Até fiquei meio indecisa se partilhava isto convosco ou não porque me vão ocupar os fins-de-semana que queria que fossem para nós mas, por outro lado, gosto de espalhar boas cenas.
Já há muito tempo que me sinto muito assoberbada com o ritmo frenético de Lisboa. A Irene é acelerada como eu e é-me muito difícil ter uns segundos de silêncio durante a semana, principalmente estando sozinha com ela. Quando finalmente posso descansar é quando ela adormece e raramente consigo ficar acordada também. Precisávamos de sair. De cortar a rotina, de "dar novas histórias para os sonhos" (está entre aspas porque sei que a expressão é assim para o foleirote, mas é muito aquilo que me passa pela cabeça).
Recebi um press sobre o Badoca Park (vou falar-vos disso noutro post) e imaginei-nos durante um fim-de-semana no Alentejo. Com o mínimo ruído possível. Tudo reduzido ao básico. No que tocasse à Zara, era só a parte dos básicos da Trafaluc, vá.
A procurar na internet dei com esta casa amorosa, pela qual me apaixonei, na Herdade do Montum.
Sem internet (a casa, porque eu tinha dados móveis, mas a fingir que não), sem televisão (sendo que poderia ter visto no computador séries da Netflix se usasse o meu telemóvel como hotspot) e sem coisas a mais (sendo que podia não ter levado duas malas para mim e para a Irene).
A viagem em si foi calma e terapêutica. Num fim-de-semana apenas comecei a sentir o sabor a férias só de pôr as malas no carro. A Irene cantava o que costumamos cantar sempre que vamos para algum lado ("estamos de féeeerias") e lá fomos até ao Alentejo, onde já morei alguns anos quando era mais pequena. Nos CDS do carro tínhamos Sara Tavares... Estão a sentir o bom feeling?
A casa é mesmo pequena, mas perfeita. Tudo é essencial e tudo tão bem escolhido. Que sonho. Claramente tocou nas minhas teclas mais românticas do "o amor e uma cabana" mas com todas as condições necessárias: água quente (no Verão até há um chuveiro exterior), microondas, forno, loiça, jogos, livros, frigorífico, armário... Não nos faltou mesmo nada. E o preço parece-me muito mais que justo, gente: 55 euros por noite.
À noite, por estarmos no meio de nada (a 15 minutos do centro mais próximo) tivémos direito a um céu que me prefurou. Atingiu-me como se fosse o reencontro com as minhas origens (nasci na Damaia, mas não é bem disso que estou a falar).
Levámos jantar para sexta-feira, para não haver stress. No sábado almoçámos no Badoca e acabámos por passar em Santo André para comprar salmão para o jantar. Enquanto o salmão estava a ser feito no forno, brincávamos com plasticina a tentar reproduzir a girafa Niassa que tínhamos alimentado no Safari. No domingo almoçamos no Museu do Arroz ali na Comporta e não pudemos deixar de dar um pézinho na praia. Depois, ao final da tarde, em menos de duas horas estávamos em casa.
Com tanta fome de aproveitar o fim-de-semana, ficou a faltar um pouco de espaço para a calma e também por isso quero voltar e talvez sem a Irene.
Com o máximo de privacidade, uns anfitriões que nos receberam de forma tão meiga e calorosa e que estiveram sempre disponíveis para quaisquer dúvidas, apesar de ter muita vontade de fazer fins-de-semana pelo país inteiro, vou "ganhar" mais um fim-de-semana em repetir este, certamente.
Acordar no meio do campo, adormecer com a casa aquecida pela salamandra, ter direito a tanto ar puro e ter, perto de mim, tudo o que me preenche (agora que escrevi "preenche", lembrei-me que tenho de tratar do IRS).
Apanhar pauzinhos com a Irene, andar um pouco para ver as vacas, vê-la a andar descalça e poder mostrar-lhe as várias cores do céu no pôr-do-sol, fez-me sentir assustadoramente viva. E agora, desde aí que vivo os meus dias sabendo que tenho um sítio (não só físico, mas também em mim) para onde posso voltar.
Mais informações e marcações
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Re-co-men-do.
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