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1.16.2015

O que é que ele quer, afinal?

Que os bebés choram, é um facto. Que choram por algum motivo, é outro. Que é nossa função fazê-los ficar bem e suprir todas as suas necessidades é inegável.

Problemas? Muitos. Os putos não sabem falar e, como mães "de primeira viagem" (odeio este termo, irra - irra também não gosto, por acaso, já que estamos a falar sobre isso), não conseguimos confiar nos nossos instintos o suficiente o que, tendo em conta as hormonas e os nervos, tudo se torna um desespero total. 

A Joana Paixão Brás (a betinha deste blogue) partilhou este artigo com as nossas amigas mães de Março (não façam essa cara que eu tenho plena consciência da bimbalhada que isto parece, porém, das melhores coisas de sempre!).

We Heart It


Basicamente, é isto: 

Choro nº1: Neh = “tenho fome” - Este eu ouvia-o claramente na Irene. Tal e qual. E, a meu ver, resultava sempre. Era engraçado ouvi-la a dizer isto conscientes do significado até porque é uma das alcunhas que temos para ela: "né".

Choro nº2: Owh = “tenho sono” - No fundo é quando começam a fazer sons com a boca em ó! Não é tão óbvio assim como as bonecas insufláveis, mas dá para perceber que estão a tentar oxigenar o cérebro. 

A partir daqui, enquanto mãe, achei só estúpido. Não consegui distinguir um dos outros. Entre heh e eh e eairh, sei lá! Era pô-la sempre a arrotar e fazer massagens na barriga deitada de barriga para baixo nos meus braços (awwww saudades quando a leitoa não me fazia ficar com as costas num 8).

Choro nº3: Heh = “sinto desconforto” 

Choro nº4: Eairh = “estou com gases”

Choro nº5: Eh = “quero arrotar”

Ah! Claro que não vale tentar descodificar o choro quando eles já estão histéricos e nós também. Nessa altura mesmo que eles estivessem a dizer "tenho fome, porca" nós não perceberíamos ou, mesmo que eles quisessem dizer, só querem barafustar por estarem estão indignados com a nossa inoperabilidade (é o que sentimos, merd* de culpa). 

E eles dizem que isto só vale até aos 3 meses. A partir daí eles já mandam um sms, não se preocupem. 

1.12.2015

Banho a duas

Sempre achei que a hora do banho ia ser uma das partes mais espectaculares da maternidade. Mito!

Até aos 4 meses da Isabel eu até estremecia de pensar que tinha de lhe dar banho. Do banho ela até gostava, o pior era a saída do banho, o creme, a fralda e a hora de vestir. Era como se lhe estivesse a arrancar uma unha. Todas as técnicas saíam ao lado: chucha, canções, caretas, quarto mais quente, toalha aquecida, não pôr creme. Não valia a pena, a miúda chorava que se fartava. Sugeriram-me que mudasse de horário e experimentei tudo: antes da mama, depois da mama, à noite, à tardinha, de manhã, mas nada a acalmava. E atenção que estamos a falar de uma bebé super calminha, que raramente fazia grandes birras.


Ali no 5º mês houve um dia em que não chorou nem um bocadinho e senti que era um momento de transição. Assim foi, do nada.

Hoje em dia depende da disposição da criatura e principalmente se dormiu bem as sestas, mas normalmente não faz um grande filme. Agora no inverno já não lhe damos banho todos os dias, dia sim, dia não chega perfeitamente, mesmo estando na creche. Que me tenha apercebido, ainda não cheira a cavalo. Só os cocós é que às vezes cheiram...

Bem, continuando. Experimentei no fim-de-semana tomar banho com ela. No primeiro dia, ou estranhou a banheira cheia ou estava cheia de sono (aposto mais na segunda). No segundo dia, adorou. Bem-disposta, a dar à perninha, a tentar nadar, sorridente, foi uma maravilha.




Estamos a adoptar esta técnica para ver se ela não desmama definitivamente. Sim, as razões do banhinho a duas têm um alcance maior e muito importante para mim. Desde que a Isabel teve pneumonia que não quer mamar. Eu estava quase, quase a desistir, mas a Joana Gama, sabendo que eu não estava tranquila com este fim antecipado, insitiu para que procurasse ajuda. Um dos conselhos, além de dar de mamar pele com pele foi este e resolvi experimentar. Até agora nada. Ignora as maminhas por completo. Não insisto, não quero que lhes crie aversão.
Vamos com calma. Ainda tenho esperança.


E quanto aos banhos, não são nada, nada ecológicos e vão ter de ser só quando o rei faz anos, mas adorei a experiência!

Já tomaram banhinho com os vossos filhotes?

1.10.2015

Inventam tudo (#03)

Gosto desta rubrica. Quem teve a ideia foi a Joana Paixão Brás, mas gosto na mesma, hehe.

Vi isto num programa da Sic Radical, o Dragon's Den (o formato original do Shark Tank, mas no Canadá) e achei que tinha mesmo de partilhar convosco. 

O princípio não é estúpido porque, no início, depois de ultrapassarmos a barreira do suplemento impingido no hospital, reparei que o meu marido guardava, com muita ternura, os momentos em que tinha dado de biberão à Irene. E, não que tivesse ciúmes de não poder dar de mamar, mas quase. 


Do que explicaram (apesar de, no site, sugerirem também que as mães o possam usar - não faço ideia porquê) assim, o pai, também pode amamentar. 

Está aqui um vídeo explicativo, mas não percam tempo nisto que é uma seca. Só se estiverem mesmo interessadas ou na casa de banho. 

                                          

Não sou especialista nestas coisas, mas acho que sempre que a mãe tiver por perto que deve dar o leite pela mama. E, no caso de não amamentar, por que não há de dar normalmente com o biberão?

Não acredito também que os pais retirem um prazer especial de vestirem uma espécie de colete para terem uma mama de plástico duro (se fosse molinha, ainda se divertiriam a brincar um bocadinho, à parvalhões, digo eu). 

Para quem quiser ver mais, está aqui

1.07.2015

Quero voltar a fumar! Já!

Fumava tanto que parecia sempre que tinha acabado de entrar em palco no Chuva de Estrelas e que tinham posto aquele efeito de fumo manhoso. 

Fumava tanto que o meu cheiro servia de fumo passivo para os meus colegas de trabalho.

Fumava tanto que parecia que usava verniz amarelo, mas só no dedo indicador da mão direita (e nos dentes). 

Fumava tanto que media o meu tempo em cigarros. 

Fumava desde os meus treze quando, nas Olimpíadas dos Maristas, levei um maço de tabaco da minha mãe (SG Filtro) para fingir que já fumava e acabei por ter de "provar" que era uma fumadora experiente (dizia aos meus amigos que já tinha fumado, mas que tinha deixado para não ter que o fazer) nas casas de banho do colégio. Lá fumei e fingi que travei, porque saberia que iam estar atentos, os sacaninhas.

No liceu, comia as repetições das minhas colegas no refeitório, para usar o dinheiro da minha semanada para comprar Camel ou LM. 

Quando não tinha tabaco, roubava cigarros a um maço de Gauloises sem filtro (hardcore, pior que "mata ratos") que a minha madrasta tinha na sala, mesmo quando não estavam em casa.

Fumava sempre que entrava no carro. Fumava sempre a caminho do trabalho às 6 da manhã. No liceu, fumava enquanto comia uma maçã, quando ia para o autocarro. 

Pronto. Isto para dizer que me esfumaçava toda. E, a meu ver, ainda me esfumaço, mas psicologicamente.

As saudades que tenho de discutir (calma, não tenho saudades de discutir) e poder acender cigarros e fumar para pontuar as conversas. As saudades de um bom cigarrinho depois de ter enchido o bandulho ao jantar. As saudades de escrever com duas mãos enquanto uma segura o cigarro e tira a cinza.

Bom, vou parar com isto, devo estar a minar os neurotransmissores das mães ex-fumadoras e aposto que as fumadoras já estão a programar o próximo cigarrinho (sacanas!). 




Serve este post para dizer que sou a maior. Ou que, pelo menos, me sinto a maior. É verdade que fumei até saber que estava grávida (um maço de Camel por semana - no carro, para fumar a sério - e o resto do dia Smuky - cigarros electrónicos quando, na altura, se dizia que eram quase tão pouco maus que quase que curavam escorbuto e faziam máquinas de roupa).

Quando soube que estava grávida, tentei fumar um cigarro para "comemorar", sabendo que tentaria que fosse o último, com tudo o que o verbo "tentar" implica (só as fumadoras e ex-fumadoras é que percebem o raciocínio estúpido de fumar um cigarro para comemorar uma gravidez). 

Esse cigarro soube-me mal,  soube-me a culpa e a fracasso.

Acho que foi a minha primeira culpa de mãe (a segunda foi saber que o chá verde era abortivo e que andava a beber Tisanas à vontadinha o dia todo - apesar daquilo ser só 0,00001 de extracto de chá verde e de saber, racionalmente, que não ia fazer mal). 

Como é que eu estava a ser capaz de fazer algo que não me traz nada de bom a todos os níveis, decidindo que, ainda antes do meu bebé nascer, iria fazer-lhe mal?

Tive sorte porque o cigarro me soube mesmo mal, enjoou-me, senão cada cigarro que eu fosse fumar, iria ser, de longe, o momento mais triste do meu dia. Fumar grávida, a meu ver, deve ser o equivalente a darmos socos na barriga e não conseguirmos parar. Não gostarmos disso, mas continuarmos na mesma. Claro que há aquela questão de "não deixar de fumar bruscamente, senão a mãe fica ansiosa". Acredito. Se eu não tivesse deixado de fumar, refugiar-me-ia nesse argumento para me sentir menos mal. Tive sorte e, assim, sinto-me a maior.

Não fumei um único cigarro ao longo dos 9 meses de gravidez, mesmo mantendo todas as minhas rotinas (vocês sabem o quanto isso custa, porra), mesmo tendo um marido em casa com um maço de Marlboro sempre à mão, mesmo sabendo que ficava muito gira a fumar (ahah, é parvo, eu sei). 

O que me ajudou? Ter enjoado, a culpa (que acho que está cá mais para nos ajudar a ser boas mães que outra coisa) e ter pensado: "assim que parir a miúda, vou fumar-me como se não houvesse amanhã. 

Lixei-me.

E dar mama? Ah pois. Afinal seriam 9 meses, mais 6 meses por causa da treta de ser o melhor para a bebé o aleitamento exclusivo até essa idade. Que nervos. Além disso, tinham dito nas aulas de preparação para o parto que o cheiro do tabaco nas mãos também conta como fumo passivo para o bebé, que o pai e mãe deviam sempre lavar as mãos (o que o meu marido teve de aturar nos primeiros meses... ainda hoje fuma na cozinha, de porta fechada, debaixo do exaustor, com ele no máximo e é só porque ele passa o dia inteiro em casa). 

E agora que já passaram os 6 meses de mama e descobri que o melhor para a bebé é amamentar o máximo possível e que ela desmame naturalmente? Que nervos. Houve alturas (quando tinha feito um stock de três meses de leite materno para a bebé e tinha guardado no congelador, para ir trabalhar) que pensei: agora damos o que estiver ali, para eu me fumar toda. Não fui capaz. Gosto mais de dar de mamar do que de fumar, acho eu. Ou então é a sra. dona culpa.

Já não fumo há 19 meses. Em condições já não fumo há mais de 23 meses. Esperem, isto devia ser tipo AA: 

"Olá, sou a Joana e já não fumo em condições há mais de 23 meses. E logo eu que fumava tão bem e ficava tão bem a fumar". 

Estou louca para voltar a fumar. Digo isto a toda a gente, em jeito de piada, para chocar, é verdade, mas também porque assim sinto que tenho a liberdade de me vingar de todo este sacrifício. Não sei se vou voltar a fumar. Para quê se depois tenciono parir outra vez?

Aguento-me dia após dia graças às minhas maminhas (isto, fora do contexto deste blogue, era só estúpido) e a pensar que, depois, vou fumar tanto que vou ser confundida com o La Féria no escuro. 

Se vou voltar a fumar? Não sei. Prefiro pensar que sim, para depois me sentir a maior todos os dias em que não fumar ou então por me sentir a maior por saber que ia voltar a fumar e voltei. 

Como foi convosco?

Eu sei, vocês vêm ao blog à procura de uma leitura agradável e rápida e depois calham-vos estes bacalhaus de texto. Acho que este blog tem sido o meu maço de Camel. 

*imagem do site We Heart It. 

1.06.2015

Força, suas leiteiras (#01)

Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos sermos uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).

É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.

A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?

Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil), pensei nalgumas perguntas para fazer a uma CAM. Se calhar, começando, pelo princípio:

1 - O que é uma CAM?

Uma CAM é uma pessoa, profissional de saúde ou não, que fez um curso de formação em aconselhamento sobre aleitamento materno. O curso é certificado pela Organização Mundial de Saúde e consiste em adquirir conhecimentos técnicos de amamentação. Normalmente é feito por pessoas que querem ajudar mães a amamentar ou para complementar uma profissão relacionada com mães e bebés.

2 - O que te fez querer ser uma? 

Tudo começou no fórum PinkBlue que comecei a frequentar quando o meu filho tinha cerca de quatro meses. Na altura, amamentava o meu filho em exclusivo e ajudava outras mães com dúvidas iniciais, achando eu que era uma expert no assunto… Sempre foi um tema que me interessou e felizmente comigo sempre correu tudo bem, mas li muito sobre amamentação e no fórum comecei a dar conselhos com base naquilo que lia. Quando o meu filho tinha 5 meses e meio fui mal aconselhada por uma médica, procurei a ajuda do SOS Amamentação pela primeira vez, porque não queria ir contra a opinião da médica sem me informar primeiro. A médica queria que eu desse papas ao meu filho, porque não estava a engordar o suficiente e por ter um percentil baixo. Mesmo depois de ouvir os conselhos sábios da CAM que me atendeu, não consegui ter força suficiente e cedi à pressão, não correu nada bem e não foi por ter iniciado as papas 15 dias antes que ele engordou mais ou subiu no percentil. Acho que foi nessa altura que decidi que queria saber mais sobre o assunto, mas apenas fui fazer o curso quando ele já tinha 8 meses, juntamente com a minha amiga Bárbara Correia, que conheci no fórum também, através do interesse comum pela amamentação e que também me incentivou a fazer o curso.

3 - Por que é que há cada vez mais CAMs? 

Quando fiz o curso, em 2008, quase ninguém sabia o que era uma CAM, mas aos poucos fui assistindo à divulgação desta actividade através de fóruns, sites, artigos em revistas e até na televisão. Hoje em dia, com o facebook, penso que já é um serviço bastante divulgado e quando uma mãe num grupo diz que tem problemas na amamentação, alguém aparece e sugere uma CAM, explicando o que é e dando contactos. Com o aumento da procura foi havendo uma maior oferta de CAMs e, felizmente, hoje já somos umas quantas espalhadas por todo o país.

4 - Quando te pedem ajuda, que meios utilizam?

Sou contactada de várias formas, através do chat ou grupos no facebook, emails, telefonemas… O meus contactos estão no site do Mamar ao Peito que criei em conjunto com a Bárbara. Por isso, muitas mães chegam a nós por aí, ou porque são recomendadas por uma amiga. Se for algo que se consiga resolver por telefone ou chat, o contacto fica por aí, mas em alguns casos mais complicados pode ser necessário um acompanhamento presencial e nesses casos vou ter com elas, se for dentro da minha área, ou encaminho para outra CAM, se ficar fora de mão, ou se ultrapassar as minhas capacidades.

5 - Haveria a necessidade de haver CAMs se os médicos tivessem uma formação adequada sobre amamentação?

Penso que sim, porque não acho que este seja um assunto de médicos, normalmente é um assunto de mães! E o ideal seria que fosse como antigamente, em que a sabedoria da amamentação era passado de mãe para filha e a ajuda vinha das mães, tias ou irmãs que tinham amamentado também.

6 - Existe leite fraco?

Não, não existe leite fraco, o leite que cada mãe produz é adaptado ao seu bebé e, para que este não tenha as propriedades suficientes, seria necessário a mãe estar num estado grave de desnutrição, e aí viam-se primeiro os sinais na mãe e só depois no bebé. O que pode acontecer é haver uma baixa na produção de leite, ou o bebé não estar a conseguir receber leite suficiente e, para se resolver esse problema, é preciso perceber o motivo que o provoca e é normalmente isso que fazemos com as mães.

7 - Por que é que existe uma preocupação enorme em torno do aumento de peso do bebé nos primeiros dias de vida? Por que é que a primeira solução é sempre a sugestão do suplemento e não a correcção da pega?

A preocupação relativamente ao aumento de peso dos bebés faz sentido, porque é um dos sinais de que tudo está bem, uma perda de peso sem motivo aparente ou dificuldade em recuperar o peso pode ser um indicador de que algo deve ser visto e um dos motivos pode ser realmente a amamentação. Mas, normalmente, há motivos que justificam essas dificuldade em recuperar o peso, como um início complicado, um bebé sonolento, uma má pega, amamentação com horários estipulados… As possibilidades são muitas e essas devem ser avaliadas antes de se passar para outra solução.

A solução mais rápida e eficaz é, realmente, o suplemento, porque o bebé ingere mais leite e rapidamente começa a recuperar o peso. Mas antes de se sugerir a suplementação com leite artificial, devem avaliar-se outras questões e apoiar a mãe se a opção dela é amamentar. Compreendo que, por vezes, no hospital ou no centro de saúde, não haja disponibilidade para estar mais de uma hora a falar com uma mãe para tentar perceber o motivo por trás do pouco ou nenhum aumento de peso, mas se não há essa disponibilidade deveria haver um cartão com contactos de CAMs ou um grupo de apoio para dar às mães nessa situação em vez da prescrição do suplemento, se isso acontecesse tenho a certeza que se evitariam muitos desmames precoces.

8 - Existe o vício de mama?

Normalmente associamos a palavra vício a algo prejudicial, por isso não o consigo associar à mama. Há bebés que mamam muitas vezes, porque precisam ou simplesmente porque sim, vai depender da idade do bebé e do tempo em que tem a mama disponível, mas se não lhes faz mal nenhum, antes pelo contrário, não vejo porquê limitar essas mamadas. O que as mães têm de perceber é que o bebé não procura a mama apenas quando tem fome, mas sim por que precisa de contacto, calor, carinho, de nutrição emocional e o fantástico é que a mama consegue dar-lhes tudo isso.

9 - Quais são as vantagens da mama em relação ao biberão?

Além das vantagens nutricionais e de saúde, porque nenhum leite artificial consegue ter todos os nutrientes, nem os anti-corpos do leite materno, há muitas outras vantagens. O leite materno é o único alimento que se adapta ao nosso bebé, modifica-se ao longo da mamada e de mamada para mamada. A ciência ainda não consegue explicar bem como funciona mas a verdade é que o nosso corpo recebe a informação do que o bebé precisa, e vai produzir o leite consoante essas necessidades. Tem também vantagens para mãe, a nível de saúde também e acho que não vale a pena enumerar essas porque são muitas e estão disponíveis na maioria dos sites sobre o assunto. Além das vantagens de saúde, há outras: é mais económico e mais prático e o leite materno é um produto sustentável que não prejudica o ambiente.

10 - É possível uma mãe não ter leite?

Sim, efectivamente existe uma doença que pode afectar algumas mulheres, chama-se hipogalactia, que significa escassez de leite, e tal como várias outras doenças afectam algumas mulheres, esta também pode afectar. A questão é que é uma doença muito rara, apesar de muitas mulheres se queixarem de falta de leite. No entanto, a maioria dessas queixas dependem de outros factores e não de uma questão patológica. E tal como indiquei, muitas vezes é essa a função das CAMs, identificar o problema e ajudar a mãe a ultrapassá-lo.


(mais perguntas e respostas em breve)

12.22.2014

Vai para o quarto dela.

Quando é que se põe os bebés a dormir no quarto deles?

Alguma literatura diz que deve ser por volta dos 9 meses por já não haver tanto risco de morte súbita (li aqui e noutros sítios, mas que agora não me vou por a procurar, apesar de gostar muito de vocês).

Li também que não convém ser perto dos 9 meses, o melhor é ser muito antes ou muito depois por causa da ansiedade de separação que ocorre por volta desta altura e, portanto, para não se sentirem abandonados por serem colocados noutra divisão. 

Não preciso de ler qual será a opinião do muito amado pediatra Carlos González sobre isso porque é sempre "como a mãe achar melhor". E, neste caso, concordo: a mãe é que sabe. 

Nunca percebi qual pode ser o nosso contributo para não ocorrer a morte súbita. Se é súbita, se não se sabe por que é que acontece, como é que os pais poderão evitar isso, estando perto dos bebés? Não percebo. Devo estar mal informada (algo que, de vez em quando, é possível).  

Se fosse morte por engasgamento súbito, percebo porque ouviríamos e fazíamos aquelas manobras de emergência (também se ouve se eles dormirem no quarto ao lado). Sendo que é súbita, se ninguém sabe por que é que acontece, até porque se soubéssemos, deixaria de existir tão "subitamente", será por uma falsa sensação de segurança que, por isso, também os queremos no quarto connosco?

Seja como for, a Irene foi para o quarto dela no 2º dia cá em casa. A respiração dos recém nascidos é tão irregular que, sempre que não a ouvia respirar, achava que ela tinha morrido. Estava a dar em doida (ainda mais), para além de ainda ter o pipi todo cosido, ter os pés todos inchados, estar ainda toda "mamadinha" do parto, tudo. E queria descansar. Além disso, sempre que tinha de lhe dar de mamar, de três em três horas, tinha de acordar o pai para fazer tudo isso (no início, com pouca prática, é tudo muito complicado) e assim era mais justo. Se era eu quem tinha de acordar para dar de mamar, era só eu quem acordava. Poltrona no quarto dela e dava-lhe de mamar de olhos fechados. 



Habituamo-nos, desde sempre, a ter a Irene no quarto dela e acho que ela também. Aos 3 meses fazia noites seguidas de 12 horas (até tivemos de falar com a pediatra, para saber se estaria tudo bem). A verdade é que, desde aí, nunca mais dormiu tão bem, mas atribuo isso ao facto do cérebro dela estar a fritar de tanta coisa que anda a aprender. 

Sei que é chocante ter posto a minha filha a dormir no quarto dela tão cedo até porque, na altura, andava num centro de recuperação pós parto para mamãs (durei umas 7 aulas hehe), falou-se sobre isso e tanto a PT como as outras mães ficaram em puro choque (o que me magoou um pouco, dada a falta de sensibilidade da PT, mas deve ter sido por causa das minhas hormonas ou assim, porque não costumo ser muito sensível no que toca a julgamentos públicos). 

Se eu não tivesse passado por isto, provavelmente julgaria que seria sintoma de depressão pós parto e falta de apego à bebé (que me aconteceu, é verdade, na maternidade, mas não acho que tenha sido falta de apego, atribuo a parto traumático, mas também falarei disso noutro post). 

Não vejo necessidade nenhuma de ter a bebé no meu quarto. Ela está tão perto de mim no quarto ao lado que nem preciso de intercomunicador. Acordo ao mínimo barulho dela. Como não dormimos na mesma cama, não vejo necessidade (apenas vontade, claro). Ando doida para, um dia, conseguir dormir com a Irene, na mesma cama, mas a pirralha ainda não se acalma a esse ponto. Fica para quando ela tiver 40 anos e estiver a mudar-me as fraldas. 

Infelizmente sei de muitas mães que reagem a por os filhos nos quartos deles como se fosse uma expulsão da casa dos segredos: eles não vão morrer, não vão desaparecer, vão só para outro sítio e, mesmo assim é o pânico total. Deve ser uma hormona maternal qualquer que me falta, mas acho muito bonito, claro. 

Para mim, o lugar das mães é sempre ao pé dos seus bebés, mas eu sinto-me ao pé da Irene na mesma. 

Quanto a ter falta de apego à Irene... nem me vou pronunciar. :)

Quando planeiam por os vossos bebés no quarto deles? Ou, para as mães mais experientes, quando os puseram?

De ressalvar que há imensas vantagens em os bebés dormirem sozinhos (quando a mãe sentir que é oportuno), não estamos a falar de um mal desnecessário, ok?

Faço sempre a ressalva de que "a mãe é que sabe" porque tudo o que ela sinta que é contra-natura, além de matar todas as vantagens, até poderá fazer mal e a todos lá em casa.


*imagem do site We Heart It. 

12.01.2014

Quando o leite sobe

Ou desce... Como se diz não é para aqui chamado...

O que é para aqui chamado é que dói, pra chuchu!!! E isto para não dizer uma asneira daquelas! Das que começa com C e acaba no refogado.
Acho que a descida do leite (vou chamar-lhe assim porque me explicaram que tem mais lógica, uma vez que as glândulas que produzem leite começam junto às axilas e descem até ao mamilo - afinal era para aqui chamado sim...), a seguir ao parto (e aí nem posso dizer grande coisa, visto que só tive umas 2 horas de contracções a sério antes da epidural e depois fui para cesariana), é das dores mais horrorosas que uma mulher pode ter. E acho também que não estamos devidamente preparadas para tal acontecimento. Tudo bem, sabemos que vai acontecer, que vai doer, que as mamas vão ficar duras e tal. Mas nunca ninguém nos diz que vão ser dores daquelas em que suplicamos para nos darem alguma coisa para que parem.

Presumo que seja assim com a maioria das mulheres, mas no meu caso, de uma hora para a outra, as minhas mamas triplicaram de tamanho, ficaram rijas que nem pedras e a ferver! Eu sabia do curso de preparação para o parto, e na altura também os enfermeiros me disseram, que devia fazer massagens, que o bebé devia mamar (o que no meu caso também não dava muito jeito, uma vez que ele estava na incubadora da neonatologia e não sabia mamar um chavelho), e que o desconforto ia passar. O tanas!!! Foi uma noite inteira em que não dormi. Tinha de tirar leite com a bomba, ou um caganitogésimo de gota que foi o que aconteceu, e massagens nem vê-las, que só de tocar nas mamas só me apetecia gritar. E depois na minha ala ter um enfermeiro (homem) a dizer-me que não podia pôr gelo porque isto e porque aquilo e que tinha de aguentar também não abonou a favor da minha boa disposição. A minha vontade era dizer-lhe "Vá-se f****, o senhor não sabe um c****** daquilo que eu e as outras mulheres estamos a passar porque é homem!!! Por isso não me venha dizer o que eu tenho ou não tenho de aguentar!!!". Coitado, não tinha culpa, mas foi o que senti...

Portanto, senhores que fazem os cursos de preparação para o parto e malta das maternidades, é mesmo para assustar! Não chega dizerem que vai ser muito desconfortável. O melhor mesmo é serem directos e dizerem que vai doer horrores, porque assim ao menos não vamos enganadas.

11.24.2014

Banco de leite

Recentemente conheci uma mãe que é dadora de leite materno. Foi, assim, uma surpresa, saber que existe em Portugal um Banco de Leite Materno, criado pela Maternidade Alfredo da Costa para dar resposta à necessidade de leite na Unidade de Neonatologia.

Estas dádivas são altruístas, não recebendo as mães dadoras valores monetários em troca. Recebem sim o maravilhoso sentimento de saberem que estão a ajudar um bebé, prematuro ou doente, a crescer mais saudável. Está cientificamente provado que o leite materno é o melhor alimento para um bebé recém nascido. Havendo possibilidade, porque não aproveitar o que de melhor a natureza tem para dar?

As recém mamãs que já tenham a amamentação estabelecida com o seu bebé podem ser dadoras, retirando o leite excedente após as mamadas dos seus filhos. O leite é posteriormente recolhido, analisado e tratado para poder ser administrado àqueles que mais precisam. São necessários alguns cuidados, e há algumas restrições em quem pode ser dadora, como o facto de fumar ou tomar algum tipo de medicação, por exemplo, mas o leite é aceite na maioria dos casos. Quem quiser ser dadora deverá contactar o Banco de Leite através do e-mail bancodeleite@mac.min-saude.pt ou através do número 961 333 730 (dias úteis das 9h às 16h).

Só posso dizer que esta foi uma excelente iniciativa da MAC, e só tenho pena de não a ter conhecido há mais tempo, para poder, eventualmente, contribuir, e para a divulgar junto de mães conhecidas.

Obrigada às mães dadoras. Aplaudo-vos. De pé.



Come a papa, raio do miúdo, come a papa.

Acho que é ancestral a nossa preocupação com o peso dos nossos filhos. Ainda vivemos com a ideia de que um bebé saudável é um bebé gordo (por que é que isso não se aplica às mulheres também?).

A pressão de algumas enfermeiras mais histéricas de alguns centros de saúde também não ajuda (epá, nem vou falar sobre a questão de algumas não se manterem minimamente actualizadas relativamente às recomendações da OMS e que isso custa uma amamentação em exclusivo a milhares de mães todos os dias, pois o que sinto é repulsa).  Ups. Acabei por "falar", mas não tudo o que queria, senão haveria já estrilho na street.

É normal que as mães vão em todas as conversas de quem pareça mais credível e experiente, estamos na altura de maior insegurança das nossas vidas face às responsabilidades. Os "profissionais" deveriam ter mais cuidado.

A curva de aumento de peso dos bebés alimentados exclusivamente a mama é diferente dos que estão a leite artificial. Já foram alterados os Boletins de Saúde este ano dada a recomendação do aleitamento em exclusivo. Se estiverem inseguras, perguntem se têm essa nova versão ou se ficaram com um dos antigos.

Acho que desaprendemos a confiar no nosso instinto e no do bebé. Não estou a falar de casos extremos, obviamente, mas deveria haver uma preocupação em não voltar a dar motivos à mãe para ficar internada.

Até eu, mãe de uma bebé que sempre foi comentada como "gordinha" ao dar as sopas nas primeiras vezes era extremamente insistente. Havia birra. Ela não queria comer mais mas eu achava que ela tinha de comer tudo. Porque é assim, porque o prato tem uma dose e, todos os dias, à hora que EU quero, tem que lhe apetecer comer a mesma quantidade. O meu marido teve que me chamar à atenção: "por que é que a obrigas a comer, Joana?".

Porquê?

Para as birras aumentarem todos os dias mais e mais? Para ela deixar de ter prazer no momento da refeição? Para eu já ir toda ansiosa aquecer a sopa por saber o que me espera?

Ela come o que lhe apetecer. Enganada umas dez vezes com fruta na ponta da colher, o que for preciso mas, até ver, não voltará a chorar por eu a obrigar a comer.

Odiaria que me fizessem isso. E devo ter odiado quando mo fizeram.

Por que é que não vemos os bebés como pessoas?