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4.22.2019

Não à mala dos filhos de pais divorciados.

Tenho um dia que escrever um post mais alongado sobre todas as dicas que posso dar sobre isto do divórcio. Tanto na perspectiva de quem se divorcia, como na perspectiva de quem é filha de pais divorciados - desde os meus 6 anos. 

Porém, lembrei-me recentemente - até quando fomos entrevistar a Madalena Abecasis (estará disponível para o mês que vem o vídeo, senão temos um esgotamento a tentar fazer tudo, ahah) que seria interessante falar disto: é porreiro que os miúdos andem com as suas coisas às costas?

Na minha perspectiva, não. Podemos convidar as mães que nos estão a ler e que têm alguma formação na área da psicologia e afins o que pensarão elas disso e até outras filhas e filhos de pais divorciados. Querem opinar? 

Claro que é como tudo: "depende dos pais", "depende dos filhos", blá blá. 

Porém, quero explicar-vos: acho que o mais importante é que a criança se sinta segura. No meu caso e, para já, acho que é indispensável que ela tenha um pouso principal. Na nossa família, decidiu-se que fosse a minha casa. Mais tarde, quando ela for mais crescida e quando a vida der outras voltas, logo se verá o que vai ser decidido em conjunto mas nesta fase é aquilo em que acreditamos que seja o melhor para ela. 


Agora, ainda dentro do tema da segurança e até "desejabilidade", sinto que a criança deverá sentir que ambas as casas são suas também. E nós sentimo-nos em casa rodeados das nossas coisas e memórias. Ao levarmos as nossas coisas connosco, como quando vamos para um hotel, é muito giro, mas não para vivermos lá. 

Implica que o outro progenitor tenha de comprar roupa? Implica que se faça um esforço para adaptar a casa à criança? Sim e sim. Se calhar essa roupa até poderá ser comprada a meias - cada casal sua sentença - já que vai sempre andar a passear de um lado para o outro. Porém, terá de ser a criança a carregar "o peso" da separação às costas? Isto, literalmente? 

Terá que levar os livros e os estojos e afins que normalmente já levaria da escola para casa, mas e o resto? 

Sou totalmente a favor de ambas as casas estarem mobiladas, equipadas e recheadas de tudo o que a criança precise para se sentir bem-vinda, desejada e que não é ela quem tem de gerir essa questão. 

Quando for mais velha e tiver os seus "eventos" lá saberá o que quer andar a vestir num lado e noutro e ela própria fará essa gestão. Até lá... serão mesmo eles que têm de andar com a mala às costas?

Já agora, ainda na temática do divórcio, fica aqui um vídeo que fizemos em que respondi às vossas perguntas no instagram sobre o meu:







4.17.2019

O que fazem a tantas amêndoas e ovos da Páscoa?

Já tive uma postura mais fundamentalista (ou consciente, vai depender sempre de quem lê isto e do que pensa sobre estas questões) quanto a ovos de chocolate e amêndoas de chocolate nesta altura do ano.

Quando a Isabel tinha dois anos acabadinhos de fazer eu não achava bem dar-lhe ovos da Páscoa. Escrevi este post: Cá em casa não há ovos de chocolate e ponto. Sinceramente, acho que estava certa. Nenhuma criança, com dois anos, precisa de se encher de doces, ainda para mais não pedindo, nem sentindo falta. Quanto mais tarde, melhor.

Mas - adoro usar adversativas - com a segunda filha não consegui estender tanto tempo o período de isolamento (estou a usar esta expressão com um toque de humor, ok?, calma), uma vez que a mais velha já dava as suas "facadinhas" em doces. No entanto, a Luísa não gosta de coisas muitoooo doces e há chocolates que não consegue mesmo comer e deita fora, por exemplo. 

Ora bem, não me preocupa minimamente que comam um chocolate de quando em vez e quem diz chocolate diz gelado, diz sobremesa, diz doces no geral. No outro dia, comprei-lhes os gelados (de congelador) que cada uma quis, sem olhar a rótulos. Estão ali praticamente cheios ainda porque sabem que não se pode comer todos os dias. Nem pedem. Acredito muito na lei da compensação e se fizerem todos os dias uma alimentação saudável, acho que há espaço para uns doces de vez em quando. 

Adorei que a vizinha lhes tivesse dado ovinhos e até fiquei comovida com o gesto (que amor, que generosidade), mas depois a juntar aos que receberam dos avós e dos que ainda vão receber da família, já começa a roçar ali a dor de barriga de 138 horas (e se fosse só isso). 

Posto isto, nada de errado em se oferecer (todos o fazem com boa intenção), mas eu tento controlar o que se come - não consigo fazer diferente. Aliás, até elas já percebem que têm de fazer essa gestão e sugeriram oferecer alguns às primas e dar uma caixinha à vizinha. Ficam umas negociadoras natas, as espertalhonas, também. E já sabem que nem todos os ovos da caça aos ovos são para comer (essa parte da brincadeira eu adoooooro).

Quero saber, o que fazem a tantas amêndoas e ovos? Guardam muito tempo numa gaveta (eu preferia não os ter por perto para não os devorar, se é que me entendem...)? Dão a outras pessoas? Instituições? Não sei, fico perdida. :)




P.S. há receitas para amêndoas caseiras bem boas [não encontro o post que já fiz sobre isso, paciência, mas basicamente levam a amêndoa, cacau derretido e mais qualquer coisa - será tâmaras?] - não vou fazer, mas fica a dica.

3.10.2019

Quem sabe mais? O Pai ou a Mãe?

Olá nossas queridas leitoras e ocasionais leitores que são tão amados como quaisquer outros. Desde que piem baixinho. Brincadeira :) Gostam da nova imagem do nosso blog? Ainda requer alguns afinamentos, mas não poderíamos deixar-de vos mostrar, principalmente na data em que foi - o Dia da Mulher.

Quando fomos ter com a Constança Ferreira ao Centro do Bebé, tivemos que lhe perguntar qual dos dois saberá mais no que toca a cuidar de um bebé. Óbvio que a resposta nunca seria "a mãe" ou "o pai", seria sempre muito na ordem dos jogos de educação física quando éramos mais novas "o importante é participar", mas não deixa de ser interessante ver que há muito mais além do "fazer as coisas" no que toca a criar uma criança com apego. 

Fica aqui o convite para ouvirem (e verem) a conversa que a Joana Paixão Brás teve com a Constança sobre isso mesmo. 




Enquanto gravava esta conversa... fiquei com muita coisa por pensar. Por exemplo: quanto de mim e da minha vontade de "controlar a situação" terá impedido que o pai da Irene tivesse entrado mais nos cuidados dela? 

Talvez seja importante partilhar este vídeo para que, algumas mães, também tenham consciência da importância de abrir espaço para não se sentirem tão assoberbadas, mas também para entregar também a quem de direito o prazer de cuidar dos filhos. 





3.03.2019

As 5 piores coisas que já me disseram


Quando nos tornamos mães, ouvimos muitos, mas mesmo muitos comentários, vindos até de onde menos esperamos. Nem sempre são mal intencionados, às vezes são de pessoas que nos querem bem e apenas não percebem que, naquele momento, queremos apenas desabafar. As crianças "são do mundo" e toda a gente acha que pode mandar um bitaite para o ar, sem que isso afecte ninguém.
E, caso seja tudo uma novidade, estejamos cansadas e estejamos a viajar bastante entre baby blues e uma magia absolutamente aterradora (sim, é mesmo isto), pode cair muito mal.
Há quem seja absolutamente confiante e se esteja a marimbar para o que ouve, mas há também quem fique um bocadinho melindrado ou, ainda, que essa opinião confirme mais suspeitas e medos dessa mãe.

Eis as coisas mais estranhas que me disseram e como reagi perante elas:

#05
"Tem tanto pelinho, parece um macaquinho"
Foi na maternidade, acabadinha de nascer. Então... sim. Eu já tinha reparado que a minha filhota tinha muito pelinho que, felizmente, o acto de parir não me arrancou os olhinhos (só o pipi, quase). O que fazer com essa informação? Pô-la numa jaula? Pedir à Sparkl para passar pelo Hospital da Luz para  lhe fazer uma depilação completa? Sorrir e agradecer o carinho? Chorar? 
Falámos sobre o que fazer nas visitas à maternidade neste vídeo. Se calhar algumas pessoas deviam ver. :) 


#04
"Está tão magrinha, não está?"
Desabafei sobre isso aqui, na altura. Houve uma fase em que a saga começou: "oh! perdeu as bochechas", "a minha com essa idade pesava o dobro", "tão levezinha!", "está magrita, não está?", "ainda dás mama?". Ora, para uma pessoa que é mãe pela primeira vez, isto é das piores coisinhas que lhe podem dizer. Até eu chegava a duvidar de que ela estivesse bem, tal é pressão para os bebés serem gordinhos e obedecerem ao padrão dos percentis. Mas a pediatra sempre disse: ela está óptima, não se preocupe, é normal eles oscilarem nas curvas dos percentis. Mesmo assim, na hora da balança eu já estremecia, com medo que me sugerisse começar com as papas para a engorda e dar leite de fórmula. Logo eu, que comecei a tirar leite com máquina desde o segundo mês todo o santo dia para garantir que ela tivesse sempre do meu leite enquanto estava a trabalhar, não queria ouvir que a minha filha andava a passar fome! Felizmente uma pessoa acaba por ganhar confiança. Está óptima.  Vai fazer 5 anos e pesa 16 kgs. É dela e sempre foi <3.



#03 
"Eles não sabem educar a filha"
Esta foi daquelas que me fez sentir uma raivinha misturada com vontade de rir, apesar de, claro, não me ter sido dirigida. Vindo de quem vinha, dava-me até pena. Alguém sem filhos, claro, e alguém que estava a falar de uma miúda de dois anos. Com zero conhecimento de psicologia e muito menos de pedagogia. E, pior ainda, sem bom senso. Uma criança com dois anos dificilmente será "mal-educada". Tem uma rebeldia própria, está numa fase de enorme confrontação com o mundo, com a frustração, e não é por acaso que essa fase é chamada de "terrible two". É o período das birras por excelência. E, muito provavelmente, ainda há muita gente que espera que todos os pais resolvam tudo com umas boas palmadas. Essa pessoa era uma delas: "Coitada, pensei". 


#02 
"Ela vai ser muito anti-social depois"
Isto relativamente à decisão de ficar em casa com a minha segunda filha nos primeiros tempos. Fiquei 1 ano e meio. É das crianças mais felizes, dadas e simpáticas com as quais se poderão cruzar (sim, muita baba, o que é que querem? ahah). Quando não se estava a adaptar nada bem à primeira creche, essa frase descia até mim e dava-lhe razão. "Foi muito tempo comigo, apegou-se muito..." Mas eu, no fundo, sabia. Não, o problema foi mesmo da forma como a escola funcionava: não nos deixaram fazer adaptação. Tinha de estar lá as horas definidas (bastantes) e os pais não podiam entrar na sala nem lá ficar uns minutos. Mudámos de escola e foi o que se viu: em menos de uma semana estava a adaptação feita, com muita calma e amor.

* Foto: Isabel Saldanha
#01 
"A sua filha é feia!" e "Assim só se estraga uma casa".
Não tem sequer piada e só seria desculpável se dito por uma criança de 5 anos. Adultos não podem expressar tanto ódio, muito menos relativamente a crianças, e nem mesmo atrás de um computador. Foi algo que me fez pensar se deveria manter o blogue, imaginem. Tanta violência, totalmente gratuita. Uma coisa é atacarem-me a mim, como já o fizeram, outra, muito diferente, é dizer mal de crianças, os seres mais puros e inofensivos à face da terra. Nunca se deseja mal a uma criança, nunca se diz coisas feias acerca de uma criança. Se se sente necessidade de dizer, psicólogos poderão ajudar a controlar esse impulso. 
Começámos a moderar comentários e, engraçado, as haters deixaram de sentir que tinham tanto protagonismo. Problema resolvido.

Mas uma coisa é certa: aquilo que nos dizem ou que dizem sobre nós, revela mais de quem diz do que nós.

E vocês? Quais as coisas mais idiotas que já vos disseram dos vossos filhos ou de vocês, enquanto mães, e como as ultrapassaram?
Coragem. Já só faltam 60 anos para nos livrarmos dos opinanços. :)



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2.25.2019

Já não há maminha para ninguém.

Há, mas é para mim. Agora, passados uns bons meses do desmame total da Irene, já consigo falar mais à vontade disto. Não porque tenha custado imenso, mas sim porque há sempre um período de recobro depois de cada acontecimento marcante antes de ter vontade de escrever sobre isso no blog. 

Quem geralmente fica chocado com a "falta de privacidade" que as pessoas como eu têm ao exporem tanto as suas vidas, talvez percebam assim que é um processo muito transparente mas nem sempre tão descontrolado quanto parece. Porém, já houve alturas em que escrevi aqui sem pensar ou achando que tinha pensado, mas nem dormia, estava bêbada de hormonas, acontece. Não sou jornalista (ehehe). 

Foram quatro anos e meio a dar de mamar. Começo terrível. Continuação terrível e cansativa, mas com tantos e óptimos momentos pelo meio. Tomei boas decisões. Tive de ter muita força de vontade, muita determinação e a minha dose habitual de loucura, mas não me imagino a agir de outra forma. Foi a melhor maneira para nós. Estou feliz.

Um bebé não vai deixando de mamar progressivamente de forma linear. Há fases em que mama mais outras menos, até que, quando é maior, já se poderá negociar com ele quando e quantas vezes se dá. A Irene e eu aprendemos assim também a falar uma com a outra. Aos poucos, com carinho e empatia indo delimitando o que é o corpo da mãe e o da Irene, o que são vontades da mãe e as vontades da Irene.

Ajudou-nos a ultrapassar a separação uma da outra quando começou a dormir em casa do pai.

Aconteceu aos 3 anos dela. De certa forma, a mama, depois de dormimos a primeira vez separadas e a segunda e a terceira, assegurava que a nossa ligação continuava idêntica, uma segurança importante para ambas. 

Agora que olho para ela... lembrei-me de vocês. E tantas de vocês que nos lêem há já tanto tempo. Ainda a Irene tinha as perninhas assim. Obrigada por fazerem parte das nossas vidas. A todas, mesmo aquelas que não comentam mas que torcem por nós, tal como nós torcemos por vocês. 

Claro que essa segurança, para as mães que não amamentem é seguramente feita de outras formas, no nosso caso, tendo em conta a nossa história. Era esta. 

Lembrei-me de vos escrever este post, porque o fim-de-semana passado era fim-de-semana "do pai" e apesar de ter aproveitado esses 2 dias para "arejar" e passear (nem por isso, passei o fim-de-semana a trabalhar e muito aqui no blog, até, eheh), estava a morrer de saudades dela. 

Estamos a entrar agora numa fase mais fácil. Estamos mais sintonizadas. Não há birras de manhã, não há levantar a voz da parte de nenhuma... tem sido tudo maravilhoso, por enquanto. Tal como a mama, nada nisto é linear. Talvez apenas distanciando-nos uns 10 anos dos eventos, ahah. 

Estava cheia de saudades dela e, para a adormecer, sugeri dar-lhe um pouco de colo já com a luz apagada. Pu-la na antiga posição que antes era a de dar mama (mesmo nas alturas em que ela rejeitava estridentemente a mama como poderá acontecer frequentemente por volta dos 3 meses ou até em desmames precoces). Ainda não o tinha feito porque não sabia se ela já se via a si própria como uma criança não amamentada e não queria criar mais uma situação em que tivesse de lhe dizer que não iria dar-lhe maminha. O colo ganhou, atrevi-me. E dei-lhe colo durante uns bons minutos, as duas de luz apagada, na primeira noite que dormia cá em casa depois do fim-de-semana com o pai.

Amamentamo-nos de certa forma (não se ponham já a ligar aos serviços sociais, sff).  A Irene não é muito fã de abraços e beijinhos (ainda, ahah) e, também por isso, este colo soube-nos pela vida a ambas. Não nos queríamos largar e foi super importante para nós. Tal como no outro dia ter-lhe dito que sim a tomar banho com ela e tê-la deitada de barriga para cima em cima de mim. Houve até alguns minutos de silêncio. Imaginem... 

Foram quatro anos e meio. Um curso muito intensivo para mim de maturidade e maternidade. Nunca se sabe tudo, nunca acaba, mas confesso que foi uma tareia de amor, persistência e "sacrifício" voluntário ;)

Há coisas que vos deixem curiosas sobre o percurso de 4 anos e meio a amamentar? Ou como aconteceu o desmame? Deixem nos comentários que poderei responder num próximo post, why not?

Já escrevemos MUUUUUITO sobre amamentação neste blog, artigos e desabafos muito úteis para quem esteja a amamentar ou queira amamentar. Leiam-nos e partilhem-nos por quem achem que beneficie. 



2.24.2019

Truques para ter mais tempo disponível para eles durante a semana.

Isto vem, claro, não só de uma pessoa que deixou de ter de picar o ponto quando entra na empresa e quando sai por ser paga ao minuto (que violência, credo), mas também de alguém que tem a possibilidade de por em prática todas as dicas seguintes. Claro que nem todas as famílias têm o mesmo budget, horários, configuração (se são monoparentais ou não), mas temos todas cabecinha para ler coisas e pensá-las à nossa medida - a não ser que os vossos miúdos ainda não durmam nada de jeito. Nesse caso, de certeza que não têm cabecinha nenhuma. E despeçam-se já de 40% dos neurónios que tinham antigamente. Fica já o disclaimer. 

Por acaso não é verdade. Quando, depois, se volta a ter um ritmo mais equiparável ao que será um ritmo saudável, a cabeça volta a arrancar. Temos é de fazer o máximo possível por nós também. Porque... o que é isto da pressão de ter que ser boa mãe? Nada! Também temos que ser saudáveis e isso. Ahhh... peanuts. Tudo canja - mesmo sendo canja, ela não aparece feita, ahah. 


A foto não está a preto e branco para parecer uma pseudo intelectual sem testa,
é porque não me maquilhei e assim ainda parece que não tenho rosácea


Como padeço de ansiedade e de uma vontade doentia de passar tempo de qualidade com a Irene ao mesmo tempo que tenho de ter a casa minimamente em ordem para me sentir bem, confesso-vos: 


- A ajuda semanal ou bi semanal para limpar a casa ou para fazer sopa é muito, muito preciosa. 

É dinheiro muito bem gasto. Tendo que escolher, faz-me melhor à cabeça e à família não ter essa pressão semanal a fazer uma viagem grande por ano ou duas. 

- Às vezes comprar jantar nos hipermercados.

Não sou fundamentalista do biológico, mas cada vez me custa mais comprar coisas que não sei de onde vieram ou como foram cozinhadas ou o que seja. Seja como for: não ter de tratar do jantar e, se calhar, durante dois dias, é fantástico para ter aquele tempinho entre ir buscar a miúda à escola e o mesmo ou depois do mesmo de cabeça limpa. 

- Saltar o banho integral.

Nem sempre lhe dou um banho completo, de cabelo incluído e hidratação e tudo mais. É a regra, mas há a excepção. E às vezes há outras coisas que se sobrepõem. Tipo: vê-la. 

- Fazer coisas no forno.

Nem imaginam o meu alívio quando me lembro que posso comprar uma peça de maminha (não, não estou a falar de amamentação, calma) ou de lombo e despachar isso para o forno e dar para dois jantares e dois almoços meus. Se a nível nutricional não é o mais variado? Epá, não, mas nem sempre dá para ser atenta a tudo. Aliás, nunca deu. Nem sei porque disse isso. 

- Despachar acompanhamentos à parva.

Em vez de fazer só para a refeição, fazer já arroz para a semana. Esparguete para a semana, vegetais para a semana, batatas cozidas para a semana. Isto, naquele dia em que, por acaso, já que temos de cozinhar, não custa assim tanto por numa panela ao lado umas batatas a cozer. 

- Arrumar os lanches por kits.

Arranjar mesmo um espaço na dispensa ou no armário em que o lanche já está separadinho de maneira a ser agarrar nele (ou, se calhar, ainda juntar qualquer coisa que só dá no dia) e por dentro da marmita (credo, esta frase toda daria um single da cantora pimba Rosinha). Ou, simplificar, e borrifar para o lanche e por a criança a lanchar todos os dias da escola (no caso da Irene não dá porque como só há iogurtes de leite de vaca e ela não tolera muito bem... not cool). 

- Ir dormir com tudo pronto. 

Raramente faço isto, mas de manhã torna-se tudo mais lento e agradável. Passa a ser, em vez de um momento só de stress, também um momento de convívio. Se andamos sempre sedentas de tempo para nós, como assim passar parte da noite a preparar o dia seguinte? Bem sei, mas talvez tenhamos que pensar em estratégias de nos aliviar a carga durante a semana ou ao fim-de-semana, talvez emprestando (ahah) a criança aos avós ou iniciando uma rotina de irem brincar para a casa dos amigos que há de haver um dia em que calha ser a nossa a ir para a casa de alguém e já respiramos um pouco. 


Volto a afirmar que nem toda a gente tem as minhas possibilidades, nem o meu estilo de vida. Por acaso vivo sozinha com a Irene e tenho a sorte de ter a vida facilitada em muitos aspectos. No entando, acho que estas dicas poderão ajudar de alguma maneira a quem esteja neste momento numa fase mais ansiosa e não tenha a capacidade de pensar. :) 


1.21.2019

Ela estava obcecada com isto, mas conseguimos que parasse.

Uma das coisas que mais me lembro que me disseram sobre isto de ser mãe (ou pai) é "tudo são fases". Tem sido. Temos que nos lembrar que tudo passa (em princípio). 

A Irene tem tido várias fases que me têm preocupado. Porque é o que faço: preocupar-me, ahah. 

Houve uma altura em que teve para aí uns 6 meses a dizer que era um rapaz e a corrigir-me os pronomes e tudo (que irritante e imaginem o meu stress - embora estivesse a preparar-me psicologicamente para todas as possibilidades). Mais tarde, falando com especialistas sobre o assunto, apercebi-me que fazia todo o sentido dada a idade que ela tinha e o cenário que ela vive (não haver figura masculina cá em casa, etc). 

Como estava, de certa forma, a dificultar a socialização dela na escola, tive de lhe dizer para parar com a brincadeira durante uns tempos e ver o que acontecia. Passou. Continuou a brincar que é um rapaz (qual é o problema, não é?), tal como brinca que é uma sereia, um tupperware ou um panado. 

Agora, desde há um ano, a "mania" (não é manha, atenção, eu presto muita atenção a estes comportamentos e o que eles quererão dizer que a criança não sabe compreender e verbalizar - daí também se arrastem tanto tempo) é dizer que está invisível quando apareço na escola para a ir buscar, quando o pai vem buscá-la cá a casa, quando eu vou buscá-la a casa do pai, quando chegam os avós para cuidar dela ou quando vamos a casa dos avós para os visitar. 

O problema não é a brincadeira em si. Ela finge-se invisível e fica muito muito nervosa com isso. Quando a descobrimos fica ainda mais desconfortável. Tem de ser ela a decidir quando aparece, pregando-nos um susto - o que poderia demorar até meia hora. E, pelo meio, a falar na mesma, a fazer pedidos, mas enervada. 

Percebi que era ansiedade. E, mais "engraçado" ainda, percebi que também sinto o mesmo. Nos dias em que estou à espera que ela chegue, mesmo sem motivo real aparente, fico com o coração acelerado. É quando algo vai mudar no cenário e não temos controlo sobre isso. Para os mais psicanalíticos, acho que tem a ver com o parto de cada uma (que foi semelhante), mas não me vou alongar muito para 80% das leitoras não me sugerirem já um internamento - que não me dá jeito que tenho uns trabalhos esta semana. 

Quando, no outro dia (depois de meses nisto), a fui buscar à escola e - também por ser final do dia e não ter feito sesta) não conseguiu gerir minimamente a situação, tornando-se num choro imparável, senti que já chegava (arrependo-me de não ter achado isso mais cedo, mas cada uma faz o que melhor que vê e que pode, não é?). 

Em Cabeça, aldeia do Natal há um mês (ou menos).

Em casa expliquei-lhe que a brincadeira estava proibida. Que não era divertida para ninguém. Expliquei-lhe o que ela sentia (vergonha, nervos) e que há outras maneiras de lidar com a situação. Nomeadamente verbalizar que tem vergonha e que as pessoas assim perceberiam melhor o que ela sente. 

Ainda experimentou fazer mais duas vezes (afinal de contas era um hábito), mas já está a conseguir ganhar outras ferramentas e já está a conseguir lidar com o assunto. Sinceramente parece-me muito aliviada e corre tudo de forma muito mais calma para todos. Especialmente para ela que ficava angustiada e já não fica. 

Isto tudo para dizer que proibir é crucial. A forma claro que difere do momento, dos pais e da criança. Mas proibir às vezes poderá ser a solução - aparentemente tem funcionado e deixado a Irene mais leve pela responsabilidade das coisas passar para os crescidos.


Tudo com conta peso e medida e estamos a descobrir o nosso :)


1.10.2019

É horrível fazer cócegas?

Ahhhh... aqui estão as bloggers a lançar mais um tema que poderá parecer tão imbecil quanto o forçar violentamente (de forma física ou não) a dar beijinhos aos avós ou a quem quer que seja. Porém, tem o seu sentido e, mais do que chegarmos a um consenso, aqui o ideal é apenas parar-se 2 minutinhos (espero não me alongar muito que ninguém tem saudades de estar sentado numa secretária a olhar para alguém falar durante 45 minutos ou 90) para termos noção de qual é a nossa opinião sobre o assunto, pondo-nos no lugar das crianças. 



Por que temos cócegas? 

Os cientistas ainda não chegaram a conclusões consensuais (haverá conclusões científicas se não forem consensuais?), mas existem várias escolas de pensamento no que toca a esta pergunta. 

Há quem diga que as cócegas são um mecanismo de defesa para mostrar submissão ao toque e, portanto para, no caso de contacto próximo com o intuito de haver uma luta, encorajar a mudança da dinâmica, alijeirando o ambiente(giro e interessante, sabe-se lá como eram as coisas há milhares de anos quando éramos peludas também na barriga toda?). Ou seja, se um macaco se aproximasse de nós para lutar e nos fizesse cócegas e nos rissemos, a luta provavelmente acabaria ou não começaria, foi o que percebi. 


Por outro lado - e esta já tinha ouvido - as cócegas podem servir para aproximar as pessoas (que já devem estar próximas o suficiente para conseguirem fazê-las, digo). 

Apesar de ainda não terem chegado a um consenso, os cientistas sabem que fazer cócegas estimula o hipotálamo - região do cérebro ligada ao controlo das emoções, ao prazer sexual e que também controla a temperatura corporal, a fome, a sede e os ritmos circadianos (sono). 

Quando nos rimos quando nos estão a fazer cócegas (não me lembro da última vez que estive numa situação desse género, ahah) pode não ser porque nos estejamos a divertir, mas sim por resposta automática do nosso corpo. 


As crianças gostam de cócegas? 


Depende. A Irene, por exemplo (minha filha), odeia cócegas. Prefere lutas. Não gosta mesmo nada e pede até encarecidamente que, de vez em quando, se relembre alguns familiares para que não lhe façam cócegas de tanto que não gosta. 

A Isabel, da Joana Paixão Brás, não só adora cócegas como provoca situações para que passem a existir. Chama pelo monstro das cócegas e adora rir-se com os pais enquanto acontecem. 

Por que não fazer cócegas? 

Isto surgiu porque comprei um workbook de parentalidade (já cito ali em baixo) para o qual ainda não tive tempo de olhar - e, ao folheá-lo parei logo na página que tinha um quadrado informativo "Why not tickle?". 

Até com este testemunho (tradução livre): 

"O meu pai costumava fazer-me cócegas quando era pequena. Eu sei que era a maneira que ele tinha de se aproximar de mim, mas odiava sentir que não tinha qualquer controlo no momento. A parte estranha era que eu ria tanto que eu nem conseguia gritar para que parasse. Isto fez com que o meu pai pensasse que eu estava a gostar quando, na verdade, me sentia entre a espada e a parede e odiava."
 Mari, mãe de uma criança de 4 anos e de um bebé de um ano. 


Ao que parece, segundo esse livro, há a possibilidade da criança sentir-se desprotegida, o que pode criar ansiedade. A resposta psicológica às cócegas parece envolver uma parte diferente do cérebro daquela que usamos quando nos rimos (que é mais uma espécie de alívio de tensão, tal como acontece quando uma criança prefere brincar "às lutas"). 

A autora afirma que o que ouve da maior parte dos pais quando começam a fazer outro tipo de brincadeiras que aliviem a tensão (como "as lutas", a autora utiliza o termo "roughhousing"), as crianças deixam de pedir cócegas. Quando uma criança pede cócegas pode ser porque provavelmente percebeu e aprendeu que é uma óptima maneira de se rirem juntos. Porém, a manter a brincadeira, segundo a autora, poder-se-á experimentar as "cócegas aéreas" em que apenas ameaçamos fazer cócegas, o que provocará riso na mesma e aliviará a tensão. 

No caso da Irene, nem por isso a deixaria muito confortável, mas é uma brincadeira que já aceita bem melhor. 


O que fazer? 

Como mãe (e como cantora pimba que um dia irei experimentar) acho que passa por observarmos as reacções dos nossos filhos quando a brincadeira surge. Se pedirem a brincadeira, também valerá a pena perceber porquê e ir variando a mesma, digo. 

Duvido muito que haja muitos pais e mães a fazerem cócegas contra a vontade dos filhos mas, nestas coisas, nunca se sabe. E escrevo este artigo com o intuito que chegue a mais pessoas que não apenas os pais para despertar a consciência de estarmos mais atentos à reciprocidade ou não neste tipo de brincadeiras. As crianças são pequeninas e fofinhas mas isso não quer dizer que possamos tocar-lhes e fazer o que quisermos com o corpo delas, mesmo em "brincadeiras".


O que acham vocês? 

1.07.2019

Os vossos filhos ficam loucos antes de dormir?

A sério. Se isto da maternidade fosse um jogo de consola, para mim, desde sempre que havia dois níveis finais de dificuldade: adormecê-los e dar de mamar. 

Sempre foi um terror para mim adormecê-la. Agora está muuuito melhor e entendemo-nos muito bem SE... Se o quê? Olhem, se tiver feito sesta é uma maravilha. SE conseguir deitá-la a boas horas também. 

Comecei a reparar (já há algum tempo que a miúda tem quase 5 anos, mas mais agora que já não faz sesta todos os dias na escola, infelizmente) que perto da hora de deitar está sempre a mexer em tudo. Como se fosse compulsivo. Pega numa coisa, digo para parar, pega logo noutra. Põe-se aos pulos na cama, corre de um lado para o outro e parece que fica com audição selectiva... pedir-lhe para parar ou tentar explicar que tem de ir dormir cedo na maior parte das vezes não resulta. É horrível.

Isto para já não falar que fica claramente "mal comportada". Faz asneiras, parece que não consegue pensar e parece outra miúda. A Irene costuma ser uma rapariga energética mas reage bem quando falamos com ela quando está "em si". Mesmo que não aceite ou o que for, costuma dar para falar e gerir as coisas em conjunto, negociando, explicando. 

Quando não dorme a sesta e quando não consigo deitá-la pelas 20h porque, sei lá, uma pessoa tem de fazer coisas e quer ver a criança, é a chamada loucura.

Fica louca. E eu também. As coisas descontrolam-se e, finalmente, quando ela adormece, fico a sentir-me horrível por não ter conseguido controlar-me ou não ter conseguido dominar a situação, etc. A culpa quando ela adormece... começo a rever os passos e a pensar como posso fazer diferente no dia a seguir. 


Isto porquê, gente? 

Não falando da culpa toda que sinto - isso posso falar no divã (ahah) - mas sim deste descontrole todo que existe ao final do dia, especialmente em crianças privadas de sono (e em mães cansadas também).

Quais são as consequências da privação de sono? 

São a vários níveis: no comportamento, no desenvolvimento socio-emocional, no desenvolvimento cognitivo, etc. 

As crianças têm vindo a dormir cada vez menos de geração em geração (por todos os motivos que já sabemos: os pais terem de sair tarde do trabalho, as deslocações...). 

Ao contrário dos adultos, a falta de sono nas crianças não se revela em bocejos e em apatia, mas sim em hiperactividade, irritabilidade e uma rápida falta de tolerância. E é sabido que alguns diagnósticos de hiperactividade mudam depois da criança passar a ter uma rotina adequada de sono (cuidado com isto, hã?). 

Dormindo menos que o ideal ou desejável não conseguem gerir tão bem (quanto possível para a idade) as suas emoções até porque revelam um nível de cortisol (stress) mais elevado. 

A privação de sono antes dos 3 anos pode perturbar o desenvolvimento verbal da criança e nas capacidades não verbais nas crianças de 5 e 6 anos. 

Além de que contribui para um risco acrescido de excesso de peso ou de obesidade.


Quanto é que as crianças devem dormir? 

Se conseguirmos estar atentas, conseguimos ver pelo comportamento deles, pelas olheiras, pela energia (excesso ou falta dela) que estão cansados. Geralmente, quando adormecem no carro, é porque estão em privação de sono evidente, por exemplo. 

Tudo depende da qualidade de sono da criança. A Irene, por exemplo, por ter alguns problemas respiratórios, a qualidade do sono dela é inferior, de momento, à desejável e, por isso não me posso reger pelos valores habituais. Nada como observarmos os nossos filhos, se conseguirmos. Digo muitas vezes "se for possível" ou "se conseguirmos" porque, durante muito tempo, não consegui por não estar minimamente calma. 

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, estas são as recomendações de horas diárias de sono: 

1) Lactentes dos 4  aos 12 meses: 12 a 16 horas por 24 horas (incluindo sestas)

2) Crianças de 1 a 2 anos: 11 a 14 horas por 24 horas (incluindo sestas)

3) Crianças de 3 a 5 anos: 10 a 13 horas por 24 horas (incluindo sestas)

4) Crianças de 6 a 12 anos: 9 a 12 horas sono noturno por 24 horas

5) Adolescentes de 13 a 18 anos: 8 a 10 horas sono noturno por 24 horas


Aproveito também para deixar a tabela muito clara que toca às repercussões da privação de sono nas crianças: 



Só para não ficar aqui só um post de pânico geral, queria deixar algumas sugestões para melhorar a qualidade e quantidade de sono da criança (pode ser que ajude alguém que não saiba ainda):

- Criar uma rotina de horários de sono (mantendo-a aos fins-de-semana, tentando que haja apenas, no máximo, 30 minutos de diferença, de acordo com a SPP);

- Incentivar a utilização de um objecto de transição e respeitar essa necessidade;

- Não permitir a visualização de ecrãs e a utilização de aparelhos electrónicos pelo menos trinta minutos antes de adormecer;

- Ter uma rotina para deitar, os rituais e as ordens serem os mesmos;

- etc. 


Acima de tudo, o que queria deixar claro com este artigo é que não podemos responsabilizar uma criança que está em cenário de privação de sono pela incapacidade de gerir as suas emoções, pela sua hiperactividade e agressividade e pelas dificuldades de aprendizagem. 

Aquilo que poderá parecer uma atitude de revolta ou de falta de educação é, nestes casos, o melhor que a criança poderá fazer. Sendo da responsabilidade dos pais e da escola que a criança tenha o mínimo de sono adequado para a idade e para cada caso.

A Irene precisa de 11 horas mais uma sesta, ainda, por aí.

Tem sido difícil gerir tudo, mas só temos que fazer o melhor que conseguirmos.



Referências: 

Petit D, Montplaisir J. Consequences of Short Sleep Duration or Poor Sleep in Young Children. In: Tremblay RE, Boivin M, Peters RDeV, eds. Petit D, topic ed. Encyclopedia on Early Childhood Development [online]. http://www.child-encyclopedia.com/sleeping-behaviour/according-experts/consequences-short-sleep-duration-or-poor-sleep-young-children. Published December 2012. Accessed January 7, 2019.

Sociedade Portuguesa de Pediatria, RECOMENDAÇÕES SPS-SPP: PRÁTICA DA SESTA DA CRIANÇA, 1 de Junho de 2017. 

1.04.2019

Gostava muito de levá-las à Disneyland!

Neste Natal, quando o meu pai perguntou o que precisavam elas, ou o que gostariam de receber - e eu já tinha dito à sogra, ao meu irmão e à minha mãe que a Isabelinha queria o equipamento do Benfica (não se pode ser perfeito, bem sei...) e a Luísa queria maquilhagens e de resto não era preciso mais nada, a não ser pijamas e cuecas, lembrei-me: dinheiro para juntar ao mealheiro delas para irmos um dia à Disneyland.

Eu fui quando tinha 11 anos, foi no verão de 1997. Foi absolutamente inesquecível. Lembro-me que os meus pais estavam a fazer um esforço grande: era a primeira grande viagem que fazíamos. Lembro-me que tinha de haver alguma contenção, que não dava para andar a comer por lá “à grande”, a fazer compras nas lojas, muito menos ficar num daqueles hotéis. O que é que isso interessa a uma criança de 11 anos que está a realizar um sonho? Zero. Nem tiveram de me explicar mais nada: eu nem pedi mais nada. Aquilo é absolutamente mágico. Até hoje me recordo de músicas que estavam a tocar, de todas as emoções e até de achar o castelo da cinderela mais pequeno do que esperava. Das gargalhadas a descer nas montanhas russas, mas também do enjoo ao sair do Space Mountain (eu sou das que enjoa imenso quando há loopings e coisas com demasiada "emoção". Mas mesmo assim... foi incrível e até os adultos estavam encantados.

Posto isto, elas adoram as princesas da Disney e os filmes da Disney no geral. Até a Luísa já chegou a essa fase. É louca pela Elsa do Frozen e agora quer andar S-E-M-P-R-E de vestido da princesa (um qualquer cor-de-rosa que nos saiu numa revista e que era da Isabel). Até dorme com ele. Por isso, e apesar de ser pequenina para andar nas atrações, acho que vai gostar muito do ambiente. Quanto à questão de não se lembrar mais tarde, percebo-a perfeitamente e até já me passou pela cabeça várias vezes... mas se ela ainda se lembra de coisas da viagem a Dublin no ano passado e se fala delas com emoção, fica lá qualquer coisa. A magia deve ficar.

Posto isto, talvez esteja para o próximo ano: uma com 3/4 e a outra com 5/6. Até lá faremos mealheiro só para isto. Contem-me coisas: agências, promoções, ficar lá num hotel ou fora, para ir fazendo contas à vida! Como fizeram?
Se calhar as prendas de anos e natal vão passar a ser dinheiro para a viagem e um livro, pronto. <3

Obrigada!


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12.07.2018

Pai obriga filha a ir a pé para a escola por ter praticado bullying.

Já viram aquela "notícia" do pai que, pela filha ter sido bully e, portanto, suspensa do autocarro da escola, embora em intencionado, a obrigou a fazer o caminho a pé para a escola? Está aqui no Notícias ao Minuto, se quiserem ler e ver (o vídeo...). 

Não há qualquer dúvida que o pai está a agir como acha melhor. Que não julga nem sente estar a prejudicar a filha de alguma forma e que, ainda para mais, está a contribuir para um mundo onde o bullying um dia possa não ser um assunto por estes motivos. Agiu e de acordo consigo mesmo. Não há julgamento aí. Todos temos de tomar decisões difíceis baseadas no que sentimos e pensamos e todos corremos o risco de não serem as melhores... mas ninguém é perfeito. 

Não quer isso dizer que estes casos não sirvam para discussão e talvez para uma evolução conjunta. Tal como ainda ontem propus com o post do "A mãe vai andando..."

O pai está a fazer tudo certo de acordo com as suas premissas, mas o que é o bullying? Na prática, são actos de violência física ou psicológica constantes e intencionais. É o que diz a wikipédia.  Importante discutir aqui a "intencionalidade" da coisa, porém. É intencional, mas não consciente, tal como provavelmente esta medida do pai. 

Sem ser na prática, o bullying certamente virá de alguém que tem uma imensa necessidade de se sentir aprovado pelos outros (todos precisamos). Aquela criança está a demonstrá-lo de uma forma socialmente inaceitável e magoando e traumatizando o outro. Está a ser bully. 

Sendo este alguém (o bully) uma criança, há a possibilidade de estar a imitar um comportamento que já tenham tido consigo ou que seja repetido no seu ambiente. Um pai com este grau de determinação e de firmeza já poderá ter tido atitudes, por exemplo, que tenham feito com que a criança se tenha sentido maltratada psicologicamente sem que ele se tenha apercebido. Este poderá ser um deles. 


Este "walk of shame" até à escola, à vista do seu pai (cálculo que maioritarimente por questões de segurança da filha), não deixa de ser, em si mesmo, um acto de bullying (isolado, já que não tenho conhecimento da relação entre eles). O pai que, como reparámos, é extremamente sensível ao bullying (poderia ser interessante divagar sobre os porquês), decidiu aplicar uma medida muito recta com a filha. Esta, ao frio, porque foi bully pela 2ª vez e suspensa do autocarro da escola, vai a pé até à mesma, durante 5 miles - 8 kilómetros. Vamos acreditar que, algures a meio, a atitude do pai terá mudado e que os dois terão conversado sobre o assunto, feito "as pazes" e o pai a terá levado à escola ou, pelo menos dado uma valente boleia a mais de metade do caminho... Não sabemos. 

Não deixa de ser bullying. Não intencional, mas bullying. 

A criança aprende toda uma linguagem de "seguir o que pensa que está certo" sem olhar a contextos e forma. Ou, ainda, através da tristeza e da raiva reprimida ou lidar com este tipo de autoridade e de disciplina, poderá ter que a deixar "sair" quando se sente perto de alguém que não a fará sentir-se insegura: os mais novos da turma, os mais pequenos no autocarro ou até alguém que já a tenha provocado antes mas de quem se consiga defender. 

Aprender a lidar com a raiva, com a frustração, tristeza e com a mágoa é crucial. À semelhança de qualquer coisa que introduzamos no nosso corpo, terá que sair. Ao nos agarrarmos a esses sentimentos ou ao não sabermos trabalhá-los, ficam em nós e depois saem de forma descontrolada: discutindo mecanicamente com os nossos parceiros, falta de tolerância no geral, pessimismo e violência psicológica ou física. Creio que todos ou quase todos seremos bullies nos "piores" momentos da nossa vida. 

O que se passa com esta miúda? Qual será a sua história? E a do pai? E a do pai com o bullying? 

Seja como for, é verdade que, enquanto pais não somos santos, não deixamos de ser humanos a criarem humanos e, por isso, é impossível ter uma postura drunfada e sempre calma e consciente todo o tempo. Ainda para mais quando sentimos que o que estamos a fazer é aquilo que achamos que é o melhor não só para os nossos filhos, mas também para o mundo. 

É aqui onde entra a empatia e o auto-conhecimento. 

Já tendo percebido o que me ser bully, consigo empatizar com outros bullies e perceber que algo de errado se passa ou já se passou com eles. Já tendo sido alvo de bullying também percebo e sinto as consequências de se ser a vítima óbvia numa situação desse género. 

Gostaria muito de saber que o pai, além desta consequência que lhe terá aplicado com os argumentos que sentiu necessidade de expôr (talvez também para ter aprovação alheia por algo intuitivamente lhe cheirar a esturro), também terá tentado perceber o que se passa com a sua filha e tentar ensinar-lhe ou proporcionar-lhe a oportunidade de aprender ferramentas para gerir as suas emoções ou, até, garantir que estará a ter o máximo de apoio que precisa da família, amigos e, se necessário, de um profissional. 

Os comentários a esta notícia deixam-me com o coração apertado por todas as crianças cujos comportamentos serão visto como desafiantes e não como uma incapacidade óbvia de expressar o que sentem e o que precisam. 

Tenho as minhas dúvidas que a filha tenha aprendido com esta "lição" alguma coisa que a ajude a lidar com o que sente. Talvez o medo de ir novamente a pé para a escola a motive a deixar de agir desta forma e neste contexto, mas outro comportamento irá surgir e talvez ainda menos óbvio para os adultos conseguirem ajudá-la já para não mencionar que poderá também vir a ser mais perigoso.


11.15.2018

Solução para não haver stresses à hora de jantar e dormir: chá de tília.

Às vezes parece mesmo demasiado para nós, não é? É porque é. Chá de tília, minhas amigas, oiçam o que vos digo. 

Estou agora a espreitar um documentário que deu na RTP 2, A Ciência Explica: A Ciência da Maternidade que, ao que parece, só está disponível mais um dia ou dois e, por isso, espreitem obrigatoriamente. 

Estamos habituadas a achar que tudo o que não conseguimos fazer (de acordo com as nossas expectativas que serão altíssimas para as nossas condições) é por culpa nossa e por falta de empenho, mas não é verdade. Temos de ser mais generosas connosco. Ainda não acabei de ver este documentário, mas já me está a ajudar a "perdoar-me" do que me achava "culpada". 

Foram estudar tribos em que as mulheres cuidam dos filhos em conjunto, naquilo que chamam "educação conjunta". Enquanto uma mãe está fora, por exemplo, a pescar, outras mães cuidam da criança e, se for preciso amamentar, amamentam a criança. 

Isto explica toda a ansiedade que senti quando ela era pequena e havia a necessidade de amamentar em livre demanda e tentar conciliar isso com algum tempo para mim ou aquilo a que chamamos "ter vida". Depois falo-vos mais disto, deixem-me digerir o documentário.

No outro dia, a Joana Paixão Brás escreveu um post sobre beber um copinho de vinho aqui e ali para descontrair (dito assim até parece que estou a dizer que ela é uma alcólica, mas acho que não, hehe). - A maternidade exige um copo de vinho. E confesso que , de vez em quando, olho com um ar guloso para as Sommersby que tenho no frigorífico. Só não me atiro a elas com medo de criar um padrão (noto que me vicio muito rapidamente em coisas e, por isso, tenho de ter cuidado). 

Bom, posto isto, no outro dia, inspirada pela chuva e pelo mau tempo, pensei: vamos lá começar com os chás. A Irene, num lanche, provou o chá de tília da avó e gostou e... uma coisa levou à outra e ontem tive dos finais de tarde mais relaxados de sempre. 


Bebi meia chávena de chá de tília quando cheguei a casa (a Irene iria estar com o pai duas horas) e além de ler um bocadinho de um livro (tenho de vos voltar a falar dele: Adenóides sem Cirurgia) também consegui adormecer meia hora. Quando a Irene chegou, também pediu chá e acabámos por beber as duas. Foi óptima a noite, mesmo com a Irene sem paciência e meio adoentada. Os meus níveis de ansiedade baixíssimos, foi fantástico. Até adormecê-la. Fiquei com ela enroscada em mim muito mais tempo por estar em condições de aproveitar. 

Hoje de manhã, por saber que a Irene iria pedir o chá novamente (até porque acrescento um pouco de mel), fui informar-me sobre as caractéristicas e benefícios do chá de tília para a saúde e com que frequência poderia dar-lhe ou não esse chá. Li que era: 

  • Ansiolítico; 
  • Óptimo para gripes e contipações; 
  • Ajuda a controlar a febre; 
  • Ajuda a suar (alguém que já se tenha queixado disso? ahah), 
  • etc., que poderão ler no site. 

Ou seja, isto não só lhe faz bem ao ranho constante nesta altura do ano (adenóides gigantes e amigdalas e sei mais lá o quê) como também nos deixa às duas mais calmas. Claro que não me vou por a dar-lhe isto tipo soro, mas... já tenho mais alguma coisa com que jogar, heheh. 

Principalmente comigo, vá. 

Claro que o vinho ajuda, mas o chá de tília, meninas. Ainda para mais, no dia seguinte (hoje de manhã), tinha o meu intestino super cooperativo o que me deu uma sensação óptima de barriga lisinha (as if... lisinha dentro do género, vá). 

Fica a sugestão. :)





11.04.2018

4 anos depois, do que me lembro de estar grávida?

Desculpem lá a qualidade da fotografia, mas na altura ainda não era influencer-coiso. Era o que havia: uma fotografia em frente a uma cana de pesca para gatos numa janela. E uma fitinha que vamos todas fazer cara de quem está a levar com o sol na cara e seguir em frente, está bem? 


Lembro-me do dia em que li que era melhor para a criança estar virada para o lado esquerdo, o lado do coração e ter entrado em paranóia com isso. 

Filhas, não têm ideia. Acho que fiquei com 88 contraturas e acho que a miúda tem um lado da cara mais espalmadito por eu ter levado isto tanto à risca. Não sei se é verdade ou não, mas quando dava por mim virada para o outro lado até sentia palpitações.

Porém, basta uma rápida pesquisa na internet para ver a confusão em que o mundo está relativamente ao assunto:


Lembro-me da "pior coisa" que fiz que foi sacar o solitário para o telemóvel. 

Toda a gente aí louca com jogos de coiso e tal (na altura acho que ainda se jogava um pouco àquele da quinta no Facebook) e eu presa nos anos 70, vá, a jogar o meu solitário nas noites de insónias ou naquelas noites em que, com dores daquilo que vou dizer a seguir, me custava a adormecer. 


Tive de tomar ferro e fazer cocó era a pior parte do meu dia. 

Ai. Não sei se é de não comer peixe nem nada que venha do mar, mas tive de tomar ferro. E isto não é uma maneira gira de dizer que ia levantar pesos para o ginásio - not anymore - era mesmo tomar Folifer para o bucho e depois ter umas cólicas gigantes além de ver que o meu cocó tinha sempre uma cor que o Dr. Oz diria que não era saudável. O meu corpo gostava de ir à sanita Às 4h da manhã. 


Lembro-me dos murros e pontapés da miúda. 

Saltemos à frente a parte em que eu achava que já sentia murros e pontapés e não sabia ainda sequer que estava grávida. Não vamos mencionar isso porque é esquisito. Porém, a uma determinada altura, a miúda ou andava a reclamar pela mãe não ingerir a quantidade de gomas habituais ou, então, era mesmo falta de espaço. Mexia-se tanto, mas tanto que, mesmo sentada no sofá, sentia como se tivesse feito uma maratona - não faço ideia do que é correr uma maratona, mas acho que suo com a mesma intensidade quando trago as compras da semana para casa. 


Lembro-me de vomitar uma lasanha da Telecoiso. 


Nem vomitei muito. Foi só uma vez em que tive desejos de lasanha (nem sei se estaria ligado à gravidez ou não), mas como não me apetecia minimamente limpar, ainda fiz um sprint considerável desde a mesa de jantar até à varanda brindando o canteiro com um belo Pollock de bolo alimentar. 100 metros de vómito seria uma óptima modalidade para grávidas que não quisessem limpar o chão a seguir. 


A memória é selectiva. Neste momento é disso que me lembro. Também tenho uma memória muito carinhosa de estar a lavar as roupas todas dela e a pendurá-las no estendal pela primeira vez, mas de coisas amorosas está a internet cheia.