1.29.2018

Então não é amor.

Ele não mudou quando tudo mudou?
Então não é amor.

Ele não quis ser pai, não quis mudar fraldas, não te levou umas torradas à cama, enquanto adormecias sentada, com olheiras até ao pescoço, não pegou na bebé para ires tomar um banho, não pegou na bebé para a conhecer e ser pai dela, para lhe saber o cheiro e a pele sedosa...

O Amor é algo tão arrebatador que até te pode deixar meio banzado, meio desorientado, mas depressa é impelido a encontrar o Norte. O Amor não deixa tantas dúvidas por responder, não é assim tão indecifrável. O Amor não é difícil, ao contrário do que todos os filmes e livros nos fazem crer. O Amor é fácil. Difíceis são as relações. Ou as pessoas. Mas, se houver Amor, ele resiste. Ele resiste às cólicas, às noites mal dormidas, ao mau feitio. Resiste aos momentos de loucura, aos sábados a acordar às 7 horas, às férias que não são férias (chamem-lhe outra coisa pelo amor de Deus!).

Digo eu. Digo eu que (só) amei três homens em toda a minha vida. Digo eu do alto da minha pouca experiência em relações difíceis, em vidas complicadas, em personalidades vincadas ou intempestivas.

Eu sou uma sortuda. Mas, ao lado da sorte que não nego, também acho que escolho bem com quem divido a vida. Acho que me valorizo e não deixo que desçam do patamar que idealizei. Eu não admito que a pessoa com quem cruzo os pés frios debaixo dos lençóis seja egoísta, preguiçoso, desligado. Antes e depois dos filhos. Não admito que me falte ao respeito, que me fale mal, que me trate como inferior. Não admito, tão pouco, que não seja pai e marido, que não partilhe tarefas que cabem aos dois, ou que não haja interesse em organizar uma casa de acordo com o que cada um faz melhor.
Se, depois de discussões, não se chega a nenhum consenso, não se tenta mudar ou melhorar: então não é amor. 

Há relações que sobrevivem sem companheirismo e sem Amor? Sim, há. Haverá algo que compense tudo isso? Para mim, não. Viver aprisionada a uma esperança sem grande futuro não me encheria as medidas. Deve ser duro: deve ser duro não reconhecer no outro a imagem que idealizou. Deve ser duro abandonar um projecto a meio. Deve ser ainda mais duro quando há filhos envolvidos. E contas. E expectativas. E sonhos. E desilusões.

Mas se não estás feliz, então falta AMOR. Algures. Procura-o. Tenta. Uma e mais uma vez. Procura-o. Em ti. Nele. Se não o encontrares, então não é Amor. É o que resta dele. Não te contentes com restos.







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13 comentários:

  1. Muito bom... Belas e corretas palavras!
    Beijinhos
    Vânia O.

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  2. O ter tido uma filha mudou imensa coisa em mim e na minha vida. Fez tremer, abanar muita coisa, sobretudo dentro de mim. A relação com o meu marido, essa não senti que tivesse sido beliscada. Pelo contrário, a relação alargou-se para nela caber (também) o nosso papel de mãe e de pai. E creio que aconteceu tudo de uma forma natural e tranquila (tirando os primeiros meses que foram uma verdadeira loucura!) Acho que ajudou bastante falarmos sempre muito sobre o que sentimos, sobre as dificuldades, sobre o que desejamos para o futuro. O amor está lá sempre, mas creio que para resistir ao factor tempo/cansaço/rotinas/ é preciso saber falar e saber ouvir.

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  3. Muito bom querida Joana.
    Beiijinho grande 😙

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  4. sem palavras... Vivo uma relação em que me sinto muito sozinha. Desde que fomos pais, o tempo encurtou e tudo aquilo que não tinha importância ganhou outra dimensão. Faço sozinha a maioria das tarefas de casa, para ele ajudar tenho de lhe pedir, maioria do tempo estou sozinha com a minha cria, porque temos horários profissionais diferentes. Quando está ainda quer tempo para ele, sozinho. No meio disto tudo, perdi a imagem de família que idealizei, tenho medo do que virá a seguir. Estou acompanhada mas cada dia mais sozinha. sem coragem, sem luz para onde ir.

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    1. Nao esta sozinha nessa luta��

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    2. Eu também passei por tudo isso nos primeiros 5 meses, depois de ter tido o meu filho... sozinha para tudo e ainda ter que ouvir " já que tás em casa de férias, sem nada para fazer, a não ser tomar conta dele, podes bem fazer (isto ou aquilo)!!!! e por isso, decidi sair. Abandonar o lar onde imaginei que ía ser feliz a 3 ou a 5 (lol, com + 2 gatos). Mas se era para estar sozinha, então ía ficar mesmo sozinha (com o meu filho, óbvio!). E não notei grande diferença, o que é triste...
      Já lá vão 7 meses e cada vez penso mais que a culpa não foi dele, mas sim minha! Minha que permiti que tudo isso acontecesse. Minha, que permiti que não me ajudasse em nada em casa, minha que o deixasse ter todas as desculpas para nao estar em casa, minha que deixei que me faltasse ao respeito e tudo mais (e eu a ele). Creio que ao chegar a esta fase, muito pouco há a dizer de uma relação...
      Fui-me perdendo pelo caminho, perdendo-me a mim, perdendo a minha essência, perdi a pessoa que tantas vezes o ouvi dizer "onde está a rapariga pela qual me apaixonei"?? Eu própria também gostava de saber.. mais do que ele, muito mais! porque a rapariga pela qual ele se apaixonou nunca permitiria tal coisa, mas para o bem da relação e para não ser demasiado feminista, la perdoei, la deixei, lá arrastei...
      Deu-me o meu maior tesouro, o meu filho! Mas se estou triste? Claro que estou.. tal como disse há pouco, imaginava uma vida a 3, fotos e programas em família e tudo acabou. Hoje da-mo-nos bem, porque apesar de tudo, conseguimos compreender que o mais importante é o nosso filho e temos conseguido gerir tudo, mas NÓS também somos importantes, éramos importantes... e sim, falta qualquer coisa.. e chama-se amor, o essencial.
      Se já pensou em fazer o mesmo que eu, não tenha receio (isto se pensar que não tem saída). Há sempre uma saída. Pode não ser aquela que mais idealiza, tal como eu (que tive de voltar para os meus pais), mas há sempre uma saída. Nem que seja, para voltar a conhecer-se a si mesma. Se já ouviu aquilo que eu ouvi ("tu queres-te ir embora porque não queres é fazer nenhum".. ou "queres-te ir embora é para ires pá putaria com as tuas amigas e tal"...), não ligue. É a raiva a falar. Porque no fundo, no fundo, ele sabe que você tem razão. Se nós mudamos, eles também tem que mudar. Só um a fazer tudo, não chega, não pode. Um lar é dos 2, se sujam 2, limpam os 2, etc. A relação perdeu-se e caso volte a existir, é preciso passar por muito.
      Desculpe se falei demais, acho que acabei também por desabafar um pouco.. não sou ninguém em especial para dar conselhos, porque a minha vida já dava um filme, mas espero que encontre um pouquinho de conforto nas minhas palavras e que estas sirvam para lhe dar o click que precisa para deixar de se sentir sozinha. Um beijinho.

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    3. Meu Deus como me revi nesse desabafo... Não vejo solução, não vejo futuro, no fundo sei que não quero viver com um homem que me chama nomes, deixa o trabalho todo para mim, que me culpa,... Mas não tenho casa dos pais para ir porque ambos casaram novamente e não há espaço para nos receber. Está a ser duro encarar o melhor caminho.
      Mas também penso assim se é para estar sozinha e é... Mas doi me a alma só de pensar que o sonho acabou, que não há mais familia, que não terei mais filhos, que haverá dias em que estarei sem o meu filho( não o quero privar do pai claro, mas saber que haverá dias em que estarei sozinha, mata me um bocadinho).

      um beijo

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  5. Revejo me em cada palavra.... Obrigada

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  6. Mais uma reflexão excelente... Simples, direta e onde se diz tudo... Obrigada, pelos momentos de introspecção que são despelotados pelas suas palavras... Obrigada por se valorizar e nos valorizar enquanto mulheres e mães 😊

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  7. Olá Joana! Escreva mais sobre relações. Bjs

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  8. Obrigada Joana, muito obrigada.
    As lágrimas caíram-me porque sou mãe solteira e o pai da minha filha deixou-me sozinha na gravidez (quando tanto queria companhia) e só voltou a aproximar-se quando ela nasceu. Mas foi apenas isso, aproximou-se, fazendo crescer em mim a esperança de que tudo ficaria bem e hoje quando ela está quase com 4 anos, nada mudou... continuamos sozinhas as duas e ele na vida dele... parece-me ou melhor tenho a certeza que isto não é amor, não da parte dele e o meu amor por ele bem como a minha idealização de uma família a três, está a perder-se. Só queria não me sentir tão culpada por não conseguir dar à minha filha a família que sempre sonhei...
    De coração, obrigada!!!

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  9. Lindissimo, mt realista e mta verdade nas palavras.
    Parabéns e felicidades!

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