11.25.2014

Mães que tudo sabem (#01) - Carolina Patrocínio


Carolina Patrocínio foi mãe há oito meses, ou há sete meses e 30 dias, para sermos mais precisas.
A Diana nasceu no dia 26 de março de 2014 e nós temos acompanhado todos os passos da bebé mais fofa do mundo (logo a seguir aos nossos, claro!).
Será que a vida da Carolina deu uma volta de 180 graus? O que mudou na vida da apresentadora? Imaginam-na uma control freak ou uma mãe super descontraída?

De uma coisa não tenham dúvidas: a Carolina é que sabe.




Como soubeste que estavas preparada para ser mãe?
Tenho a sensação de que sempre soube. A maternidade nunca me assustou talvez por sempre ter tido vivido com a minha mãe que esteve grávida grande parte da minha adolescência. O facto de ter um sobrinho também acelerou o apelo da maternidade. Não estive propriamente à espera de um sinal que me dissesse que já estava preparada. Estava só mesmo à espera de me casar e dar andamento à coisa! (risos)

Quem foi a primeira pessoa a quem contaste que estavas grávida?
À minha irmã mais velha, Mariana.

Qual foi a primeira coisa que compraste para o bebé?
A primeira coisa que comprei foi passado bastante tempo.. já estava grávida de quase seis meses. Comprei um tapa fraldas num mercado qualquer de Natal só pela pressão de ainda não ter comprado nada. Mas a verdade é que nunca o usei porque não sei onde o guardei! (risos) Como na altura ainda não tinha nada pronto, nem o quarto, nem as gavetas de roupa, devo-o ter deixado em algum saco provisório que nunca mais apareceu. No meu caso ficou provado que comprar cedo demais e comprar só por comprar não dá bom resultado.

Tinhas preferência por menino ou menina?
Para ser sincera não me lembro bem. Mas talvez sim… apesar de não ter sido nada muito assumido nem denunciado. Acho que na altura tinha preferência por um rapaz devido à vontade do Gonçalo.

A tua gravidez foi muito comentada porque nunca deixaste de fazer desporto e porque fizeste barriga mais tarde do que o habitual. Como geriste isso?

Com a maior naturalidade possível e confesso que com algum gozo à mistura devido à ignorância de algumas pessoas que faziam os comentários mais descabidos. Comentava-se na altura que eu teria um bebé prematuro, raquítico e descolamentos de placenta devido ao exercício que fazia… enfim, só cenários macabros. A preocupação do meu médico era precisamente a oposta, pois sabia que a bebé tinha um percentil grande num corpo pequeno como o meu. Nunca tive contrações prematuras, dores ou desconforto provocados pelo desporto. A verdade é que, apesar de ter treinado literalmente até ao dia antes do parto, a bebé estava de tal modo confortável dentro da barriga que nasceu no final do tempo, grande e gorda. 


Quantos kgs ganhaste?
8kg.

Ias com medo para o parto ou calma?
No dia anterior estava aterrorizada de medo, não preguei olho. Acho que fui para o hospital com uma directa em cima! Tudo o que o médico me tinha dito para não fazer… supostamente devia ter tido uma boa noite de descanso, tomado um bom pequeno almoço e ido para o hospital cheia de energia para um dia que se avizinhava longo por ser um parto induzido. Mas quando saí de casa, com a mala pronta, fiquei estranhamente calma e segura… senti-me preparada e tudo correu bem.

Cesariana ou parto normal?
Parto normal, sem sombra de dúvida.




Amamentaste a Diana. Foi fácil? Algum conselho para as futuras mamãs?
Sim, amamentei. Confesso que nos primeiros dias não foi nada fácil. A subida do leite foi sem dúvida das experiências mais difíceis com que tive de lidar no pós parto. Mas a verdade é que não ia de todo preparada nem informada sobre o assunto, daí hoje em dia aconselhar sempre as futuras mães a lerem sobre o assunto. Tive uma subida drástica e repentina e não soube agir da melhor forma. Da próxima vez já não me apanham na curva. Vou fazer tudo direitinho.

Como recuperaste o teu peso?
A treinar muito e a ter algum cuidado com a alimentação… mas o segredo reside nos meses da gravidez e não no pós parto. Não há milagres em 15 dias com um bebé recém-nascido nos braços se não se tiver tido cuidado ao longo dos 9 meses.

Agora que foste mãe, sentes que te dão mais credibilidade?
Nem por isso. Não acho que isso afecte a nossa credibilidade perante os outros.






Custou-te muito regressar ao trabalho e deixares a tua filha com outras pessoas? Como geriste isso?
O facto de não ter um trabalho das 9h às 19h faz com que não tenha que estar fora de casa o dia inteiro. No entanto, também não pude usufruir da tradicional licença de maternidade, por isso tive que ir gerindo as minhas ausências, deixando a bebé entregue às avós. Aos 8 dias de vida da Diana tive uma sessão fotográfica para a SWATCH em que a tive que levar comigo. Aos 15 dias levei-a para França de avião. Tudo se consegue com vontade e algum sentido prático. A primeira grande ausência foi só aos 5 meses quando fui viajar com o meu marido para a Tailândia durante 8 dias.



És uma mãe control freak ou mais descontraída?
Descontraída… bastante mesmo. Segundo a minha família, muitas vezes 'peco' por demasiada despreocupação. Deixo a bebé andar pelo chão em todo o lado (gatinha na rua, no chão dos restaurantes, nos parques) mexe em tudo, suja-se com tudo, vai à praia e à piscina... não tenho nada a obsessão pelas bactérias ou pelas doenças. Desde que nasceu que leva lambidelas do nosso cão Kruger, apanho-lhe a chucha do chão e não esterilizo biberões nem nada que se pareça. Ela está óptima, desenvolvida e recomenda-se. Anda no berçário e felizmente ainda nunca ficou doente!   


És das mães que aproveitam todos os silêncios para falar da Diana? É difícil controlar, não é?
Entre mães é muito difícil controlar-me! Mas fora do contexto tento não ser chata.

O que é que mais gostas na tua filha?
De ser super despachada, simpática e ter uma enorme destreza física. Mas confesso que adoro o facto de, hoje em dia, eu ser o auge da vida dela. Mal me vê entrar em casa começa a dar guinchos de histerismo como se eu fosse a maior alegria de sempre. Acha-me a pessoa mais engraçada do Mundo, ri-se às gargalhadas com tudo o que digo ou que faço e está constantemente a mostrar-me as novas gracinhas.



Aprendeste algo novo sobre ti, agora que foste mãe?
Percebi que consigo sobreviver com menos horas de sono e que tenho uma paciência infinita.

Pergunta da praxe: para quando o próximo?
Para o ano. Mas não digam ao meu chefe (risos) Estou a brincar... Quando queremos planear demasiado as coisas podemos cair facilmente na desilusão. Por isso não gosto de agendar tudo ao milímetro. Gostava de ter filhos que fizessem a diferença de dois/três anos para serem próximos uns dos outros. Mas quando chegar a altura logo se vê se tenho as condições reunidas.

Da próxima vez o que é que vais fazer diferente?
Em primeiro lugar o contexto familiar será diferente. Vou ter o meu marido a viver em Portugal comigo, coisa que não aconteceu quando estive grávida da Diana e até ela ter dois meses de idade. E vou ter decididamente acompanhamento profissional no dia da subida do leite.


A mãe é que sabe?
O instinto de uma mãe não se compra, não se transmite, não se ensina. Uma mãe vê, ouve e sente melhor. Sabe sempre antes dos outros e raramente se engana.

Photomaton

Pois é, o Tiago tem destas coisas (talento e isso). Pedi-lhe para me tirar algumas fotografias com o Lucas, ao seu estilo Photomaton (que eram aquelas máquinas de tirar fotografias automáticas e que disparavam numa determinada cadência) e, apesar de nunca ter fotografado bebés, ele aceitou!

E eu estou extremamente contente com o resultado! Tipo, bué!







Obrigada Tiago!

11.24.2014

3 verdades que não são assim tão verdadeiras

Muito antes de sermos mães já temos uma ideia preconcebida da maternidade, dos laços que se criam e do desafio que nos espera. Já admiramos mulheres que se desdobram em mil para conseguirem ter tudo pronto a tempo e horas. A verdade é que tudo isto pode não ser nada fácil. Por isso, cá estão 3 verdades que não são assim tão verdadeiras:

3) Assim que o bebé nasce, cria-se logo um laço instintivo com ele

Nem tudo na vida é hiper-romântico como a maioria gosta de apregoar que aconteceu - pensem connosco: se tivessem passado pela experiência de não sentir apego imediato iriam falar disso aos quatro ventos? Não é assim tão atípico, acreditem. Há mulheres a quem dói demasiado o pipi para conseguirem sentir o que quer que seja de positivo. Há mulheres que se sentem tão engolidas e anestesiadas pela experiência da maternidade que simplesmente não sentem. Mesmo com tanta droga em cima, ver que se trouxe ao mundo alguém que depende de nós pode ser muito assustador.

Se esse laço acontecer no minuto em que o veem pela primeira vez, perfeito. Se não acontecer, há toda uma vida pela frente em que não só se vão apaixonar pelo vosso filhote como também por vocês por serem as melhores mães do mundo.

2) Amamentar é a experiência mais fácil e natural do mundo

Por alguma coisa há mães que pedem ajuda: há mulheres cujos filhos não sabem mamar, há mulheres que têm mastites e febre e ficam com dores durante dias, há filhos que rejeitam a mama e as mães têm de, estoicamente, insistir. Nem sempre é fácil, nem sempre é instintivo, nem sempre é bom.

De uma coisa, tenha a certeza: para quem gosta, amamentar é capaz de ser das experiências mais gratificantes que terá com o seu bebé. Olhar para ele e saber que vive graças a si e, ainda para mais, sabendo que é o alimento que lhe faz melhor... é impagável. 
Por isso, se estão a passar um momento menos bom, acreditem: vai passar.

1) Uma boa Mãe tem de ser uma Mulher perfeita

Todas sabemos que é super fácil amamentar enquanto se passa uma roupita a ferro, pintar as unhas e fazer uma mise ao mesmo tempo que se beija o marido ou ver o Downton Abbey enquanto se faz um risotto de funghi e ainda se responde à sms da melhor amiga. Isto tudo sempre de boa cara, não fosse a experiência da maternidade sempre fantástica.

E mais, o corpo nem sempre vai ao sítio, às vezes as mães ficam a parecer bidés e, mesmo assim, têm de agir como se estivessem à la Vergara. Isto, para além de que os pais parece que ficam surdos durante a noite (sabem tanto) e nós é que ficamos privadinhas de sono. E irritantes e ouvimos coisas como "nunca mais foste a mesma" e "andas mais irritante". É o chamado B*tch, please (ou talk to the hand).

Confessem lá: qual destas inverdades acontece(u) convosco?




Banco de leite

Recentemente conheci uma mãe que é dadora de leite materno. Foi, assim, uma surpresa, saber que existe em Portugal um Banco de Leite Materno, criado pela Maternidade Alfredo da Costa para dar resposta à necessidade de leite na Unidade de Neonatologia.

Estas dádivas são altruístas, não recebendo as mães dadoras valores monetários em troca. Recebem sim o maravilhoso sentimento de saberem que estão a ajudar um bebé, prematuro ou doente, a crescer mais saudável. Está cientificamente provado que o leite materno é o melhor alimento para um bebé recém nascido. Havendo possibilidade, porque não aproveitar o que de melhor a natureza tem para dar?

As recém mamãs que já tenham a amamentação estabelecida com o seu bebé podem ser dadoras, retirando o leite excedente após as mamadas dos seus filhos. O leite é posteriormente recolhido, analisado e tratado para poder ser administrado àqueles que mais precisam. São necessários alguns cuidados, e há algumas restrições em quem pode ser dadora, como o facto de fumar ou tomar algum tipo de medicação, por exemplo, mas o leite é aceite na maioria dos casos. Quem quiser ser dadora deverá contactar o Banco de Leite através do e-mail bancodeleite@mac.min-saude.pt ou através do número 961 333 730 (dias úteis das 9h às 16h).

Só posso dizer que esta foi uma excelente iniciativa da MAC, e só tenho pena de não a ter conhecido há mais tempo, para poder, eventualmente, contribuir, e para a divulgar junto de mães conhecidas.

Obrigada às mães dadoras. Aplaudo-vos. De pé.



Come a papa, raio do miúdo, come a papa.

Acho que é ancestral a nossa preocupação com o peso dos nossos filhos. Ainda vivemos com a ideia de que um bebé saudável é um bebé gordo (por que é que isso não se aplica às mulheres também?).

A pressão de algumas enfermeiras mais histéricas de alguns centros de saúde também não ajuda (epá, nem vou falar sobre a questão de algumas não se manterem minimamente actualizadas relativamente às recomendações da OMS e que isso custa uma amamentação em exclusivo a milhares de mães todos os dias, pois o que sinto é repulsa).  Ups. Acabei por "falar", mas não tudo o que queria, senão haveria já estrilho na street.

É normal que as mães vão em todas as conversas de quem pareça mais credível e experiente, estamos na altura de maior insegurança das nossas vidas face às responsabilidades. Os "profissionais" deveriam ter mais cuidado.

A curva de aumento de peso dos bebés alimentados exclusivamente a mama é diferente dos que estão a leite artificial. Já foram alterados os Boletins de Saúde este ano dada a recomendação do aleitamento em exclusivo. Se estiverem inseguras, perguntem se têm essa nova versão ou se ficaram com um dos antigos.

Acho que desaprendemos a confiar no nosso instinto e no do bebé. Não estou a falar de casos extremos, obviamente, mas deveria haver uma preocupação em não voltar a dar motivos à mãe para ficar internada.

Até eu, mãe de uma bebé que sempre foi comentada como "gordinha" ao dar as sopas nas primeiras vezes era extremamente insistente. Havia birra. Ela não queria comer mais mas eu achava que ela tinha de comer tudo. Porque é assim, porque o prato tem uma dose e, todos os dias, à hora que EU quero, tem que lhe apetecer comer a mesma quantidade. O meu marido teve que me chamar à atenção: "por que é que a obrigas a comer, Joana?".

Porquê?

Para as birras aumentarem todos os dias mais e mais? Para ela deixar de ter prazer no momento da refeição? Para eu já ir toda ansiosa aquecer a sopa por saber o que me espera?

Ela come o que lhe apetecer. Enganada umas dez vezes com fruta na ponta da colher, o que for preciso mas, até ver, não voltará a chorar por eu a obrigar a comer.

Odiaria que me fizessem isso. E devo ter odiado quando mo fizeram.

Por que é que não vemos os bebés como pessoas? 

11.23.2014

8 coisas nojentas que as mães fazem

A maioria das mulheres é muito sensível às nojices do dia a dia. Mas parece que isso muda como que magicamente quando se tornam mães. Ainda que seja só com as nojices dos seus filhos. O resto fica tudo igual. Ai uma poça de lama, que nojo! Ai um peixe cru, que nojo! Ai um pudim de ovos, que nojo!

Fica aqui uma lista de algumas das coisas que o comum mortal acharia nojentésimo (não necessariamente por esta ordem, já que os graus de nojo variam muito de pessoa para pessoa - embora para as mães possam estar todos mais ou menos equiparados):

#8. Cheirar o rabo dos bebés: Não é porque tenhamos saudades do cheirinho a bebé, é só mesmo para confirmar se tem cocó, para podermos tomar as devidas diligências (igualmente nojentas) e limpar o dito cujo;

#7. Comer os restos da comida do bebé: Esta não só não é muito nojenta, como é extremamente prática, já que raramente nos lembramos de nos alimentar;

#6. Lavar as chuchas na boca: Caiu ao chão? O bebé está a berrar? Não há água potável nas proximidades? Então siga! Se for só porque sim também é válido;

#5. Andar cheia de nódoas: Sejam de bolsado, vomitado, ranho ou mesmo baba, quando não nos apercebemos a tempo de mudar de roupa, as nódoas são como cicatrizes de guerra que exibimos orgulhosamente! A não ser que sejam do molho do bife do almoço. Aí já é vergonhoso;

#4. Limpar macacos do nariz e remelas com a ponta dos dedos: Sim, macacos. Daqueles pegajosos e que parece que, por mais que os puxemos, não acabam nunca. E que vêm com ranho. O ranho é o fio condutor, claro, tal e qual um mágico a tirar lenços da cartola. Só que esta versão é mais monocromática, a roçar os tons de verde e amarelo;

#3. Ir à casa de banho com o bebé ao colo: Às vezes tem de ser. E o que tem de ser tem muita força, não é o que se costuma dizer? Antes isso que fazer pelas calças abaixo;

#2. Usar a unha do mindinho para tirar coisas dos orifícios: Seja para tirar cera das partes visíveis da orelha ou cotão do umbigo, a unha do mindinho é um instrumento extremamente versátil! Agora compreendo porque há homens que têm essa unha tão comprida! Blergh! Acabei de ter uma visão... Ok, vamos ficar-nos pelas nojices dos bebés, que são bem-vindas. Tudo o resto é nojento!;

#1. Apanhar vomitado e bolsado com as mãos: Esta nojice mostra também como os reflexos maternos são algo de sobrenatural. Não só não sabemos muito bem como é que conseguimos ser tão rápidas para apanhar vomitado, mas muitas vezes, depois, não compreendemos porque o fizémos. Afinal, ficou tudo sujo na mesma!;

Quem é que nunca usufruiu de um momento nojento destes com os seus filhos? Pois já usufruí de todos! Sem achar propriamente nojento. Pelo menos na altura. E com muito orgulho!

Se continuo a achar os caracóis nojentos? Pois...

11.22.2014

11 horas na creche? Como?!

"Vou ter de deixar o meu filho 11 horas na creche. Não tenho outra alternativa." Esta frase deixou-me triste. E pergunto: como? Como é que uma criança aguenta 11 horas seguidas na creche? Como é que os pais sobrevivem sem ver o filho crescer?

"São os tempos de hoje", ouvimos repetidamente. Os avós trabalham, os pais não têm outra alternativa senão trabalhar e fazer horas extraordinárias e por vezes trabalham em dois sítios. Pergunto-me como é que esses pais não andam angustiados? A resposta é retórica: andam angustiados. Devem andar, só pode. Sabem que dão tudo mas que esse tudo é pouco. É o melhor que podem, mais não podem fazer. Não podem.

Fico triste quando vou buscar a minha filha à creche e ela está a chorar, com olheiras, e faz beicinho quando me vê, como que a queixar-se. Um dia, assim que olhou para mim, começou a chorar, em desabafo. Partiu-me o coração. E, no meio destas vidas caóticas, sou uma privilegiada. A Isabel fica lá 6, 7 horas, no máximo. Tenho a sorte de conseguir coordenar-me com o pai dela. 

Um dia ficou lá 9 horas e eu jurei para nunca mais. Em casa, estava triste. Não comeu a sopa, não quis brincar, chorou a tomar banho, odiou-me. Eu odiei-me, é mais isso. Lá veio aquele sentimento de culpa, tão comum nos pais. Uma bebé de 6 meses não está preparada para ser largada 9 horas. Precisa de atenção, precisa dos pais, precisa de descanso. Todas as crianças precisam.

Por isso, pergunto-me: como é que estamos a criar crianças que chegam a casa a dormir e só vêem os pais ao pequeno-almoço? Mas qual é a solução?

E para agravar ainda mais o sentimento de culpa, vêm os pedopsiquiatras e psicoterapeutas dizer que "passar demasiado tempo no jardim-de-infância pode deixar as crianças deprimidas, provocar sentimentos de abandono e baixa auto-estima", neste artigo do DN. Como se os pais não soubessem. Sabem, os pais sabem. Mas não têm alternativa.

Beijinhos

Ontem quando te ia buscar à escola vi uma mãe com um menino ao colo. Reparei que estava a dar-lhe beijinhos e não consegui não sorrir para dentro.
No entanto, quando viu que estava a ser observada, por mim, parou.

"Não era preciso!", pensei. Eu compreendo!

Quando finalmente te tive de novo nos braços, enchi-te de beijinhos.
Adoro dar-te beijinhos! Adoro adoro! E quando estás ao meu colo, mesmo que esteja a fazer outras coisas, levas com montes deles.
E só reparei que é algo que faço inconscientemente desde que saíste da incubadora quando testemunhei um momento desses entre outra mãe e o seu filho.

Um momento tão íntimo, tão carinhoso, tão cheio de amor...

Espero que me deixes encher-te de beijinhos até bem tarde. Mesmo quando fores adolescente e já nem olhares para mim quando saíres de casa de manhã para ires para a escola.

Beijinhos filho

Estive toda grávida.

Oh que engraçado e que criativo. E não é que um dos primeiros livros dos quais falo aqui no blog (haverá mais, prometo, tenho de arranjar maneira de justificar os mais de 200 euros que gastei na secção de puericultura da FNAC do Alegro) é o MEU? Que coincidência danada, esta.

Eu cá gosto do livro. Confesso que ainda não o reli depois das três vezes em que tive de o fazer antes da edição, mas lembro-me de ter gostado.

A ideia era contar a minha "viagem". Eu era uma miúda maria-rapaz (ainda sou um bocadinho, apesar das mamas cheias de leite e de andar ocasionalmente com saltos da Seaside) e não queria ser mãe. Sim. Não queria, até ter conhecido o amor da minha vida. O homem que me fez esquecer todas as minhas inseguranças que afinal eram as responsáveis pela minha negação da maternidade.

Todas as semanas até parir, pari uma crónica. Às vezes a encher chouriço porque a coisa não se deu lá muito rápido (o meu homem é já a atirar para o velhote), outras vezes porque tinha mesmo coisas para dizer.

Não tinha encontrado ainda (na tal secção de puericultura que devorei) um livro humorístico sobre a gravidez, escrito "ao vivo".  Aqui está ele e ele e eu pela Sara-a-Dias:











Estou toda grávida - Crónicas de uma vida anunciada" é a perspectiva de uma outsider sobre algo que está a acontecer inside her.
A maria-rapaz lá da escola que nunca quis ter filhos está agora ansiosa por ter um e está a ver a sua barriga a crescer.
É o crescendo de uma mentalização, o derreter de um cubo de gelo e um escorregar emocional no que é a maternidade. Isto, pela miúda que usava um boné da Nike quando queria estar bonita para ir para as aulas.
"Irrita-me a forma como falam com as grávidas no sites e nos livros. Tratam-nos como se fossemos uma espécie de Carris metal: somos úteis para transportarmos pessoas, mas suspeita-se sempre de um atraso."
"Na última consulta, a Dra. tinha dito que era uma menina, mas que só tinha 80% de certeza. Agora vimos o pipi! Não da Dra., claro."
"Estou a adorar estar grávida! A ver se não me afeiçoo muito a este estado de graça, senão depois passo os dias a ver se consigo voltar a pôr o miúdo ao pé das minhas trompas."