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4.15.2015

Comunico muito pouco com o meu cérebro.

Comunico muito pouco com o meu cérebro no dia-a-dia. Não gosto de entrar em diálogo. Gosto de sentir, fazer e pronto. Isto leva a que cometa erros muito simples constantemente. Os mais comuns são errar profundamente na escolha do tamanho do tupperware para guardar comida, mas mesmo de forma preocupante. 

Não sei se já disse aqui, mas é um exemplo que dou frequentemente: com aquelas caixinhas de enfiar as peças de formas diferentes (a estrela, o cubo, o cilindro, etc), em vez de olhar onde é que a estrela deve caber, prefiro fazer à bebé e tentar em todas primeiro. Não me importo por perder mais tempo se falhar, porque se acertar sinto-me a maior do mundo por ter sido muito rápido. É, no entanto, uma experiência dolorosa para quem goste de mim e esteja a olhar. Tenho a certeza que muitas das vezes o meu marido trauteia uma música triste para dentro enquanto me vê a fazer estas coisas, tentando imitar um anúncio de pedido de contribuição monetária para uma coisa de solidariedade. 

Imagino o copy (com uma voz muito bem colocada e séria): 

"Tem quase 30 anos. Já é mãe. É incapaz de pensar por um segundo que seja. [isto enquanto estou feita parva, de língua de fora, a tentar acertar com a estrela no cubo]. Isto já é a seguir de pena. Isto é triste."

Aqui ela tinha 1 dia de vida. <3


Eu gosto de fazer coisas parvas. Gosto de me rir comigo própria. Raramente falho em coisas importantes (aí estou mais atenta), por isso não tenho vergonha.

Ficar meia hora a descobrir como se abre um copinho da Avent pode ser um embaraço para a maior parte, mas eu rio-me sempre que penso nisso. Ter demorado mais de meia hora aos 15 anos a descobrir como se montava uma tábua de engomar, também. Tentar enfiar 5 litros de sopa num tupperware para guardar molhos... Ligar a água para tomar banho, estar no modo de chuveiro e ficar toda encharcada.  A última gira é terem começado a aparecer fraldas sujas no cesto de roupa suja e não sei se sou eu ou o Frederico, sequer. 

Isto claro que piorou desde que a Irene nasceu e estou sempre cansada por não dormir bem. Os acidentes durante a noite são os mais parvos. Também vos acontece? 

Eu não ligo nenhuma luz à noite. Gosto de me armar em super-mulher, com super-poderes e vou (sem usar as mãos para ir apalpando) percorrendo o caminho para o quarto da miúda. Já bati com o focinho em portas, já dei uma biqueirada na mesinha de cabeceira, ja ia tropeçando numa pantufa e nem uso pantufas, já dei umas patadas nos gatos que adormecem em sítios perfeitamente imbecis de vez em quando. 

A que aconteceu (se não foi ontem, foi há muito pouco tempo) foi ter posto a Irene ao colo para mamar e nada acontecer. Ela estar a chorar e não pegar na mama que tinha posto de fora. Esquisito. Depois lá percebi que tinha pegado na miúda ao contrário. Ela tinha ficado ao contrário na cama, dentro do saco de dormir. Peguei nela com a cabeça virada para o chão (imaginem acordar assim e a mãe pegar assim em vocês) e depois fiquei à espera que os pés dela mamassem. Pensei: "a miúda está estragada!", mas não. Tem uma mãe parva e cansada. 

Sei que não sou a única, mas fica a dica: os pés não mamam. 


4.05.2015

A minha filha foi-me às mamas!

Nunca me tinha acontecido!

Já tinha visto, no Jardim, uma mãe a ser completamente assediada pelo seu filhote de um ano e tal, a por-lhe as mãos no decote a tentar por as maminhas da mãe para fora.

Pensei: "era giro que a Irene um dia fizesse isto!". Não por ser super destemida e não me importar com o embaraço de uma possível situação dessas em público, mas porque a Irene nem sempre amou as maminhas da mãe. Teve um episódio de recusa aos 3 meses que foi muito difícil de ultrapassar mas que, em família, conseguimos.

Agora de certeza que as "mamis" são uma das coisas preferidas dela. Pede "mami" para ir dormir e foi-me às mamas quando lhe estava a vestir o pijama.

Não estava nada à espera.

Adorei. Adorei. Adorei.

3.25.2015

Força, suas leiteiras (#03)

... vamos a isto?

A missão de informar mamãs que optem por amamentar é complicada, mas nem A Mãe é que sabe nem a CAM Patrícia Paiva nos importamos com isso!

Aqui está o preambulo da entrevista que começou neste e que, depois, seguiu para este e agora cá estamos:
Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos ser uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).

É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.

A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?

Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil):

21 - Onde é que as mães podem encontrar CAMs?

Felizmente hoje em dia já há CAMs espalhadas por todo o país. E para encontrar uma é apenas necessário fazer uma pesquisa na internet. Existem vários sites com o contacto de CAMs, divididos por localidades, ou até mesmo no facebook temos grupos de apoio onde se podem encontrar esses mesmos contactos. Em alguns centros de saúde, normalmente aqueles que têm cantinho de amamentação, também há CAMs disponíveis para ajudar.

22 - Por que é que as mulheres que defendem a amamentação são sempre chamadas de fundamentalistas?

Acho que a maternidade em geral é algo que mexe muito com as mulheres e as mulheres que amamentam e que gostam muito de o fazer, querem passar a mensagem, para que outras mães descubram o quanto pode ser fantástico. Por isso podemos ser mal entendidas pela forma fervorosa como falamos do assunto, mas eu penso que não seja por mal, eu própria por vezes entusiasmo-me a falar de amamentação, porque foi algo que realmente despertou uma grande paixão em mim, mas umas das coisas que aprendemos no curso de CAM é a moderar a forma como falamos e a escutar as mães, e é isso que tento sempre fazer, algumas vezes com mais sucesso que outras.

Além disso, muitas mães acham que somos radicalmente contra determinadas coisas, como a introdução de chuchas, do suplemento ou alimentação complementar, amamentação com horários… 

A questão é que estas são coisas que podem realmente influenciar o decurso da amamentação, e algo como um simples biberão de leite antes do bebé dormir pode levar a um desmame precoce, mas não obrigamos ninguém a seguir as nossas recomendações e tentamos adoptar os nossos conselhos à realidade familiar de cada mãe.

23 - Será que, algum dia, a amamentação voltará a ser a norma?

Eu espero que sim, porque é realmente algo muito importante para os bebés e para a saúde em geral. Mas para isso é preciso que esta seja novamente normalizada, que se vejam cada vez mais bebés a mamar, quer seja no café da esquina, na televisão ou nas revistas. Porque vemos tantas vezes bebés com chucha e biberão, e desde muito pequenas essa é a imagem que nos é passada,  e infelizmente passamos a achar que isso é que é o normal. Mesmo os anúncios aos leites artificiais começam com o bebé a mamar, e depois aparece com um biberão a beber outro leite, e isso passa a mensagem de que é algo natural, que tem de acontecer obrigatoriamente a um determinado momento do seu crescimento. Mas essa não é a verdade,  há crianças que nunca beberam leite artificial, que mamaram até à altura do seu desmame fisiológico e a partir daí passaram a beber o leite da família ou nenhum.

24 - Quais são as principais dificuldades da amamentação? 

Penso que os primeiros meses serão os mais complicados, é uma adaptação muito grande e um momento de aprendizagem quer para a mãe, quer para o bebé. A adaptação à mama, a interpretação dos choros, os medos inerentes à chegada do bebé… Além disso, há as dificuldades que podem surgir, que acontecem a algumas mães, como as gretas, os ingurgitamentos ou as mastites, entre outras. Acho que todas as mulheres deviam sair do hospital com informação correcta sobre amamentação, a saber fazer uma massagem manual, e o contacto de uma CAM, caso seja necessário. 

O ideal seria que houvesse grupos de apoio, que podem ajudar muito ainda na gravidez, apenas mostrando como os bebés mamam, visto que é algo que muitas grávidas nunca viram, e explicando o que é natural e o que pode ser sinal de alerta. Antigamente essas informações passavam de mãe para filha, hoje em dia perdeu-se um pouco a sabedoria da amamentação e mesmo as avós que amamentaram dão informações erradas, baseadas em preconceitos, ou influenciadas pela publicidade que é feita aos biberões e aos leites artificiais.

Passada esta fase inicial, há os picos de crescimento, onde costumam haver desmames por falta de confiança na qualidade ou quantidade do leite, mas são apenas alturas em que o bebé precisa de mais leite e por isso pede mais vezes.

A partir daí, se a mãe conseguir ignorar os incentivos ao desmame, que podem vir de várias pessoas, quer seja da família, amigos, ou de profissionais de saúde, é só acrescentar dias, meses e anos ao decurso da amamentação.

25 - A falta de confiança própria das mulheres é um grande obstáculo. Grande parte do papel das CAM é de apoio psicológico, certo? 

Infelizmente, sim. Hoje em dia mais facilmente acreditamos em coisas artificiais do que naturais, as mulheres não vêm o leite que é produzido e não conseguem confiar no seu corpo e nos seus bebés. Temos muitos acessórios à venda para amamentação, desde suplementos para aumentar a produção, até bombas para extracção, quando o que é realmente necessário é apenas uma mama e um bebé, alguma calma e privacidade nos primeiros tempos, para que mãe e bebé consigam entrar em sintonia e aprender um com o outro. É claro que há situações em que apenas a confiança não chega, em que pode realmente ser necessária alguma ajuda especializada, mas não em tantos casos como os que aparecem. 

O ideal seria que o apoio viesse das próprias mulheres, das mães, da família, mas muitas vezes esses são os primeiros a minar a confiança da mãe, com conselhos errados, ou apenas com comentários inconvenientes. Mesmo as avós que amamentaram, têm alguma dificuldade em apoiar a mãe que quer amamentar, porque são minadas por imagens de bebés a biberão, e basta o bebé chorar uma vez para dizer “Se calhar está com fome!”, e aí começa a insegurança da mãe…

26 - O que podemos fazer, enquanto mulheres, para ajudar as outras mães?

Eu acho que as mulheres deveriam juntar-se mais, criar grupos de apoio, não apenas nas redes sociais, mas também nas suas localidades. Os primeiros meses com um bebé podem ser muito complicados, e estar com outras mães que têm bebés e que podem falar um pouco da sua experiência, pode ser o suficiente para que as coisas corram melhor. Há mulheres que nunca viram um bebé a mamar, por isso acho importante que essa imagem seja cada vez mais normalizada, por isso amamentar quando o bebé pede, mesmo que seja em público é uma forma de mostrar a outras mulheres, possíveis mamãs, que é possível amamentar, de uma forma natural, sem dores.

27 - Por que é que é tão difícil aceitar, a nível social, a amamentação prolongada?

Acho que é por falta de conhecimento, a maioria das crianças que mama até mais tarde, não o faz a toda a hora nem em qualquer lugar, sendo que as mamadas normalmente ocorrem em casa, longe dos olhares de outras pessoas. Por isso quando se fala no assunto ou quando uma criança pede para mamar, as pessoas estranham, acham que não é normal. Mas do conhecimento que eu tenho é mais comum do que se pensa, simplesmente é um tema tabu, do qual não se fala nem se vê. E quando se fala, na televisão por exemplo, normalmente é para criticar ou para fazer comédia, o que piora um pouco a ideia que se tem da amamentação prolongada.

28 - Por que é que há mulheres que dizem orgulhar-se de não ter dado de mamar?

Não faço ideia, até porque não conheço nenhuma, já li alguns posts em blogs sobre o assunto, e a maioria das mulheres que decide não amamentar, ou que critica as mulheres que o fazem, tem uma ideia errada da amamentação.

29 - Há algum leite, para o bebé, que seja minimamente aproximado ao ponto de não interessar se tanto é materno ou não?

Não, é impossível criarem um leite que seja equivalente ao leite materno, até porque o leite materno adapta-se ao bebé que está a bebê-lo e à sua fase de crescimento. O leite materno tem componentes vivos, que se alteram conforme a duração da amamentação e isso é algo que não se pode imitar. Como diz o Dr. Carlos Gonzalez, o leite artificial está em constante investigação exactamente porque está longe de ser perfeito para os bebés, não se tem conhecimento de que nenhuma marca tenha encerrado os seus laboratórios por já terem descoberto a fórmula necessária para os bebés, ao contrário do leite materno.

30 - Os bebés que estão à mama, têm mais cólicas?

O leite materno é o alimento ideal e adaptado ao bebé, tem componentes que ajudam na digestão, e a mama não liberta ar, ao contrário do biberão, portanto faz sentido que este ajude na digestão e não o contrário. No entanto, as cólicas é o nome que se dá ao choro e agitação do bebé, e não há uma explicação científica comprovada que define o seu motivo. Quando a mãe indica que o bebé tem cólica, tento perceber o motivo que a leva a pensar isso, porque o bebé pode apenas precisar de mais contacto, mais mama, mais colo e a mãe entender como cólicas e não responder a esses pedidos do bebé. Em alguma situações, em que percebo que efectivamente o bebé está realmente com dificuldades na digestão, sugiro alguma massagens, andar com o bebé em posição fetal, preferencialmente com a ajuda de um porta-bebés ergonómico, e tento acalmar a mãe, o que por vezes é suficiente para acalmar o bebé. Outra situação que pode ocorrer, é que o bebé não tolere bem algo que a mãe coma e, apesar dos alimentos não influenciarem muito a composição do leite materno, algumas intolerâncias podem influencia a forma como o bebé digere o leite, sendo que a mais comum é a intolerância ao leite de vaca, mas normalmente estas intolerâncias têm mais sintomas associados além do choro.


Ainda haverá parte 4 ;)

2.21.2015

a Mãe dá (#06) - Bomba de leite Bébéconfort® - Vencedores

Hã? Depois não digam que não sei quê.

Mãos livres, não precisamos de estar direitas, dá para por por dentro do soutien, é mais silenciosa... parece que a Bébéconfort® fez um focus-group com gente que sabia do que estava a falar.

Para quem já costuma tirar leite, sabe perfeitamente que estas características são uma bênção. São, são! 

Ora, quem ganhou este "magnífico automóvel"?

Vou fazer agora aquilo do random.org, só um momento!






Ana Filipa A. Augusto de Almancil 


e



Natália Miranda de Póvoa de Varzim!



Parabéns!! ;)




Vamos passar as vossas moradas à Bébéconfort® e eles procederão ao envio, ok? 


2.11.2015

Acabou-se a mama

Foi bom. Foi mau. Foi assim-assim. Foi terrível. Foi das melhores coisas de sempre e chegou ao fim.


Amamentar foi das melhores experiências da minha vida. A primeira vez foi mágica. Assim que puseram a Isabel da minha maca, a minutos de ter nascido, ela soube logo o que fazer. Fomos juntas até ao nosso quarto, unidas. Foi a mamar, timidamente. Os dias que se seguiram foram de preocupação na hora da mama. Adormecia. Molha pé, despe, aperta pé, mexe na orelha, mexe no queixo. O sono falava mais alto. Perdeu algum peso. Ainda no hospital, a médica que lhe deu alta sugeriu suplemento. Tive dúvidas, mas quis confiar em mim, no meu instinto. Não dei. Estava bem, não parecia ter fome. 

Já em casa, a subida do leite. Horrível. Dores e mais dores. Parecia que ia rebentar e ela não dava vazão. Vidrinhos no peito, dores lancinantes quando mamava e antes e depois. Pedia ao pai da Isabel para me apertar um pé com toda a força possível. Só queria deixar de sentir aquelas dores. Podiam ser outras. Aquelas não. Experimentei todas as mezinhas, o saco quente, o banho, a massagem. Depois o saco frio, creme, o próprio leite, a bomba. Fiz de tudo. As dores eram enormes. Ninguém me tinha avisado que podia ser assim. Não sabia. Doeu mais do que o parto. Chorava a dar de mamar. Aquele momento supostamente tão lindo, tão próximo, era um inferno. Mas ia passar. Tinha de passar. Eu só perguntava "isto vai passar, não vai?". "Vai, isso passa", respondiam. Um mês. Um mês inteiro com dores na mama esquerda. Naqueles momentos lembro-me de pensar nas mães que desistiam. Percebi. Percebi tão bem. 

Passou.
Um mês depois, amamentar era bom. Era um momento só nosso, mágico. As dores tinham ficado no passado. Valeu a pena. A satisfação dela a mamar compensava tudo. Finalmente tudo corria bem.

Depois vieram as cólicas a mamar ou o que era aquilo. Contorcia-se, chorava, tinha fome mas causava-lhe dor. Até parecia que ouvia o som do leite que lhe chegava ao estômago. Foi difícil. Tinha de me levantar, tentar distraí-la e lá ia mamando. Malditas cólicas. Passaram as cólicas. Voltou a mamar bem. Mas foi sol de pouca dura.


Biberão. Esse grande "aliado" quando fui trabalhar, no dia em que fez três meses, revelou-se o maior inimigo da amamentação. Deixava leitinho e bebia no biberão. Acontece que se começou a habituar ao facilitismo do biberão, a mama dava muito mais trabalho... Prestes a fazer 4 meses, preferia o biberão. Pedi conselhos, liguei para o SOS Amamentação, pediatra, tudo. As reservas de leite congelado estavam a acabar. Sabia que se não mamasse, dificilmente a bomba iria ajudar tão bem na produção de leite. Comprei suplemento, pelo sim, pelo não. Não queria deixar de ter leite. Não depois de tanto esforço. Não depois de ser o nosso momento. Uns dias a tirar pouco, a tristeza a apoderar-se. Mamava bem durante a noite e de manhã. Às vezes à tarde também. Fiz de tudo. Comecei a conseguir produzir mais leite para ela mamar e para guardar. Dei-lhe algumas vezes suplemento, porque tinha fome e descongelar ia demorar muito tempo. Chorar com fome, não! Queria ouvir aqueles sons de prazer a mamar, qualquer que fosse o leite.
Até que fui à clínica Amamentos pedir ajuda. Tinha ela 4 meses. Melhorou. Ficou a mamar muito melhor. Estava fartinha da bomba, mas continuei a tirar leite mais um mês para a minha ausência. Por ela, tudo. 


Até aos 9 meses mamava de manhã e à noite e ao fim-de-semana sempre que queria.


Aos 9 meses e 3 dias foi a última vez. Ausentei-me um fim-de-semana e quando voltei ela não quis. Não conseguia. Pareceu-nos doente, fomos ao hospital: pneumonia. Internada 5 dias e sempre a recusar a mama. Tentei tirar leite, mas nada de jeito.

Nova consulta com uma especialista, procurei ajuda, comprei uma máquina nova. Banhos com ela, pele com pele, danças, brincadeiras e nada. Não consegui fazer com que ela quisesse mamar de novo.

E esta semana decidi: chegou ao fim a nossa maminha. Foi bom, não me posso esquecer daqueles olhos a olharem bem nos meus, daquele mimo todo, daquela cumplicidade. Foi também mau, mas consegui superar sempre as dificuldades.

Decidi não continuar a tentar, bem comigo e até com um certo alívio porque não vou arrastar mais esta situação. Pus definitivamente um ponto final. Uns dirão que foi cedo, outros que já foi muito bom. Para mim, nem sempre foi bom, foi bom, foi mais ou menos, foi das melhores coisas e já tenho saudades. Pode ser que com um(a) maninho(a) ela queira voltar a mamar, quem sabe? Não me importava mesmo nada. 

Entretanto, e como a amamentação não é tudo, vou continuar a ser tão boa mãe como fui até aqui. E não sou mais nem menos do que quem amamentou 30 meses ou do que quem amamentou apenas um. Nem mais nem menos do que quem odiou e desistiu, nem mais nem menos do que quem teve a melhor das experiências. Amor e cumplicidade entre mãe e filha há-os de várias formas.

 *imagem we heart it

2.07.2015

Sou só eu que me enervo com isto?

Já sei que este vai ser mais um post sujeito a más interpretações não só pelas mães que já me pegaram de ponta por eu ser muito opinativa e, acima de tudo, sarcástica quando escrevo, mas também por profissionais desta área que vou mencionar que, apesar de esperar que não façam parte deste sub grupo que vou referir, vão, na mesma, desnecessariamente, dizer que não é o caso deles, blá blá.

Em vez disso, sugiro que me expliquem a razão pela qual acontece o que acontece e o que poderia ser feito para alterar isso, o que poderá estar ao nosso alcance. Acho mesmo que é um assunto sério. Não estou a escrever para ofender alguém, estou a constatar factos. Não digo que estas pessoas sejam a maioria ou a regra, mas que as existem, existem (são como as bruxas).



1 - Faço parte de vários grupos de amamentação no facebook, com mães de norte a sul do país e são demasiados (sendo que, neste caso, um já era em demasia) os casos em que enfermeiras (algumas, ok?) fazem comentários ignorantes e ridículos sobre o leite da mãe, o peso dos bebés, a forma de amamentar, a introdução da alimentação complementar, etc. 

Como é que é possível não haver umas reuniõezinhas de pessoal para comunicar as novas recomendações e descobertas relativamente ao aleitamento materno e consequentes timings de alimentação e de aumento de peso? Isto, já para não falar do facto dos próprios profissionais não sentirem, por brio e profissionalismo, a necessidade de se actualizarem, dada a importância do seu trabalho. Nós confiamos nas enfermeiras. Se elas nos disserem que "o leite da mãe é fraco", vamos para casa e só veremos sinais no bebé de que está a morrer à fome (mesmo não estando) e vamos embuchá-lo de leite artificial e fazer pior, muito pior. Tudo por um comentário ignorante (já que, quanto à nossa insegurança não conseguimos fazer grande coisa, ainda para mais nestas fases) e falta de apoio. Isto põe em causa todo o nosso sistema de confiança. Se as enfermeiras (algumas, ok?) não sabem o que dizem, em quem podemos confiar?

No meu caso, apesar de ser sempre atendida por enfermeiras muito simpáticas, algumas (apesar de, lá está, serem todas umas queridas) me aconselharam coisas estúpidas (porque me informo) sobre o aleitamento materno: desde que o "leite gordo" sair logo no início e, portanto, não terem de ficar mais de 10 minutos à mama (!!!!!!!) a dar só de uma mama, para ter sempre a outra cheia (!!!).

(Existem duas fases no leite, a primeira mais centrada numa "injecção de defesas" e a segunda, mais nutritiva. Ambas são cruciais para o bebé. O bebé pode não querer beber das duas em todas as mamadas e mamar só por carinho ou sede, por exemplo. Tempos para mamar é coisa que não deve existir em "livre demanda" e as mamas não são garrafas, não se esvaziam.)

2 - Por que é que muitos pediatras não têm uma formação adequada sobre amamentação? E, se não a têm nos seus cursos (acho que são poucas horas), por que é que não procuram tê-la? Pode ser útil para descortinar comportamentos mais diferentes nos bebés ou, melhor, até para os ajudar a recuperar mais facilmente de um problema qualquer. Visto que, muitas vezes, têm de fazer o papel de psicólogos, se conseguirem dar o apoio que a mãe precisa, podem fazer bem a toda a uma família.

Li relatos inclusivé de uma mãe que foi ao pediatra e que o pediatra lhe apertou uma mama (!!!! como se houvesse algum motivo para um pediatra nos apalpar uma mama) e, como não saiu um esguicho que ele considerasse aceitável (vá-se lá saber porquê), disse à mãe que ela tinha pouco leite. 

Outros pediatras, alegadamente, têm parcerias com marcas de leite artificial mas não quero mesmo acreditar nisso. A sério que não. Acho demasiado grave e far-me-ia sentir completamente à toa. Mais uma vez, se não podemos confiar nos médicos (alguns, ok?), em quem vamos confiar?

Pelo menos, se não têm essa formação ou vontade de a complementar, saibam reencaminhar as pacientes (ou clientes, como até me faz alergia dizer) para quem as possa ajudar.

Como podemos mudar isto? Já passaram por alguma destas situações?

Para mães que estejam a passar por alguma coisa menos boa na amamentação aconselho-vos vivamente a aderirem a grupos de amamentação no facebook, a ligarem para o SOS Amamentação, consultarem Conselheiras de Aleitamento Materno.

Aqui  e aqui podem também encontrar algumas das principais dúvidas esclarecidas por uma CAM. Estou a tentar fazer a minha parte. :)

*Imagem do site We Heart It. 

2.06.2015

a Mãe dá (#06) - Bomba de leite Bébéconfort®

Ahhhh! Saudades que pingassem coisinhas para as nossas mães preferidas (que não as nossas)? Nem por isso, não é? Pois. Somos muito fofas (eu até um bocadinho demais, mas já ando a jantar só salada - se calhar, convém dizer que é a Joana Gama que está a escrever, que a outra não merece este tipo de comentários).

É mesmo de "pingar" que vamos falar, mas de pingar leite. 

Não sei se sabem (deviam), sou muito muito fã da amamentação (quase todos os meus posts têm sempre uma notinha sobre isso vejam lá aqui). 

Ora, como queria continuar a amamentar a Irene quando voltasse ao trabalho (pus uma licença de 5 meses mais um mês de férias), tinha de fazer um bom stock de leite materno para que nada faltasse. Se foi difícil? Foi. Tirar leite e armazenar é um processo que custa muito ao início.

Não porque doa, mas porque parece que as mamas ignoram a nossa intenção e a nossa pressão psicológica não ajuda o corpo a relaxar. Investiguem um pouco sobre isso na net para ser mais fácil para vocês. Demorei um mês a tirar leite depois de todas as mamadas, para aumentar a minha produção ao ponto de conseguir tirar quantidades visíveis. Aconselho a que comecem a fazer o stock de leite assim que a vossa produção esteja estabilizada para não terem pressão de andar a tirar leite todos os dias à noite enquanto estiverem a trabalhar ou terem que levar a bomba para o trabalho. 

Posto isto, houve várias coisas que fizeram com que tirar leite se tornasse desagradável (além de ter que esperar pelo hábito do corpo), uma delas era o barulho. Tínhamos que ver programas com legendas enquanto eu tirava leite porque não conseguíamos ouvir nada do que diziam na Casa dos Segredos (não estou a gozar, vemos e adoramos ver a Casa dos Segredos - também só se estraga uma casa, não é?).

Além disso, eu não podia escrever nada ou mexer no computador ou no telemóvel porque tinha sempre uma mão ocupada a segurar a bomba na mama. 

Até tinha comprado uma bomba bastante cara (Tommee Tippee), confiei no preço, apesar de não conhecer a marca, mas agora estou arrependida. E porquê? Porque conheci o Extrator Elétrico Natural Comfort da Bébéconfort (acabou de sair). A sério, melga. ;)



Mesmo que esta bomba não fosse mais silenciosa, dá para usar sem mãos. Só por isso, até podia ter o barulho de uma rebarbadora que eu não me importava. 

Outra coisa óptima, que não falei ali em cima, é o facto de podermos por o disco que retira o leite por baixo do soutien. No início foi muito giro andar sempre com as maminhas de fora no sofá, até nos riamos com isso, mas depois sinto que a imagem se tornou tão comum que o meu marido já não ligava nenhuma e me via só como um instrumento de tirar leite. 

Ahhh!! Olhem, esta nem tinha experimentado quando usei a bomba, li agora e vou experimentar. Para tirarmos leite, não sei se sabem, mas convém estarmos sentadas com as costas bem direitas para as bombas fazerem um bom vácuo. Neste caso, parece que podemos estar refasteladas no sofá! Que bom! Fico mesmo genuinamente contente por quem vá receber esta máquina. Não têm noção do chato que é: nem toda a gente consegue tirar leite com grande bisga (eu!) e, por isso, todo o conforto é tão, mas tão bem-vindo. Fico contente pela BébéConfort estar a ajudar mães a prolongar a amamentação (eu disse que era fã da amamentação). 

Assim sendo, temos duas salva-vidas destas para oferecer. Vamos embora participar? ;)

Para participar é preciso:
1) Fazer like na página da Bébéconfort Portugal
2) Fazer like na página d'a Mãe é que sabe (mas isso já está, não é?)
3) Partilhar publicamente este link no perfil do Facebook
4) Preencher o formulário em baixo (o link da partilha é o endereço do seu perfil do Facebook)

Condições:
O vencedor será anunciado dia 21 de Fevereiro, sendo aceites inscrições até às 23h59min de dia 20 do mesmo mês.
Os vencedores serão escolhidos aleatoriamente através de random.org.

Só é válida uma participação por endereço de e-mail.

1.25.2015

Tu é que és!

Depois das piores coisas para dizer a uma grávida (que escrevemos aqui), achei engraçado compilar também quais as piores coisas para dizer a uma recém-mamã. 

No fundo, tudo é péssimo de se dizer a uma recém-mamã, mas a fingir que não, porque pode haver quem não saiba disso e assim também não passa a saber. 

É tudo péssimo porque estamos extra-sensíveis e não queremos estar com outras pessoas que não as que nós escolhermos estar e, por isso, tudo o que seja extra, nesta altura, bem que podia ser passado a ferro por um alfa-pendular que tanto nos fazia. 




"Ai! É tão parecido com o pai!" - A não ser que haja dúvidas sobre qual o ser masculino que terá fecundado a mãe (e nos achem porcalhotas portanto), é chato saber que tivemos 9 meses a carregar um ser e a fazê-lo crescer que depois sai com a cara da pessoa que menos esforço fez (com a cara do outro que só nos regou um bocadinho com a sua semente e passou os restantes meses no sofá a olhar e a poder fumar). 

"Tão pequenino!" - Isso quer dizer o quê? Que acham que vai ser anão? De certeza que não estão a dizer isso com contentamento pelo facto de ter demorado menos tempo a sair por ser mais baixo.

"Tão magrinha!" - Sim, a miúda ainda nem sabe respirar convenientemente e já lhe estão a por problemas com o peso. Se, aos 3 meses, achar que ter o peso da Ana Marques é que é o mais desejável, depois falam vocês com ela e, se puderem, com a Ana Marques, porque sinto um misto de pena e inveja e não consigo lidar mais com estes sentimentos contraditórios.

"Ele tem é fome!" - Obrigada. Obrigada. Nesta altura em que a maior parte das mães ainda está a ganhar confiança com a amamentação é importante ouvir uma pessoa "de fora" a atirar bitaites sobre coisas que acha que não passam pela cabeça de uma mãe. FYI, "ter fome" é a primeira coisa que passa pela cabeça de uma mãe quando um recém-nascido chora, não é: "Olha lá, por que é que o Sumol de Ananás não sabe a Ananás?".  

"Cá para mim, é sono!" - E a pergunta? Onde está? Ninguém fez? Então, por que é que houve resposta? Se calhar, o melhor era ter ficado caladinha, não? Tudo o que passe pela cabeça de uma pessoa que esteja a olhar para o nosso filho, já passou pela nossa. E, provavelmente, só ainda não a pusemos a dormir porque temos alguém POUCO OPORTUNO ainda de visita. Se o bebé recém nascido chora, é para sair de fininho.

"Assim não fica com frio?" - Fica, por isso é que o vesti assim. Gostava que ele experimentasse ter frio para ficar grato por todas as vezes em que não tiver. Só tem dois dias de vida, mas acho que ele vai saber retirar o melhor desta experiência. 

"Tu ainda não perdeste peso nenhum, que giro!" - É tão giro que quase que me babei de tanto rir. Como é que, no meio deste cenário de ter acabado de por um ser vivo no mundo, tu vais olhar para o meu peso, como se importasse, como se a vida da minha filha (ou a minha), neste momento, dependesse disso? Precisas de rebaixar uma mãe em pós-parto para te sentires menos descabida neste mundo? 

"Vais-lhe dar mama outra vez"? - Porquê? A mama é uma borracha e gasta-se se eu a usar muito? Ou ela fica com a boca em forma de teta para o resto da vida? Os primeiros meses são importantíssimos não só para estabelecer uma boa amamentação, mas também para o bebé não se sentir desamparado da mãe. Dá-se mama sempre, mesmo que seja 30 segundos depois. Não é a tua mama, pois não? É? Se for, é um bocado esquisito e não gosto que metas tetas alheias na boca do meu filho. 

Por isso... "TU É QUE ÉS" E DEIXA-NOS EM PAZ! 

1.16.2015

Força, suas leiteiras! (#02)

... vamos a isto?

A missão de informar mamãs que optem por amamentar é complicada, mas nem A Mãe é que sabe nem a CAM Patrícia Paiva nos importamos com isso!

Aqui está o preambulo da entrevista que começou neste post:

Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos ser uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).

É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.

A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?

Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil):


11 - Quanto tempo demora o leite a secar?

Isso vai variar muito de mulher para mulher, o que é importante reter é que enquanto o bebé mamar frequentemente o leite não seca. O que muitas vezes acontece é que ao pensar que a produção é baixa, a mãe introduz outro leite na alimentação do bebé e, por isso, o bebé mama menos e consequentemente a produção diminui, até desaparecer. E mesmo quando este deixa de mamar completamente, há mulheres que relatam que demora mais de 6 meses a secar totalmente.

12 - Se se mantiver a amamentação em exclusivo até aos 6 meses, existe a possibilidade de haver "falta de leite"? 

A produção de leite depende da frequência e eficácia das mamadas, ou seja, se o bebé mamar bem, com uma boa pega e frequentemente, o leite vai acompanhar as suas necessidades e aumentar conforme o bebé vai precisando de mais leite. Por isso é que há alturas em que parece que as mães não fazem mais nada a não ser amamentar o dia todo, porque essa é a única forma que o nosso corpo tem de aumentar a produção de leite. Se as mães tentarem espaçar as mamadas ou evitarem amamentar de noite enquanto o bebé precisar, isso pode interferir com a produção de leite e efectivamente pode haver falta de leite, mas a boa notícia é que é um processo reversível, sendo apenas necessário aumentar o número de mamadas e corrigir qualquer questão técnica que possa estar a intreferir e com algum tempo a produção de aumenta.

13 - É possível estimular a produção de leite?

Sim, tal como referi na questão anterior, a produção depende do estímulo e o melhor estímulo é o do bebé a mamar directamente na mama, com o máximo de contacto pele-a-pele possível e claro, com uma pega eficaz. No entanto, nem sempre isto é possível, por vezes os bebés não sabem ou não podem mamar logo de início, como no caso dos grande prematuros, ou até mesmo em casos de adopção. Para estes casos, existem outras soluções, como a extracção manual ou com uma bomba, porque quanto mais leite sair, mais o nosso corpo vai produzir. Há muitas mulheres que não sabem isto, mas com o devido estímulo, pode-se amamentar sem nunca ter estado grávida, porque apesar das hormonas da gravidez e parto ajudarem muito na amamentação, estas podem ser estimuladas de outras formas.

14 - É verdade que, quando se volta ao trabalho, se interrompe a amamentação?

Infelizmente muitas mulheres o fazem, porque acham que é impossível conciliar as duas coisas, ou simplesmente porque alguém lhes disse que é mesmo assim. Contudo, já acompanhei várias mulheres no regresso ao trabalho e que conseguiram amamentar com sucesso. Algumas com horários e trabalhos muito complicados, mas com muita força de vontade e algumas dicas e apoio conseguiram manter a amamentação durante o tempo que quiseram.

15 - É por amamentar que os bebés acordam mais durante a noite?

Todos os bebés acordam durante a noite, ponto. E a maioria acorda várias vezes até por volta dos 3 anos de idade, o que pode ser explicado pela sua necessidade instintiva de confirmar que têm alguém por perto, que não estão sozinhos… Entre os bebés que acordam várias vezes durante a noite temos aqueles que readormecem sem precisar de nada ou de ninguém, e muitos pais nem sequer sabem que eles acordaram, temos outros que precisam apenas de contacto, conforto, calor, colo, de ser embalados, e temos outros que precisam de mama, seja porque têm fome e efectivamente precisam de leite, seja porque assim recebem o contacto e o calor da mãe, qualquer um dos motivos é válido e deve ser atendido enquanto a criança precisar. Há bebés que não mamam e mesmo assim acordam, e alguns apenas readormecem se beberem um biberão de leite. Agora, se há mais amamentados que acordam de noite do que não amamentados, sinceramente não sei, mas acredito que sejam mais as mães de bebés amamentados que se preocupem com essa situação, porque normalmente é algo que as faz duvidar da quantidade ou qualidade do seu leite. Mas as mamadas nocturnas são importantes e podem ajudar a manter a amamentação, principalmente quando a mãe regressa ao trabalho e o bebé precisa recuperar de noite o que não mamou de dia, e além disso ajuda-o a matar as saudades da mãe.

16 - Quando os bebés mamam muito e muitas vezes de seguida é por falta de leite?

O recomendado é que os bebés mamem quando querem, porque esta é a única forma de garantir que recebem todo o leite que precisam. Por isso, há alturas em que parece que mamam mais, e mais vezes, mas isto não significa que a mãe está com menos leite que antes, simplesmente significa que o bebé está a crescer e por isso precisa de mais leite que antes e essa é a única forma que têm de aumentar a produção, ou seja, aumentando o estímulo. Normalmente chamamos a isto de picos de crescimento, que ocorrem várias vezes ao longo do desenvolvimento dos bebés, e é uma questão de dias, até se conseguir aumentar a produção e voltar ao normal.

17 - Existe a relactação ou é um mito?

Sim, existe, eu própria já acompanhei alguns casos, e basicamente trata-se de uma mãe que deixou de amamentar por algum tempo e quer retomar a amamentação. Este pode ser um processo que pode demorar alguns dias, ou semanas, dependendo de alguns factores como a quantidade de leite que a mãe ainda tem, ou a idade do bebé e a facilidade com que volta a pegar na mama da mãe.

18 - Uma mãe com mamilos invertidos ou rasos tem condições para dar de mamar?

Sim, porque o mais importante não é o mamilo. No final da gravidez ou após o parto, os mamilos normalmente ficam mais salientes e mesmo que não fiquem normalmente é possível formá-los com a ajuda do bebé para que a pega seja mais fácil. Mas o mais importante é as mães perceberem que a amamentação não depende do tamanho da mama ou da saliência do mamilo, que deve apenas servir como ponto de referência para o bebé pegar, mas sim com a pega correcta que deve ser estimulada desde o início e que normalmente os bebés conseguem fazer sozinhos, se lhes for dada essa oportunidade e desde que não haja interferências (biberões, chupetas, mamilos de silicone). O ideal será que seja dada oportunidade ao bebé de mamar assim que nasça, e que seja dado tempo e espaço à mãe e bebé para se descobrirem e encontrarem a sua melhor posição para mamar. Se após algumas tentativas, ou se mesmo depois de alguns dias o bebé continuar sem conseguir fazer uma boa pega, o que normalmente é identificado por dor ao amamentar, pode ser necessária alguma ajuda especializada para tentar corrigir a pega e melhorar a situação.

19 - No caso de uma mãe fumadora, se não conseguir deixar de fumar, é melhor não dar de mamar?

Apesar de se achar que sim, essa informação não está correcta, segundo vários estudos efectuados. O bebé de uma mãe que fuma vai sempre ter a probabilidade de estar em contacto com o fumo do tabaco, quer esta amamente ou não. O ideal seria não fumar, obviamente, mas para o bebé é mais prejudicial ter uma mãe que fuma e beber leite artificial, visto que este não protege o bebé dos efeitos da exposição ao tabaco, do que ter uma mãe que fuma e beber leite materno, que o protege contra os malefícios do tabaco.

20 - Há mães que referem que dar de mamar é como estar numa prisão. É precisa muita disponibilidade?

Eu penso que é preciso muita disponibilidade para se ser mãe, mas não considero que ser mãe seja uma prisão. Mas respondendo à tua pergunta, penso que enquanto o leite materno é o único alimento do bebé, nos primeiros 6 meses, é normal que a mãe se sinta muito requisitada, mas é algo que a maioria das mães aceita sem grandes problemas pois elas próprias têm dificuldade em afastar-se do bebé. Conforme o bebé vai crescendo, e vai conhecendo outros alimentos, torna-se mais fácil a mãe deixá-lo com outras pessoas mas também o pode fazer antes desde que seja com alguma organização e extraindo o leite para deixar para o bebé. Eu penso que muitas mães associam a amamentação a uma prisão porque acham que não se pode comer nada, nem ir a um jantar com amigas e beber um copo, mas essas informações não estão correctas. Pode-se comer de tudo moderadamente, e se tiver efeitos no bebé para a próxima comemos menos ou evitamos por uns tempos, e em relação a beber um copo, se não for uma grande quantidade basta não amamentar nas horas seguintes, e se a mãe quiser beber mais basta organizar-se e extrair leite para uma ou duas refeições do bebé.

O que é que ele quer, afinal?

Que os bebés choram, é um facto. Que choram por algum motivo, é outro. Que é nossa função fazê-los ficar bem e suprir todas as suas necessidades é inegável.

Problemas? Muitos. Os putos não sabem falar e, como mães "de primeira viagem" (odeio este termo, irra - irra também não gosto, por acaso, já que estamos a falar sobre isso), não conseguimos confiar nos nossos instintos o suficiente o que, tendo em conta as hormonas e os nervos, tudo se torna um desespero total. 

A Joana Paixão Brás (a betinha deste blogue) partilhou este artigo com as nossas amigas mães de Março (não façam essa cara que eu tenho plena consciência da bimbalhada que isto parece, porém, das melhores coisas de sempre!).

We Heart It


Basicamente, é isto: 

Choro nº1: Neh = “tenho fome” - Este eu ouvia-o claramente na Irene. Tal e qual. E, a meu ver, resultava sempre. Era engraçado ouvi-la a dizer isto conscientes do significado até porque é uma das alcunhas que temos para ela: "né".

Choro nº2: Owh = “tenho sono” - No fundo é quando começam a fazer sons com a boca em ó! Não é tão óbvio assim como as bonecas insufláveis, mas dá para perceber que estão a tentar oxigenar o cérebro. 

A partir daqui, enquanto mãe, achei só estúpido. Não consegui distinguir um dos outros. Entre heh e eh e eairh, sei lá! Era pô-la sempre a arrotar e fazer massagens na barriga deitada de barriga para baixo nos meus braços (awwww saudades quando a leitoa não me fazia ficar com as costas num 8).

Choro nº3: Heh = “sinto desconforto” 

Choro nº4: Eairh = “estou com gases”

Choro nº5: Eh = “quero arrotar”

Ah! Claro que não vale tentar descodificar o choro quando eles já estão histéricos e nós também. Nessa altura mesmo que eles estivessem a dizer "tenho fome, porca" nós não perceberíamos ou, mesmo que eles quisessem dizer, só querem barafustar por estarem estão indignados com a nossa inoperabilidade (é o que sentimos, merd* de culpa). 

E eles dizem que isto só vale até aos 3 meses. A partir daí eles já mandam um sms, não se preocupem. 

1.12.2015

Banho a duas

Sempre achei que a hora do banho ia ser uma das partes mais espectaculares da maternidade. Mito!

Até aos 4 meses da Isabel eu até estremecia de pensar que tinha de lhe dar banho. Do banho ela até gostava, o pior era a saída do banho, o creme, a fralda e a hora de vestir. Era como se lhe estivesse a arrancar uma unha. Todas as técnicas saíam ao lado: chucha, canções, caretas, quarto mais quente, toalha aquecida, não pôr creme. Não valia a pena, a miúda chorava que se fartava. Sugeriram-me que mudasse de horário e experimentei tudo: antes da mama, depois da mama, à noite, à tardinha, de manhã, mas nada a acalmava. E atenção que estamos a falar de uma bebé super calminha, que raramente fazia grandes birras.


Ali no 5º mês houve um dia em que não chorou nem um bocadinho e senti que era um momento de transição. Assim foi, do nada.

Hoje em dia depende da disposição da criatura e principalmente se dormiu bem as sestas, mas normalmente não faz um grande filme. Agora no inverno já não lhe damos banho todos os dias, dia sim, dia não chega perfeitamente, mesmo estando na creche. Que me tenha apercebido, ainda não cheira a cavalo. Só os cocós é que às vezes cheiram...

Bem, continuando. Experimentei no fim-de-semana tomar banho com ela. No primeiro dia, ou estranhou a banheira cheia ou estava cheia de sono (aposto mais na segunda). No segundo dia, adorou. Bem-disposta, a dar à perninha, a tentar nadar, sorridente, foi uma maravilha.




Estamos a adoptar esta técnica para ver se ela não desmama definitivamente. Sim, as razões do banhinho a duas têm um alcance maior e muito importante para mim. Desde que a Isabel teve pneumonia que não quer mamar. Eu estava quase, quase a desistir, mas a Joana Gama, sabendo que eu não estava tranquila com este fim antecipado, insitiu para que procurasse ajuda. Um dos conselhos, além de dar de mamar pele com pele foi este e resolvi experimentar. Até agora nada. Ignora as maminhas por completo. Não insisto, não quero que lhes crie aversão.
Vamos com calma. Ainda tenho esperança.


E quanto aos banhos, não são nada, nada ecológicos e vão ter de ser só quando o rei faz anos, mas adorei a experiência!

Já tomaram banhinho com os vossos filhotes?

1.10.2015

Inventam tudo (#03)

Gosto desta rubrica. Quem teve a ideia foi a Joana Paixão Brás, mas gosto na mesma, hehe.

Vi isto num programa da Sic Radical, o Dragon's Den (o formato original do Shark Tank, mas no Canadá) e achei que tinha mesmo de partilhar convosco. 

O princípio não é estúpido porque, no início, depois de ultrapassarmos a barreira do suplemento impingido no hospital, reparei que o meu marido guardava, com muita ternura, os momentos em que tinha dado de biberão à Irene. E, não que tivesse ciúmes de não poder dar de mamar, mas quase. 


Do que explicaram (apesar de, no site, sugerirem também que as mães o possam usar - não faço ideia porquê) assim, o pai, também pode amamentar. 

Está aqui um vídeo explicativo, mas não percam tempo nisto que é uma seca. Só se estiverem mesmo interessadas ou na casa de banho. 

                                          

Não sou especialista nestas coisas, mas acho que sempre que a mãe tiver por perto que deve dar o leite pela mama. E, no caso de não amamentar, por que não há de dar normalmente com o biberão?

Não acredito também que os pais retirem um prazer especial de vestirem uma espécie de colete para terem uma mama de plástico duro (se fosse molinha, ainda se divertiriam a brincar um bocadinho, à parvalhões, digo eu). 

Para quem quiser ver mais, está aqui

1.07.2015

Quero voltar a fumar! Já!

Fumava tanto que parecia sempre que tinha acabado de entrar em palco no Chuva de Estrelas e que tinham posto aquele efeito de fumo manhoso. 

Fumava tanto que o meu cheiro servia de fumo passivo para os meus colegas de trabalho.

Fumava tanto que parecia que usava verniz amarelo, mas só no dedo indicador da mão direita (e nos dentes). 

Fumava tanto que media o meu tempo em cigarros. 

Fumava desde os meus treze quando, nas Olimpíadas dos Maristas, levei um maço de tabaco da minha mãe (SG Filtro) para fingir que já fumava e acabei por ter de "provar" que era uma fumadora experiente (dizia aos meus amigos que já tinha fumado, mas que tinha deixado para não ter que o fazer) nas casas de banho do colégio. Lá fumei e fingi que travei, porque saberia que iam estar atentos, os sacaninhas.

No liceu, comia as repetições das minhas colegas no refeitório, para usar o dinheiro da minha semanada para comprar Camel ou LM. 

Quando não tinha tabaco, roubava cigarros a um maço de Gauloises sem filtro (hardcore, pior que "mata ratos") que a minha madrasta tinha na sala, mesmo quando não estavam em casa.

Fumava sempre que entrava no carro. Fumava sempre a caminho do trabalho às 6 da manhã. No liceu, fumava enquanto comia uma maçã, quando ia para o autocarro. 

Pronto. Isto para dizer que me esfumaçava toda. E, a meu ver, ainda me esfumaço, mas psicologicamente.

As saudades que tenho de discutir (calma, não tenho saudades de discutir) e poder acender cigarros e fumar para pontuar as conversas. As saudades de um bom cigarrinho depois de ter enchido o bandulho ao jantar. As saudades de escrever com duas mãos enquanto uma segura o cigarro e tira a cinza.

Bom, vou parar com isto, devo estar a minar os neurotransmissores das mães ex-fumadoras e aposto que as fumadoras já estão a programar o próximo cigarrinho (sacanas!). 




Serve este post para dizer que sou a maior. Ou que, pelo menos, me sinto a maior. É verdade que fumei até saber que estava grávida (um maço de Camel por semana - no carro, para fumar a sério - e o resto do dia Smuky - cigarros electrónicos quando, na altura, se dizia que eram quase tão pouco maus que quase que curavam escorbuto e faziam máquinas de roupa).

Quando soube que estava grávida, tentei fumar um cigarro para "comemorar", sabendo que tentaria que fosse o último, com tudo o que o verbo "tentar" implica (só as fumadoras e ex-fumadoras é que percebem o raciocínio estúpido de fumar um cigarro para comemorar uma gravidez). 

Esse cigarro soube-me mal,  soube-me a culpa e a fracasso.

Acho que foi a minha primeira culpa de mãe (a segunda foi saber que o chá verde era abortivo e que andava a beber Tisanas à vontadinha o dia todo - apesar daquilo ser só 0,00001 de extracto de chá verde e de saber, racionalmente, que não ia fazer mal). 

Como é que eu estava a ser capaz de fazer algo que não me traz nada de bom a todos os níveis, decidindo que, ainda antes do meu bebé nascer, iria fazer-lhe mal?

Tive sorte porque o cigarro me soube mesmo mal, enjoou-me, senão cada cigarro que eu fosse fumar, iria ser, de longe, o momento mais triste do meu dia. Fumar grávida, a meu ver, deve ser o equivalente a darmos socos na barriga e não conseguirmos parar. Não gostarmos disso, mas continuarmos na mesma. Claro que há aquela questão de "não deixar de fumar bruscamente, senão a mãe fica ansiosa". Acredito. Se eu não tivesse deixado de fumar, refugiar-me-ia nesse argumento para me sentir menos mal. Tive sorte e, assim, sinto-me a maior.

Não fumei um único cigarro ao longo dos 9 meses de gravidez, mesmo mantendo todas as minhas rotinas (vocês sabem o quanto isso custa, porra), mesmo tendo um marido em casa com um maço de Marlboro sempre à mão, mesmo sabendo que ficava muito gira a fumar (ahah, é parvo, eu sei). 

O que me ajudou? Ter enjoado, a culpa (que acho que está cá mais para nos ajudar a ser boas mães que outra coisa) e ter pensado: "assim que parir a miúda, vou fumar-me como se não houvesse amanhã. 

Lixei-me.

E dar mama? Ah pois. Afinal seriam 9 meses, mais 6 meses por causa da treta de ser o melhor para a bebé o aleitamento exclusivo até essa idade. Que nervos. Além disso, tinham dito nas aulas de preparação para o parto que o cheiro do tabaco nas mãos também conta como fumo passivo para o bebé, que o pai e mãe deviam sempre lavar as mãos (o que o meu marido teve de aturar nos primeiros meses... ainda hoje fuma na cozinha, de porta fechada, debaixo do exaustor, com ele no máximo e é só porque ele passa o dia inteiro em casa). 

E agora que já passaram os 6 meses de mama e descobri que o melhor para a bebé é amamentar o máximo possível e que ela desmame naturalmente? Que nervos. Houve alturas (quando tinha feito um stock de três meses de leite materno para a bebé e tinha guardado no congelador, para ir trabalhar) que pensei: agora damos o que estiver ali, para eu me fumar toda. Não fui capaz. Gosto mais de dar de mamar do que de fumar, acho eu. Ou então é a sra. dona culpa.

Já não fumo há 19 meses. Em condições já não fumo há mais de 23 meses. Esperem, isto devia ser tipo AA: 

"Olá, sou a Joana e já não fumo em condições há mais de 23 meses. E logo eu que fumava tão bem e ficava tão bem a fumar". 

Estou louca para voltar a fumar. Digo isto a toda a gente, em jeito de piada, para chocar, é verdade, mas também porque assim sinto que tenho a liberdade de me vingar de todo este sacrifício. Não sei se vou voltar a fumar. Para quê se depois tenciono parir outra vez?

Aguento-me dia após dia graças às minhas maminhas (isto, fora do contexto deste blogue, era só estúpido) e a pensar que, depois, vou fumar tanto que vou ser confundida com o La Féria no escuro. 

Se vou voltar a fumar? Não sei. Prefiro pensar que sim, para depois me sentir a maior todos os dias em que não fumar ou então por me sentir a maior por saber que ia voltar a fumar e voltei. 

Como foi convosco?

Eu sei, vocês vêm ao blog à procura de uma leitura agradável e rápida e depois calham-vos estes bacalhaus de texto. Acho que este blog tem sido o meu maço de Camel. 

*imagem do site We Heart It. 

1.06.2015

Força, suas leiteiras (#01)

Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos sermos uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).

É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.

A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?

Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil), pensei nalgumas perguntas para fazer a uma CAM. Se calhar, começando, pelo princípio:

1 - O que é uma CAM?

Uma CAM é uma pessoa, profissional de saúde ou não, que fez um curso de formação em aconselhamento sobre aleitamento materno. O curso é certificado pela Organização Mundial de Saúde e consiste em adquirir conhecimentos técnicos de amamentação. Normalmente é feito por pessoas que querem ajudar mães a amamentar ou para complementar uma profissão relacionada com mães e bebés.

2 - O que te fez querer ser uma? 

Tudo começou no fórum PinkBlue que comecei a frequentar quando o meu filho tinha cerca de quatro meses. Na altura, amamentava o meu filho em exclusivo e ajudava outras mães com dúvidas iniciais, achando eu que era uma expert no assunto… Sempre foi um tema que me interessou e felizmente comigo sempre correu tudo bem, mas li muito sobre amamentação e no fórum comecei a dar conselhos com base naquilo que lia. Quando o meu filho tinha 5 meses e meio fui mal aconselhada por uma médica, procurei a ajuda do SOS Amamentação pela primeira vez, porque não queria ir contra a opinião da médica sem me informar primeiro. A médica queria que eu desse papas ao meu filho, porque não estava a engordar o suficiente e por ter um percentil baixo. Mesmo depois de ouvir os conselhos sábios da CAM que me atendeu, não consegui ter força suficiente e cedi à pressão, não correu nada bem e não foi por ter iniciado as papas 15 dias antes que ele engordou mais ou subiu no percentil. Acho que foi nessa altura que decidi que queria saber mais sobre o assunto, mas apenas fui fazer o curso quando ele já tinha 8 meses, juntamente com a minha amiga Bárbara Correia, que conheci no fórum também, através do interesse comum pela amamentação e que também me incentivou a fazer o curso.

3 - Por que é que há cada vez mais CAMs? 

Quando fiz o curso, em 2008, quase ninguém sabia o que era uma CAM, mas aos poucos fui assistindo à divulgação desta actividade através de fóruns, sites, artigos em revistas e até na televisão. Hoje em dia, com o facebook, penso que já é um serviço bastante divulgado e quando uma mãe num grupo diz que tem problemas na amamentação, alguém aparece e sugere uma CAM, explicando o que é e dando contactos. Com o aumento da procura foi havendo uma maior oferta de CAMs e, felizmente, hoje já somos umas quantas espalhadas por todo o país.

4 - Quando te pedem ajuda, que meios utilizam?

Sou contactada de várias formas, através do chat ou grupos no facebook, emails, telefonemas… O meus contactos estão no site do Mamar ao Peito que criei em conjunto com a Bárbara. Por isso, muitas mães chegam a nós por aí, ou porque são recomendadas por uma amiga. Se for algo que se consiga resolver por telefone ou chat, o contacto fica por aí, mas em alguns casos mais complicados pode ser necessário um acompanhamento presencial e nesses casos vou ter com elas, se for dentro da minha área, ou encaminho para outra CAM, se ficar fora de mão, ou se ultrapassar as minhas capacidades.

5 - Haveria a necessidade de haver CAMs se os médicos tivessem uma formação adequada sobre amamentação?

Penso que sim, porque não acho que este seja um assunto de médicos, normalmente é um assunto de mães! E o ideal seria que fosse como antigamente, em que a sabedoria da amamentação era passado de mãe para filha e a ajuda vinha das mães, tias ou irmãs que tinham amamentado também.

6 - Existe leite fraco?

Não, não existe leite fraco, o leite que cada mãe produz é adaptado ao seu bebé e, para que este não tenha as propriedades suficientes, seria necessário a mãe estar num estado grave de desnutrição, e aí viam-se primeiro os sinais na mãe e só depois no bebé. O que pode acontecer é haver uma baixa na produção de leite, ou o bebé não estar a conseguir receber leite suficiente e, para se resolver esse problema, é preciso perceber o motivo que o provoca e é normalmente isso que fazemos com as mães.

7 - Por que é que existe uma preocupação enorme em torno do aumento de peso do bebé nos primeiros dias de vida? Por que é que a primeira solução é sempre a sugestão do suplemento e não a correcção da pega?

A preocupação relativamente ao aumento de peso dos bebés faz sentido, porque é um dos sinais de que tudo está bem, uma perda de peso sem motivo aparente ou dificuldade em recuperar o peso pode ser um indicador de que algo deve ser visto e um dos motivos pode ser realmente a amamentação. Mas, normalmente, há motivos que justificam essas dificuldade em recuperar o peso, como um início complicado, um bebé sonolento, uma má pega, amamentação com horários estipulados… As possibilidades são muitas e essas devem ser avaliadas antes de se passar para outra solução.

A solução mais rápida e eficaz é, realmente, o suplemento, porque o bebé ingere mais leite e rapidamente começa a recuperar o peso. Mas antes de se sugerir a suplementação com leite artificial, devem avaliar-se outras questões e apoiar a mãe se a opção dela é amamentar. Compreendo que, por vezes, no hospital ou no centro de saúde, não haja disponibilidade para estar mais de uma hora a falar com uma mãe para tentar perceber o motivo por trás do pouco ou nenhum aumento de peso, mas se não há essa disponibilidade deveria haver um cartão com contactos de CAMs ou um grupo de apoio para dar às mães nessa situação em vez da prescrição do suplemento, se isso acontecesse tenho a certeza que se evitariam muitos desmames precoces.

8 - Existe o vício de mama?

Normalmente associamos a palavra vício a algo prejudicial, por isso não o consigo associar à mama. Há bebés que mamam muitas vezes, porque precisam ou simplesmente porque sim, vai depender da idade do bebé e do tempo em que tem a mama disponível, mas se não lhes faz mal nenhum, antes pelo contrário, não vejo porquê limitar essas mamadas. O que as mães têm de perceber é que o bebé não procura a mama apenas quando tem fome, mas sim por que precisa de contacto, calor, carinho, de nutrição emocional e o fantástico é que a mama consegue dar-lhes tudo isso.

9 - Quais são as vantagens da mama em relação ao biberão?

Além das vantagens nutricionais e de saúde, porque nenhum leite artificial consegue ter todos os nutrientes, nem os anti-corpos do leite materno, há muitas outras vantagens. O leite materno é o único alimento que se adapta ao nosso bebé, modifica-se ao longo da mamada e de mamada para mamada. A ciência ainda não consegue explicar bem como funciona mas a verdade é que o nosso corpo recebe a informação do que o bebé precisa, e vai produzir o leite consoante essas necessidades. Tem também vantagens para mãe, a nível de saúde também e acho que não vale a pena enumerar essas porque são muitas e estão disponíveis na maioria dos sites sobre o assunto. Além das vantagens de saúde, há outras: é mais económico e mais prático e o leite materno é um produto sustentável que não prejudica o ambiente.

10 - É possível uma mãe não ter leite?

Sim, efectivamente existe uma doença que pode afectar algumas mulheres, chama-se hipogalactia, que significa escassez de leite, e tal como várias outras doenças afectam algumas mulheres, esta também pode afectar. A questão é que é uma doença muito rara, apesar de muitas mulheres se queixarem de falta de leite. No entanto, a maioria dessas queixas dependem de outros factores e não de uma questão patológica. E tal como indiquei, muitas vezes é essa a função das CAMs, identificar o problema e ajudar a mãe a ultrapassá-lo.


(mais perguntas e respostas em breve)