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7.20.2019

Tu és grande e gorda, disse a uma menina

“Tu és grande e gorda” disse a Luísa a uma menina com uns 8, 9 anos, que não estava a conseguir entrar numa casinha com escorrega. Ela respondeu, a olhar para mim: “vou ignorar a segunda parte”.


Não soube bem como reagir. Primeiro porque, para a Luísa, chamar alguém de gordo não tem qualquer tom pejorativo associado. Tem três anos e nunca me ouviu dizer (nem me parece que tenha acontecido no nosso núcleo, mas não posso pôr as mãos no fogo) que eu estava gorda ou magra ou a comentar o que quer que seja sobre alguém.

Mas, para ela, ser gordo é ser grande. O cão come muito e é gordo. O senhor é gordo. Aquele gato que não tem pelo, sabem?, é magro. A menina é gorda. A palavra, na boca dela, é neutra. E deveria ser assim sempre, não?

A menina não a sentiu assim, talvez habituada a lidar com essa palavra há muito tempo e com tom de crítica, certamente. Percebo. Deve ser duro.

Eu tentei remediar, no momento, mas nem sei o que deveria ter feito. Disse: “ela tem 3 anos, não sabe o que se deve ou não dizer. Ela também diz que é gorda quando come muito. E fica com barriga grande. Não foi por mal”. E ela respondeu: “sim, mas eu sou gorda.” E eu: “mas não há nada de mal eu ser-se gordo, és linda. (...) E muito simpática”. E era. De uma educação tremenda. Foi buscar os ténis das miúdas à areia para as ajudar. Um amorzinho de miúda. E ela continuou: “eu gostava de não ser tão gorda. Também não queria ser só ossos, mas gostava de ser ... ali no meio”. E eu disse: “então mas um dia vais conseguir”. E, depois pensei: mas se não conseguir e se for saudável, não faz mal. E disse “desde que haja saúde, o resto não tem importância. Sabes o que eu fazia aos miúdos que gozavam com os meus pés grandes? Nada, deixei de ouvir (e fiz o sinal de “não estou nem aí” com as mãos, deslizando os dedos, sabem?).”

Eu não estou apta para ter estas conversas com ninguém, muito menos com uma criança. Mas senti que não podia deixar de lhe responder. Só que... o quê? Primeiro, porque não sei se está a ser feito algum trabalho com ela numa psicóloga, numa nutricionista, não sei se tem algum problema de saúde associado, não faço a mais pálida ideia se eu ter dito que “não há problema nenhum em ser-se gordo” é precisamente o contrário do que lhe têm dito em consultas, imaginem. Depois, porque não estou informada sobre o assunto suficientemente. A nossa sociedade é gordofóbica e, por mais que eu possa querer afirmar que não sou, acho que também eu tenho alguns preconceitos, mesmo que lá no subconsciente. Como é óbvio, não discrimino, não escolho os amigos pelo peso, vejo beleza em diferentes tipos de corpos e de pessoas, mas ainda associo, principalmente em idades destas, em crianças e jovens, a obesidade (que, atenção, não faço ideia se é sequer o caso), a alguma falta de informação da família ou de acompanhamento. Nem sempre o será. Sei lá eu as causas. E daí eu dizer que não estou plenamente preparada para falar com uma miúda de 8, 9 anos sobre isto. Mas surgiu.

A minha questão agora é: aproveito este caso para explicar o quê às minhas filhas? Se digo à Luísa que não se chama gordo às pessoas, não vai entender e, às tantas, vai passar a chamar a todas as que vir na rua (tal como quando dizem uma asneira e nós damos demasiado ênfase àquilo). A Isabel até já pode ter entendimento para isto, mas, por exemplo, quando a Irene a imita a falar (a Isabel é “sopinha de massa”) não noto nada que fique triste. É uma característica dela e ela também não sentiu ainda nunca isso como algo com tom pejorativo. A Irene imita-a por achar essa característica diferenciadora e não é num tom jocoso. É porque a adora. É como se imitasse uma língua diferente. Ou um tom de voz bastante agudo. Percebem? Eles estão em idade de experimentar muita coisa, de serem teatreiros, não estão a ser bullies.

A Luísa não estava a querer ofender a miúda de 8 anos chamando-lhe gorda. Mas gostava muito que não repetisse, porque imagino que a miúda tenha ficado triste.

Explico-lhe numa próxima vez? O quê e como? Espero que tenha mais uns dois anos? Algum livro?
Obrigada!

7.08.2019

Acho que vou cortar-lhe o cabelo super curto de novo.

Eu deixo que a Irene escolha como gosta do cabelo. Claro que faço sempre uma lavagenzinha cerebral - até a minha moral me permitir - para a inclinar para o lado que gostaria mais, mas não insisto para sempre, nem a obrigo. 

Ela é que anda aí na rua com o aspecto dela, o que tenho a ver com isso? Pelo menos nesta fase. Quando for adolescente e quiser fazer uma tatuagem de um dragão na cara, acho que vou ter que ser um pouco menos porreira em relação a isso. 

A Irene, no ano passado, tinha o cabelo super curto. Por se ter inspirado numa das filhas da Márcia D'Orey  (Minnie Mars)  e tão bem que lhe ficava, olhem: 


E isto foi só para darmos uma voltinha aqui ao pé de casa. Vejam lá tão bonita que fica, tão leve... tão menina... 

Podia dizer que é só por uma questão de estética, mas não. A verdade é que no Verão a Irene sofre horrores com o calor. Transpira imenso (como as pessoas, vá), mas como tem pele atópica, acaba por ficar ainda mais desconfortável que o expectável, com coceira e tudo.

Vai daí, o que acontece à cabeça da minha maravilhosa filha? Acontece como ela dizia no ano passado "acho que tenho xixi na cabeça" a referir-se ao suor. E lá se coçava ela "o dia inteiro".

Ora, para quem já sofreu bastante com piolhos enquanto criança e já enquanto mãe (a sério... desde que recebo o e-mail até estar tudo agilizado não descanso), estar a ver a miúda a coçar-se o dia inteiro não ajuda. Além de que, sendo sincera, o cabelo dela não deixa ver com clareza os piolhos ou as lêndeas. Confundem-se no louro.

Eu? Ansiosa? Paranóica? Nada. Eu? Nãaaaao.

Podem chamar-me tontinha (chamem lá, quero ouvir!), mas prefiro ter já tudo cá em casa para que, num momento de crise ou de dúvida possa agir de imediato. E, já à semelhança do ano passado, voltei a optar por Paranix. Não só por ser nº1 no tratamento de piolhos em Portugal e na Europa* mas também porque, confesso, ainda não me tinham acabado as embalagens da gama toda do ano passado e gosto de ter tudo da mesma marca. É o meu lado Marie Kondo, não me julguem (muito).

A linha inclui todas as fases que nos stressam no que tocam aos piolhos: detecção, prevenção e tratamento contra piolhos e lêndeas.

O meu produto preferido - reparem o quanto tenho andado ocupada para fazer uma eleição de produtos preferidos no que toca a uma linha de tratamentos contra piolhos e lêndeas - é o Paranix Repel.


O nome além de fazer jus ao objectivo (pena que não funcione também com pessoas chatas, senão tomaria banho nele), poupa-nos dores de cabeça. E comichões também ;).

Sempre que recebo um e-mail da escola a avisar que há piolhos, siga enfrascar-lhe o cabelinho nisto porque afasta os bicharocos, protegendo o couro cabeludo com uma película protectora contra agentes externos. Os bichos depois não conseguem aderir. É como limpar o chão da cozinha... espalham-se ao comprido.

Pode-se usar diariamente - tem uma composição à base de ingredientes naturais - e ainda deixa o cabelo com aspecto saudável e nutrido (toda eu tenho muito a segunda característica, principalmente).

Agora, já não estou com visão de lince nas festas de aniversário, a ver quem é que se coça, nem ando a empurrá-la de fininho para ao pé de outros miúdos - não fiz isto, mas... passou-me pela cabeça. 

Como os piolhos: passam pela cabeça. Ah, ah. Um bocadinho de humor aqui para terminar :) Passam, se não se usar o Paranix Repel. Pumba, piscar o olhinho de novo a esta marca tão simpática que nós adoramos ao ponto de querer convidá-la para passar o Natal connosco. Muito evidente a graxa? Será que, com graxa, os piolhos escorregam também? Prefiro Paranix, vá. Tungas, mais uma vez ;)

Bom, quero cortar-lhe o cabelo curtinho para que tenha menos calor e que fique ainda mais bonita, mas a miúda tem esta mania de ser uma pessoa e ter opiniões... Como fazem vocês?



 Paranix Repel é um produto cosmético.

* Portugal: Dados HMR, Mercado Anti-parasitário Capilar, MAT Abril 2018, Farmácia + Mass Market, Valor e Volume; Europa: IMS Health, Data of Head Lice Europe, MAT Q4 2017, Pharmacy, Value and Volume.






6.26.2019

Faz-me confusão que ela consuma vídeos na internet.

Sei que há coisas que são boas e educativas e quase em tudo na vida há “bom” e há “mau”, mas ver uma criança tão quieta durante tanto tempo faz-me imensa confusão. Claro que até pode aprender a falar inglês - como a Irene aprendeu a falar português do Brasil por ver vários vídeos no YouTube quando estava com o pai - mas acho sempre que não é o melhor. 

Se me deu jeito na viagem a Cabo Verde espetar-lhe uns episódios da Netflix de seguida? Claro que sim. Mas não consigo. Faz-me sentir que a estou a adormecer, como se estivesse a sedá-la. Acho que me encontro mesmo no polo absurdamente oposto de muitas famílias actuais. 


Na minha cabeça, as crianças estão bem a brincar, sossegadas com as suas coisas (algo que envolva destreza ou raciocínio - e até poderão ser jogos no iPad) ou então a subir às árvores ou a pendurarem-se nos baloiços do bairro. Não nego a inovação. Caramba, sou blogger e também sou apresentadora de um programa na internet. Não sou nada contra. 

Mas sinto que tem de ser uma parcela ínfima da vida dela. O mínimo possível. A não ser que descobrisse um conteúdo (como descobri em tempos os desenhos animados da Netflix do Daniel, o Tigre) que compensasse o tempo “limitado” de inoperância, vá. 

No entanto, a maior parte das coisas que vejo e pelas quais a Irene se sente atraída são... consumidores de tempo, apenas. Um bocadinho como os stories que nos caem no instagram de conteúdos instantâneos mas que não “acrescentam” nada à nossa vida, embora nos viciem. Aqueles que nos hipnotizam mas que nos fazem perder tempo de vida. Uma parvoíce continuarmos a cair nisso tanto tempo depois de já termos sido apresentadas a este fascínio. 

Já aconteceu numa noite em que dormi pessimamente ou que fiquei a discutir durante horas não conseguir lidar com ela a manhã inteira e socorrer-me desse babysitter digital, mas não faço disso nem a regra nem sequer a excepção, acho eu.  Tudo por isto. Faz-me confusão. Televisão a mesma coisa. 

Ao fim-de-semana quando me pede para ver desenhos animados, claro que sim. Ponho-me (ou tento) a ler ao mesmo tempo e aproveitamos tempo juntas de outra forma antes de nos prepararmos para sair de casa ou fazermos algo em conjunto. Bom, a verdade é que na maior parte das vezes é quando aproveito para fazer um sprint e arrumar o máximo possível em casa - sabem como é. 

Durante a semana nem vejo tempo para ligar a televisão ou para lhe dar um iPad. Senão como a vejo? Quando é que ela brinca com os brinquedos dela? Como falamos? Como sei como é que ela está? E quando ela adormecer? Vou sentir que o dia nem passou por nós? Penso muito em como dizemos uns aos outros que “o tempo passa rápido” e acho que muito tem a ver com esta falta de tempo uns para os outros e que, às vezes, poderá estar a ser usada noutras coisas menos... úteis ou que menos contribuem para a nossa felicidade. 

Contei-vos em tempos que costumo fazer um desenho para ela levar no lanche com a memória recente mais querida. Tentando sempre que tenha sido algo divertido ou querido dela que tenha acontecido no dia anterior. Sinto que se lhe entregasse o iPad que nem teria nada para lhe desenhar no dia seguinte. 

Faço isso para treinar a visão optimista dela (e a minha também, provavelmente) e é algo que levo a sério.

Não vou desenhá-la agarrada ao iPad. ;)

Posto isto e porque sei que tudo o que seja extremado há de ter mais negativos do que algo “equilibrado”, queria perguntar-vos se conhecem vídeos giros no youtube para os mais novos. Sendo que giros signifiquem ser educativos de alguma maneira. 

E, já agora, se forem das pessoas que pensam nestes assuntos, como é que justificam para vocês que eles estejam no iPad com alguma frequência? 


6.11.2019

O que fariam vocês?

Ontem, quando o avião aterrou, estavam as duas a dormir. Eu estava sozinha com elas. Levantei-me, mochila às costas, saco com os documentos e livros de colorir, uma num braço e a outra no outro. Pousaram as cabeças e continuaram a dormir. E eu continuei corredor fora. Não houve ninguém que me oferecesse ajuda. Atenção que não estou a fazer queixinhas. Quando escolhi ir de férias com elas e com o meu irmão, já sabia que ele regressaria 4 dias mais cedo e que regressaríamos à noite, tarde, e que isto poderia acontecer. No entanto, tive esperança que o carrinho estivesse à nossa espera logo no corredor, como já me aconteceu algumas vezes. Mas não. Paciência, vamos lá, não encontrei outra solução. Felizmente, uns metros depois, a Isabel disse-me ao ouvido: "mamã, estás pesada, eu posso ir a pé". Não estão bem a ver o meu coração a explodir de alegria. Inesperado. Único. À meia noite e meia a minha filha estava, contra todas as expectativas de uma criança de 5 anos cansada, a ser tudo aquilo que eu precisava - uma ajuda. 

A Rita Ferro Alvim, que foi connosco, não é para aqui chamada. Além de vir mais atrás no avião, tem uma filha pequena que também estava a dormir e um filho também pequeno e muito fez ela depois ao ficar à espera do carrinho, que não vinha, e a ir buscar-me o carrinho às bagagens de formato irregular, que ficavam só no sítio mais distante possível - o que dá sempre jeito para quem tem bebés. Confesso que nunca me tinha acontecido - costumam ou entregar logo à saída no corredor ou estar logo no tapete das malas. Só lhe tenho de agradecer a companhia e a ajuda.

Isto não é, volto a frisar, um ataque a ninguém. Nem eu tenho a certeza do que faria numa situação destas ou se sequer ainda "via" alguma coisa àquela hora. Quero acreditar que sim, sei lá. Uma senhora com alguma idade, já no tapete das malas, quando me sentei no chão com a Luísa a dormir no colo e a Isabel encostada, se ofereceu para ajudar em alguma coisa. 


Mas pus-me a pensar em duas coisas:

- se calhar as pessoas têm medo de se oferecer para dar colo a uma criança que não seja "delas"

Uma vez li um post da Joana Gama que falava de um certo desconforto que cumprimentassem a Irene com abraços ou a agarrassem - já não me lembro bem - e percebi que somos todos muito diferentes no que diz respeito a limites, medos, corpos, etc.
Eu não vejo, à partida, razões para temer, nestes assuntos. Sou das que não fica melindrada com o facto das minhas filhas trocarem de fatos de banho na praia e fiquem um bocadinho nuas com receio de que haja predadores algures. Ou que mostrem mamas com estas idades. Ou que o animador da piscina a leve às cavalitas ou lhe faça cócegas. Por favor! Por que havemos - sempre - de pensar o pior? Que clima de suspeita é esse que se foi criando? Não sou ingénua, não, mas acho que o clima de medo com que querem que vivamos ou em que escolhemos viver também não nos faz bem enquanto sociedade. Ensinarmos aos nossos filhos o consentimento e os limites, sim, claro, não os obrigarmos a irem ao colo de outra pessoa, caso não queiram também me parece óbvio, mas calma! Nem 8 nem 80. E já nem falo das casas abertas para os vizinhos nas aldeias, que acho que isso já não existe, mas acho que andamos a ficar um bocado medrosos de mais, e que isso impede que se construam "aldeias" de entreajuda: "ficas aí um bocadinho com o meu filho para eu ir ali ao banco?", dito à vizinha do lado. Estamos a perder, cada vez mais, um olhar atento ao outro e às necessidades do outro e isso também nos prejudica a nós, num todo, enquanto comunidade.

- se calhar as pessoas acharam que se eu precisasse de ajuda, pediria

Não sei se ganhámos vergonha de pedir ajuda. Se calhar sim. Como se fosse significasse fraqueza. Queremos provar aos outros que está tudo controlado, que somos muito fortes e práticos e que somos capazes. Assumimos a responsabilidade de tudo, por inteiro: "os filhos são meus, aguenta". Eu já comecei a conseguir pedir mais ajuda, até para poder ir fazer coisas que não são assim tão importantes - por exemplo, no outro dia pedi à minha cunhada para me ficar com as miúdas para eu ir jantar fora ou assim, já nem sei. Não era para ir trabalhar, nem para resolver nada sério. Era simplesmente para ir espairecer e estar com amigos. E então? Correu tudo bem. Um dia, se ela ou outra pessoa qualquer me pedir ajuda, por saber o bem que me soube, vou querer retribuir, em dobro até. Favores em cadeia! Uma utopia? Talvez.

Mas bem, se fossem no mesmo voo que eu e só tivessem uma mochila para levar (e estivesse tudo okay com as vossas costas, etc), o que acham que fariam? E se fossem vocês as mães com duas crianças ao colo, pediriam ajuda? Acordavam-nas?

P.S. Aproveito para vos convidar a verem o primeiro vídeo do A Mãe é que sabe AJUDAR que já saiu no Youtube! Aqui!

5.28.2019

A minha infância

Fui uma criança muito feliz. Senti-me amada. Deram-me liberdade. Ouvia muita música e cantava muito. Andava de bicicleta na Perofilho, comia amoras acabadas de apanhar e tomava banhos de mangueira e de balde no quintal da minha avó Rosel. Apanhava nêsperas da árvore. Apanhava boleias nas ondas, no verão. Comia gelados, que derretiam pelas mãos e que eu lambia. Chupava o sal dos cabelos, acabados de sair da água do mar. Fazia amigos na areia. Fazia pinos e andava nua pela praia. Brincava no recreio da escola, jogava à macaca e ao elástico. Imitava os Onda Choc. Via novelas - adorava a Babalú da Quatro por Quatro - e o Baywatch quando chegava a casa. Punha a cassete com as gravações de desenhos animados, dos quais já sabíamos as falas de cor. Fazia ginástica e pontes no quarto. Andei na natação e nas danças de salão e na música e no coro. Bebia leite com cevada em casa da minha avó Isabel. Desmembrava os sofás com o meu irmão para saltarmos e brincava com os bibelots que eram meninas e cães e sei lá mais o quê. Comia caracóis com torradas e um sumol de laranja. Lia muitos, muitos livros. Ia para a cama dos meus pais aos sábados e domingos de manhã, ouvir anedotas e apanhar cócegas. O meu pai secava-me o cabelo, em cima de um banquinho verde tropa, com um rolo, para as pontas irem para dentro. Tinha um vestido amarelo torrado que adorava e com o qual me sentia vaidosa. Fazíamos viagens maiores a ouvir Shade, Delfins e Os Bandemónio. Eu cantava a viagem toda. Usava borrachinhas de cheiro e canetas de cheiro para colorir os meus cadernos, sempre impecáveis. Alugava filmes no clube de vídeo, mesmo em frente ao nosso prédio. Fazia coleção de cromos e autocolantes (aqueles dos fantasmas que brilhavam no escuro!) e de posteres das Spice Girls, dos TakeThat e dos Backstreet Boys. Tinha um do Hugo Leal, um crush, apesar de ser do Benfica. Ficava escondido do lado de dentro do armário para lhe poder dar beijinhos à vontade. Adorava a Bravo e a concorrente. Tinha cassetes que ouvia na aparelhagem do quarto. Escrevia no diário todos os dias e apaixonava-me muito. Ia para Lisboa para os ensaios dos Onda Choc e do coro dos Jovens Cantores de Lisboa. Faltava às aulas para ir ao Buereré atuar, mas tinha justificação por "atividade cultural". Partilhámos camarim com estrelas da altura, com os Milénio e tirei fotografias com os Anjos. Pedi autógrafos aos Excesso, antes de um concerto. Fui à Expo 98 e adorei o pavilhão da China. Gritei muito e chorei muito com os jogos da selecção nacional. Recortei o Figo das revistas. E adorava a Naomi e a Cindy Crawford, mas a minha preferida sempre foi a Elle Macpherson (que vi, anos mais tarde, numa fila para o cinema em Londres e ia tendo uma coisinha).



A minha infância foi... mágica. 
Voltava lá por um dia.

E vocês?


5.19.2019

Aladdin: e se pedíssemos 3 desejos?

Quando era criança, acreditava que tudo se poderia realizar. Mesmo. Fechava os olhos e sonhava. E foi esse poder, essa magia enorme, que me foi dando força para traçar o meu caminho. Um dia um professor disse-me que eu não poderia ser jornalista de televisão, por ser gaga. E eu provei-me, anos mais tarde, que os limites do nosso potencial não podem ser definidos pelos outros. Nem mesmo por pequenas características que não nos definem. Com amor, com amor-próprio, seremos sempre melhores e únicos.

Vi o filme de animação do Aladdin vezes sem conta, tinha a cassete, com dobragens em português do Brasil. E tinha ainda um livro, que até hoje guardei, e que elas adoram. Está assinado: "Joana Isabel". 

Claro que adorava a história de amor, que eu sempre fui uma romântica, mas era mais do que isso. Cativava-me aquela princesa, Jasmine, que não se contentava em ser princesa, fechada num palácio e que só queria ser livre. Achei-a corajosa, desde o início. Pouco resignada. A querer ajudar o povo de Agrabah. As minhas princesas preferidas são assim: fortes. Cativava-me também a história de amizade entre o génio e o Aladdin.

E, claro, aquela lâmpada mágica. 3 desejos. Ao longo da vida, fui pedindo 3 desejos diferentes. E agora, em vésperas de estrear o filme Aladdin em todas as salas de cinema - é já dia 23 de Maio!!! - chegou-nos o desafio: que desejos pediríamos ao génio da lâmpada? Nós, adultas, e as nossas filhas, de 2 e 5 anos.

Vejam o vídeo aqui, que está tãooooo giro:



* lâmpada, génio e caderno Aladdin - Disney Store

Não se esqueçam nunca de SONHAR! Dia 23 de maio, já sabem, Aladdin vai dar o mote. Estou desejosa de ver. Adorei o Dumbo e cheira-me que ainda vou gostar mais deste. 

E vocês, que desejos pediriam? E os vossos filhos? Perguntem-lhes e partilhem connosco, queremos saber!


5.14.2019

"Este puto é um mal-educado!"

Ainda bem que abriram o post apesar do título sugerir que fosse um post todo moralóide e cheio de cenas. Não é. 

Está um dia tão bonito - estou a escrever isto segunda-feira à tarde - e só gostaria que toda a gente tivesse a mesma sorte que eu (e umas quantas vocês) de aproveitar. Nem sempre retiro prazer destas coisas mas outra coisa que ninguém nos disse é que... ser feliz também dá trabalho. 

No outro dia, a folhear uma revista muito gira chamada Lunch Lady (uma revista australiana), deparei-me com um artigo mesmo muito interessante, que fez mesmo muito sentido.

Eu feita parva no meio da minha sala a tirar uma fotografia com o temporizador do telemóvel.

Revista Australiana Lunch Lady que tem várias receitas de snacks e refeições saudáveis, artigos sobre parentalidade inspiracionais e muito anúncios de slow fashion e de compra consciente. 

Lembrei-me só das parvoíces que a Super Nanny andou para aí a dizer a a espalhar num meio de comunicação tão abrangente como a televisão mas, mais uma vez, o dia está bonito e vou focar-me no que é bom e positivo - dá trabalho. 

Encontrei um artigo nessa revista chamado "Love Bombing" em que estiveram à conversa com um psicólogo infantil (assim parece que estão a dizer que o psicólogo não tem maturidade: "gostei do psicólogo, mas era um pouco infantil") chamado Oliver James.


E ele, neste artigo, propõe uma abordagem muito interessante quando sentimos que os nossos filhos estão a falar uma linguagem completamente diferente da nossa, quando fazem tudo ao contrário, quando parece que se comportam mal só para nos enervar, etc. Isto é, quando a relação entre pais e filhos fica definida por falta de comunicação, entendimento, tensão e conflito. Quando é esse o estado "normal". 

Acho que todas nós já passamos por isso enquanto filhas ou, mesmo enquanto mais, há fases mais bruscas que outras, em que nos encontramos menos com os nossos filhos. Já me aconteceu. E vai acontecer mais vezes, certamente. 

Apesar de todos andarmos à procura de soluções milagrosas, de comprimidos que resolvam problemas emocionais e relações. As coisas até poderão funcionar assim no que toca a uma candidíase recorrente (vá), mas não no que toca a construir uma relação em família. 

Porém, este "Love Bombing", esta ferramenta, atitude ou comportamento, vá, promete e tem cumprido mudanças muito intensas nas dinâmicas familiares. Parte da premissa que existe algo comum a todos os comportamentos problemáticos como a agressividade, desobediência, hiperactividade, timidez, ansiedade social. É o medo que os une e a resposta sistemática (e primária) de "fight or flight". 

Apesar deste artigo do público falar muito da experiência em moscas da fruta, também explica bem (em português) o que é este mecanismo de fuga ou de paralisia.


Voltando ao psicólogo infantil ( na na na na na - ler a cantar de forma imbecil), quando as nossas crianças sentem medo, reagimos de forma adequada que é abraçando-as. Quando têm outras reacções, visíveis através destes comportamentos originados pelo medo, respondemos de maneira oposta: sem empatia, com mais conflito, rejeição e castigo. Isto cria uma dinâmica, não é? Que aumenta, ainda por cima, aquilo que causa o comportamento da criança e que provoca a nossa reacção também primária, insegura e territorial...

Acredito que somos nós, os adultos e os pais, quem tem o dever de terminar com esta dinâmica ou de, pelo menos, dar o nosso melhor. Estando conscientes do que estamos a fazer. 

O tal psicólogo propõe então isto da "bomba de amor" que consiste em passar um dia inteiro (ou ainda mais tempo) em que é a criança quem escolhe tudo aquilo que quiser fazer: as actividades, a comida, a conversa, tudo. Sendo a única coisa que o pai tem que fazer é estar presente, disponível e com peito aberto para amar a criança (não estar preocupado com outras merdas e respeitar o que está a ser feito, vá). 


Isto traz algumas descobertas fantásticas para ambas as partes, sabendo os pais brincar. Não é o mesmo que tempo de qualidade, atenção. PAra que isto funcione é imperativo que seja criado um espaço DIFERENTE da rotina diária. Até poderá ser planeado com antecedência pela criança, podemos atribuir a conotação de "eish que grande dia que aí vem" como fazemos com os aniversários... podemos dizer-lhes para escreverem (ou enumerarem) uma lista de coisas que querem fazer...

A ideia é dizer que sim. Enchê-las de amor. Vão sentir-se mais seguras, sentir que ganharam um pouco mais de controlo e faz maravilhas pela relação. Os pais, fora daquela bolha habitual de "má onda", são capazes de voltar a olhar para os filhos como as crianças que são em vez de "inimigos" ou representantes ambulantes do seu fracasso enquanto pais. 

Não podem dizer "não faças isto ou aquilo" ou "não temos tempo para aquilo" ou "isso é parvo". Durante um dia - desde que não se ponham em perigo ou não queiram ir ao País de Dori (não sei onde é que é isto que a Irene quer ir), digam que sim. Aceitem a brincadeira. Podemos não ir ao País de Dori, mas podemos ir dar um passeio no jardim e fingir. Alinhemos.



Claro que isto é um artigo resumido. Não está aqui a salvação da humanidade, isto faz parte de uma filosofia maior que é "deixar as crianças serem crianças" e a importância de brincar. Tenho ali outro livro para ler sobre isso, depois também vos digo qualquer coisa.

Achei isto muito interessante. Já conheci pessoas que, nestas fases, desesperadas recorrem imediatamente a um psicólogo (ferramenta que conhecem e não tenho nada contra), mas ter esta ideia aqui debaixo da manga para quando for preciso só me parece útil. 

O que acham vocês?



5.01.2019

Gostavam de ter sido (mais) ajudadas?

O pós-parto é uma fase complicada para muita gente. Queremos estar bem, ter forças para fazer tudo e mais alguma coisa, voltar ao nosso corpo, enquanto a nossa mente ainda está aos ziguezagues, há um ou dois ou três filhos para cuidar, roupa com cocó para lavar e mal temos tempo para lavar os dentes. Claro que haverá bebés e bebés, mães e mães... mas, numa casa com poucas ou nenhumas ajudas, é, muitas vezes, difícil dar conta de tudo.


Eu tive a minha avó uma semana em casa - acho - a minha mãe aos fins-de-semana - acho. Não quero ser injusta, mas essa fase da minha vida está um pouco desfocada. Acho que até tive bastante ajuda. Lembro-me de ver a minha avó e a minha mãe a lavarem-me roupinhas da Isabel à mão e a fazerem comida. Não sei quantas vezes nem quanto tempo, mas tenho umas imagens.

Mas durante a semana, sentia-me sozinha às vezes. Quando o David saiu porta fora para ir trabalhar (só teve direito a uma semana em casa), caiu-me tudo. Senti-me uma criança, até. Achei-me incapaz. Mas tudo se compôs. Lembro-me que demorava imenso até sair de casa e de uma vez em que estávamos prontas e ela fez cocó em esguicho (sorry pela imagem gráfica) e me sujou toda. Ou da vez em que eu caí das escadas com ela no ovo (consegui travá-la). Ou de quando comecei a chorar num parque de estacionamento por não estar a conseguir fechar o carrinho e ela estava a berrar no ovo. Lembro-me de às vezes não conseguir comer. De escolher "mal" o tempo em que ela fazia sestas - que eram curtinhas! - e de tudo se encavalitar.


Da segunda filha, tive muito mas muito mais ajuda, ou não estivesse em casa da minha mãe. Foi incrível. O David teve de ir trabalhar também cedo, a minha mãe também trabalhava, mas foi uma ajuda enorme. No entanto, tentava ir buscar a Isabel à escola relativamente cedo, e o dia passava a correr. Mas aproveitei muito essa fase a minha bebé - dormia sestas e tudo. Acho que poder dormir sestas com os nossos bebés devia ser obrigatório. 

Nem toda a gente consegue. E, por isso, foi por todo o caos que pode ser estar na fase final da gravidez (principalmente se se tiver mais filhos já) e o pós-parto que surgiu o A MÃE É QUE SABE AJUDAR.



Eu e a Joana Gama vamos a vossa casa e levamos sopa, limpamos a casa, damos colo ao(s) vosso(s) filho(s) para irem tomar um banho demorado: tudo o que precisarem. 

E ainda levamos presentes: produtos para um ano de banhos da família toda, cosmética e maquilhagem para andarem todas vaidosas, electrodomésticos, uma semana num carro atestado para irem passear, tudo o que precisarem para o desfralde dos bebés... 

Um dia em vossa casa a dar-vos uma ajudinha - é isto que vos propomos! Para isso, só têm de se inscrever aqui e ser a contemplada. Sim?

Gostavam de ser mais ajudadas? Gostavam de ter sido mais ajudadas?


4.23.2019

20 livros dos 2 aos 5 anos

Já devem saber da minha predilecção por livros. Não tenho assim grande pancada por mais nada, não perco a cabeça com brinquedos e também já não perco a cabeça com roupa para elas (estou muito mais contida),  mas livros infantis SIM SIM SIM! Ando a melhorar bastante e até já descobrimos que a biblioteca ao pé de casa é fantástica (ah! e a escola das miúdas também já tem: vejam aqui a ideia que eu tive para sugerirem nas vossas!).

Mas se vejo um livro que penso que elas vão gostar, que me vai ajudar a explicar alguma coisa ou que nos vai fazer bem, nem sempre resisto a comprar. É o nosso momento antes de ir dormir, sempre.

Comecei a comprar livros ainda grávida e temos uma biblioteca que "sim, senhor".



Vai daí, se também estão comigo na luta ou se precisam de alguma dica para oferecer num aniversário ou numa data especial, escolhi 5 livros recentes (cá em casa),  de que gostamos muito.


Cuquedo e Um Amor que Mete Medo 

Se já conhecem o Cuquedo, este é a sequela, mas desta vez com romance pelo meio. Uma espécie de “quem quer casar com a Carochinha?” com humor e com sustos. Divertido e muito fácil de entender, acho-o perfeito logo para os 2 anos [a Luísa gosta imenso das repetições e dos sustos], mas com 4 também se torna giro porque o decoram e contam na boa.




A lagartinha muito comilona

Este é bom logo para os 2 anos: além de aprenderem como uma lagartinha nasce de um ovinho e se transforma em borboleta, aprendem os nomes dos alimentos mas também a contar (e depois a borboelta fica com as cores de tudo o que consumiu. Giro, colorido, didático.




Truz Truz

"Truz Truz! Quem é?! É a menina pequenina que tem uma meia rota no pé!" É assim que começa uma lengalenga com muitas personagens diferentes que batem à porta, em diferentes estações do ano, num texto sempre em rima para que eles adivinhem tudo o que aí vem. Escusado será dizer que cá em casa já sabem completar tudo. Ideal a partir dos 2 anos também. [Há outro livro com o mesmo nome que me parece giro giro também, alguém conhece?]




Meninas Pequenas, Grandes Sonhos: 
Frida Kahlo
Este tem entrada directa no meu coração, já que a Frida é uma das minhas personagens históricas preferidas (desde que vi o filme que fiquei absolutamente rendida). A Isabel ficou fascinada com a história dela que, apesar de algo violenta, tem esperança, tem poder, tem luta. Adoramos. Este é a apontar mais ali para os 4, 5, 6 anos (se bem que a Luísa ouve e não se queixa ahah). Fiquei super curiosa com a restante coleção. Women power!




Há um tigre no Jardim
É só maravilhoso. Quando a avó lhe diz que viu um tigre no jardim, a Nora acha que está demasiado crescida para acreditar nessas tontices. Afinal, toda a gente sabe que os tigres vivem na selva e não em jardins! Até pode haver libelinhas do tamanho de pássaros, plantas que tentam comer girafas de peluche, ou um urso-polar que gosta de pescar… Mas a Nora continua a ter a certeza, certezinha, de que é impossível existir um tigre no jardim… Ou será que existe mesmo?" Óptima forma de lhes mostrar que, nos momentos "aborrecidos" e de tédio basta usar a imaginação, que tudo é possível!





Não sou rabugento!
Este foi comprado um bocado ao acaso mas revelou-se uma história bem gira. O que é isso de ser rabugento? E será que quem é "rabugento" não terá razões para isso? O que estará por detrás do "mau feitio"? Óptima forma de lhes ensinar que não devemos rotular os outros e que há bons corações por detrás das capas. Sobre a amizade e a falta que isso nos faz. Entre os 3 e os 5. 




O Livro Zangado, O Livro com Sono, O Livro com Medo

Se tivesse de eleger o que mais as ajuda a lidar com as emoções, esta trilogia ficava em primeiro lugar, empatado com O Monstro das Cores. A literacia emocional para mim é das coisas mais importantes de todas e se trabalharmos bem o reconhecimento das emoções estamos a treinar a empatia, o amor-próprio e a ajudá-los até na auto-regulação. Estes são logo para os 2 anos e ajudam-nos a encontrar técnicas para se acalmarem nas birras, a deixar de ter medo antes de dormir, a acalmarem-se antes de adormecer, etc. 



O Monstro das Cores vai à Escola

E por falar em O Monstro das Cores - talvez o meu preferido de todos -, há um novo para ajudar os miúdos na entrada numa nova escola: "O Monstro das Cores está um bocadinho nervoso. Hoje é o seu primeiro dia de escola e não faz ideia do que isso seja. Não tenhas medo, Monstro! Esperam-te muitas aventuras e muitos novos amigos." Talvez o tema muito específico, mas não deixa de ser giro para todos - diria que 5, 6 anos seja o ideal.



A Ovelha que Chocou um Ovo
Esta é a história de uma ovelha muito vaidosa da sua lã, mas depois de ser tosquiada perde a suavidade e fica um autêntico ninho de ratos. Só que isso até lhe trouxe vantagens: amigos que surgem de forma inesperada. Bonita lição: mais vale grandes amizades do que um cabelo perfeito. Dos 2/3 anos aos 5 anos à vontadinha.



A toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça

Este é para rir, puro entretenimento. Muito divertido e dá logo para os 2 anos, claro, que é quando eles entram nesta fase mais escatológica, mas tem interesse até bem mais tarde. O livro tem mais de 30 anos mas só agora entrou nas nossas vidas. vale pena. Então a toupeira percorre o campo todo à procura de quem lhe teria feito aquele bonito serviço na cabeça: se a pomba, se o cavalo, se a lebre e por aí fora, imaginem...





Sozinho em Casa e E.T.

Que saudosismo que estes livros me trouxeram, Deus meu! Estes são claramente daqueles que nos dão um prazer enorme em contar-lhes porque trazem muito da nossa infância com eles.

Adoro tudo: apesar de adaptados (imaginem, o senhor velhote que limpava a neve e aterrorizava a criança no Sozinho em Casa aparece de outra forma na história - e ainda bem), estão uma delícia! As ilustrações são muito giras e as histórias são aquelas que já conhecemos. A partir dos 4 anos, funcionam muito bem.



Adivinhas Coloridas

Não sei se os vossos se interessam por adivinhas, provérbios e lengalengas mas a Isabel começou a gostar muito já para o fim dos quatro anos. Destes três que lhe ofereceram nos anos, o preferido é o das adivinhas - tem de acertar nos animais, alimentos, pelas descrições (normalmente em rima). Não esperava que tivesse tanto sucesso, mas ainda ontem foi o livro que escolheu antes de ir dormir. Este é, na minha opinião, para putos a partir dos 5 anos.




Bem-Vindos ao Nosso Mundo
E, por fim, um livro que é mais uma enciclopédia mas que não deixa de ser maravilhoso. Desde comidas, animais de estimação e brincadeiras, passando por saudações, roupas ou chapéus, há tantas maneiras de dizer e fazer as coisas no mundo inteiro. O problema deste livro é ser impossível chegar ao fim, por isso NUNCA o leio antes de ir dormir (ou então negoceio muito bem que são só 3 páginas). Desde que começámos a viajar para outros países (e desde que tem colegas do Brasil, por exemplo), que a Isabel tem muita curiosidade em saber palavras e costumes do mundo inteiro. Tem muito interesse em saber as bandeiras também [se souberem de um livro ou jogo sobre bandeiras, digam - que ela ia adorar e eu bem preciso ahah]. 



Espero que tenham gostado, que vos seja útil e partilhem também os vossos livros e as histórias que mais os cativam! 


4.22.2019

Não à mala dos filhos de pais divorciados.

Tenho um dia que escrever um post mais alongado sobre todas as dicas que posso dar sobre isto do divórcio. Tanto na perspectiva de quem se divorcia, como na perspectiva de quem é filha de pais divorciados - desde os meus 6 anos. 

Porém, lembrei-me recentemente - até quando fomos entrevistar a Madalena Abecasis (estará disponível para o mês que vem o vídeo, senão temos um esgotamento a tentar fazer tudo, ahah) que seria interessante falar disto: é porreiro que os miúdos andem com as suas coisas às costas?

Na minha perspectiva, não. Podemos convidar as mães que nos estão a ler e que têm alguma formação na área da psicologia e afins o que pensarão elas disso e até outras filhas e filhos de pais divorciados. Querem opinar? 

Claro que é como tudo: "depende dos pais", "depende dos filhos", blá blá. 

Porém, quero explicar-vos: acho que o mais importante é que a criança se sinta segura. No meu caso e, para já, acho que é indispensável que ela tenha um pouso principal. Na nossa família, decidiu-se que fosse a minha casa. Mais tarde, quando ela for mais crescida e quando a vida der outras voltas, logo se verá o que vai ser decidido em conjunto mas nesta fase é aquilo em que acreditamos que seja o melhor para ela. 


Agora, ainda dentro do tema da segurança e até "desejabilidade", sinto que a criança deverá sentir que ambas as casas são suas também. E nós sentimo-nos em casa rodeados das nossas coisas e memórias. Ao levarmos as nossas coisas connosco, como quando vamos para um hotel, é muito giro, mas não para vivermos lá. 

Implica que o outro progenitor tenha de comprar roupa? Implica que se faça um esforço para adaptar a casa à criança? Sim e sim. Se calhar essa roupa até poderá ser comprada a meias - cada casal sua sentença - já que vai sempre andar a passear de um lado para o outro. Porém, terá de ser a criança a carregar "o peso" da separação às costas? Isto, literalmente? 

Terá que levar os livros e os estojos e afins que normalmente já levaria da escola para casa, mas e o resto? 

Sou totalmente a favor de ambas as casas estarem mobiladas, equipadas e recheadas de tudo o que a criança precise para se sentir bem-vinda, desejada e que não é ela quem tem de gerir essa questão. 

Quando for mais velha e tiver os seus "eventos" lá saberá o que quer andar a vestir num lado e noutro e ela própria fará essa gestão. Até lá... serão mesmo eles que têm de andar com a mala às costas?

Já agora, ainda na temática do divórcio, fica aqui um vídeo que fizemos em que respondi às vossas perguntas no instagram sobre o meu:







4.17.2019

O que fazem a tantas amêndoas e ovos da Páscoa?

Já tive uma postura mais fundamentalista (ou consciente, vai depender sempre de quem lê isto e do que pensa sobre estas questões) quanto a ovos de chocolate e amêndoas de chocolate nesta altura do ano.

Quando a Isabel tinha dois anos acabadinhos de fazer eu não achava bem dar-lhe ovos da Páscoa. Escrevi este post: Cá em casa não há ovos de chocolate e ponto. Sinceramente, acho que estava certa. Nenhuma criança, com dois anos, precisa de se encher de doces, ainda para mais não pedindo, nem sentindo falta. Quanto mais tarde, melhor.

Mas - adoro usar adversativas - com a segunda filha não consegui estender tanto tempo o período de isolamento (estou a usar esta expressão com um toque de humor, ok?, calma), uma vez que a mais velha já dava as suas "facadinhas" em doces. No entanto, a Luísa não gosta de coisas muitoooo doces e há chocolates que não consegue mesmo comer e deita fora, por exemplo. 

Ora bem, não me preocupa minimamente que comam um chocolate de quando em vez e quem diz chocolate diz gelado, diz sobremesa, diz doces no geral. No outro dia, comprei-lhes os gelados (de congelador) que cada uma quis, sem olhar a rótulos. Estão ali praticamente cheios ainda porque sabem que não se pode comer todos os dias. Nem pedem. Acredito muito na lei da compensação e se fizerem todos os dias uma alimentação saudável, acho que há espaço para uns doces de vez em quando. 

Adorei que a vizinha lhes tivesse dado ovinhos e até fiquei comovida com o gesto (que amor, que generosidade), mas depois a juntar aos que receberam dos avós e dos que ainda vão receber da família, já começa a roçar ali a dor de barriga de 138 horas (e se fosse só isso). 

Posto isto, nada de errado em se oferecer (todos o fazem com boa intenção), mas eu tento controlar o que se come - não consigo fazer diferente. Aliás, até elas já percebem que têm de fazer essa gestão e sugeriram oferecer alguns às primas e dar uma caixinha à vizinha. Ficam umas negociadoras natas, as espertalhonas, também. E já sabem que nem todos os ovos da caça aos ovos são para comer (essa parte da brincadeira eu adoooooro).

Quero saber, o que fazem a tantas amêndoas e ovos? Guardam muito tempo numa gaveta (eu preferia não os ter por perto para não os devorar, se é que me entendem...)? Dão a outras pessoas? Instituições? Não sei, fico perdida. :)




P.S. há receitas para amêndoas caseiras bem boas [não encontro o post que já fiz sobre isso, paciência, mas basicamente levam a amêndoa, cacau derretido e mais qualquer coisa - será tâmaras?] - não vou fazer, mas fica a dica.

3.10.2019

Quem sabe mais? O Pai ou a Mãe?

Olá nossas queridas leitoras e ocasionais leitores que são tão amados como quaisquer outros. Desde que piem baixinho. Brincadeira :) Gostam da nova imagem do nosso blog? Ainda requer alguns afinamentos, mas não poderíamos deixar-de vos mostrar, principalmente na data em que foi - o Dia da Mulher.

Quando fomos ter com a Constança Ferreira ao Centro do Bebé, tivemos que lhe perguntar qual dos dois saberá mais no que toca a cuidar de um bebé. Óbvio que a resposta nunca seria "a mãe" ou "o pai", seria sempre muito na ordem dos jogos de educação física quando éramos mais novas "o importante é participar", mas não deixa de ser interessante ver que há muito mais além do "fazer as coisas" no que toca a criar uma criança com apego. 

Fica aqui o convite para ouvirem (e verem) a conversa que a Joana Paixão Brás teve com a Constança sobre isso mesmo. 




Enquanto gravava esta conversa... fiquei com muita coisa por pensar. Por exemplo: quanto de mim e da minha vontade de "controlar a situação" terá impedido que o pai da Irene tivesse entrado mais nos cuidados dela? 

Talvez seja importante partilhar este vídeo para que, algumas mães, também tenham consciência da importância de abrir espaço para não se sentirem tão assoberbadas, mas também para entregar também a quem de direito o prazer de cuidar dos filhos.