9.07.2015

Não gosto, pá!

Sabem quando, ao vermos as outras pessoas, nos apercebemos de coisas que fazemos e não gostamos? Eis coisas que me tenho apercebido e que não gosto e, portanto, vou evitar fazer. Sogra e mãe, sim, algumas são inspiradas em vocês. É normal, são vocês que convivem connosco, está bem? 



- Falar de morte desnecessariamente. 

Não gosto. Passei a ser super sensível a isso. Dizer que que o boneco morreu por estar estendido no chão não me parece saudável, não entendo porquê. Claro que a morte é algo natural e que os miúdos devem saber do que se trata, mas andar a lidar com o luto dos bonecos 10 vezes ao dia, não me parece uma coisa agradável. 

- "Fez dói-dói? Ahh! Cadeira má! Dá tau-tau na cadeira!".

Não. Não se dá tau-tau em ninguém. Muito menos na cadeira que estava lá antes e que foi a bebé que não prestou atenção. Fez dói-dói, dá miminho e é seguir em frente sem violência. Um dia será a mãe que lhe faz dói-dói sem querer e depois leva meio tabefe que até anda de lado.

- "Não come mais? Menina feia! És feia, não gosto de ti!". 

Não. Ninguém é feio por não ter apetite. Nem se deve deixar de gostar de alguém por não o conseguirmos obrigar a comer. E ser feio não devia ser um castigo e muito menos estar ligado ao afecto que temos por essa pessoa. 

- "Olha, Olha, vem ali um memé, olha" 

Se não vier nenhum memé, se não vier nenhum pássaro, não se diz que sim. É errado mentir. É errado criar expectativas. A não ser achemos mesmo que possa vir um. A confiança é algo que se constrói. Estas técnicas depois deixam de funcionar e não ensinam grande coisa. A mim, se me disserem "é hoje que cai o salário na tua conta" e depois não cair, fico furiosa. 

- "Quer comer mais mulão? Mumiu bem? Vamos apertar o passato?"

Bom. Culpadíssima. Faço este reparo à minha mãe e sogra e ainda hoje lhe perguntei se ela queria comer mais uma tóta (tosta). É tentador, sim senhora, mas não é bom. A Irene, ainda por cima, consegue aprender facilmente palavras e ensiná-las mal é um desperdício e até confuso. 

- "Vá, a gente depois toma ali banho. Vamos já."

Mais uma vez, prometer coisas que não se cumpre só porque achamos que eles têm a memória curta. Podem não ficar a pensar nesta, mas ficarão ou ficaram noutra. Não é bom e não estamos a aprender a funcionar com eles. Só a mentir. 

- "Não."

Não gosto. Só não, não. 



Pronto. Foi isto que vocês sentiram. "Então, é isto? É não e pronto? E não explica?".


- "Ehhhhhhhh, festa!!!! Palminhas!!!!"

É comum. Eu provavelmente também o faria se não passasse tanto tempo com a Irene como passo, mas não entendo a necessidade de excitar os miúdos sem motivo. Estarem eles a andar, a explorar e estar a alguém a dizer BEM ALTO "olha isto, olha aquilo!". Tenho vindo a aprender um novo modo de apreciar as coisas que é: observando. Conhecendo-os. Para além disso, faz-me confusão fazer "festa" por nada. Se ela conseguir fazer algo, sim! Se vir algo que a deixa feliz, compreendo que queiramos partilhar esse momento, mas... por nada? 


- "Maminha??? Outra vez??"

A Irene anda numa fase em que mama de 3 em 3 minutos. Salto de desenvolvimento, dores de dentes, não sei. É aborrecido? É. É normal? É. Recriminar a miúda não está certo. Ela tem essa necessidade, que lhe faz SÓ bem. E este foi um erro meu. Sempre que ela pedia eu dizia "que chatice" para ela perceber que a mãe queria fazer coisas e... ela passou a dizer "que chatice" sempre que vem mamar. Já lhe passou, claro. Agora tento ensinar-lhe a frase "mas que belas e firmes mamas que tens" para que ela diga antes de se servir. 

- "Não fez nada dói-dói, não seja maricas!". 

Não tratamos a miúda por você mas, às vezes, pela 3ª pessoa do singular. É querido, pronto. Da mesma maneira que não gostamos que alguém negue os nossos sentimentos, não neguemos os deles. Se eles choram, ou ficaram magoados ou apanharam um grande susto. Validemos isso que é já metade da ajuda para tudo passar. 


Estas são as que têm andado na minha cabeça para reflexão. E vocês? Há alguma destas com a qual concordem? Outras que queiram sugerir?

Estou tão derretida.

Não sei se foram as férias, se foi de apanhar um bocadinho de sol, se é por sabermos que dentro de pouco tempo vou voltar a trabalhar e vamos deixar de estar os três juntos 24h por dia, mas agora temos saído mais. Temos feito mais coisas em família. Dantes era eu e a Irene e o pai aproveitava para ter um bocadinho de tempo para si (coitado, está sempre a levar connosco) agora, a conselho duma amiga (obrigada, Renata), tentei arranjar planos que incluíssem mais os gostos dele. Ontem, então, perfeitamente manipulado por se venderem chouriços e queijos, fomos ao mercado do CCB que há todos os primeiros domingos de cada mês. Ele comprou chouriços e queijos e especiarias. Eu comprei um caderno cuja capa é um vinyl do Marco Paulo. Não um que fosse da colecção dele, mas um com músicas dele. 


O dia começou com a Necas de pijama às 7h da manhã.


Sacaninha como a mãe, conseguiu que o senhor lhe desse um porta-chaves em forma de coelho. Sabe pouco...

Aqui está ela a exibir o prémio.

Sim, sei que existem tapa-fraldas, mas não me lembrei. E aquilo não é xixi, é uma fralda que já tinha sido brinquedo dela e que foi usada hoje.

A maior diversão da Irene foi a rampa e andar a correr para os braços do pai. Eu, super derretida, claro. 

Pela Irene, tinha feito um final de tarde de piscina ali naqueles lagos. Tivemos que a prender como se fosse um cãozinho. :)

Mortinha de sono, mas cheia de coisas boas para o pai lhe contar na "historinha do dia", para ela adormecer.

9.06.2015

A ti, que estás grávida pela primeira vez.

Isto é o que te quero dizer. A ti, que estás grávida. Grávida pela primeira vez.


Estás linda. Com mais 9 ou mais 18 quilos. Com barriga pequena ou grande. Empinada ou redonda. Com pés inchados e um rabo que não acaba nunca, ninguém quer saber. A beleza do que significa estares grávida é o que todos vêem.

Chora. Deixa-te levar por essa lamechice que não te larga, chora tanto com um anúncio parvo como com o maior romance. Deixa-te descontrolar por essas hormonas. Tu podes.

Dorme. Enquanto conseguires. Deixa-te levar pelo sono, sonha muito, dorme de manhã, à tarde e à noite, sempre que o desejares e sempre que puderes. Lá para as 30 semanas já não vais conseguir dormir grande coisa. Nem depois das 40. Pelos melhores motivos.

Ama. Ama cada mudança no teu corpo, cada pontapé, cada pormenor. Vais ter saudades.

Faz o ninho. Muito provavelmente vais gostar de passar a roupa pela primeira vez. Cheira os babygrows acabados de lavar, alinha as roupinhas por tamanhos, arruma os primeiros livros e os primeiros peluches.

Cuida de ti. Toma um banho mais demorado de espuma, acaricia a tua barriga com cremes, delicia-te com o teu reflexo no espelho.

Aproveita todos os minutos. Essa luz que ilumina cada poro da tua pele, que se sente a léguas, essa luz é única.

Faz promessas de amor eterno. Conversa com o teu bebé, ele ouve-te. Canta para ele. Conta-lhe como vão ser felizes.

Apaixona-te todos os dias pelo pai do teu filho. Espreita-o a dormir, segreda-lhe ao ouvido. Promete-te que nunca te vais esquecer de que, antes de serem três, eram dois.

Lê, vê, escuta. Prepara-te da forma que achares que precisas para te sentires confiante. O saber não ocupa espaço. Mas, acima de tudo, relaxa. Vais ser a melhor das mães. Basta ouvires o teu coração.

Não tenhas medo. Vai tudo correr bem. Mesmo que não corra como esperas. Mesmo que não seja fácil. Mesmo que te sintas desprotegida, frágil, insegura. Vai passar. Vai acabar por correr bem. Vais dar conta de tudo. De tudo o que é realmente importante.

Prepara-te. Vais ser Mãe.
Não te prepares. Não vale a pena. Esse Amor não se aprende nem se prevê. Apanha-te completamente desprevenida. Deixa-te paralisada ao mesmo tempo que te faz estremecer. É um Amor arrebatador, maior do que TU, maior do que os homens.