Lembro-me bem. Em casa dos nossos primos, no verão, havia um cesto com dezenas de BD, do Zé Carioca, do Tio Patinhas e daqueles três irmãos prisioneiros gorduchos. Depois de grandes almoçaradas, dormia-se a sesta. Havia uma parede decorada com chapéus, de diferentes tamanhos e materiais, e o meu pai, num dia em que deixou crescer mais o bigode, fez-nos rir às gargalhadas com um chapéu mexicano. Naqueles longos dias de verão, tomávamos banho dentro de alguidares. Havia uma mangueira e as brincadeiras com água eram as mais divertidas. Andava-se muito de bicicleta e a pé. Depois do jantar, caminhava-se até ao café mais próximo. Ou até um mais distante. Cheirava a pinhal, ali. Os pés queimavam quando atravessávamos o areal da Cabana do Pescador. Às vezes, ficávamos até ao pôr do sol na praia. Eu e o meu irmão corríamos nus e apanhávamos boleias nas ondas.
As coisas mais simples são as que nos fazem mais felizes. Eu fui muito feliz num alguidar cheio de água. Às vezes era mesmo ali que a minha mãe nos dava banho.
Estas imagens vêm-me muitas vezes à cabeça quando, nos meus voos mais altos e nos meus estúpidos devaneios materialistas, sonho com uma casa com piscina e com um quintal. Não posso, nem preciso disso. A Isabel não precisa disso. Temos a praia ali a 10 minutos. Temos um jardim perto. Temos uma mini-piscina no terraço. Uma mangueira. Divertimo-nos a chapinhar. A pôr e a tirar tampas das caixas. A explorar cada canto.
Temos mais do que precisamos, até. Tenho a certeza de que a Isabel seria muito feliz num alguidar cheio de água.
Que linda :-)
ResponderEliminarA minha Alice tem um livrinho igual aquele que está na água junto ao vossos pézinhos. Já gostou muito, agora nem liga tanto.
beijinhos.
É uma bonita reflexão, Joana! E é tão verdade! Os blogs de lifestyle e de mamãs betas, ricas e felizes fazem sonhar, é certo, mas a maioria faz-nos sonhar no mau sentido, no sentido materialista da vida e da maternidade, nestas vaidades ocas... "Donde é esse vestido? Onde comprou o seu tapete da sala? ....." Gosto de vocês porque, mesmo sendo bonitas e com pinta, são pessoas com "conteúdo" e têm valores com os quais me identifico. As minhas referências de infância são também muito simples e felizes, umas mangueiradas no quintal é um cromo fantástico da minha caderneta. Espero não me perder no caminho com a minha filha, gosto de vê-la bonequinha, mas prefiro senti-la feliz, mesmo só de fralda, sem folhos e "farfalhices" que a façam suar ;) SusanaR
ResponderEliminarSer feliz depende mesmo dos afectos com que se vive a vida e do que damos de nós aos outros e não do ter isto ou aquilo! Adorei o texto, Joana! E adorei as fotos da tua menina, cada vez mais crescida!
ResponderEliminarBeijocas*
*Admite lá que foste buscar essas mantas às arcas da tua mãe. Tenho duas do género, uma da minha avó outra da minha mãe! :D
É da avó!!! :) hehe
EliminarVerdade verdadinha, eles só precisam de amor, que estejamos lá ...nós é que inventamos coisas...o que tambem é normal, mas é bom ter consciência do que realmente é importante e relativizar as coisas.
ResponderEliminarFotos lindaaaas!
Bjokas
Gostei tanto :) Para mim um alguidar também era perfeio nos dias quentes passados em casa do meus avós. Isso e banhos de mangueira!
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