A primeira vez que espumei da boca a ler críticas
relativamente à imagem fit da Carolina, estava ela grávida da primeira filha.
Foi há quatro anos. Não era nada comigo, que também estava grávida, mas era.
Foi num grupo de mães do Facebook. Não era nada comigo, mas senti que ninguém
devia julgar os outros só pelo que se vê ou pelo que julga ver. Não era nada
comigo, mas senti que tinha de a defender. Não faço juízos sobre juízos
relativamente à imagem, ao bonito e ao feio. Será sempre subjectivo e cada um
terá liberdade para expressar opiniões. Fiz juízos sobre os juízos que se
faziam quando diziam que não era “normal”, que era “fútil” ou que colocava a
saúde da filha em risco. Nem me consegui sequer rir da ignorância, não tinha
sequer piada. É preciso haver mães como a Carolina para mostrar que a prática
de desporto, quando continuada, quando acompanhada e quando nada na saúde da
grávida aponta em contrário, faz bem. Foi preciso a Carolina dar o corpo às
balas para se provar que, contrariamente ao que pessoas que não são médicas nem
preparadores físicos sentenciavam, estava tudo OK.
Foi preciso uma segunda gravidez, levada da mesma forma,
para que se provasse, mais uma vez, que há várias formas de se encarar uma
gravidez e um pós-parto. Que nem toda a gente reage da mesma forma, tens as
mesmas necessidades e vontades. E que as mães que sentem vontade de ir correr,
sair com o marido ou desanuviar não estão a negligenciar os seus filhos
(pleaseeeee). Podem vir dizer que “com ajudas também eu” que eu quase que punha
a mão no fogo em como muitas de nós, nem mesmo com ajudas, teria a motivação e
a força interior para acordar às 6h30 ou lá o que é para ir treinar.
Não precisamos de fazer um altar à Carolina, mas caraças,
não custa muito dar a mão à palmatória e dizer que ela tem garra.
Não precisamos de lhe tirar o chapéu, mas caraças, não
vamos, retirar-lhe mérito e, pior, arranjar sempre forma de a tentar puxar para
baixo.
É preciso haver mães como a Carolina para que percebamos, de
uma vez por todas, que somos todas diferentes, que temos vidas diferentes,
prioridades diferentes e formas de estar diferentes. Que não são uns brincos,
uma maquilhagem e um ar sereno de quem teve aparentemente um filho de forma
fácil que lhe retira o poder e a força quase divina da maternidade. Nem todas
temos de carpir, sofrer e fazer queixinhas. Há quem canalize as suas energias
para outras coisas e há quem decida encarar o caos da maternidade de forma
diferente daquela que escolhemos. Todas estão bem.
Se nos apoiássemos mais e odiássemos menos, sairíamos todas
a ganhar.
Já eu, adorava ter a garra da Carolina para treinar. Mas não
me ponho a arranjar desculpas nem a subvalorizar o esforço dela para me sentir
melhor. Nem me ponho a carpir e a invejar vidas alheias. Não preciso disso para
me sentir bem. Aceito a minha vida como ela é, o meu corpo como ele está (pelo
menos por agora) e lido bem com as minhas escolhas, dentro daquilo que eu posso
escolher.
A Carolina não precisa de nos pedir desculpa por ser como é.
Nem nós temos de tentar ser como ela. Aceitemo-nos.
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