9.09.2019

Sou má mãe?

Sei que esta pergunta já vos deverá ter passado, pelo menos uma vez, pela cabeça. Talvez não como "sou má mãe?" mas como "fui má mãe"?. 
Li algures que só pelo facto de questionarmos, de sentirmos que pudemos ter falhado em alguma circunstância, significa que nos preocupamos e, por isso, não somos. Se fossemos más mães, não queríamos nem saber.

Ontem questionei-me. Depois de um dia fantástico de praia e de cansaço, não estavam a jantar nada de jeito. Levantavam-se 22087 vezes da mesa, fugiam, riam, voltavam, comiam uma colher, "não quero mais" e lá seguiam. Eu dizia que não se podiam levantar, que tinham de comer, senão iriam ficar com fome, etc. Até estava calma. Acho. 

Chegou a uma altura em que fiz um ultimato. Ou comiam ou eu iria assumir que estavam cansadas e que teríamos de ir lavar os dentes e dormir e no dia seguinte logo comeriam. Fiz duas tentativas, dei-lhes mais duas oportunidades. Avisei que seria a última vez que podiam voltar à mesa. Cumpri. Fomos lavar dentes e cama. A Luísa começou logo a dizer que tinha fome. A chorar desalmadamente. A pedir desculpa. Mas eu senti que fome não estariam, de facto, a passar, que tinham lanchado bem, ainda petiscaram qualquer coisa do jantar e que aquela demonstração de desagrado - totalmente compreensível e válida - foi precisamente porque achou que eu não seria capaz de fazer aquilo. 

Fiz. Não voltaram a sair do quarto e adormeceram, depois de bastantes lágrimas, pedidos e lamentações (e a Isabel a dizer que não iria conseguir adormecer enquanto a Luísa estivesse a fazer birra, todo um filme).

Senti que esta consequência lhes mostraria algo e que teria efeito, a médio prazo. Claro que a meio me apeteceu desistir, mas não quis mesmo mostrar-lhe que eu desistiria sempre que ela chorasse. Foi o combinado, elas ouviram bem, as regras estavam claras e a consequência foi esta. 

Não foi fácil. Tudo o que mexe com emoções, culpa (e pedidos de desculpa), necessidades básicas, acaba por custar bastante. Mas educar também é isto. E crescer enquanto mãe também.

Não sou má mãe. Não somos más mães.

Somos mães que erram, que querem melhorar, que se sentem abençoadas e que, por vezes, só desejavam um minutinho de silêncio. Mães que às vezes andam à procura de uma identidade, que sentem que perderam algumas coisa, mas ganharam outras. Mães que nuns dias descomplicam e que noutros são assombradas por dúvidas. Mães cheias de coragem e de vontade de educar seres fantásticos.




Ontem foi assim. Hoje há de ser melhor.

9.08.2019

As 5 piores coisas da gravidez

Primeira coisa a apontar: falamos de rabo, demasiadas vezes neste vídeo. Uma já seria demais.

Vamos ao tema: sim que na gravidez as mulheres ficam com uma luz radiante; sim que (quase) toda a gente nos faz perguntas na rua e nos sentimos especiais; sim que estamos a gerar vida e - escutem o som dos passarinhos - e o milagre que é... /INTERROMPEMOS ESTA EMISSÃO/ vamos lá ao nosso momento do "menos bom da gravidez".

Eu, que adorei estar grávida, consigo na boa fazer uma lista de coisas que teria dispensado, se pudesse. A Joana Gama fez este corte de cabelo:

Ao pé do irmão da Joana Gama também não fica fácil igualar (calma JG, não sou pedófila)

Vejam se há na lista coisas com que se identifiquem e acrescentem as vossas ;)





Além destes conteúdos fantásticos neste fantástico blogue (dos melhores de maternidade da Buraca), estamos também no instagram, claro, em @amaeequesabept @joanagama e @joanapaixaobras, sim?
Toca a seguir!
E o podcast? Gostaram? Uhm?

9.06.2019

Tenho sono.

Tenho sono. 

Já tive fases da minha vida de mãe em que não faço ideia de como sobrevivi. Quando a noite chegava ao fim, só me apetecia chorar. Aliás, cheguei a chorar ao lado do berço, desesperada, em pé. Uma vez, caí no percurso entre o meu quarto e o da Isabel. Não faço ideia se foi quebra de tensão mas quase que podia jurar que adormeci. Confirmei, aí, que a decisão de a mudar de quarto foi estúpida, precoce. Não conseguia adormecer a dar-lhe de mamar, na cadeira de baloiço e isso talvez tivesse feito a diferença. Quando chegava à minha cama e voltava a adormecer, ela estava a acordar outra vez. Nem mesmo o facto de me revezar com o David ajudava grande coisa. Ela queria mama, aconchego. 

Se fosse agora, teria feito o que fiz com a Luísa quando ela era bebé: dormir com ela. Pronto. Quando as noites da Isabel melhoraram, ficámos tão felizes que decidimos mandar vir outro bebé. Só que depois voltou a piorar. Foi uma semana boa. 5 anos depois, posso dizer que já nada é tão grave como era. Também posso dizer que ainda é raro dormimos uma noite inteira. Ou acorda uma, ou outra, ou pesadelo, ou frio, ou calor ou ouço-as zangarem-se por qualquer motivo, ou vem uma para a nossa cama ou as duas. 

Tenho sono. E hoje nem tem nada a ver com elas, mas lembrei-me de quando tinha sono dia após dia após dia após dia. E de quando a Luísa, que dormia 12 horas de seguida para nosso alívio, começou a acordar - não vou exagerar - de hora a hora. “Outra vez não, por favor.” Ainda era pior do que as 3 horas da irmã, que pesadelo. Pedi ajuda. Várias vezes. Não temos de passar por isto sozinhos. Mudei o mindset. Reajustei algumas coisas. Dormi com ela. Aceitei. Melhorou. 

Já passou. Acho que a pior fase já lá vai. Tenho sono, mas já não o digo com desespero. 



9.05.2019

E amizades entre mulheres?

Este foi o tema do novo episódio do nosso podcast "a Mãe é que sabe", mas que fala de tudo menos de maternidade. Foi o nosso objectivo e, até agora, final do primeiro episódio, estamos a conseguir. 


Ontem tivemos duas reuniões. Uma neste sítio fantástico com a Cláudia com quem vamos iniciar mais um projecto daqui do nosso e vosso estaminé. E outro num restaurante onde afuçanhei um belíssimo tártaro a cairem-me lágrimas de comoção por quem terá inventado o ar condicionado.

Ainda tivemos tempo de gravar mais um episódio do nosso podcast, querem ouvir? Em breve estará nas outras plataformas. Tentei resolver isso sozinha, mas não está a ser fácil. Vou ter de pedir ajuda. Nãaaaaaaao, não gosto, mas vai ter de ser.




O quê? Ainda acham que trabalhamos pouco? Como assim?

Ainda esta semana vos presenteámos com um vídeo hiper cómico (vá, estou cheia de moral a dizer isto, mas é verdade) em que vos damos a conhecer a APP Mega Wook, vejam lá:


Podem descarregar a APP Mega Wook aqui: 

àna Apple Store

àou no Google Play
Sim, a APP preferida da Joana era a de um isqueiro. Está a mudar. Estamos a mudá-la juntas e vamos conseguir, malta!

Para além disso, acabámos de fechar mais um parceiro para a iniciativa a Mãe é que sabe ajudar, voltamos a ter um carro durante uma semana para a vencedora, mas outra marca ;) Acho que vão delirar com isto. 


Se conhecerem marcas que estejam interessadas em entrar no nosso projecto de ajudar mães nas primeiras fases mais difíceis de ter um bebé, falem connosco através do e-mail amaeequesabeblog@gmail.com. Ok? 



Entretanto, posso ainda relembrar-vos de um dos nossos últimos vídeos? Reflectimos em conjunto sobre o que temos andado a fazer com as nossas filhas e os tablets. Querem partilhar connosco o que pensam vocês? Não se esqueçam de subscrever o canal, yes? 



Um beijinho e tenham um óooooptimo dia ;)



9.03.2019

Ela anda cheia de dores...

Há já umas semanas que a Isabel se vai queixando. Não todos os dias, mas sempre que o faz, é à noite, antes de ir para a cama ou já depois de estar deitada. Diz que lhe doem os pés, na parte de cima, nas pernas e nos joelhos. Pede-me massagens e passados uns 20 minutos melhora. 

"São dores de crescimento", disse-lhe. "Estás a crescer muito, meu amor."

Acho que, de certa forma, lho disse para ter uma razão e para ser mais fácil de suportar. Faço-lhe massagens sempre que me pede, ali na zona de trás dos joelhos, nos gémeos, nos pés. 

Lembro-me, como se fosse hoje, das dores que eu também tive. Foram anos. Fazia bastante desporto  (quase todos os dias) e associávamos a isso. Os médicos sempre desvalorizaram. E a verdade é que, até hoje, não há uma razão já comprovada para estas dores, pelas pesquisas que fiz. É estranho serem realmente dores de crescimento, já que as fases em que mais crescemos não são estas (mas sim logo nos primeiros dois anos e mais tarde, novamente), mas assim ficaram apelidadas.

Vou marcar consulta dos 5 anos e logo vejo com a pediatra o que aconselha. Partilhei esta dúvida no meu instagram e uma mãe disse-me que foi a ver e afinal a filha tinha uma escoliose ligeira. Noutro caso, falta de vitamina D e que, depois de começar a tomar de novo, melhorou. Às vezes, podem ser outras coisas associadas, não saberemos.

A pose ;) Coisa mais querida!

Algumas mães recomendaram-me massagens: nuns casos com um gel fresco, noutros com pachos de água quente. Li também que a natação ajudará, já que é de baixo impacto. Mas vou falar com quem sabe.

E vocês, já passaram pelo mesmo? E os vossos filhos?



9.02.2019

Regressaram o trabalho e deixaram o bebé?

É inevitável lembrar-me do dia em que voltei a trabalhar. Sim, pus logo os 5 meses de licença e acumulei o mês de férias mas, mesmo assim, perto da altura estava em pânico. Não que não me apetecesse voltar a trabalhar - apetecia, muito - mas com medo da mudança e com pena de deixar a minha filha. 

Mesmo assim o nosso cenário era fantástico. O pai é freelancer e coincidiu com um momento em que ele pôde ficar mais tempo em casa. Ela além de ficar em casa, ficou com o pai. Bebeu biberões de leite materno, o pai enviava-me fotografias dela a bebê-lo sozinha na espreguiçadeira, mas por muito que me quisesse rir, não conseguia. 

Nem imaginam o filme que foi até me convencer a conseguir sair de casa sem ela nunca ter aceite um biberão ou mamado um a não ser os de leite artificial que lhe deram na maternidade. Na minha cabeça estava a deixar a minha filha a morrer à fome e não tinha alternativa. Também nunca tinha aceite bem o pai a adormecê-la e a mãe lá saia de casa, com a miúda a chorar (e a mãe também) para voltar não sei quantas horas depois, ainda que com um horário de trabalho mais curto (tive sorte, sei). 

Tudo muito dramático, mas era o que era. Foi o que foi. 

No trabalho, dei por mim a retirar leite com a bomba na sala de reuniões e andar para a frente e para trás com os frascos para o frigorífico onde a malta guardava a comida. Claro que virei piada - o ambiente era óptimo - e isso não me apoquentou, mas não estava tranquila em casa, não é? 

Depois de estar no trabalho, de reparar que o trabalho que tinham para me dar estava a ser escasso e que nem sequer estavam à espera que eu regressasse (?) perguntei se podia desaparecer durante um ano. Enquanto fiz o pedido estava desejosa tanto que aceitassem como não aceitassem. Se aceitassem, iria ficar um ano inteiro em exclusivo totalmente focada na minha bebé - com tudo o que daí advém de bom e de mau. Caso não aceitassem, haveria uma espécie de impotência da minha parte de não conseguir fazer melhor e, por isso, uma conformação. 

Aceitaram. 

Foto Pau Storch


Um mês ou dois depois de ter regressado ao trabalho, fiquei mais um ano em casa com a minha filha. E com o pai dela - por ser freelancer. 

Fiz alguns trabalhos por e-mail, escrevi para pessoas, etc. Acabei por ganhar o meu dinheiro e fiz questão de não receber dinheiro de "ninguém" para estar em casa. O universo ajudou-me nisso. Foi bom. 

Tive de dispensar a senhora que trabalhava cá em casa até por uma questão de "orgulho" ou lá o que é: "se não trabalho, ao menos trato da casa". Sabia lá eu no que me estava a meter, credo! Não comprei nada para mim, nada para a Irene... enfim. Dramas de primeiro mundo ;).

Bom, isto tudo para vos dizer que tudo se faz. O tempo foi passado, decisões foram tomadas e mesmo que não pareçamos livres ou sem opções que se estivermos atentas ao que estamos a sentir e ao que o Mundo nos está a dar que há sempre um lado bom e um lado menos bom em tudo mas que, independentemente do que seja, melhorará com o tempo. 

Temos de ter calma e, nestas alturas, de sermos mães de nós próprias também. Dar-nos colinho, mas deixar-nos respirar e sentir tudo. 

Podem ser às vezes estes os momentos que nos ajudem a tomar decisões muito importantes e que nos façam mais felizes, ainda que custem. Seja o de ir para o trabalho com um sorriso de "precisava disto e vou ser melhor mãe assim" ou seja o de ficar mais em casa e sentir "é aqui onde tenho que estar". 

Estamos sempre certas tendo em conta o momento em que estamos. Não é? 


Chorei tanto, mas tanto enquanto o dia se aproximava... Despedia-me de tudo como se fossemos morrer... 

Está tudo bem e ontem a Irene disse-me que estava com vontade de voltar para a escola :) Vejam lá como as coisas mudam. 



9.01.2019

A stressar com os manuais escolares?

Ainda não estamos nesta saga da primária, mas confesso que acredito que parte da minha urticária já tenha a ver com tudo aquilo que envolverá ter a miúda na primeira classe: encomendar os livros, forrá-los e ficarem cheios de bolhinhas (ao ponto de ficar sem dormir só com os nervos que isso me dá, pior que as películas dos telemóveis), ter de lidar com a questão dos trabalhos de casa, com as avaliações...

Olha que lindas as duas :) A cumplicidade a falar de manuais escolares, ahah. 


Tudo o que venha e que nos facilite a vida é bem-vindo, certo? Ceeeeeerto?? 

Pronto, isto fez-me lembrar uma professora de história que eu tive. A malta adormecia de aborrecimento nas aulas e ela, para nos acordar, dava assim uns berros com o “certo” nos mesmo decibéis que uma Cristina Ferreira quando sabe que a Barrios vai fazer trouxa de ovos. 

Conhecem a app Mega Wook? Está disponível para Android e para IOS e faz com que possamos resgatar os vouchers Mega e encomendar os cadernos de atividades de forma rápida e segura. Só com o telefone à boss. 

Vejam o vídeo e fiquem a saber as aplicações mais random que tanto eu como a Joana temos nos telemóveis. A da Joana já ganhou. 



Subscreveram o canal destas youtubers trintonas? Deviam. Porque há conteúdo muito engraçado por lá. E outro mais útil. E às vezes só conteúdo, sem grande coisa que se lhe diga, mas a vida é feita e apontamentos... e de manuais escolares!! ;)

Podem descarregar a APP Mega Wook aqui: 

àna Apple Store

àou no Google Play



8.26.2019

Querem uma montra maior que a do Preço Certo?

Sabem o que está quase de regresso? O projecto "a Mãe é que sabe... ajudar". A Joana Paixão Brás e eu acreditamos que as mães podem ser elementos super preciosos a detectar do que precisam as outras mães e nas alturas mais urgentes. 

Queremos criar um movimento constante de entre-ajuda, entre amigas, vizinhas, colegas, tudo, para que até as mães com menos suporte familiar sintam que podem sempre contar com quem as compreenda e com companhia. 

Claro que não estamos a dizer que os homens não servem para nada, até porque se há bebé... em princípio houve acção do homem algures - brincadeira ;)

a Mãe é que sabe ajudar... é um projecto que visa a ajudar uma mãe que se inscreva na acção a receber a nossa presença em casa durante um dia e estarmos ao seu serviço. Desde lavar a loiça a limpar rabos (gostaríamos que fossem das crianças, sff).




Mas não é só: queremos levar connosco marcas que se identifiquem com o projecto e que entendam as necessidades das mães, bebés e famílias durante a gravidez e primeiros anos após o nascimento. 

E, por isso, além de entrarmos em casa das mães, também levamos uns prémios muito simpáticos e que vão fazer com que a ajuda se prolongue no tempo. 

Em Janeiro queremos começar com as inscrições, mas antes disso queríamos pedir a vossa ajuda para espalhar este projecto a toda a gente que trabalhe em marcas, empresas que sintam que poderiam contribuir para este prémio impactante e chorudo. 

Elas que entrem em contacto connosco através do nosso e-mail para nos darem mais pormenores. 

Ficam aqui os vídeos da primeira edição que, apesar de haver muito para melhorar, já foi inesquecível. Obrigada à Paula e à família ;)

Já agora, querem deixar nos comentários, que marcas gostariam que nós contactássemos? Ou que prémios gostariam de ter? 








Aproveito para vos pedir para subscreverem o nosso canal de youtube, que ontem saiu um vídeo fresquinho sobre as nossas estratégias para lidar com os telemóveis e tablets em nossas casas. 




E também, não sei se repararam, mas começámos um podcast sobre tudo menos maternidade, querem ouvir? 




8.25.2019

Crianças e tablets: sim ou não?

Quando digo tablets, quero incluir telemóveis mas também televisão. Enfim: todo o género de estímulos vindos de ecrãs. Apesar de não ser contra o uso dos mesmos, não estávamos a conseguir encontrar um meio-termo fixe, por isso, tive de arranjar uma estratégia mais rigorosa.



Querem saber qual foi? Digo-vos que melhorou a 200% as nossas vidas, as nossas noites, a nossa relação. Estava cheia de receio que, agora que voltámos de férias, fosse difícil fazer de novo o desmame, mas não, nada! 

Adoro que vejam desenhos animados, que gostem de imitar danças no youtube e, até, que joguem jogos educativos, mas não podia ser todos os dias, connosco não estava a resultar.



E vocês, como gerem? Preocupa-vos esta era, ou acham que há mais coisas positivas do que negativas? 

Subscrevam o nosso canal no Youtube para irem vendo os nossos vídeos, onde abordamos todo o tipo de temas, sigam-nos no nosso instagram @amaeequesabe.pt - os nossos pessoais @joanapaixaobras e @joanagama e - SÓ MAIS UMA COISINHA! - já nos podem ouvir em podcast aqui! Espero que gostem!



8.20.2019

Quanto tempo demorei a recuperar da cirurgia plástica?

Depois de sermos mães, tudo passa a entrar na equação. A vida não pára (ai, desculpem-me lá, mas não consigo alinhar no “para” do novo acordo ortográfico), há miúdos para ir pôr e buscar à escola, roupa para estender, colos para dar e tudo o que seja obrigar-nos a ficar quietinhas dá connosco em doidas - a não ser que estejamos a falar numa semana nas Maldivas, vá.

“Quanto tempo se demora a recuperar?” foi, sem dúvida, uma das perguntas que mais me fizeram e foi, curiosamente, uma das primeiras que fiz ao Dr. João, se não a primeira, quando fui à primeira consulta, ainda antes de decidir se faria uma mastopexia com implantes: falei sobre tudo aqui

Se me tivessem dito que teria de estar umas três semanas em repouso, deixaria esta operação para quando as mamas estivessem nos joelhos e não apenas no umbigo.

Mas não, uma semana. Os meus olhos brilharam. Uma semana era OK. Tenho uma amiga que preferiu nunca se separar das crianças, a não ser para dormir (iam dormir à avó), porque tinha medo de levar patadas durante a noite; já li algures uma mãe cuja bebé ficou em casa sempre, mas com o pai a entrar em acção sempre; eu preferi (e porque podia, claro) estar 4 dias completamente de papo para o ar em casa da minha mãe; enquanto elas estavam no bem bom com as primas e os avós em Évora e, depois, na praia, no Algarve. Por isso, tive ali uma semana, após os 4 dias de sofá e cama e já sem os drenos, com pouco movimento físico, a não ser o básico da casa, o banho, estender uma roupita, nada de grandes pesos. Ao todo, estive um mês sem fazer exercício físico. 


Agora sim, passados dois meses, sinto que estou a voltar a mim, na totalidade. Já posso fazer exercício à vontade, correr (se bem que ainda nem experimentei) e nadei pela primeira vez esta semana. Confesso que estranhei um bocado. Zero dores ou desconforto, mas é como se houvesse mais qualquer peça no puzzle. Tenho quase a certeza de que um dia encaixa e que me esqueço por completo.

Para as miúdas foi fácil aceitar. Nem nunca senti que ficassem tristes ou frustradas. Optei por lhes explicar por alto e até mostrar que tinha um dói-dói nas maminhas, que ia ficar tudo bem, mas que teriam de ter cuidado para não me magoar sem querer e que não poderia dar colo durante algum tempo. Aceitaram na boa e ainda repetem a lengalenga nas escadas do prédio, quando estão cansadas. Os vizinhos já devem estar todos a par das mamas novas da mãe, mas tudo bem. ;) Ainda não lhes disse que já lhes podia dar colo outra vez porque estou a adorar não subir dois andares com duas pirralhas, uma em cada braço. As minhas costas agradecem.

Mas, sinceramente, até acho que pode ser positivo não sentirem que a mãe é uma superheroína e que, às vezes, temos de conseguir superar alguns obstáculos, sozinhas. Continuaram a ter colo no sofá, mimos todo o dia e aconchego à noite, antes de dormir. Tudo se faz. (Menos pôr cintos de segurança na cadeirinha. Aí sim, sentia-me uma artista de circo, cheia de medo de dar um puxão a mais. Não dei. Ufa.) Mas valeu todos os esforços e todas as adaptações que tivemos de fazer. Foi ainda mais simples do que imaginei.

Estou feliz, feliz, feliz com o resultado, cada vez mais natural, contente com o tamanho que escolhemos e, nestas férias, já andei com aquela confiança extra em biquíni. Foi incrível ver os meus biquínis dos anos anteriores a assentarem tão bem (já vos disse que consigo continuar a vestir quase tudo?) e experimentar soutiens novos, rendados, sem aros e ficar com um decote tão bonitinho.


Se só chegaram ao blogue agora (what? O que andaram a fazer nestes últimos 4 anos? A viver?) e tiverem outras questões sobre a cirurgia estética que fiz, vejam aqui e aqui se conseguem esclarecer mais alguma dúvida.

O Dr. João Bastos Martins - do qual estou fã e se um dia quiser fazer mais qualquer coisita [calma, não estou a pensar nisso para já] é nele que vou confiar - também é super disponível e responde de certeza às vossas questões por mensagem pessoal ou e-mail (instagram aqui e site aqui).

Digam coisas. Só não me peçam é antes e depois ou para ver a cicatriz porque – apesar de às vezes não parecer – ainda tenho alguns limites. ;)

8.19.2019

Joana Paixão Brás: O que ando a ver #01

Não faço ideia se isto vos interessa ou não, mas pensei: "se eu gosto que me recomendem filmes e séries para ver, documentários, livros, etc, por que não?" 

Vou fazer isto também com livros, artigos e revistas, o que acham? Mais não seja para vos inspirar a ler mais (a última coisa que faço à noite já não é scrolling no instagram e estou a ADORAR) ou para vos alertar para coisas que eu desconhecia por completo. Estarmos mais conscientes não é mau. Quero sugestões vossas para a troca, combinado?

Imagem completamente descontextualizada só para saberem que fui eu quem escrevi isto
e porque cortei o cabelo e até estou gira, pronto,
que a vida pode ter um bocadinho de futilidade para aligeirar o resto. <3 

A ver.

Série EUPHORIA
Depois da 13 Reasons Why, achei que dificilmente uma série sobre adolescentes me iria prender tanto, mas encontrei uma substituta à altura (e até melhor, acho). Mas atenção, é muito, muito forte. Tem cenas de sexo bastante explícito, muita droga e muita violência. Convencidos, já? A verdade é que a protagonista, a Zendaya, é assim fabulosa e sempre me intrigaram histórias sobre droga, o que fazer? Gosto muito da realização também, a fotografia está sublime e, olhem, prendeu-me muito. Mas fica o aviso: forte mas forte. Ainda não terminei. Ah! Está na HBO.

Filme ROCKETMAN
Gosto muito de filmes ou séries biográficas. E se forem de bandas ou de cantores, ainda me despertam mais a atenção. No ano passado, e apesar das críticas, o Bohemian Rhapsody foi um dos meus preferidos (saí do cinema a cantar); este ano vi o dos Motley Crue (The Dirt, na Netflix, uma maradice, mas das boas) e não quis perder o do Elton John. Não é espectacular, mas vê-se muito, muito bem e ficamos a par de pormenores absolutamente desconhecidos e a gostar ainda mais do artista, a dar-lhe uma dimensão mais próxima e humana. Gostei.

Documentário QUANDO A VIDA NOS ATRAIÇOA
Este é daqueles que, se forem bastante impressionáveis e tenham ficado ainda mais sensíveis depois de serem mães, não convém mesmo que vejam. Mas ficam a saber que isto acontece. Incapazes de lidar com traumas, centenas de crianças refugiadas na Suécia sofrem de síndrome de resignação: ficam basicamente em coma. Não comem, não reagem a estímulos, ficam inertes. Enquanto não se sentem protegidas, com medo da deportação, ficam imóveis. Podem estar anos assim e, às vezes, mais do que um filho de um casal desenvolve isto. Desconhecia por completo. É doloroso, mas talvez urgente para quem não percebe a urgência de acolher refugiados. Está na Netflix. 



8.18.2019

É terrível ter filhos porque...

O que me custou escrever este título e fazer este vídeo sem estar sempre a fazer ressalvas. Estamos habituados a, sempre que nos queixamos de algo, fazer sempre apartes e *asteriscos para nos certificarmos de que todos sabem que, apesar das dificuldades e das dores da maternidade, estamos muito felizes com a decisão. 



Por isso: chega! Chega de apartes e de considerações para não nos sentirmos tão mal por termos desabafado. Ser mãe é difícil e ponto final. Claro que nos sentimos muito #gratas e #agradecidas e que as coisas boas superam as m... ai desculpem, já estava a resvalar outra vez. Será que consegui não ser desclassificada deste jogo em que só podemos apontar as coisas más de se ter filhos? Uhmmmm... vejam.

Até porque a Joana Gama tira o soutien. Vale a pena só por isso. 



E vocês, querem desabafar? Vai saber-vos bem ;)


8.14.2019

Deixem as "mães obcecadas" em paz!

Só agora. Só agora passados 5 anos é que me sinto mais confortável por estar a ganhar a minha identidade completa. Quando fui mãe, houve parte da Joana que parecia ter morrido, como se não houvesse espaço para mais nada a não ser para a minha filha. A minha vontade imensa de lhe dar tudo o que ela precisava, a minha "ceguez" custou-me muito descanso, sanidade e relacionamentos. Mas, honestamente, 5 anos depois - e mesmo já antes - está a compensar. Tenha sido por isso também, juntamente com a genética, a personalidade ou pelas outras pessoas envolvidas no crescimento da Irene, que a nossa miúda está a transformar-se num ser humano fantástico. Orgulho-me gigantemente dela, da sua beleza interior, da sua vontade de compreender as coisas, de as questionar. Quero criar alguém que se procure e não apenas alguém que exista. Quero dar-lhe as melhores ferramentas que tenha. 


Amamentei durante 4 anos e meio. Sozinha acordei todas as noites. Mudei-lhe praticamente todas as fraldas e todos os banhos. Não podia sair de casa durante a noite durante muito tempo (ou até separar-me dela durante o dia) por causa da amamentação e por ela me procurar. Também por reparar que na Irene o factor descanso influencia gigantentemente a sua disposição e resiliência. Tudo foi sempre pesado e "ser pela Irene" era sempre o que ganhava. Com gosto, muito, mas com muito sacrifício. 

Este foi o meu caminho e sou humilde agora ao ponto de saber que existem outros e que cada uma deve percorrer o seu, desde de que de forma consciente. Honrando o privilégio que é podermos ser mães, podermos aprender com uma criança e bebé a bebé estarmos a criar o futuro.

Não saí, não convivi, não passeei. Exagero? Talvez, mas o tempo vai passando. E quando estamos prontas vemos o que existe. E a verdade é que agora, 5 anos depois, estamos prontas para mais espaço. Um espaço que não me faz sentir culpada por ter sido ganho com paciência e calma e, acima de tudo, por ambas estarmos preparadas. 

Sempre preferi que as coisas fossem a meu custo e não a custo da Irene. Até porque vendo bem as coisas, fazendo "pela Irene" era o que me faria melhor a longo prazo.

Pelo caminho muitos comentários. Sobre tudo. Muita falta de compreensão (por falta também de conhecimento da minha vida e de como funciono), mas sei que estive sempre certa ainda que tenha queimado metade da minha cabeça. Ou, quiçá, me tenha tido que aperceber que metade da minha cabeça estava em obras quando nasceu a Irene. 

"A mãe também é mulher", mas não eram as idas ao cabeleireiro nervosa pela Irene acordar e sentir que a mãe tinha saído que me faziam mais feliz. Nem seria se tivesse continuado a trabalhar durante o ano "sabático" que tirei para ficar com ela. Ficar no trabalho sem grande trabalho (por me ter sido mãe), à espera que o tempo passasse e a tirar leite para o pai lhe dar também não me fez sentido.

Tive a sorte de não ter que a pôr na escola antes dos dois anos e meio. Não a quis por antes de estar preparada. E embora não tenhamos sido felizes com a escolha que fizemos, agimos conforme aquilo que acreditámos ser o ritmo dela e não o nosso. Foi uma sorte. 


Agora a Irene dorme em casa do pai, dos avós. Fica com amigas minhas se precisar de sair para trabalhar ou, apenas, se precisar de sair. Chama-me poucas vezes à noite e raramente. Fica com o meu pai e com a minha madrasta ou durante umas horas com a minha mãe se me apetecer espairecer num centro comercial.

Neste caso sempre tive noção do médio e longo prazo. Com tudo. Com o desgaste, o sacrifício, tudo. Ter um filho para mim foi um compromisso gigante em que obviamente desequilibrei a minha balança e que também, por causa disso, trouxe algumas dificuldades (ser mãe e não ter espaço para ser a Joana levou-me à insanidade temporária), mas sei que o fiz por amor e por descargo de consciência. 

Quanto aos comentários de quem não sente o mesmo, podemos ouvi-los, digeri-los e aproveitá-los para repensarmos a nossa necessidade de sermos exímias (uma ilusão mas que no meu caso significa dar tudo o que posso e tenho e a mais não ser obrigada). Podem incluir soluções para equilíbrio, para menor sacrifício, mas há que respeitar o ritmo de todas nós. 

Porque, no fim, quem vai lidar com isso somos nós mesmas também. E eu estou a lidar extremamente bem com todas as decisões que tomei até agora, ainda que me tenham custado sanidade temporária. A insanidade é temporária a relação com os nossos filhos e a relação deles consigo não. 

Claro que invejo quem consegue fazer tudo isto, criar crianças perfeitamente felizes e não ter que desequilibrar a balança. É uma aprendizagem. Talvez num segundo filho o "sacrifício" não seja tanto. Mas para esta filha foi. Porque tinha de ser. E está tudo mais do que bem 5 anos depois. 




8.12.2019

Sentem que não têm família?

"Ai que vem aí mais um post todo dramalhão da Joana Gama!"
"Já no outro dia disse que quando era mais nova pensou em morrer e viu que deu likes, agora vai ser a blogger deprê". 

Amigas, sempre fui a blogger deprê deste blog. Disso já ninguém me livra. Mas, por acaso, hoje não há cá dramalhões, antes pelo contrário. 

Sei que estou a dois posts de escrever um livro de auto-ajuda, mas não me importa, porque uma das coisas que me faz ter vontade de escrever neste blog - além de passar férias aqui e ali em troca de umas mençõezinhas - é ter o prazer de me cruzar convosco e de me dizerem que já vos ajudei nalguma coisa. Nem que seja a não serem como eu, vá. 

E isto tem sido fabuloso. 

Vamos à auto-ajuda? "Vaaaamos, Joana! É mesmo isso que nós queremos ler quando estamos de férias, coisas que nos façam pensar ou que nos mostrem o quanto andas feliz já que durante 3 anos só te ouvimos dizer que davas mama e não bates na Irene."

Talvez seja igual para muita gente, espero que sim por um lado e, por outro espero que não. A minha noção de família nunca foi daquelas tipo "caixa de cereais" ou anúncios de televisão. De alguma maneira sempre senti que a minha família estivesse partida. Talvez, sim, por ser filha de pais divorciados mas havia algo mais. Da parte do meu pai, apesar de até achar que gostam um dos outros, não tomam iniciativa de se reunirem e o tempo vai passando. E, do lado da minha mãe, só nos reunimos em ocasiões festivas e, mesmo assim, é comum estar-se "com fogo no rabo" para se desembrulhar os presentes, por a máquina da loiça a lavar e seguir em frente. Isto piora quando não nos sentimos identificados com a nossa família por alguns motivos, quando nos sentimos "a carta fora do baralho". 

Ora, durante muitos anos, lamentei-me de não ter a família que um dos meus ex-namorados tinha. Todos próximos, todos a rir, todos sempre felizes por estarem uns com os outros. Ou a família da minha melhor amiga que falam todos todos os dias ao telefone. Custava-me ninguém me ligar para combinar coisas ou que, quando ligassem fosse um festival de perguntas e nunca fosse uma conversa agradável. Às tantas segui em frente e pensei "criando a minha família, acabam-se os problemas". 

Mal sabia eu que tinha razão. Depois de ter morto o ideal de família - sei lá se existe quando se vê de perto em qualquer uma - e depois de ter sentido a extrema solidão (ainda que fabricada ou o quer que fosse), apercebi-me de uma coisa que o meu pai já me tinha dito em relação aos amigos: "Joana, há amigos para tudo: para os copos, para desabafar, para jantar, para sair, para férias... raros são os que servem para tudo ao mesmo tempo". 

E a família pode não ser a ideal. Podem não ser aquilo que desejávamos e cabe-nos a nós saber de quem nos queremos aproximar e como. 

Finalmente a família do lado do meu pai parece estar a compôr-se. Tomei algumas iniciativas assim como um dos meus primos e temos tomado alguns cafés e chegámos até a almoçar no dia de Natal. Soube tão bem e acho que a todos. Ao ponto de ter surgido espontaneamente a ideia de irmos de férias para a "terra" da família e todos fomos sem reticências. Fomos a Pinhel. 

Eu, o meu pai, a minha madrasta, o meu irmão, o meu primo, o meu priminho e fomos ter com o meu tio. Passei alguns dias lá quando era mais nova, tenho muitas lembranças e, realmente, a família dá-nos um sentimento de pertença gigante que nos completa. 

Fomos às muralhas, fomos a vários restaurantes, a Irene deitou-se tarde a brincar com o tio e com o primo. A minha madrasta deu-lhe a mão na rua para passearem, o meu pai meteu-se com a Irene a fazer-lhe brincadeiras, o Tiago jogou xadrez comigo e com ela, ensinou-a a jogar qualquer coisa no telemóvel, deram mergulhos na piscina, comeram gelados juntos, contámos malandrices de quando éramos mais novos... 


Visitamos a casa dos nossos avós, os nossos antigos terrenos, os actuais, fomos ao restaurante onde trabalha o meu tio (e que, já agora, aconselho vivamente e que se chama Entre Portas, se forem ver as críticas no Trip Advisor, percebem que não estou a ser parcial, de todo). O dono, o Tá, ensinou-me a ser DJ tinha eu para aí uns 7 anos e tratou-me todo contente, como se eu fosse agora uma celebridade. Senti-me mesmo em casa. E foi mesmo onde comemos melhor em Pinhel, caso vão apitem que posso também dar outras sugestões.

Logo na primeira noite a Irene disse que eram as melhores férias de sempre (e, atenção, que já teve o rabiosque em Cabo Verde este ano) e pelo que sei o meu irmão também disse o mesmo e já tem 13 anos.

Às vezes andamos a inventar, à procura de pessoas, de sítios de coisas para fazer e, afinal, voltar às origens e com quem partilhamos tão mais do que contas de instagram e whatsapps sabe muito melhor.









Pinhel é lindo e a minha família também.
Mais do que cumprir datas, obrigações é estar porque se quer. Quando se quer, quando faz sentido.

E tinha mesmo razão em construir a minha família.

Se sentem que não têm família, conseguem aproveitar a que têm como querem e podem?




8.11.2019

As 5 coisas mais importantes para se receber um bebé

Ui! O que eu adoro listas. Por mais redutoras que possam ser, ajudam-me a reflectir, agora que estou mais distante daquela fase, sobre o que foi mesmo mesmo essencial, o que mais me marcou, o que - se fosse agora - voltaria muito provavelmente a achar essencial. Já leram o título, depreendo, a não ser que comecem a ler pelo fim (?): vou escolher as 5 coisas físicas que foram mais importantes aquando do nascimento das minhas filhas. Fica, desde já, o aparte de que cada família é uma família e cada bebé é um bebé e que esta escolha será sempre muito subjectiva, como é óbvio.

1) Babywearing bom, ergonómico, prático

Com a Isabel, ainda não estava muito elucidada para a importância e para a facilidade que é andar com os nossos filhotes agarradinhos a nós, devidamente suportados e aconchegados. A Rita Ferro Alvim emprestou-me um sling (obrigadaaaa!), que usei ainda algumas vezes, mas na altura achei que não era o fixe para as minhas costas. Ainda experimentei um marsúpio oferecido por um familiar, mas achei a coisa menos ergonómica de sempre e a miúda ficava pendurada (depois descobri que não são de todo indicados e que há pessoas especializadas em babywearing, workshops, lojas e até grupos no FB que nos ajudam a escolher panos e mochilas adequadas aos bebés e aos pais). Até que experimentei um Ergobaby 360 emprestado e vi a luz ao fundo do túnel. Com a Luísa, andei com um pano da Vivi & Me e com uma Boba 4G da Organii que amei. Andávamos, eu e o David, com as duas nas mochilas a passear pelas cidades, a caminho da praia, para todo o lado. E, mais importante ainda que isso, quando eu estava em casa com a Luísa ainda bebé e precisava de fazer coisas, cozinhar, etc, era o que me safava! Por isso vos digo: é um ESSENCIAL, vale cada cêntimo, peçam aos amigos e família que façam uma vaquinha, experimentem vários, aconselhem-se, até acharem o vosso preferido. [Ah! e ainda usamos hoje em dia! Agora até queria apostar num para toddlers mesmo, o que recomendam?].

2) Bodies e calças de algodão

Bem me lembro da vez em que me perdi num mercadito e comprei, com a minha mãe, uns 6 vestidos e fofos todos românticos e betinhos para os primeiros tempos - e faz parte esse encantamento, acho - mas, sinceramente, se fosse agora, sabendo que depois ainda nos oferecem mais umas quantas roupas, talvez tivesse comprado apenas dois, pela graça. É demasiado. Vestem uma ou duas vezes para a fotografia e para as visitas, por vaidosice, e pronto. Apostar em bodies macios - há uns cardados maravilhosos, se for inverno - e em várias calças de algodão e uns quantos babygrows confortáveis (e com botões à frente e/ou entre as pernas pff! LOL) é que é essencial. Tudo o resto é giro, que é, mas é acessório. E acabamos por perceber que eles crescem tão, mas tão depressa que até dá pena o investimento. 

Mão da Luísa, já em casa

3) Kit de sobrevivência para a amamentação

Provavelmente este vai ser controverso e pouco consensual, mas para quem tem vontade e, ao mesmo tempo, algum receio em amamentar, acho que há alguns apetrechos que podem ajudar e muito. Primeira coisa: um contacto de uma CAM / médica especializada para ir a casa ajudar-vos com a pega/ subida do leite/ dores / fissuras / possível início de mastite, etc, etc, etc. Recomendo-vos, por exemplo, a Patrícia Paiva, o Centro do Bebé e a Amamentos (mas há mais em todo o país!, vejam o SOS amamentação ou rede amamenta).

Além desse apoio (e que vos aconselhará o que será melhor para o vosso caso - e que sabe bem mais do que eu), eu voltaria a ter uma almofada boa de amamentação, dois soutiens, discos de amamentação reutilizáveis e um creme para os mamilos orgânico (mesmo com a pega corrigida, sempre tive alguns problemas de fissuras nos mamilos, não me perguntem porquê..., e não ia lá só com o meu leite e com mamas ao léu). Escrevi melhor sobre isso aqui: Como sobrevivi ao primeiro mês de amamentação. Aconselho-vos a tirarem um workshop sobre este tema ainda grávidas, se for objectivo amamentar, ou a ler sobre o assunto: adorei o livro da Cristina Pincho.

4) Ovo / cadeira para o carro

Vai depender do vosso estilo de vida, se andam de carro ou de transportes, claro. É obrigatório se andarem de carro, como é óbvio e, pelo que ouvi dizer, não convém mesmo que seja comprado em segunda-mão, por não sabermos se já houve acidentes com o mesmo, etc. Eu usei emprestado com a Isabel, sabendo, com confiança, que nunca tinha sofrido nenhum embate. Depois, só quando mudámos para cadeirinha, tivemos novo. O que convém que tenham mesmo em atenção é, além dos testes de segurança, claro, se dura em rear facing até bastante tarde (a protecção deles em primeiro lugar) - a Isabel foi até aos quase 4 anos e, pelo que sei, até deveria ter ido mais tempo, mas tive de voltar ao meu carro de solteira, um fiat 500, e lá se acabou).

5) Berço 

Tive um de verga para ambas. O primeiro foi emprestado pela minha amiga Catarina Raminhos (passou pelas filhas dela, pelo Raminhos e pelos irmãos todos) e serviu perfeitamente nos primeiros meses. A Luísa teve um também de verga e depois passou para a nossa cama. E da nossa cama para o chão, a dividir cama com a mana. Não usámos cama de grades com ela, por exemplo. Nunca cheguei a investir num Next2me, apesar de sempre me terem parecido fixes e práticos, por acaso.

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Poder-vos-ia dizer que o resto é acessório que não estaria a mentir lá muito, apesar de até a mim me parecer um bocado hippie. Mas, se fizer um esforço grande, não há muitas mais coisas que sejam assim tão essenciais nos primeiros tempos. Até mesmo as fraldas vão estando em promoção e, se o bebé for grande, não faz sentido comprar dezenas para a primeira fase (e até são mais caras). Se optarem por reutilizáveis, melhor (gostava de ter usado durante mais tempo, mas faltou-me a disponibilidade mental na altura). 

Ter o quarto do bebé pronto também não é prioridade. 
Trocador também não usei na segunda filha: ou trocava na bancada da casa de banho ou na minha cama. 
Banho, safamo-nos com um balde (pronto, se não quiserem usar um que tenham em casa, vá, há aqueles shantala fixes até em supermercados ou no olx, etc, mas) - usei a banheira que a minha mãe me tinha oferecido para a Isabel (e que tinha comprado na KidtoKid) durante pouquíssimo tempo, porque passei a dar na banheira às duas ao mesmo tempo.

Há outras coisas úteis, sim, mas com uma durabilidade tão reduzida que, se formos pragmáticos, quisermos poupar, ou simplesmente não quisermos ser arrastados para um consumismo desenfreado, não são mesmo mesmo necessárias. 

E vocês? O que vos pareceu mesmo mesmo essencial? O que dispensavam ter comprado?


8.07.2019

Quero voltar aos meus sonhos de adolescente

Sabem aquelas decisões que andamos a arrastar há séculos por acharmos que já não temos idade para isso? Que há outras prioridades? E até por sentirmos... vergonha?

Decidi. Quero voltar a fazer alguma coisa relacionada com um dos maiores prazeres que eu sentia quando era adolescente. 

Sempre tive actividades relacionadas com as artes do espectáculo, desde bem pequenina. Andei no conservatório e mal me lembro, na escola de música O Piano, nas danças de salão, nos Onda Choc, nos Jovens Cantores de Lisboa, nas aulas de guitarra e no Teatro Estúdio lá do Liceu. Participei no Ídolos com 17 anos (mostrei aqui). Cantei umas músicas em festas da aldeia. Fiz uns workshops de dobragens de desenhos animados, de voz na ACT, de iniciação ao teatro, de dança estilo Broadway e tive aulas de uma coisa chamada Urban Striptease Aerobics, em que eu imaginava que estava no meio de um videoclip de música pop. 

Uma vez, tive de escolher entre ir ao Porto fazer um casting para os coros de uma banda bastante conhecida (e boa) e faltar a uma frequência. Eu sempre senti uma responsabilidade e um compromisso enorme em fazer "tudo certo". Nunca tive negativa a nada, numa chumbei a nada, nunca deixei nada para fazer na segunda fase. E eu sentia o peso do investimento que os meus pais estavam a fazer em mim (curso, quarto em Lisboa e todos os custos inerentes) e precisava de honrar compromissos. Levei tudo até ao fim. Mesmo que, logo no primeiro ano, tivesse sentido que deveria ter ido para a Escola Superior de Teatro e Cinema. Odiei o meu curso. Só comecei a gostar no último ano, imaginem. 

Fui deixando esta parte de mim adormecida. Nunca mais investi nela. Deixei de acreditar em mim e tentei abafar o que o espectáculo me fazia sentir. Aquele nervoso antes de entrar, uma vontade gigante de vomitar e de fugir, mas a certeza de que não há adrenalina maior do que subir a um palco. O chegar ao fim e querer repetir, mais uma e outra vez. 

Percebi, há menos de um ano, quando estive um dia numa escola em Campolide, num workshop com os meus colegas da agência, para treinar a colocação de voz, e a apresentação em público, que eu  talvez tivesse gostado de fazer daquilo vida. De estudar aquilo. E foi num exercício simples, em que só tínhamos de ler uma história, que eu me dei conta de que é das coisas que mais gosto de fazer - contar histórias. Dá-me adrenalina. Com a voz, com o corpo todo, com as palavras. A dançar, a cantar... acho que é um dos meus maiores prazeres. 

Não é por acaso que eu choro muito em cada musical a que vou. Então em Londres, no Fantasma da Opera (o primeiro e o segundo, que repeti), eu saia de lá completamente abalada. Emocionada, maravilhada com toda aquela arte, mas também cheia de pena de nunca ter feito nada por este meu sonho. De nunca ter acreditado. 

Por isso, agora decidi. Nem que seja num workshop, num curso pequeno, eu ainda vou realizar este sonho. 33 anos e então? Vou muito a tempo! Não tem de ser nada profissional, não almejo a Broadway, nem sequer La Feria (resmas de gente boa por aí), mas se o processo de estudar e de experimentar me fizer feliz, por que não? E por que achamos sempre que não se pode ser bom em várias coisas? Pelo menos descubro mais coisas sobre mim. 

Vou deixar de me boicotar e de anular os meus sonhos, só porque fiz outras escolhas. A vida é demasiado curta para nos enfiarmos em gavetinhas. Arrisquemos. Sonhemos. Sejamos felizes, o mais possível.



Worshops ou cursos em Lisboa de iniciação ao teatro ou teatro musical que recomendem?

E que sonhos deixaram por concretizar? Quais ainda querem realizar... um dia?