12.29.2014

Saldinhos

Nunca se nega uma ida à Zara no primeiro dia de saldos. 

Nada de gozar com o meu wallpaper que sou muito fofinha no seio do meu telemóvel.



A mensagem de voz era eu a referir as minhas pobres condições a nível de aparência, pouco aceitáveis para sair "à rua".

Para verem como são diferentes os nossos gostos...

Compras para a Irene (por mim, Joana Gama): 


Claro que ela não vai andar vestida com as leggins que começam a aparecer aí em baixo. É para vestir por baixo dos babygrows que comprei na Primark que deixam a miúda congelar forte e feio se não tiver mais nada por baixo.



Comprei um vestido de lã ou algo parecido, mas não consigo encontrar a fotografia em lado nenhum no site e já pus para lavar. 


Compras para a Isabel (por mim, Joana Brás): 
Ainda demos um pulinho à Lanidor, quer dizer, dei eu que a Joana Gama estava a dar de mamar. 

E ainda deu para mais uns estragos:


Se bem se lembram sou aquela que veste a miúda com fofos, tapa-fraldas e roupas coquetes, mas não sempre. Também tenho calças iguais às que a Joana Gama comprou para a Irene e visto-as mesmo sem ser por baixo de babygrows: gosto de ver a Isabel confortável para ir para a creche. Mas não resisto a vê-la toda girly no fim-de-semana.

Desta vez também comprei um casaco para mim e uns calções. Sim, já consigo vestir calções, que isto de ter apanhado um susto com a filha deu os seus frutos e as minhas pernas já não parecem lombo de porco pronto a ir ao espeto. Nada contra o lombo de porco, adoro se regado com vinho verde e bem temperado com folhas de louro.




Larguem-me o puto, pá!

Epá, mas porquê? Porquê? Se somos portugueses, por que é que gostamos de ver tudo "à espanhola"? 

Até quando temos alguma amiga com maminhas novas  temos vontade de ir lá mexer (às vezes nem temos, mas elas parece que querem muito que se mexa), mas aí não tem mal. Pode ser só um bocadinho pouco católico e talvez um prazer enorme para algum ser (daqueles que demoram uma eternidade na casa de banho a fazer o número dois) que acidentalmente passe por lá, já que acabou de ouvir a palavra "mamas". 



Vamos lá a ver se a gente se entende e isto é válido para familiares "mais afastados", conhecidos, estranhos, velhotas queridas, outras mães, etc: 

LARGUEM-ME O PUTO, PÁ!

  • Já sei que o meu filho é muito lindo ou muito querido, mas ficava bem melhor se não lhe enfiasses as patinhas cheias de tabaco em cima. Se não é tabaco, pode ser de uma chamuça que tenhas comido minutos antes. Não mexe!
  • Já sabemos que ele tem umas pernas muito gordinhas ou fofinhas, não é preciso ir lá mexer. Creio que ninguém gosta que se lhe faça o mesmo. Além de dizer que a outra pessoa está gorda, ainda vai para lá amarfanhar a carne, sem a conhecer de lado nenhum, mas o que é isto? Cheira-me a assédio. Larga, pá!
  • O bebé não sofre de miopia, podes falar um bocadinho mais longe da boca dele ou vais dar-lhe um linguado? Fala fora do carrinho, ele ouve-te. E mesmo que não te oiça, também não faz assim tanta indiferença. Por que é que não vais falar tão de perto para cima de um bonsai? Seria óptimo para o regar devagarinho. 
  • És cabeleireiro? Então para de tentar pentear o meu filho. Primeiro, estás a violar a sua aparência individual, estás a pô-lo penteadinho como os outros. E, depois, gostarias que alguém bem mais velho que tu que não conhecesses, te acachapasse os cabelos no escalpe? 
  • Estás doente? Por que é que estás a falar comigo? Por que é que estás no mesmo elevador que eu se viste que eu tenho um bebé no carrinho? A tua ideia é que pareces menos doente se pegares a toda a gente? 
  • A sério? É giro pegar em bebés que mal conheces ao colo? Tens uma tendência pequenina para o rapto? Não? É que é isso que alguns bebés podem sentir. Tira-os do colo da mãe porque te apetece ter um no teu, se ele gosta ou não, é indiferente, não é? Há que pedir à mãe se pode ir ao colo. Até eles terem uns 30 anos, somos nós quem sabe em que colos (do útero) andam metidos (literalmente, no caso dos rapazes) ou em que colos se andam a sentar (no caso das raparigas). Eles sentem-se bem ao pé das pessoas que conhecem. Seria giro tirarem-te da cama e porem-te no meio de uma palestra sobre fenícios sem te perguntarem nada? Seria desconfortável, triste e imbecil. Pois. Está dito. 
O melhor é largar. Só se faz com os bebés o que se tem confiança para fazer com os pais. 


Qualquer noção de que possa ser misofóbica ou hipocondríaca está assustadoramente perto da verdade, mas só desde que fui mãe. 

*imagem do site We Heart it. 

12.28.2014

Não senti.

Não é um post com humor. Não é um post de uma lista de coisas. 
É um post que, para ler, requer coração. Amor. E, acima de tudo, compreensão. 
É normal nem tudo ser normal. 
Não amei a minha filha assim que a vi e quero que outras mulheres se sintam normais comigo e com elas. 


Depois de 9 meses contigo a crescer dentro de mim, sonhei em ter-te nua nos meus braços.

Já gostava de ti quando ainda eras só o bebé. 

Antes mesmo de ter a certeza de que já estavas em mim, já te amava. 

Quando decidimos ter-te, já estava apaixonada por ti.

Quando ouvi o teu coração bater pela primeira vez, chorei e apercebi-me que ias mudar a minha vida para sempre e para melhor. 

Quanto te vi pela primeira vez,  prometi que te ia dar tudo, tudo o que tinha e não tinha, para sempre.

Quando te senti pela primeira vez, chamei-te filhota. Foi a primeira vez que comunicaste comigo.

Comecei a construir o teu quarto. A coreografar toda uma divisão com coisinhas para que te sentisses tão bem quanto possível, apesar de fora da minha barriga. Lavei toda a roupa que os avós te tinham comprado, estendi e passei. 

Preparei o mundo cá fora para ser o melhor possível para ti. Só pensei em ti, a todas as horas nesses 9 meses. 

Chegaram as contracções. Dor. Ansiedade. Medo, mas menos do que pensava, por saber que te ia conhecer. 

Fui a sorrir para o bloco, apesar de ter dois caminhos de água salgada já seca até às bochechas.

Tinha o meu maior amor ao meu lado, na poltrona e o meu amor por conhecer, na minha barriga, pronto para sair.

Passado um dia, passadas dezenas de epidurais (ou lá o que eram), horas em "jejum", uma infecção, uma ventosa... existes!

Existes e paraste de chorar. Deixaste de respirar. Respiraste outra vez. Foste para a incubadora, por estar mais quentinho. 

Senti que queria ter mais um bebé, mas não me apercebi que estavas ali. O meu coração parou e, apesar de manter todos os meus outros sentidos, o sentimento não estava. 

Tive noção de que algo não estava bem. Não senti. Não senti o que todas as mães dizem sentir:

"Fiz mal em ter engravidado?" "Não mereço ser mãe?" "E agora?" "Por que é que não estou a chorar de felicidade?" "O que se passa comigo?" "Estou doente?" "Sou doente?" "Não sinto nada"

Senti amor, sim, mas pelo pai quando te pegou ao colo.

"Por que é que o meu corpo está a torná-la invisível?" "Não vou poder falar sobre isto com ninguém, que vergonha" "Já sou má mãe e ainda nem acabaram de me coser"

Fui para o quarto, lá em cima. O pai foi mandado embora. E, sem me poder mexer, estando ainda o meu corpo a repetir todas as dores que senti ao longo das últimas 24 horas, sabia que estavas ao meu lado.

Além de não conseguir ir ter contigo, ou mexer-te, estava escuro. Mal te via. As outras mães estavam a descansar. Por que é que eu não te queria ter perto de mim? Por que é que nem pensei nisso? Tinhamos acabado de ser separadas e por que é que eu não sentia nada? 

Sentia-me apenas sozinha por não ter ali o teu pai. Além de ter ficado sem o bebé que amava (foi como se tivesse desaparecido), não tinha ali o meu melhor amigo.

Na segunda noite, não pudeste ficar comigo. Tiveste de ir com os enfermeiros. Não me fez confusão. E odiei-me por isso. Tive vergonha de não sentir nada. Tanto que me levantei para ir perguntar por ti, mas apenas para ninguém desconfiar que não sentia nada. Fui por obrigação. Por responsabilidade e não por amor.

Afinal não é sempre verdade o que as outras mães dizem.

Estava assustada. Insegura. Choravas e eu não sabia porquê. No dia seguinte já era para vir para casa e eu não queria, porque começava a ser mãe e não sentia nada.

Viemos. 

Coxeava contigo de um lado para o outro, tinha-te ao meu colo, adormecias com a mama na boca, mas não conseguia falar contigo. Estava em piloto automático. 

Até que. Até que me apaixonei por ti...

ou...

... até que voltei a mim. 

Fui amando-te mais e mais todos os dias. Não me imaginava um único segundo sem ti. Tinha de estar sempre a olhar para ti. Não me conseguia mexer quando adormecias em cima de mim só para ter o privilégio de ouvir a tua respiração. Tinha todo o cuidado do mundo a mexer-te, não te fosses partir. Durante a noite sonhava que estavas no meu peito. 

Sou Mãe. 

E, afinal, amo-te. Amo-te tanto quanto as outras mães que dizem que sentiram tudo de uma só vez. 

Afinal não estou estragada e vou conseguir dar-te todo o amor que mereces e ainda mais. 

Tenho saudades tuas e estás a dormir ali.

Choro agora de alívio, não estou estragada.

Vais ter a Mãe que mereces. 

E dia 27 de dezembro foi Natal

A expressão "Natal é quando o Homem quiser" nunca fez tanto sentido. Quando chegámos a casa, depois de seis longos dias de internamento, fomos dormir a sesta. Acordei primeiro do que ela (devia estar a sentir-se tão confortável em casa que dormiu 3 horas seguidas) e decidi que naquele dia ia ser Natal

Montei a casa de bolacha de gengibre, a árvore de bolacha e pus a mesa. Seria a primeira vez que nos iriamos sentar os três à mesa. Dei-lhe banho, vesti-lhe uma roupa mais betinha e fomos degustar uma comida tipicamente natalícia. Bacalhau? Peru? Não, não, frango assado. Ela comeu frango com arroz e a minha sala voltou a fazer sentido: comida por todo o lado. 

Depois o nosso presente: um nenuco. Lembro-me bem do meu, fazia xixi e tomava banho comigo. Achei que era cedo para ela se apegar ao boneco e que só iria fazer sentido quando tivesse uns dois anos, mas por acaso foi amor à primeira vista! Lambuzou e estrafegou logo a boneca toda.

Voltar a tê-la na minha cama, a ver muito atentamente as ilustrações dos livros (vai-se a ver e a miúda até está mesmo a ler) e a brincar com os peluches (ou a mandá-los para o chão, é mais isso) comoveu-me. É tê-la onde ela pertence. Aqui, connosco, para sempre.


















12.27.2014

Co-sleeping (perguntas parvas)

Nada contra quem pratica co-sleeping ("praticar", até parece que estou a falar de hipismo ou de swing - coisas com algumas semelhanças entre si), até gostaria de ser uma dessas pessoas, mas nem pensei que isso fosse possível com bebés. Dormia muito com a minha mãe quando já era maiorzita, mas era porque estávamos as duas sozinhas. 



Pais do co-sleeping, conheço as vantagens (acho brutais, mesmo, então para mim que me levanto n vezes durante a noite para dar maminha), mas... posso fazer algumas perguntas estúpidas?

Vamos a isso: 

  • Quando o pai e a mãe querem ser malandrinhos, como fazem? Põem a bebé a um cantinho da cama e fazem as coisas muito devagarinho e sem barulho?
  • E se o pai roncar mais alto que a porcaria dos comboios da linha de Sintra (nosso caso)? Isso não acorda o bebé?
  • E se o pai se vira a esmaga o bebé?
  • E se a mãe, com as suas enormes tetas, esmaga a moleirinha (é assim?) do bebé?
  • E se um dos pais falar a dormir? O bebé acorda?
  • A mãe consegue dormir com os barulhinhos todos do bebé e os seus movimentos? Eu não consigo e ela está no quarto ao lado... 
  • E se alguém tem um pesadelo e lhe dá um pontapé?
  • E se, ao nos taparmos, o bebé ficar por baixo do edredão e com pouca oxigenação?
  • Os bebés quando são pequeninos, têm de ficar de barriga para cima. Se adormecerem a mamar, deitados, não ficam de lado?
  • Se é suposto os bebés arrotarem depois de mamar para terem menos cólicas e para se bolçarem menos, mamar na vertente co-sleeping não prejudicará essa questão?
  • A separação do bebé não se torna ainda mais dolorosa depois? Uma das coisas mais difícil de se voltar a ser solteira deve ser a cama vazia, não ter lá o bebé deve ser ainda pior!
Se alguém me responder a isto com carinho, pode ser que o meu próximo filho durma comigo às escondidas de toda a gente cá em casa, mesmo depois de ser parido! :)


*imagem do site We Heart It.

Como se tornar numa mommy blogger de sucesso

Ser uma mommy blogger está na moda. Sim, nós somos mommy bloggers, mas, como já perceberam de certeza, somos tipo aqueles penetras que entram na Moda Lisboa sem saber nomes dos estilistas e sem o menor sentido de estética.
Não somos um blogue de maternidade convencional: nem tudo é perfeito, os nossos filhos não estão sempre bem vestidos, têm casacos com borbotos e estão ranhosos e doentes, dizemos asneiras e não temos os melhores looks nem o cabelo sempre arranjado... No fundo, somos o velhinho Estrela da Amadora nos início dos anos 90: estamos na segunda liga, mas com muito esforço talvez até consigamos chegar à primeira (pensando bem, talvez esta comparação não tenha sido boa, até porque o Estrela da Amadora subiu algumas vezes à primeira divisão e depois faleceu. Paz à sua alma).

Desengane-se quem pensa que ter um blogue de sucesso é fácil. "Ah é só escrever umas coisinhas, tirar umas fotos e está feito!", "Aquilo também eu faria." Então, força! Boa sorte!

Antes de se aventurarem, ficam as seis regras para pertencerem à Primeira Liga:

1. FILHOS SEMPRE EM ALTA. Os vossos filhos não têm ranho no nariz, nem ar de quem acabou de acordar, não fazem birras nem ficam com restos de sopa seca no queixo. O cabelo tem de estar sempre penteadinho, com um laço (se forem miúdas, senão seria estranho), e as roupas são sempre da última grife.

2. MÃES QUE PARECEM A IRMÃ MAIS NOVA. Mãe blogger que se preze fica em forma no dia do parto e se não fica, tem de parecer. Looks sempre fantásticos, cabelo sempre brilhante, olheiras sempre disfarçadas.

3. CASAS DE REVISTA. A vossa casa tem de estar sempre pronta a ser fotografada por uma revista do jet set. A sala tem um tapete branco imaculado, não há um brinquedo no chão, nem restos de papa.

4. FOTÓGRAFO PROFISSIONAL. Estão a ver as fotografias tiradas com telemóvel, em que eles estão super espontâneos e lindos, mas ficaram um nadica escuras e têm um braço desfocado? Esqueçam. Na blogosfera, se querem ter alguma credibilidade, têm de publicar fotos com a luz certa e o enquadramento digno de um World Press Photo.

5. SÍTIOS IN. O restaurante do momento, a loja mais querida, a feira das roupas mais apetecíveis. Se possível, ir a fazer matchy-matchy com os filhos (para quem não sabe, é irem vestidos a combinar).

6. MUNDO PERFEITO. A maternidade é um mundo cor-de-rosa, os nossos filhos estão sempre sorridentes, não há dores de amamentação e até parece que isto não dá muito trabalho. O quartinho deles é um reino encantado e todas as fotos espelham a felicidade que é ser-se mãe.

Quando é que vamos conseguir cumprir estes requisitos? Nunca, não é? Fiquemo-nos, orgulhosamente, pela segunda divisão.


12.26.2014

Regresso ao nono ano (ou a importância de tentar)

Estou na segunda fila, sentada na secretária, a usar o esquadro e o compasso. O professor chama-me à secretária dele. Estamos na aula de Educação Visual do nono ano. Pergunta-me, assim do nada, que profissão gostaria de ter. Respondo a gaguejar, como quase sempre.

"-Quero ssser jojornalista."
"-Jornalista? Mas gaga não pode ser jornalista! A Joana tem capacidade para muitas coisas, mas essa não me parece! Digo isto para o seu bem!"
Engoli em seco. Os meus olhos encheram-se de lágrimas, que consegui a muito custo controlar.

Nesse dia, cheguei a casa e enfiei-me na cama vestida. Não quis comer, pela primeira vez não quis falar. A almofada ficou ensopada. Adorava ler, escrever e falar, mesmo que demorasse mais do que os outros, mesmo que fosse alvo de chacota. Punha o dedo no ar nas aulas, pronta a participar, mesmo que isso significasse chamarem-me "cobrinha". Não por ser má, longe disso. Simplesmente porque carregava nos "esses", arrastava-os nas palavras, repetia-os. "-Ssssssssstora, sssssserá que isso ssssssignifica..." Risada total. Todos riam, menos eu. Continuava com a minha questão. Queria lá saber. Queria fazer perguntas. Era gaga e então? Era feliz, tinha amigos, tocava guitarra, cantava nos Onda Choc (sim, nos Onda Choc, o sonho de qualquer miúda daquela idade), era boa aluna, gostava de mim, independentemente da minha gaguez.

Mas naquele dia não. Naquele dia era um professor, do alto da sua experiência, que me aconselhava a não seguir o meu sonho, "para o meu bem". Não me lembro de pregar olho naquela noite.
Lembro-me da minha mãe me dizer que ele era parvo e que eu podia ser o que eu quisesse. Ou que, pelo menos, podia tentar.

Hoje sou tudo aquilo que queria ser no nono ano. Faço perguntas, trabalho com palavras. Escritas, ditas. Respiro fundo e faço a magia acontecer.
Confiei na minha mãe e acreditei em mim.

É este o papel de um pai. Mesmo conhecendo as limitações dos filhos, não os privar de sonhar, de correr atrás, de lutar. Há limitações que deixam de o ser, se acreditarmos muito, se nos esforçarmos muito.

Por isso, vou dizer: "Isabel, o mundo é teu. Vai. Cá estarei, se não conseguires. Mas tenta."





12.25.2014

A maior gaffe deste Natal vai para...

... Joana Paixão Brás!

Então um dos poucos presentes que ofereci foram uns sais de banho cheirosos. Até aqui nada de mal.

Só que acontece que a pessoa em questão não tem... Tchan tchan tchan... Banheira! 

"Epa isto cheira tão bem! Mesmo bom para usar lá no poliban" (gargalhada geral).

Ainda sugeri pôr num alguidar com água morna para fazer um spa de pés... mas acho que só me enterrei mais. Até que me lembrei "passam um fim-de-semana romântico lá em casa e usam a banheira"

Ainda agora me desmancho a rir ao lembrar-me da minha azelhice. Cabeça de mãe fica assim destrambelhada de todo, não fica?

Se tiverem maior gaffe avisem! (Duvido que me superem, teriam de se esforçar muito!!!)



12.24.2014

Nunca mais é meia-noite



Lembram-se de esperar, envoltos em curiosidade e magia, pelas doze badaladas? 
De mexer nos presentes, abanando os embrulhos para tentar descobrir o que estava lá dentro? 
De perguntar 5 vezes a cada minuto: "já é dia 25?"
De inventar mil e uma estratégias para passar o tempo?
Ou de haver anos que já era meia-noite e meia e ninguém tinha dado por isso?
De comer tantos doces e chocolates até ficar com dores de barriga?
De estar na cozinha a rapar os tachos e a desajudar?
De ficar a olhar para cada enfeite na árvore e para as luzes a piscar?
De ir apanhar musgo para fazer o presépio?
De ver horas a fio os anúncios na televisão até os saber de salteado?
De cantar a música da Leopoldina (e de ainda a saber de cor!)?
De acordar dia 25 e ir à sala ver o presente que o Pai Natal tinha deixado? 
De percorrer as páginas e páginas de brinquedos do Modelo ou do Lidl e de fazer bolas e cruzes a escolher os que mais gostávamos?
De escrever a carta ao Pai Natal a dar conta do quão bonzinhos fomos?

Este vai ser o primeiro Natal da Isabel. Não vai ficar impaciente à espera da meia-noite nem faz ideia de quem é o Pai Natal. Muito menos esperava passá-lo no hospital com ela. 

Mas eu estou curiosíssima para saber se daqui a uns dois anos vai gostar tanto desta época como eu!


(Fotografias tiradas no dia da festa de natal da escola, já em casa e super bem-disposta. Saudades de vê-la assim, feliz!)


12.23.2014

Inventam tudo (#02)

Se receberem, de fininho, esta prenda no Natal, guardem o talão para trocar por outra coisa qualquer. 

Quando vimos isto (o meu rapaz e eu) na internet, ficámos malucos: "Nãaaaaao! Como é que isto não é usado por toda a gente? Isto é espectacular! Percebo que ainda não tenham inventado a cura para a rosácea, tendo-se dedicado a isto!"

Parece que estávamos enganados. 

Apresento-vos a...


Colher squirt. 
Tal como o nome indica, é uma colher que possibilita um jacto. Não parece incrível e maravilhoso? Põe-se a sopa no reservatório de silicone (ou lá o que é) e, se apertarmos, a comida sai por um orifício pequenino e enche a colher propriamente dita. 

Vantagens do conceito? Todas! Não suja um prato, ficamos com as mãos livres para afastar as mãos deles da colher ou para lhes limparmos as fuças, é só por na máquina de lavar...

Vejam lá o vídeo (ou não, podem passar à frente que só serve por motivos de curiosidade): 



Afinal, cá em casa, chegámos à conclusão de que não só a Squirt não é assim tão fabulosa, como não deveríamos ter sido garganeiros e ter afiambrado logo duas pela net e, pior, nunca deveria ter convencido a Joana Paixão Brás a comprar uma também para a Isabel. 

Desvantagens: 

  • Temos de sujar um prato na mesma porque não vamos aquecer a sopa dentro da colher no microondas. 
  • Visto que é mais indicado para bebés mais pequenos dado o tamanho da colher ser proporcional ao tamanho da boca de um bebé em idade de iniciar sólidos, a colher devia ser mole. Cheguei a magoar as gengivas da Irene com isto, numa daquelas vezes com falta de timing em que a miúda abre a boca e não cheguei a tempo. 
  • Se a sopa for um pouco mais consistente, tipo puré com alguma coisa (como é suposto ser), não passa tão bem pelo orifício. 
  • É preciso espremer com alguma força quando já há menos quantidade ou mesmo sacudir a maldita colher para que a sopa chegue toda à parte do orifício. Se não o fizermos, a colher está constantemente a espirrar o puré de legumes para cima da criança. É só estúpido. 
  • É um utensílio mais difícil de manusear por ficar pesado com a sopa. 
  • Quase metade da sopa depois fica agarrada ao silicone sem descer para a colher, por muito que apertemos. Desperdiça-se comida. 
Espero não ser processada pelos senhores que fabricam a colher, mas se forem tão bons em clipping como a fazerem colheres, não terei com que me preocupar. 

Fica a dica. 

A arte de mudar fraldas a dormir.

Claro que o título se refere a quando os bebés estão a dormir e não nós. Nós sabemos perfeitamente como mudar fraldas a dormir, basta que lhes tentemos mudar uma fralda às 2h da manhã ou às 5h ou... 

Aqui entre nós, só vou à parte "deixa ver se é a fralda", depois de já ter experimentando tudo o resto. É muito arriscado, durante a noite, estar a mexer-lhes muito, estar a por-lhes a fralda e eles com as pernas ao léu. É um pânico terrível.

Senão vejamos aqui os nossos principais inimigos

  • Luz. Parece que não há uma luz indicada para que consigamos ver bem o que estamos a ver e que não os desperte. Vou pegar na venda que temos ali no quarto e pô-la na Irene. O quê? Eu disse que temos uma venda no quarto? Ah. É porque o estore está estragado e eu não consigo dormir com luz (serviu?). 
  • Frio. Quanto mais frio, mais enchouriçado está o bebé, mais roupa temos que despir e mais briol apanha quando tem as pernas cá fora. Se, ao menos, houvesse uma maneira de por uma espécie de tubo na fralda, aspirar e não ter que os despir... Hã? Óptimas ideias aqui para vocês. Se me aparecem no Shark Tank com isto, dou-vos uma murraça.



Ora aqui vão (e de graça) algumas dicas que eu cá aprendi por sentir que estou sempre num campo minado, quando lhe mudo a fralda à noite (evitei ao máximo mudar-lhe fraldas durante a noite, sob aquela máxima do "mas na caixa diz que aguenta até 12 horas", a questão é que há mesmo uma altura em que se torna inevitável, por muito que tentemos negar e, acreditem, tentei): 

  • Mudar a fralda na cama. Ter tudo à mão, claro. Não nos podemos dar ao luxo de, ainda por cima, termos que mudar os lençóis por ficarem sujos. Temos de ser rápidas como os chefs quando cortam vegetais daquela maneira sexy. Os especialistas dizem que o caldo está entornado (para voltarem a adormecer) se os pegarmos ao colo, por isso, visto que dá para mudar a fralda na cama...
  • Não usar babygrows armados em finos. Quanto mais práticos forem os babygrows, melhor. Se forem daqueles com molinhas no rabo, é complicado porque temos de os virar do avesso para por as pernas de fora.  Pijamas. Os pijamas são nossos amigos. É só baixar as calças e já está. Estou há meia hora para pegar na última frase ("É só baixar as calças e já está) e acrescentar-lhe a seguir: "mais ou menos como comer a - inserir nome de porca famosa aqui -", mas não tenho coragem. Até tenho, mas um dia, sei lá, posso vir a trabalhar com elas, sei lá. Pronto. Fica Elsa Raposo.
  • Tirar o bolo e pronto.  Temos de pensar que eles já têm muita sorte em que estejamos a arriscar a nossa vida (noite) em lhes estarmos a mudar a fralda. Por isso, não hão de falecer se retirarmos só o "bolo" e trocarmos a fralda (por "bolo", entendam "cocó", acho que mais vale explicar do que acharem que guardo um mil folhas nas fraldas da Irene). Sinto sempre que ela desperta com o facto das toalhitas estarem frias. Eu sei que existem aquecedores de toalhitas, mas por favor, já comprei um aquecedor de biberões à parva, já chega. 
  • Guardar a fralda suja no dia seguinte. Se tiverem um cesto do lixo com tampa no quarto, não arrisquem. Enrolem a fralda e arrumem-na de manhã. Ninguém falece por ficar ali encostada a um canto (desde que fechada). Quanto menos barulho, melhor.
  • Tentar não ter as mãos muito frias. Eu berraria se, a meio da noite, me passassem uma posta de pescada congelada nas pernas. Deve ser isso que eles sentem.
  • Fazer tudo com o mínimo de luz possível, se chegar a luz do despertador do quarto do bebé ou da luz de presença, melhor.  Eu sigo-me pela luz do intercomunicador (que só usamos durante o dia), nem preciso de mais nenhuma. 
  • Por-lhes o dou-dou (aqueles bonecos para dormir, tipo umas fraldas com cabeças de bonecos) nos olhos. Se não conseguirem fazer tudo quase às escuras, experimentem por-lhes o coelhinho ou o boneco com o qual eles dormem, em cima dos olhos. Pode ser que adormeçam outra vez ou, pelo menos, ganham tempo em que eles não estão a levar com a luz nas trombas e tentam ser supersónicas a mudar-lhes a fralda. 
Fica aqui tudo o que aprendi na arte de mudar fraldas à noite nos últimos nove meses. Temos de ser umas para as outras! Depois digam que se funcionou ou se "rebentou a bolha"

Querem que a primeira palavra seja mamã?

Adoramos que os pais se dediquem aos bebés, adoramos que se adorem mas, por dentro, ai dos nossos filhos que não digam primeiro "mamã". 

Estou convosco, mães cujos filhos, depois de tanto mês a depender só e somente da mamã, são ingratos ao ponto de começarem a balbuciar primeiro um "papá" ou, pior, "papapapapapapapapa". Que dor. É aqui que, mais uma vez, a nossa capacidade de representação é posta à prova: 

"Oh meu amor, que querido! Fico tão contente que a primeira palavra dela seja papá. É mesmo comovente, olha para mim a chorar e tudo, amo-vos tanto." - lágrimas caem, mas de nervos e por estar a fazer um esforço enorme para não enfiar os dedos com uma camada de gelinho antiga nas pálpebras do pai





Truques para que o bebé aprenda primeiro a dizer o que interessa (mamã, portanto): 

  • Assim que consigamos perceber que gostam de nos ouvir cantar (ou a tentar cantar), cantarmos todos os dias durante meia hora a música "Mamã, eu quero" sempre no máximo da nossa expressividade e, se possível, com coreografia a acompanhar. É cansativo? É. Ouvir "papá" primeiro, depois de termos feito com que aquele perímetro cefálico saísse do nosso perímetro vaginal também. 
  • Sempre que o pai apareça ou fale com o bebé, referirmo-nos a ele como o "eutdgihfkjn". "Olha, quem é ele, é o uridfjksx, gostas do gruekjdf"? Sim, é intencional ir variando. Se a miúda nunca ouvir a palavra papá e, se o nome do pai for super complexo e for mudando, estamos a ganhar território à grande. Vale tudo, meninas. Vale tudo. 
  • Quando desconfiarem que o bebé tem fome, provoquem-no dizendo (no tom mais agudo possível, vocês sabem como é) "quer maminhas? quer maminhas?" e depois dêem-lhe de mamar. Se possível, acompanhem esta provocação sonora com o por mesmo os seios de fora. Assim, o bebé começa a associar o som "mam...mam..." a coisas que ele gosta e/ou precisa e/ou o consolam. O pai agradece mais uma oportunidade para nos ver as nossas chuchinhas (ou então, como o meu, diz que, para ele, já nem são mamas porque está farto de as ver).


Nota: Não garanto resultados, mas garanto que tentar obtê-los assim é divertido. Nem que seja para mim, deste lado, a imaginar-vos a fazer isto tudo ao mesmo tempo e com as mamas de fora. ;)

12.22.2014

Vai para o quarto dela.

Quando é que se põe os bebés a dormir no quarto deles?

Alguma literatura diz que deve ser por volta dos 9 meses por já não haver tanto risco de morte súbita (li aqui e noutros sítios, mas que agora não me vou por a procurar, apesar de gostar muito de vocês).

Li também que não convém ser perto dos 9 meses, o melhor é ser muito antes ou muito depois por causa da ansiedade de separação que ocorre por volta desta altura e, portanto, para não se sentirem abandonados por serem colocados noutra divisão. 

Não preciso de ler qual será a opinião do muito amado pediatra Carlos González sobre isso porque é sempre "como a mãe achar melhor". E, neste caso, concordo: a mãe é que sabe. 

Nunca percebi qual pode ser o nosso contributo para não ocorrer a morte súbita. Se é súbita, se não se sabe por que é que acontece, como é que os pais poderão evitar isso, estando perto dos bebés? Não percebo. Devo estar mal informada (algo que, de vez em quando, é possível).  

Se fosse morte por engasgamento súbito, percebo porque ouviríamos e fazíamos aquelas manobras de emergência (também se ouve se eles dormirem no quarto ao lado). Sendo que é súbita, se ninguém sabe por que é que acontece, até porque se soubéssemos, deixaria de existir tão "subitamente", será por uma falsa sensação de segurança que, por isso, também os queremos no quarto connosco?

Seja como for, a Irene foi para o quarto dela no 2º dia cá em casa. A respiração dos recém nascidos é tão irregular que, sempre que não a ouvia respirar, achava que ela tinha morrido. Estava a dar em doida (ainda mais), para além de ainda ter o pipi todo cosido, ter os pés todos inchados, estar ainda toda "mamadinha" do parto, tudo. E queria descansar. Além disso, sempre que tinha de lhe dar de mamar, de três em três horas, tinha de acordar o pai para fazer tudo isso (no início, com pouca prática, é tudo muito complicado) e assim era mais justo. Se era eu quem tinha de acordar para dar de mamar, era só eu quem acordava. Poltrona no quarto dela e dava-lhe de mamar de olhos fechados. 



Habituamo-nos, desde sempre, a ter a Irene no quarto dela e acho que ela também. Aos 3 meses fazia noites seguidas de 12 horas (até tivemos de falar com a pediatra, para saber se estaria tudo bem). A verdade é que, desde aí, nunca mais dormiu tão bem, mas atribuo isso ao facto do cérebro dela estar a fritar de tanta coisa que anda a aprender. 

Sei que é chocante ter posto a minha filha a dormir no quarto dela tão cedo até porque, na altura, andava num centro de recuperação pós parto para mamãs (durei umas 7 aulas hehe), falou-se sobre isso e tanto a PT como as outras mães ficaram em puro choque (o que me magoou um pouco, dada a falta de sensibilidade da PT, mas deve ter sido por causa das minhas hormonas ou assim, porque não costumo ser muito sensível no que toca a julgamentos públicos). 

Se eu não tivesse passado por isto, provavelmente julgaria que seria sintoma de depressão pós parto e falta de apego à bebé (que me aconteceu, é verdade, na maternidade, mas não acho que tenha sido falta de apego, atribuo a parto traumático, mas também falarei disso noutro post). 

Não vejo necessidade nenhuma de ter a bebé no meu quarto. Ela está tão perto de mim no quarto ao lado que nem preciso de intercomunicador. Acordo ao mínimo barulho dela. Como não dormimos na mesma cama, não vejo necessidade (apenas vontade, claro). Ando doida para, um dia, conseguir dormir com a Irene, na mesma cama, mas a pirralha ainda não se acalma a esse ponto. Fica para quando ela tiver 40 anos e estiver a mudar-me as fraldas. 

Infelizmente sei de muitas mães que reagem a por os filhos nos quartos deles como se fosse uma expulsão da casa dos segredos: eles não vão morrer, não vão desaparecer, vão só para outro sítio e, mesmo assim é o pânico total. Deve ser uma hormona maternal qualquer que me falta, mas acho muito bonito, claro. 

Para mim, o lugar das mães é sempre ao pé dos seus bebés, mas eu sinto-me ao pé da Irene na mesma. 

Quanto a ter falta de apego à Irene... nem me vou pronunciar. :)

Quando planeiam por os vossos bebés no quarto deles? Ou, para as mães mais experientes, quando os puseram?

De ressalvar que há imensas vantagens em os bebés dormirem sozinhos (quando a mãe sentir que é oportuno), não estamos a falar de um mal desnecessário, ok?

Faço sempre a ressalva de que "a mãe é que sabe" porque tudo o que ela sinta que é contra-natura, além de matar todas as vantagens, até poderá fazer mal e a todos lá em casa.


*imagem do site We Heart It. 

As Joanas e as "i" - as coincidências.

Vamos a isso, vamos por tudo em pratos limpos (ou então "mais ou menos limpos", como saem os meus quando os tiro da máquina). 

A Joana e eu somos muito parecidas em muitas coisas, mas mais diferentes quase que não poderíamos ser. Lá está, é como o nosso slogan "mais diferente, só se uma de nós fosse um pinguim"

Já nos conhecemos desde que estávamos grávidas (aquela história que já vos contamos de nos termos conhecido num grupo de mães online - sim, nós temos noção do quando crominho isto possa parecer) mas, pessoalmente, só no dia 16 de Abril. Quando a Isabel fez um mês, a Irene foi convidada para a sua festa de mesário ou lá o que é. 

Sim, a Joana é muito romântica, todos os meses celebra os meses da Isabel e até lhe dá um livro. Eu também celebro os meses, mas é para dentro. ;)


Tínhamos sido mães há apenas um mês e, aqui na foto, temos as bebés trocadas. A Irene parece um pedaço de solha, coitadinha. 

Joana,  eu sei que não é justo publicar uma foto em que eu estou tão pintada que pareço uma rameirinha suada e tu estás au naturel, mas não temos mais. 

Mães que ainda vão ser, já viram? Um mês depois e já andávamos as duas na boa, vestíamo-nos e isso? Não tenham medo que "tudo se resolve"

O nosso sonho, desde o início, era que as nossas bebés fossem as melhores amigas (não desfazendo as primas da Isabel, claro). E, se a Isabel não encontrar nenhuma sonsa na creche que substitua a Irene, é assim que vai ser. Nem que eu as obrigue. Vão ter tantas dormidas em casa uma da outra que até deverão partilhar o primeiro beijo na boca por não "conhecerem mais ninguém". 

Vamos às coincidências: 

  • somos as duas Joanas;
  • temos as duas 28 anos;
  • fazemos a digestão da mesma maneira; 
  • temos filhas cujos nomes começam por I (Isabel e Irene);
  • não engravidamos sozinhas; 
  • ambas nasceram em Março deste ano (5 dias de diferença, apenas);
  •  trabalhamos no "meio" (da comunicação social) e
  • temos as duas carta.

Engraçado, não é?

Ah! Lembrei-me agora que afinal foi um amigo em comum que disse para eu adicionar a Joana ao tal grupo de mães online, as coisas não foram assim tão crominhas. 


A Isabel e a Irene num dos seus namoros. 

E, há precisamente um mês e um dia, quando a Irene fez 8 meses :) 



Pronto. Acho que agora já sabem qual é qual e que filha é de quem, senão, eu ajudo (da esquerda para a direita): Joana Paixão Brás e Isabel e Irene e Joana Gama. 

Só para que comecem a perceber as diferenças (será assunto de um próximo post): as fotografias todas catitas e cheias de qualidade são da Joana, esta assim mais rascota e dentro de um restaurante, é minha...



A tua filha está tão magrinha!

Se há coisa que me faz espécie na vasta lista de estereótipos e preconceitos da maternidade, é a importância que se dá ao peso do bebé. Sofri isso na pele e contra mim falo.

A Isabel nasceu com 3,680kg, portanto era uma bebé grande. Até aos 3 meses assim continuou, a leite materno exclusivo, comprida e gorducha, sempre no percentil 75. Aos 3 meses tive de ir trabalhar, a livre demanda acabou (para quem está a entrar neste mundo da maternidade agora mesmo, é dar maminha ao bebé sempre que ele quiser), a Isabel teve um episódio de recusa de mama (por causa do biberon) e, coincidência ou não, começou a não engordar tanto. Já em comprimento, sempre a aumentar bem. É comprida!

E aí começou a saga: "oh! perdeu as bochechas", "a minha com essa idade pesava o dobro", "tão levezinha!", "está magrita, não está?", "ainda dás mama?".
Ora, para uma pessoa que é mãe pela primeira vez, isto é das piores coisinhas que lhe podem dizer. Então mas acham que ela anda a passar fome? Lá vêm vocês com a história do meu leite já não ser suficiente. Mas se ela dorme a noite toda! Se passa o dia feliz e sorridente! Se está a desenvolver-se como o esperado para a idade. Se é curiosa e atenta. Se quase não chora. Acham mesmo que a rapariga está a passar fome?

Até eu chegava a duvidar de que ela estivesse bem, tal é pressão para os bebés serem gordinhos e obedecerem ao padrão dos percentis. Mas a pediatra sempre disse: ela está óptima, não se preocupe, é normal eles oscilarem nas curvas dos percentis. Mesmo assim, na hora da balança eu já estremecia, com medo que me sugerisse começar com as papas para a engorda e dar leite de fórmula. Logo eu, que comecei a tirar leite com máquina desde o segundo mês todo o santo dia para garantir que ela tivesse sempre do meu leitinho, não queria ouvir que a minha filha andava a passar fome!

Não há nada como o passar dos meses para irmos ganhando mais confiança no nosso instinto. Vê-la bem-disposta, sorridente, calma e esperta é agora quanto basta para perceber que ela está bem. Deixei de me preocupar com o peso. Do sexto ao nono mês é um alívio não ter de pesá-la e estar-me a marimbar para isso. 

Já assumi, qual mantra: a minha filha não é um bebé gordo, mas está bem assim.

Magrinha? Pode ser, à luz dos estereótipos do "bebé Nestlé", mas para mim, ela está óptima, linda e recomenda-se.

12.21.2014

Frio? Somos uns meninos!






Depois de ver as fotografias de Praga, encontrei motivos para ficar preocupada: em 95% das fotos estou a comer. Ou a cheirar um crepe com chocolate. (Ou a armada em parva a dizer adeus ao meu motorista... haha) Ou com uma cara alucinada a ver batatas fritas em espiral. Não seria preocupante se não estivesse aí o Natal à porta. E a passagem de ano. E... mil e uma desculpas para encher o bandulho, não é? Adoro comer. Por mim não fazia mais nada nesta vida. Mas adiante.



Vamos lá ao que interessa: o frio. Aqui em Praga faz frio a sério, já em Portugal somos uns meninos. "Ah! Está frio, os meninos constipam-se." E pumba, centro comercial com eles.

Devíamos aprender com esta gente! Está frio? Pois, está. Vamos torná-los nuns ursos polares e vamos com eles à rua. Bebés de meses, minha gente, passeiam na rua, com temperaturas a rondar os 3 graus. Gorro, luvas, cachecol, botas e fato de neve se for preciso. O que interessa é sair. Brincar, passear, conviver, respirar ar puro, fazer bolas de sabão.
Estão-se bem a marimbar para o casaco e os sapatos da moda, os fofos e os laçarotes. Querem é andar quentinhos. Não podia ser assim também em Portugal?












Bom, avós, FaceTime é...

E não é que agora os avós podem ter o prazer de ver os netinhos todos os dias a qualquer hora do dia?

Ainda por cima, este método tem a vantagem de conseguirmos esconder facilmente aquele canto da casa que não nos dá jeito que a sogra veja. Evitamos que depois diga (baixinho, claro): "ó para isto, nem cuidar da casa... ". 

Agora que os avós herdam os nossos smartphones (foi o caso), podemos usar o FaceTime ou o Skype (isto, claro, depois de alguns bons momentos a explicar a toda a gente o que é cada coisa). 

Desejo muita sorte a quem tenha de explicar o conceito de internet ou de touchscreen, mas vale a pena o sacrifício. Imaginem lá os dias que poupam a ter que percorrer "capelinhas".

Eles ficam todos babados e, os nossos filhos só não ficam todos babados porque, provavelmente, já estão. 

Também usam este método? Já tiveram de explicar o que é?





12.20.2014

Tive pena da minha filha.

Não sei quanto a vocês, mas a palavra de ordem para as sopas da Irene é: variedade. Isso faz com que compre exemplares de praticamente todos os vegetais que há no coiso-online e, depois, faça tipo totoloto: tudo lá para dentro à molhada. Faço uma orgia de vegetais em que eles não têm vontade própria e, por isso, suam que nem porcos na primeira fase da cozedura e depois roçam-se uns nos outros que nem uma noite de Kizomba, algures.

Não interessa se a cenoura se arma em esquisita, se a alface tem herpes e, por isso, não quer enrolar-se com a courgette. Não interessa se a beterraba é ex-namorada do nabo que agora está a lambuzar-se todo com a batata-doce. Enrolam-se todos uns com os outros que nem uma turma de 12º ano numa viagem de finalistas e, às vezes, o resultado é mau. É péssimo.

Foi o caso de no outro dia quando decidi juntar batata-doce e milho e o caso de hoje em que pus alho francês, batata-doce, feijão verde e BETERRABA.

Além de não me lembrar de alguma vez ter comido BETERRABA na minha vida (até perguntei ao meu marido se não era aquilo que os restaurantes mais portugueses usavam para fazer flores nas saladas mas, afinal, parece que isso é rabanete), também não sabia que ia ficar com as mãos mais rosa que as paredes do quarto do Carlos Costa. 

Quando a sopa ficou pronta, fiquei com pena da Irene. Nem me dei ao trabalho de provar para depois não lhe estar a dar a comida à boca enquanto me bolço toda na minha. O meu marido come tudo o que lhe aparece à frente (só de comida, mantenham-se calmas eheh) e nem esta sopa quis provar. 

Lá ponho aquilo numa taça e dei à gorda. A gorda comeu. A gorda adorou. A gorda chorava entre colheres para lhe voltar a estocar a boca com aquela mistela (ai que quase ia escrevendo o nome de uma marca e hoje não me apetece). 

Também vos acontece darem coisas que não comeriam aos vossos filhos?



"Papa, papa... "

Blergh...


Será que o próximo cocó dela vai sair tipo uma tijela de Skip Baby (por causa da cor)?

Praga ou três dias sem a minha filha

Estou em Praga e completamente apaixonada por esta cidade.
Isto seria perfeito se eu não estivesse já cheia de saudades da minha filha.
Até 2a feira vou estar longe dela.


Chorei várias vezes durante a semana passada. Passaram-me mil coisas pela cabeça. E se o avião cai? E se ela fica órfã? Não deveríamos ir em voos diferentes? E se ela adoece? Se ela chama pela  "mamamama"? E se ela precisar muito de mim? Será que vai ficar zangada?
Quando nos voltarmos a ver, vou ficar tipo lapa agarrada a ela. Não vou desgrudar nem um bocadinho.

Já devem estar a pensar, no meio de tantos receios e angústias, "mas alguém lhe apontou uma arma à cabeça para ir viajar?"
Não, eu é que sou masoquista, pelos vistos. Antes de sair de casa custou-me muito, sentia-me a abandoná-la.

Podia vir dizer aquelas frases feitas para me consolar "antes de sermos mães, somos mulheres" ou "a mãe tem de estar bem". Acredito nisso, mas há coisas que têm de ser muito bem pensadas, não é ir passear sem a filha e logo se vê.
Quantas mães conseguem deixar os filhos com terceiros e não ter dúvidas de que estão a fazer o certo? Não é "adeuzinho que eu agora preciso um tempo". Não são decisões fáceis.

Mas agora que aqui estou e que recebo os relatórios da minha mãe - a segunda melhor mãe do mundo - percebo que posso estar descansada.
Comeu bem, sorridente, calminha, dormiu bem. Ela adora a avó e sente-se segura com ela.

E agora que aqui estou, tenho de aproveitar ao máximo para namorar, passear e deixar-me encantar pelos efeites de Natal da cidade. Sempre com ela no coração.