Ele é cortar batatas com facas afiadas com eles ao colo enquanto se limpa o ranho e se faz agachamentos e tudo isto sem dormir grande coisa. Ele é maquilhar-nos no carro no trânsito enquanto se faz caretas e canta O Panda Manda? Calminha. Está bem que está provado cientificamente que o cérebro das mulheres faz mais sinapses, mas daí a querermos ter dotes para tudo vai uma distância. Achei que ao levar as duas ao cabeleireiro para cortar ia demorar mais tempo e assim poupava uns trocos. Oh senhores! O arrependimento enquanto lhe cortava. E depois ela não parava um bocado quieta e aquilo já me estava a enervar. Pontas e mais pontas e o raça do redemoinho que ela tem atrás igualzinho ao do pai e "agora ficas aqui com um corte à Bairro Alto todo excêntrico que te lixas". Resolvi parar. "É melhor irmos a uma profissional, antes que vá cortanto cortanto cortando para melhorar e fiques com um corte à padreco.
Mas afinal hoje já gosto mais, até porque no dia seguinte, com mais calma e mais em mim, fui aparando os pequenos cabelos que tinham ficado mais desalinhados e porque já me habituei a vê-la assim de cabelo curto. Fá-la mais pequenina e gosto disso. Está mais fresca, mais prática e com um ar muito querido. Não está perfeito, não está (de longe), mas não está nada mal.
Mas, pelo sim, pelo não, acho que não me meto noutra. Não vá ficar como o corte que a Joana Gama fez à Irene uma vez. (ahaha gargalhei outra vez só de ver).
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