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10.15.2016

Um brinde a nós, mães.

Um brinde a nós, mães.

Que nos desdobramos, que acumulamos tarefas, obrigações, roupas por passar, peças do puzzle por arrumar e "caraças que pisei o brinquedo pontiagudo!".

A nós que temos casa, pessoas pequeninas e emoções para cuidar, para abraçar e para gerir, respectivamente, e tudo ao mesmo tempo. 

A nós que temos noites que se confundem com dias de tanto rebuliço e preocupações e ranhos e tosses e xixis na cama. A nós que damos tanto, sem pedir nada em troca - um sorriso basta. 

A nós que temos um trabalho de 24 horas por dia, que choramos às vezes na almofada o cansaço acumulado, para depois nos assoarmos com um bocado de papel e seguir em frente. 

A nós que sabemos bem que o mais importante é o amor, a educação, as cócegas e brincarmos ao leão da selva, mas que não conseguimos viver na porcaria e que prolongamos as noites no meio da tábua de passar e a louça por arrumar. 

A nós que vestimos calças para tapar os pêlos das pernas e "também não era preciso tanto desleixo, que raiva!", mas não arranjámos trinta minutos entre os banhos, o levar e buscar, os jantares e o vomitado que nos obrigou a mudar a roupa da cama outra vez e a roupa toda. 

A nós que às vezes não sabemos o que se passa no mundo porque o nosso mundo nos rouba o tempo todo e temos ali um livro à espera que o leiamos mas "vai ter de esperar". 

A nós que nem sempre temos a ajuda que precisamos, nem sempre temos coragem para a pedir, porque "ninguém tem de levar com o circo que montámos em nossa casa".

A nós que queremos estar com bom ar, passear, sair, estar com pessoas, mas nem sempre temos como e "esta foi a vida que eu escolhi, por isso aguenta e espera, esses tempos virão".

A nós que queremos ser melhores todos os dias e que sabemos que nem sempre o somos, nos culpamos, julgamos que piramos - às vezes sentimo-nos mesmo a endoidecer - mas sabemos que cá estaremos amanhã para a luta. 

E que nos perguntamos como é que as nossas mães foram tão corajosas, aguentaram tanto e nem sequer estavam para aqui com estes mimimis todos. 

Um brinde a nós, mães. Não temos de ser perfeitas, podemos pirar de vez em quando, chorar, ter pêlos por tirar, nem ter tempo para nos coçarmos. Um dia, conseguiremos equilibrar tudo. Um dia, até nos sobrará tempo. Mas sabem o que vai acontecer? Vamos ter saudades. Porque nesse dia, teremos ido levá-los ao comboio que os leva para a faculdade. Porque nesse dia, teremos ido ao casamento dela. Porque nesse dia, estaremos de regresso a nossa casa, depois do almoço de domingo em casa dele, e ele já não está na parte detrás do carro a cantar. E chegaremos a casa e o quarto que foi dele, e sempre será, estará vazio. Aí teremos tempo. A mais. E uma nostalgia que nos deixará um travo agridoce na boca. 

Um brinde a nós, mães. Aproveitemos tudo: a loucura, o mimo, as noites de colo sem fim. Eles por agora, não sendo (nunca são), são nossos. 




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10.09.2016

Não usa chucha!

A Luísa não usa chucha. [Já lá vamos.]

A Isabel acostumou-se a usar chucha. Não levei chucha para a maternidade, a fim de não comprometer a amamentação, mas ao fim de umas duas semanas senti necessidade de a acalmar com uma chucha. Não estava disposta (nem devidamente informada) a fazer livre demanda e não gostava de a ver chorar por tudo e por nada e lá me rendi. Experimentámos umas 4 diferentes e só aceitou razoavelmente uma da Avent. Ao fim de uns dias já eram grandes amigas. Funcionava como rolha para as moinhas, para satisfazer a necessidade de sucção, para dormir, para se acalmar. Às tantas - sem que eu me fosse apercebendo - passava a maior parte do dia de chucha. A partir do momento em que fez um ano e picos, passei a dar-lhe chucha só em casos de necessidade, choro mais inconsolável, para dormir ou para viagens. Confesso que me fazia impressão vê-la sempre de chucha, quando nem sequer estava carente, e comecei a reduzir mais e mais (porque ela também não se mostrava reticente) e passou a usar só para dormir a sesta e o sono da noite. Levava para a escola, mas já nem a punha com uma fita pregada à roupa - as educadoras tinham-na lá para caso de SOS, na mala. Com um ano e meio - até menos, mas não consigo precisar quando - largou, de um dia para o outro. Já tinha reparado que as chuchas apareciam mordidas, mas naquela noite foi diferente. Pus-lhe a chucha, peguei-a ao colo para a embalar e ela tirou a chucha e mandou-a para o chão. Achei que tinha sido sem querer. Fui passar por água e voltei a dar-lhe. Mordeu um bocado e voltou a mandá-la fora. "Ok, não quer." Nessa noite adormeceu sem chucha. No dia seguinte, na escola, pedi-lhes para lhe darem a chucha só caso ela pedisse. Não pediu. Nunca mais pediu. Foi o "desmame" de chucha mais simples do mundo, sem choros, sem dramas, sem pressões e ainda bem. Se ela mostrasse necessidade, ter-lhe-ia continuado a dar chucha, claro, até ela querer. Aliás, guardei uma chucha menos mordida para o caso de tudo aquilo ter sido um engano. Não foi.

A foto é da Isabel, com sete meses <3


Desta vez, optei por não dar chucha à Luísa. A ideia até era não lhe dar nunca, "logo se via". Digo-vos já que é uma decisão difícil, não tanto por ela mas pelos outros. Todos, à nossa volta, esperam que um bebé use chucha. No primeiro mês ela não precisava de mais do que mamar. Depois, houve ali uma fase em que me parecia que ela queria fazer sucção não nutritiva (aquilo a que chamamos "fazer da mama chucha", o que está errado porque a chucha é que foi inventada para (tentar) substituir a mama), mas não conseguia "chuchar" na mama sem que saísse leite [parêntesis para dizer que desconfio que produzo leite em excesso, daí, nas minhas análises nada científicas, claro, achar que a Luísa queria apenas confortar-se na maminha mas sem leite]. Ela já estava a rebentar de leite, já se bolçava toda e queria continuar a mamar mas aquilo causava-lhe um desconforto enorme. Nessa altura, tentei que usasse chucha. Fervi as que me tinham oferecido e tentei, durante coisa de uma semana talvez, oferecer-lhe. Odiou. Cuspia, chorava, enfurecia-se, engasgava-se, provocava o vómito, chorava ainda mais e eu desistia. Nada daquilo me parecia natural. E não é. Depois, voltei a tentar nas viagens de carro. Tudo o que fosse viagens mais compridas, era um suplício, chorava muito. Houve uma vez que até me debrucei sobre o ovo para lhe dar mama e tudo. Aceitou umas três vezes chucha, durante uns 5 minutos talvez. Uma ou duas vezes adormeceu no carro com a chucha. Mas, depois, voltava a oferecer-lhe e nada. Nunca aprendeu a gostar. E, na verdade, eu também nunca tentei muito, porque sabia que ia estar (quase) sempre à disposição dela para ter maminha (entretanto aprendeu a fazer sucção não nutritiva e fica tão calminha que até adormece na mama e tudo).

Desisti definitivamente. Há coisa de um mês e meio, a minha mãe comprou-lhe a última chucha, uma de um material qualquer xpto de borracha 100% natural, tentámos umas quatro vezes e ciau, ciau. Finito. Vozes fizeram-se ouvir de que era preciso insistir, insistir e insistir mas eu não quis submeter a minha filha à tortura da chucha. Também não gostaria que me impingissem uma porcaria que ainda por cima não é nada parecida com o original. Tenho - felizmente - toda a disponibilidade do mundo para a minha filha e ela lá se vai safando de vez em quando com a mão, dedos, polegar, mangas da camisola, pano, camisola do pai (ahah) quando eu não posso naquele exacto momento dar-lhe maminha.

É um descanso quando assumimos isto e paramos de tentar subverter o que lhes é natural. A minha filha não usa chucha. A minha filha odeia chucha. Ponto final. Podia ter ficado só pelo "a minha filha não usa chucha porque eu nunca lhe dei chucha", mas assim até tenho uma desculpa - estupidamente - mais compreensível para quem nos rodeia.



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10.08.2016

Eu não sou linda sem make-up.


Hoje adormecer a Irene correu bem, estou bem disposta. Espero que, com os vossos também não tenha sido difícil. Vocês merecem! 

É normal que muitas de vocês não conheçam a "minha história", o meu percurso (até porque há sempre centenas de pessoas novas que chegam com os posts de coração fora do peito da Joana Paixão Brás - adoro-te, Joana!) e não vou estar sempre a dizer o mesmo. Por isso, vou abreviar: antes de ser mãe era uma maria rapaz. Não cuidava de mim. Apesar de achar que ia ocasionalmente ao ginásio, creio que desprezava o meu exterior por ter medo de "tentar" e de depois reparar que não conseguia ser tão bonita quanto as outras pessoas. Mentia-me dizendo que era "prática". 

O mais doentio? Ao mesmo tempo tinha dias em que olhava para o espelho e em que me adorava. Só a cara, claro. O resto do corpo sempre preferi esquecer que existia. Como se todos os dias fossem um mau dia de compras, em que nos deparámos só com aqueles espelhos filhos da... que nos fazem sentir que somos banha de porco ambulante.  As psicólogas que estão a ler isto devem estar a pensar "hmmm... falha narcísica". É bem capaz, é. 

Depois de ser mãe, tenho valorizado mais a minha descoberta para o lado positivo. Sinto que foi depois do meltdown do pós-parto que acabei com aquele frenesi da adolescência de me diminuir e de perceber a minha insignificância no mundo de sofrer com gramas de drama pelo prazer de sentir qualquer coisa. 

Agora temos de ser mais produtivas. E, para sermos mais produtivas, temos de estar em condições. Não podemos estar coladas com cuspo, não podemos andar todos os dias a evitar olhar para partes de nós (psicológicas e físicas) para seguirmos em frente. Temos de ir resolvendo. Temos de ir lidando. 

Isto tudo para dizer que apesar de me andar a maquilhar todos os dias e adorar (até escrevi isto) - ao contrário do que eu sempre fui que só punha um "pózinho" na cara para entrar em palco por causa da rosácea. 

Continuando no trabalho de "descoberta" (este texto deve estar a ser super chato para quem não esteja na mesma onda ahah), olhei para estas fotografias que o Frederico me tirou na semana passada e achei que estava perfeitamente imperfeita (vi as borbulhas, vi!) Estou eu. Estou mãe. Estou feliz. Estou calma. 

Desafio-vos a encontrarem fotografias vossas em que não estejam "arranjadas" e que gostem do que vêem. 

Publiquem essas fotos no vosso mural, identifiquem a página e ponham o #eusemtretas. ;

Vamos fazer com que a fasquia seja a realidade e a felicidade! 

Isto deixou-me feliz. 




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10.07.2016

Recuso-me a aceitar que és a última bebé cá de casa

Recuso-me. Recuso-me a aceitar que serás a última bebé cá de casa. Mesmo aproveitando-te a cada segundo, mesmo dormindo contigo sestas para te ouvir respirar e estar lá quando acordas sobressaltada. Mesmo falando muito contigo, observando e ouvindo as tuas respostas, as tuas expressões. Mesmo não tendo estado ainda nem 30 minutos longe de ti. Recuso-me. Recuso-me a aceitar este tempo galopante que te acrescenta tantas gracinhas mas que leva de mim aquele bebé pequenino, que mal abria os olhos. Ontem viraste-te completamente, levantaste o rabo e puseste-te praticamente em posição de gatinhar. E eu pedi-te calma. Não estou preparada. E recuso-me. Recuso-me a despedir-me, para sempre, desta fase de bebé. Já sei como passa depressa e como num piscar de olhos vais estar a correr por aí e com saídas de nos deixar o queixo caído. Já segredei ao ouvido da tua irmã, numa daquelas noites em que não me deixa sair do lado dela, que ela vai ser sempre o meu bebé, mas a verdade é que eu já tenho muitas saudades. Muitas, muitas. Deste tempo que é só nosso. Em que estás cá fora, mas que te aninhas como se nunca tivesses de mim saído. 

Adoro ser mãe. É o que de melhor sei fazer, o que mais me completa, é o que me define, na minha essência mais profunda. Sou terna, sou um abraço enorme, um colo inesgotável, uma voz carinhosa e brincalhona, uns ouvidos atentos. Adoro os desafios que chegam, todos os dias, de ensinar, educar, brincar, impor limites, conversar e mesmo quando erro, quando não sou a mãe que quero ser, encaro-o como uma aprendizagem... E gosto de ver crescer a mãe que sou. Mas adoro a fase inicial, de amor em estado selvagem, mais de pele do que de cérebro, mais de abraços, colo e beijos, do que de conversa. 

E na verdade eu sei, Luísa, que muito provavelmente és a última bebé cá de casa e, também por isso, aproveito tudo ao milésimo. Todas as fases são bonitas, mas esta, em que és pura, tão dependente e quentinha, no meu colo, não se repete, passa depressa demais, e faz-me ter a certeza de que nasci para isto. 

21 de junho de 2016, Susana Cabaço Fotografia


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10.01.2016

Hoje a Luísa faz quatro meses e hoje fiquei deprimida

Hoje a Luísa faz quatro meses. 

Hoje conheci um casal - ela sueca, ele português - pais do Isaac e do Oliver. O Isaac tem 3 anos e o Oliver 8 meses. Estão cá em Portugal 3 meses, de licença de maternidade. Sim, na Suécia, país onde ele trabalha há 5 anos, as mães têm direito a 380 dias de licença - 13 meses - que podem, se percebi bem, ser usados/espalhados durante anos. A mãe pode tirar, imaginem, 3 dias por semana durante anos. O pai - e isto foi a coisa que mais me espantou - tem direito a 6 meses de licença. Sim, leram bem, mais do que uma mãe em Portugal. Podem fazer este esquema: mãe tira 3 dias por semana e pai os outros 4, sem falar nas horas de trabalho: "começamos às 7h mas depois saímos e ainda temos um dia pela frente, não é como aqui que temos de esperar pelo chefe para sairmos por último". Na Suécia, não há creche antes do primeiro ano dos filhos, não há o conceito de berçário. E eles cá estão, 3 meses em Olhão, com a família dele, a aproveitar a vida, a família, a construir memórias. Fiquei meia deprimida. Viemos passar o fim-de-semana ao Algarve (este ano ainda não tínhamos cá posto os pés), toda contente por estarmos dois dias em família, a achar-nos uns sortudos (que somos, é verdade...), mas há países que vêem mais além, que percebem que os primeiros anos são essenciais para o desenvolvimento de uma pessoa e que mostram que é possível pôr a economia a mexer assim mesmo. A Luísa hoje faz quatro meses e eu fiquei deprimida porque por cá ou temos de pôr uma licença sem vencimento (quando dá...), despedirmo-nos (isto se houver rendimento suficiente na família, o que é raro...), abdicarmos de uma carreira para que os nossos filhos tenham o direito de crescer com uma mãe (ou pai) mais presente. É triste. Pronto, já desabafei.

Fotografias desta semana do meu instagram


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9.24.2016

Larguem as mães!

No outro dia, estava com a Luísa num centro comercial, uma senhora de uns 60 anos veio ter comigo e disse-me: "não me leve a mal...." (pronto, ela aí vem) "mas não devia estar a pegá-la ao colo assim. Ela é muito pequenina, faz-lhe muito mal às costas." Sorri e agradeci. Acredito veementemente que a intenção era excelente, mas é chato. É chato ter sempre alguém que nos chama a atenção para o que - hipoteticamente - estamos a fazer mal, é chato termos de estar sempre a pôr em causa o que fazemos e como fazemos, é chato ter o mundo sempre a validar o nosso papel de mãe. Acho que o facto de sermos mães (jovens?) parece dar aos outros legitimidade para opinarem. Parece que quando há bebés e crianças ao barulho, as pessoas se esquecem do que é socialmente aceitável. Duvido que se eu estivesse somente sozinha a comer um bife com batatas e arroz, alguém me fosse dizer "não me leve a mal, mas sabe que é redundante estar a comer na mesma refeição arroz e batatas, ambos hidratos". Ou caso estivesse de saltos altos finos "não me leve a mal, mas seria menos mau usar cunha e compensado, porque assim reduz muito a estabilidade do contacto do pé com o solo e altera a posição do joelho, da anca e da coluna lombar, o que a médio prazo lhe vai fazer muito mal à sua saúde." Quando temos uma criança na barriga, nos braços, no carrinho ou no canguru, ficam com um sentimento de pertença qualquer (já alguém dizia "as crianças são do mundo"...) e acham que podem e devem aconselhar, questionar, sugerir, comentar TUDO o que lhes diz respeito.

- é menino? /é menina?/ mas tem cara de menino, não tem?/ ah é tão bonito, parece mesmo uma menina!/ agora tem de ir ao menino. /um casalinho, que bom, fica já despachada! /assim TEM de ir ao terceiro... /ainda vai à menina.

- mama?/ não mama?/ porque já não mama, se não é indiscrição (é, é indiscrição!)?/ tão gordinho!/ tão magrinha!/ tão pequenina!

- anda no carrinho?/ e gosta?/ anda sempre ao colo? habitua-se mal/ cuidado com as perninhas/ coitadinho fica todo amassado / ele assim fica moído / ele assim no carrinho não vê a rua, vire-o para a frente / ele consegue ir no carro contra a marcha?

- que menino tão feio, a fazer birra/ tão bem comportadinho, espere pelos 4 anos, são os piores/ ele tem de ouvir "não" / olhe que assim fique mimado

- oh tadinho, essas modernices das comidas saudáveis / eles têm de provar de tudo / eles não podem comer isso com essa idade / olhe que se vai engasgar, o meu sobrinho...

- está a transpirar muito, tadinha, veja se se constipa / está muito frio aqui, cuidado que ele está a apanhar vento na cabecinha / eles têm de ter uma camada de roupa a mais que nós / eles têm exactamente o mesmo calor e frio que nós temos

enfim, tudo o que envolva o sono, transporte, hábitos, brinquedos, saúde, sapatos, televisão e novas tecnologias, horários, sol, passeio, comida, etc, etc, etc. 

Larguem as mães!


*Imagem we heart it

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9.23.2016

Estive quase a puxar a mão atrás.

Há dias que nos levam ao limite. Há dias em que parece que está tudo organizado para nos lixar a cabeça, para nos deitar abaixo e que nos fazem questionar tudo e mais alguma coisa.

A Irene vem muito sensível e cansada da creche. Estava habituada a fazer três horas de sono à tarde, sem ninguém a perturbar, agora acorda com os outros miúdos (dormem todos na mesma sala, claro), além de passar o dia muito mais ocupada e, por isso, gastar mais energia. 

Agora, por também conviver com outros meninos da idade dela, também aprendeu a ser chafurdona com a comida. Ainda ontem decidiu cuspir a quinoa toda (fui eu a cozinhá-la, pensei que poderia ter toda a razão) e gritar que queria comer a minha massa. Disse que sim, mas que primeiro tinha de comer uma de sopa dela, uma de comida dela e depois uma de massa minha. Dizia que sim, aceitava a quinoa e depois cuspia. Eu dizia que, sendo assim, não havia massa porque além de ser uma porcaria que faz com que ela tenha de limpar o chão, faz com que a mãe fique triste por ela não ter aceitado e, portanto, fique sem vontade de lhe dar a massa.

Ela continuava a agir bem para comer a massa, mas depois cuspia na mesma. Reparei que, à semelhança de outras alturas em que a Irene fica com muito sono, não estava a fazer qualquer sentido. Isto enquanto, à moda antiga, estava louca para lhe mandar três ou quatro berros, ameaçar-lhe com tareia umas duas vezes e ainda pendurar-me nisso para não lhe contar uma história de boa noite. Não. Vi-a como uma criança morta de sono e que queria muito comer a massa e que não estava a gostar de comer a quinoa. Perguntei-lhe: 

- Queres um abraço, Necas? 
- Sim. 


Dei-lhe um abraço. Numa altura em que ela pensaria que eu estaria super desapontada e zangada com ela. Compreendi que também eu, por vezes, tenho sono e não faço sentido. Não adiantaria ninguém ficar zangado comigo ou tentar ensinar-me alguma coisa naquela altura. Olhei para ela como uma mini mulher, meia descompensada por cansaço que também faz com que fique mais sensível. Dei-lhe um abraço de mãe e sentei-a no meu colo.

Comeu a sopa toda e a quinoa, esqueceu-se da massa até que, no final, lhe dei. Deu-me uns quantos beijinhos voluntariamente no braço enquanto jantava. 

E foi tudo pacífico até ir dormir. Com história da Patrulha Pata e tudo. 

Um abraço que mudou tudo. A noite da filha, a noite da mãe e mais uma grande lição para mim. 

Agora vou aprender a cozinhar Quinoa e já volto. 

 


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9.19.2016

Não temos pediatra, por opção

Nunca pensei que iria estar tão confortável com esta decisão. A verdade é que a Luísa não tem pediatra. Gostamos tanto do acompanhamento que tem tido no Centro de Saúde, que não sentimos necessidade, pelo menos ainda, de que seja seguida num pediatra.

Bem dizem que com um segundo filho é tudo diferente, e é. Apesar de não nos lembrarmos de muitas coisas, já vamos com um arcabouço muito maior, mais confiança em nós. Desta vez, fiquei estupefacta com a dedicação e a simpatia da médica de família, com quem estivemos uma hora, na primeira consulta. Confiei. Achei até redundante ter médica de família e pediatra, neste caso. Sim, eu sei que cada um tem um papel distinto, que o pediatra é especialista, mas acho também que se alguma coisa não estiver bem com a Luísa serei rapidamente encaminhada para um. Eu própria, numa urgência, contactarei um. Muitas vezes é a disponibilidade do pediatra, à distância de um SMS ou chamada, que nos sossega o coração e, além disso, nem toda a gente tem médico de família, muito menos num CS a funcionar muito bem como aquele em que estamos. A enfermeira é um espectáculo, sinto-me muito bem recebida e atendida sempre que lá vamos pesá-la ou às vacinas e estou confortável a 100% com esta decisão. Até quando? Não sei. Mas para já é para continuar assim.


Uma foto publicada por Joana Paixão Brás (@joanapaixaobras) a



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8.29.2016

Afinal não quero falar convosco!

Super agressiva? Pareço uma pré-adolescente quando se apercebe que as portas dão para fechar com força, não é? Não era essa a minha intenção. Sempre que vos vejo e vêem falar comigo, fico eufórica por sentir que os números que vemos nos posts são reais. Que há pessoas por trás dos números. Que aqueles comentários vêm de seres que respiram, que amam que, tal como nós, têm crescido todos os dias por causa do amor - o que é que se passa comigo hoje?

Só que... há um problema... 

Não sei o que se passa comigo, mas não estava à espera desta minha reacção: eu que já fiz stand-up, eu que sempre fui a primeira a levantar o braço para tirar dúvidas aos professores, eu que adoro e fiz um bocadinho de teatro, que sou sempre aquela que, nos jantares grandes, alegro (ou chateio) toda a gente)... Afinal, procuro é um buraco para me enfiar!


Quando ontem conheci a Matilde e a Madalena e a Leonor e a Lúcia (o que se passa também com os vossos nomes? ;)) no sábado, tentei perceber o que sentia e fico muito tímida. Gosto imenso de vos conhecer, mas é como se estivéssemos num encontro combinado por amigos mas que já vos tivessem contado tudo de mim e eu na perfeita ignorância.

Fico toda contentinha, é um facto. Porém, sempre que nos afastamos fico a achar que pareci uma totó por não ter conseguido dizer nada de jeito. Tenho receio de parecer antipática (porque não sou) e - que parvoíce - de ter destruído uma imagem qualquer que vocês tenham criado (até parece que vocês lêem uma história erótica por aqui e que depois conhecem o rapaz sem jeito nenhum na vida real). 

Estou mesmo surpreendida com esta reacção. Sei que sempre fui uma falsa extrovertida, que é tudo uma espécie de alter-ego, mas sempre consegui representar bem para os mais desatentos. Agora não consigo. Com vocês não... 

Porque... (palmas e lágrimas) tudo o que vos escrevo aqui, vem mesmo da minha cabeça, vem mesmo do meu coração. Estou mesmo despida perante vocês, uma multidão que não conheço, mas que estimo e muito. Conto-vos o mau, o estúpido e o bom e o genial (ahah).

Quando me vêem, vêem-me mesmo. 

Claro que não quero não falar convosco, mas não fiquem a pensar que sou uma totó, está bem? ;) Fico mesmo envergonhada... 

Obrigada Leonor e Lúcia, Matilde e Madalena. 

"Desculpem" lá qualquer coisinha.
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8.21.2016

Dorme a noite toda!

A Luísa dorme a noite toda, praticamente desde que veio para casa. Sim, é bom. Sim, é meio caminho andado para eu não ficar completamente xexé da cabeça. Da Isabel nunca foi assim, apesar de ter chegado a fazer 7 horas num dia (muito) bom. Só ao fim de um ano e tal é que soubemos o que era isso de dormir uma noite seguida, mas ainda assim nunca aconteceu muitas vezes.

A Luísa dorme e a Isabel acorda. Uma, duas, três vezes. Mais. Com o calor, com pesadelos, com tosse, porque sim, porque precisa de mim. Às vezes custa, outras vezes não custa. A Luísa compensa. Quando (ou "se") deixar de compensar, lá terei de me adaptar a essa realidade e andar cá e lá, a fazer piscinas. Se acontecer penso numa solução, não vale a pena sofrer por antecipação. A Isabel não quer vir dormir connosco, na nossa cama, gosta de ter o seu espaço. Eu vou lá. Às vezes aceita que seja o pai. Às vezes pede leitinho. Às vezes adormece antes de eu lá chegar com o dito. Às vezes fico a dormir com ela. Às vezes dorme a noite toda e eu rejuvenesço mil anos.

A Luísa... a Luísa mama muito durante o dia, mas durante a noite dorme. Adormece às 22h-22h30 para o sono grande, às vezes volto a dar-lhe mama por volta das 7h, se a acho mais irrequieta, e depois volta a dormir mais duas ou três horas. Já chega a fazer 12 horas. Já me disseram: "mas isso é porque o teu leite é bom". Sim, o meu leite é bom. É uma verdade. Mas o leite das outras mães também é. Todos os leites são bons (são raras as excepções). Ou todos (quase todos) podem ser bons, se fizerem uma coisa chamada livre demanda, sem horários e sem restrições. Se a pega estiver bem feita, se procurarem apoio de pessoas especializadas, se confiarem em vocês. Quanto mais o bebé mamar, mais leite é produzido. Agora... se é (só) por isso que a Luísa dorme? Não é. É dela. Quantos bebés são amamentados em livre-demanda e não dormem a noite toda? Quantos bebés bebem leite de fórmula e não dormem a noite toda? Não tenho explicação para ela dormir bem, fico toda contente, mas sei que a qualquer momento pode deixar de dormir assim (lembro-me sempre do caso da Irene, da Joana Gama).

A minha questão é: como faço para ela dormir também bem as sestas? Eheh Estou a brincar! :) Ela dorme bem, tem é de ser ao colo ou em andamento. Ou de mama na boca. Se a deito, acorda. Juro que não me estou a queixar, tenho noção da sorte que me saiu na rifa! 



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Ela não é perfeita.

Pode parecer. Pode parecer que é tudo óptimo e que não há problemas com a Irene, mas há. Se não houvesse é seria problemático. É normal haver "problemas", é normal haver crescimento e de todos, não apenas das crianças. 

A Irene é magnífica, divertida, inteligente, comunicativa, energética, compreensiva, mas... 

  • Faz uma birra enorme quando sabe que me vou assoar - não gosta de barulhos altos - não que eu me assoe alto que sou uma mulher cheia de classe (ahah) - mas esteve com quem se assoasse assim quando era pequenina e ficou com medo. 
  • Quando está frustrada, bate-me. - E é só a mim. Claro que "toda" a gente me faz a cabeça que é por ser eu a mais compreensiva e "branda" e lá lá lá, mas sabem noutra coisa que este blog é espectacular? Tenho reparado que acontece mais frequentemente com as mães por, no fundo - ahah não queria dizer nada isto porque sei que me pode trazer problemas - ser connosco que se sentem mais à vontade para mostrar o lado primitivo, vá. Atenção que ela nunca levou uma única palmada na vida, é mesmo "animal".
  • Diz que quer uma coisa para comer e, quando a damos, pede outra - Ui, se há algo que nos enerve de manhã é isto. Depois de fazer o pão com creme vegetal (sim, sou dessas) a miúda sai-se com "quero iogurte". Claro que podíamos não perguntar nada, mas continuamos a fazê-lo.
  • Apesar dos milhares de avisos, continua a atirar coisas para o chão - ela sabe que não deve e muitas das vezes é por falta de jeito, mas continua a fazê-lo, apesar das conversas. 
  • Sempre que perguntamos alguma coisa ou sugerimos, mesmo que queira, ela diz "não" - é sempre o primeiro contacto porque, vá, também culpa nossa, achamos piada das primeiras 10 vezes. 
  • Dizer que não queremos que ela mexa nalguma coisa porque "é do pai" e ela pega nela e vai dar ao pai - para poder mexer na mesma. 
  • Agora anda a dizer que não quer dormir à hora da sesta, apesar de depois adormecer facilmente quando convencida.
  • Não gosta que o Frederico e eu nos abracemos muito - achamos ainda alguma graça a esta. 
  • Se estivermos a conversar um com o outro e isso perturbar a sua actividade (ouvir o ipad, é um exemplo), não quer que falemos um com o outro.

Ela não é perfeita e ainda bem. Ninguém é e ela é alguém. Uma pessoa ainda em pequenino, mas já uma pessoa. 


Parece o gato das botas do Shrek aqui. 
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8.19.2016

"Anda lá, despacha-te! Não vês que a mãe está com pressa?"


No dia em que se fartarem da minha partilha de aprendizagem com a Irene, digam (que não muda nada, eheh). Gosto mesmo de vos ir mostrando as coisas que vou retirando para que mais aprendamos mais depressa ou então, caso não concordem comigo, ao menos que pensemos todas juntas e sejamos pais (e mães, claro) mais conscientes. Acho que essa é a principal tendência desta nova geração de pais. As coisas estão a mudar (ainda bem) e uma das melhores coisas (com outras negativas que vêm com elas) é que pensamos mais e, muitas vezes, até melhor no exemplo que damos aos nossos filhos e no caminho que queremos percorrer com eles até serem alguém de valor. Damos mais importância à felicidade interior do que, propriamente, a não poderem fazer birras porque têm de se comportar como adultos ainda com 2 anos de idade. Acho que estas mudanças são naturais, tendo em conta a maneira como fomos educados. Muitos de nós estamos a tentar fazer diferente. Não rejeitando tudo aquilo que nos foi transmitido (nem tudo estava mal, credo), mas melhorando as coisas das quais sentimos falta. 

E, por isso, tento estar atenta às coisas que faço e, principalmente, às coisas que impinjo à Irene. 

Lentamente me fui apercebendo que a minha fúria de querer fazer coisas com ela quando chego do trabalho não estava a ser saudável para ambas. Dei por mim a sair todos os dias e a fazer coisas "lá fora" com ela, por ela não sair de casa até eu chegar, mas reparei que há muito tempo que não a sentia nos meus braços sem distracções. Tenho andado a ficar mais tempo em casa, dedicada só a ela, sem piscinas, sem jardins e baloiços. Ouvir o que ela tem para me dizer e vê-la a brincar (brincado com ela também). 

Ainda dentro dessa fúria, reparei que, por querer manter mais ou menos a rotina da Irene, tudo o que tínhamos de fazer era a despachar. Chegava a casa e tentava abreviar a mamada para "termos tempo para ir à piscina". Apressava-a para mudar a fralda, mesmo quando a ela ainda lhe apetecia estar mais um bocadinho deitada... Afinal, quem é que queria ir à piscina? Por quem estava eu apressada? Se a Irene quer demorar mais tempo a fazer as coisas e se, por isso, não formos à piscina... vamos noutro dia. 

Bem sei que isto são problemas de primeiro mundo. "À piscina? São muito finas!". O problema é que a piscina não é nossa e ainda temos de conduzir até lá chegar e voltar, se fosse nossa "não haveria pressa". Estou sempre a apressá-la, porque quero que tenhamos tempo para fazer "tudo". Para quê? 

O melhor é mesmo planear pouca coisa ou "deixar ver". Uma suposta ida à piscina pode ser trocada por uns 20 minutos aos saltos na cama dos pais e as restantes horas a dar papinha à Sara ou ao Martim. 

Eles têm que ter tempo. Eles querem parar para cheirar as flores e nós, por estarmos com pressa (muitas das vezes por causa deles), estamos a abreviar-lhes o dia. 

Vou dizer mais vezes que SIM ao que lhe apetecer fazer. 

Tal como no outro dia. Era tarde. Tínhamos ido jantar fora. A Irene foi-se deitar e já estava escuro (não é costume). Pediu-me para ver a lua e lá fomos. Ela de fralda e eu de pijama, na varanda do quarto dela, vimos a lua durante uns minutos. Se estivesse com pressa, não tínhamos vivido este momento juntas que me comoveu e que ainda hoje ela fala sobre ele.

Pode ir ver a lua, a Necas? 
Pode, Necas. Vamos. 

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8.18.2016

Um dia isto acaba.

Não estou a falar do blogue, não se preocupem. Quer dizer, pelo menos, por mim, não acaba tão cedo. Acho que, pela Joana também não. Aliás, espero que não, porque se ela não escrever neste blog, ele vai mirrando e ficam só as 15 pessoas que gostam de mim. Sendo que 10 dessas ainda não perceberam que são duas a escrever. 

Quero dizer-vos que "um dia isto acaba". Um dia, a fase má, de falta de controlo, de privação de sono, de loucura ao extremo, de culpa sempre presente, de ansiedade extrema... um dia acaba. 

Tenho tentando ajudar amigas minhas que estão agora a passar pelos primeiros meses com um recém-nascido. Tenho tentado não meter muito o bedelho. Tento falar só quando me perguntam alguma coisa e deixar sempre muito claro que "eu faria assim, não quer dizer que tu faças" e tento, acima de tudo, passar confiança. 

Ainda ontem, uma delas (assim parece que tenho imensas amigas - o que é esquisito porque não tenho) me falou sobre a "alcofa ter picos" que, quando mete lá o miúdo, ele volta a chorar. Isso trouxe-me "tão atrás". Está entre aspas porque a Irene dois anos e meio, apesar de ter parecido que foi há 10 anos. 

Era horrível para mim adormecer a Irene, passá-la para a cama, sair do quarto de fininho, chegar à porta cheia de esperança e, depois, ela começar a chorar outra vez. Escrevi imenso sobre sono no blog (vejam aqui). 

Era terrível ela começar a chorar perfeitamente desnorteada e não parar com nada. Nem a maminha aceitava... o que fazer? Cantar? Tantos Hakuna Matatas que cantei pelo meio de soluços e de lágrimas, na esperança de que ela se acalmasse, que sentisse que a mãe estava calma, apesar de estar a reagir como se estivesse a família inteira sob fogo. 

Chorava, suava, ficava zangada, depois ficava zangada comigo por ter ficado zangada, ficava desesperada, chorava, enchia-me de esperança, ficava triste, ficava a sentir-me perdida, questionava-me se merecia ser mãe... 

Um dia isto acaba. 

Todo esse volume tão alto, um dia baixa. Se tudo correr bem - o normal é correr, baixa. Hoje, a Irene acordou às 6h da manhã e eu, cheia de pica, fui AO GINÁSIO a uma aula de BODYCOMBAT. Quando, alguma vez na minha vida, enquanto passava por tudo isso, alguma vez conseguiria imaginar que iria conseguir voltar a ter este espacinho na minha vida em que sinto que consigo fazer tudo e que amo viver? 

Por isso, vocês, mães, que agora se sentem perdidas, lutadoras, abandonadas por vocês mesmas, que parece que não conhecem esse ser que saiu fora de vocês e que quase vos parece, às vezes, ter sido um erro... 

UM DIA ISTO ACABA. 

Outras missões virão mas, até agora, nada tão complicado como tudo isso. É como um jogo de computador, mas em que parece que estão a começar pelo boss. 

Força. 


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8.17.2016

*Que péssima mãe, Carolina Patrocínio!

*Que péssima mãe, Carolina! Que irresponsável! Se não fosses figura pública já te tinham tirado os filhos! Não só te puseste com as manias do exercício físico na gravidez, pondo em causa a saúde das bebés, como agora pões em causa a integridade física da tua filha mais nova, com esse espírito radical e - repito - irresponsável? 


Assim não, Carolina. Não faço ideia se esse carrinho é seguro ou não. Não sei se estavas ou não só a experimentar. Não sei se estava mais alguém do outro lado da rua a garantir que não vinha um carro. Não sei se estás bastante à vontade com longboards, ski, skate ou macramé. Não sei se a rua até estava cortada ao trânsito pela polícia porque havia umas gravações do outro lado. Não sei nada sobre ti nem sobre as tuas circunstancias. Mas eu, que estou confortavelmente atrás de um computador, vou dizer-te umas coisinhas, minha menina, porque EU POSSO.

Eu, que até já agarrei no telemóvel ao volante, com as minhas filhas no ovinho lá atrás, viradas no sentido da marcha, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que preferi estar, sem indicação médica, alapada ao sofá a comer donuts e croissants com nutela e beber coca-cola quando estava grávida, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que dou um tablet para as mãos do meu filho para que ele chateie menos às refeições, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que despacho a minha filha para os avós sempre que posso para poder ir à praia e estar com os meus amigos, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que compro os meus filhos com brinquedos e chocapic, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que não deixo a minha filha ir à praia com os colegas da escola, porque nunca se sabe o que lhe pode acontecer, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que dou uns açoites ao meu filho quando ele se põe com birras, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que nem pus protector solar à minha filha porque "era só um bocadinho e não valia a pena", digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que não tenho filhos, mas sei muito bem já o que vou ou não fazer, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca farei igual.


Eu, que experimento, que me arrependo, que testo, que me engano, que escondo, que encolho os ombros, que às vezes nem quero saber, que digo "um dia não são dias", que arrisco, que complico, que erro e volto a errar... EU POSSO sobranceiramente dizer o que TU podes ou não fazer, o que és e o que merecias que te acontecesse.


*texto escrito com ironia e sarcasmo.


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8.10.2016

"Mãe, quero um mini-milks!"

Eu! Quem haveria de dizer! Eu! Eu, a mãe que raramente permito excepções (acho mesmo que excepções têm de ser excepcionais), eu que era muito robótica em tudo e que não admitia nem um grama a mais de sal que o necessário...

... propus um mini milk à Irene. 

Claro que não foi "assim do nada". Tenho dito que os gelados são "só para os crescidos" e lixei-me. No outro dia fomos ao jardim com uma amiga minha e o filho dela que é mais novo que a Irene. O filho dela começou a lambuzar-se todo um mini-milk. 

Pronto. Eis a excepção. Ali o gelado "não era só para os crescidos" e não queria que a Irene se sentisse "diferente". Nunca tinha percebido muito bem este argumento até ver a cara da Irene a tentar deliciar-se com a expressão do Diogo a comer o mini-milk, a tentar perceber a que saberia. 

Mini-milk para a menina. Ela adorou e eu também (tinha de ir dando um jeitinho para não derreter nas mãos dela, sabem como é heheh). 

Agora, à noite, está sempre a pedir mais "um mini-milks". Também gosta dos gelados de fruta que faço em casa, mas hei de arranjar uma maneira de não tornar a "exepção habitual". 

A senhora do café diz que uma mãe que costuma lá ir, nega gelados com o fundamento de "não ser domingo". Comer só guloseimas a um dia da semana, parece engraçado, mas isso não as tornará mais "proibidas" e uma coisa que eles sonharão alcançar quando deveriam ser encaradas "normalmente"? 

Como tantas coisas na maternidade, é um "logo se vê", vamos vendo como é que ela reage sempre que vir uma arca de gelados, etc. 

Gosto de ter gostado de lhe dar um gelado.




Avós da Irene, calma com os cavalos, só a mãe é que pode dar gelados e, mesmo assim, ainda está a ver como é que isto funciona, está bem? ;) E cuidado que ela já fala muito bem! 

Pedido: mães nutricionistas e afins, qual é o gelado "menos mau" para as crianças comerem? É mesmo o mini-milk ou é tanga? 

O vestido

Lembro-me de alguns dos meus vestidos de infância. Não tinha uma irmã para ir a combinar mas a mãe da minha melhor amiga, a Priscila, que vivia no rés-do-chão, tinha um gosto muito parecido com o da minha mãe e às vezes calhava termos peças iguais, da Benneton. Ou do mesmo modelo com tons diferentes. Era quase como andar nos Onda Choc, todos a combinar: adorava. Não posso dizer que tenha sido uma Maria Rapaz, sempre gostei muito destas mariquices todas. E assim continuo enquanto mãe de meninas: levam com muito laço e muito frufru. Mas agora já começo a variar mais, muito mais. 

Aliás, é cada vez mais raro vestir-lhe um vestido. Nunca pensei que chegaria aqui, mas rendi-me, neste verão, às t-shirts, aos tops de alças, aos calções de algodão. Não que sinta que prenda os movimentos, nem que seja desconfortável, que ela continua a macaquinha aventureira de sempre. É mais por mim: não me apetece perder muito tempo a passar roupa a ferro. Mas há casos que compensam e este foi um deles.

Adorei vê-la com este vestido, fresquinho e com pormenores muito bonitos. Ela adorou também, que eu percebi, sem que precisasse de o dizer. Gostou mais ainda quando percebeu que podia combinar com os sapatos cor-de-rosa. "Igau!", dizia, entusiasmada. Delirou quando viu que a mana também tinha uma roupa parecida. E lá andou ela a espalhar charme pela Invicta. :) Sim, é cada vez mais raro vestir-lhe um vestido, mas quando acontece é lindo ver a alegria (e vaidosice) dela.


 

Vestido - Petit Biscuit
Sapatos Victoria (os preferidos da Isabel) - Pegada Doce


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8.08.2016

Aos amigos sem filhos.

Obrigada.


Obrigada aos amigos sem filhos que nos acolhem. Que nos continuam a escolher para estarmos nas vossas vidas. Nós não somos os mesmos, nunca mais seremos. Seremos sempre dois, três, quatro corações: um dentro, os outros fora. Seremos sempre dois pratos de uma balança que alterna, qual baloiço do jardim, entre harmonia e rebaldaria (ou loucura). Tudo muda em segundos. E volta a mudar. Seremos sempre muitas vozes, várias vontades e, às vezes, poucos ouvidos.

Por vezes estamos mas a nossa cabeça não está. Podem ver pelas olheiras e pelas madeixas por fazer que não estamos a conseguir levar na mala de viagem todos os itens da lista. Uns ficam a faltar, ficam para depois. Paciência. Às vezes também vocês ficam para depois. A chamada fica por atender para não acordarmos a bebé que dorme no nosso colo. A sms fica por responder porque a mais velha pede atenção e depois é a hora do banho e a hora do jantar e depois lavar os dentes e história e cama. E às vezes adormecemos ou temos ainda a casa para arrumar. E depois esquecemo-nos. E dormimos mal e tornamo-nos a esquecer na manhã seguinte. Mas vocês sabem. Vocês sabem que não é por não querermos. Demora a conseguir pôr tudo em ordem, na vida e na cabeça.

Não somos os mesmos: somos os mesmos mas mais um bocadinho. Mais um bocadinho de emoção, mais um bocadinho de lágrimas, mais um bocadinho de desorganização, ou então mais um bocadinho de organização, onde nem sempre o acaso e o imprevisto podem entrar. Já não podemos andar ao sabor do vento nem fazer o que nos dá na telha. São poucas as vezes em que conseguimos, mas valem por dez, vivemo-las intensamente e aí vão poder ver que somos os mesmos, mesmo não sendo.
Obrigada por nos continuarem a mimar, a visitar, a mandar sms. Obrigada por nos receberem em vossa casa, mesmo correndo o risco de levarem com um Miró nas vossas paredes. Ou de quase vos rebentarem os tímpanos com as birras dos nossos pestinhas.
Obrigada, amigos.
(Obrigada, Sandra, por estes dias no Porto <3)

Carreguei-o nos braços, ainda sem respirar.

A minha cabeça é como aquelas zonas em que há um ecoponto, mas que se está toda a gente a borrifar. Está tudo baralhado e, à noite, enquanto durmo, bem que tenta "arrumar a casa", mas acho que para o fazer, tem que tirar tudo e voltar a pôr.

Lembro-me frequentemente de sonhos. Também me esqueço facilmente depois. No entanto, este ficou aqui gravadinho só mesmo para me azucrinar. 

Percebo umas coisas de interpretação de sonhos (acho eu), por prática, por leituras e por ter feito uma espécie de psicanálise durante uns tempos. "Percebo". Quer dizer, até que ponto é que aquilo que se acha hoje em dia que são leituras próximas da verdade, realmente o são? Um dia virá um Freud qualquer dizer que, se sonharmos com terra, que quer dizer que temos saudades de um esquilo de uma das nossas vidas passadas, por isso, o saber aqui - como em tantos outros campos - é tão, mas tão relativo.

O sonho, Joana. O sonho. 

Ok.

Estava deitada na cama da Irene, a dar-lhe de mamar. Era de manhã. Estava nua (costumo estar só de cuecas). Apercebi-me de que algo se passava entre as minhas pernas e senti uma cabeça quente, com cabelo. Como a da Irene quando nasceu. Uma cabeça mole, quente e com imenso cabelo. 

Instintivamente o meu corpo começou a expulsá-la, enquanto dava de mamar à Irene. Tentei que a Irene não reparasse no que estava a acontecer e tudo prosseguiu, para ela, com a devida normalidade. Dei-lhe a "ota maminha" quando ela pediu. 

Fiquei com um bebé nos braços. O meu novo bebé - nem sequer sabia que estava grávida. Ele estava confortável dentro de um casulo transparente (sim, eu sei) e ainda agarrado a mim por um cordão gelatinoso. Depois de dar de mamar à Irene, fui ao nosso quarto e disse ao Frederico que tínhamos de ir para o hospital porque eu tinha feito com o que o bebé nascesse. 

Lá fomos. Entrei directamente para a sala das urgências, sem preencher papeladas primeiro. Achei que era importante a esse ponto. Descalça, com um vestido, mas com o cordão a ir de mim até ao meu colo. Disse a uma enfermeira: "Olá, o meu filho nasceu, pode ajudar-me?". 

Ela disse: "já o aspirou e limpou?". 

Disse que não que, por isso é que estava ali (ui, vieram-me lágrimas aos olhos porque acabei de perceber o significado do meu sonho, que chatice... vocês não imaginam o quão escrever sobre as coisas é importante para mim, isto ter-me-ia escapado...). Ela pegou no bebé e levou-o para o limpar, aspirar, tirar da placenta, etc. Isto imediatamente a seguir a ter cortado o cordão umbilical. 

Perdi-o. 

Não nesse sentido, noutro. Por alguma razão, não decorei para onde foi o meu filho, nem me conseguia lembrar da cara da enfermeira. Corri o hospital todo a perguntar se alguém tinha visto o meu bebé a quem eu tinha pedido ajuda para que ele ficasse bem. Não o encontrei. Todas as pessoas me pareciam iguais, os corredores iguais, além de estar super preocupada com o Frederico (choro outra vez) porque ele não tinha entrado nas urgências comigo e não sabia minimamente o que se estava a passar. 

Decretei-me maluca e fui para a cafetaria. Quando peguei no meu telemóvel velhinho para escrever ao Frederico - sem conseguir com os nervos - "tá td bm". Ele encontrou-me e com os olhos de quem estava em pânico....

Acordei. 

Estou a chorar imenso, caramba. Estou no estúdio sozinha (estou a fazer manhãs hoje) e, por isso, posso. 

Este foi o parto dentro de mim. Isto foi o que o meu corpo registou do meu parto. Esta foi a verdade emocional para mim. 

Estou quase pronta para seguir em frente :) . Sinto isso. 

Eu demoro é a digerir. 

Que alívio.


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8.07.2016

Até ao meu último suspiro

Durmo ao teu lado, Isabel, meu amor grande. Digo-te que és o meu amor grande e que a mana é o meu amor pequenino, mas a verdade é que serás sempre o meu amor pequenino e serás sempre o meu grande amor. 
Como cresceste, filha! As tuas mãos, os teus dedos, as tuas pernas, os teus olhos e até as tuas pestanas... cresceste e cresces com novas expressões, novas gracinhas e com uma compreensão cada vez maior do mundo... mas serás sempre a bebé que fez de mim Mãe. E precisas tanto de mim... Como podem dizer que, quando choras e chamas por mim, me estás a manipular? Choras e chamas por mim porque me amas como a mais ninguém e isso para mim é um privilégio! Choras e chamas por mim porque tens saudades, porque confias em mim, porque me queres ao teu lado! E eu ao teu lado quero estar, para te defender dos lobos. É ao teu lado, a dar-te colo e a sentir a tua respiração, que me sinto feliz!

Dormes ao meu lado, filha, e eu desejo que os teus sonhos sejam tranquilos e gentis, como o teu coração. Cada dia que passa é menos um dia que te mantém presa a mim, é menos um dia para ganhares asas e voares na direção que o teu coração mandar. Para já, somos uma da outra. Tenho medos, sim, muitos. Os medos vieram de mãos dadas com o privilégio de ser tua mãe. O meu maior é o de não estar lá para amparar as tuas quedas, para te dizer que vai ficar tudo bem, para te dar aquele abraço em que inspiramos tão forte que o cheiro do champô fica na memória mais umas horas. 
Confia sempre em mim, filha, tal como confias agora. Deixa-me chorar contigo, e sofrer contigo, tal como sofro agora a cada arranhão ou quando o termómetro dispara. 

Durmo ao teu lado, Isabel, e fecho os olhos com um desejo. Desejo, com todas as minhas forças, que sejas feliz. A tua felicidade é a minha missão. 

Durmo ao teu lado, Isabel. Para sempre. Até ter mais rugas que os socalcos do Douro. Até ao meu último suspiro. Esta memória das duas lado a lado, abraçadas mesmo com calor, não se apagará nunca. E adorava que a guardasses sempre, sempre contigo. Guardas, filha?




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Quero lá saber!

Tanta coisa que vai mudando em nós com o tempo, quando nos deparamos com as situações. Quando, no outro dia, estava a pintar as minhas unhas e ela pediu também para pintar as dela e lhe pintei as maiores. Quando hoje de manhã (há duas horas), entrámos na casa de banho e ela pediu para que lhe pintasse os lábios de roxo... 

Normalmente temos um baton de cieiro que a minha mãe lhe ofereceu para satisfazer as necessidades dela de baton depois de me ver maquilhada, mas ela pediu roxo e esse é o meu. 

Gosto que ela seja vaidosona, apesar de ter ouvido histórias de miúdas de 10 anos que vão para a escola já com risco e rímel. Na altura logo se vê se a minha filha também irá ou não - apesar de agora não me sentir inclinada para isso. Também nunca pensei andar a por-lhe baton roxo aos dois anos e meio e cá estamos.

Aqui entre nós? Fica linda. Ehehehehe.








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