5.06.2015

Fiz a minha filha comer isto.

E ela comeu. Não tudo, mas quase.

Tinham-me dito na creche que ela gostava de tofu, então lá fui eu comprar o dito. À primeira colherada, cuspiu tudo. Resolvi provar. Ia-me vomitando. Devo ter feito alguma coisa mal, porque aquilo sabia a ameixas podres com peixe em avançado estado de decomposição.
O bulgur com ervilhas marchou todo, o tofu foi "disfarçado" no meio do bulgur. Adorou um bocadinho do pão de espelta (e eu também).
As lentilhas estavam mal cozidas (e não apreciei o sabor, o que é estranho, porque costumo gostar).
O esparregado com natas de soja estava bom, mas ela não apreciou e o abacate com umas gotas de limão estava óptimo e ela lá foi comendo.

Do que ela gostou mais? Da água.

A sério, não gozem com esta pobre mãe que quer inovar e sai tudo ao lado...

Pois...
Nem vamos comentar este aspecto...

Até as flores parecem mais comestíveis, não é?



O que safa isto ainda é a bela da maçã.


Next: bacalhau com grão, cenoura e batata doce cozidos a vapor e não tem nada que enganar. Assim espero.

5.05.2015

Sou um cliché


A sério que sou. Odeio, mas sou. Agora, para além de blogger, também comecei a correr? Não, me armei em pássaro e comecei a comer sementes. Eu gosto demasiado de Oreo para isso. Aproveito e desabafo convosco. Lembram-se da "alergia" que eu tinha, que não parava de me coçar? Pronto. É obviamente uma coisa de nada na pele mas que foi despoletada (se é assim que se escreve, por que é que me está a dar erro no Chrome) por ansiedade. Tive falta de ar enquanto tinha a comichão e, portanto, pensei que estivesse perante uma alergia grave. Não. Afinal é só a minha ansiedade a fazer das suas. Como nunca tinha feito antes. 

Acho que estar há um ano e tal em casa e um ano focada na Irene tem disto também. Nem sei se é disso, mas talvez desfocar-me de vez em quando seja giro. Não gosto de correr, mas gosto de ouvir música e de ter corrido. Não estou a fazer isto para emagrecer. Nunca hei de ser modelo, por isso não vou ser parva e passar o resto da minha vida a tentar. 

Mais mães ansiosas por aí? Conselhos? 




Ela só precisava de tempo.

Este é um texto sobre o tempo. Sobre dar-lhes tempo. Deixá-los viver, e crescer, ao ritmo deles.

No sábado, em casa dos avós paternos em Évora, o David foi com a Isabel até à zona da piscina. Não levou o fato de banho dela, nem toalha. Foi vestida com a roupa que tinha, chapéu e protector nas zonas a descoberto. Achou ele que ela ia molhar a mão, fazer um "shap shap" e ficar a ver a prima na piscina a dar às pernas, a dar gargalhadas e a fazer birra para sair. A Isabel nunca foi a maior fã de água, molhava o pézinho, as mãos e pronto, estava feito. Desta vez não. Quando ele lhe molhava as perninhas, ela ria-se entusiasmada. Pedia-lhe para repetir. Quando o David me pediu o fato de banho e o creme, que ela queria ir para a piscina, primeiro duvidei, depois senti-me a explodir de emoção. É um passo. Um passo que ela dá, sem pressões, sem nunca a termos feito chorar e sem nunca a termos pressionado. Ela não estava "muito mimada". Ela apenas não gostava da sensação da água fria no corpo. De se sentir desprotegida. Ela só precisava de tempo. De ganhar confiança. Um dia iria gostar. E nós só teríamos de esperar. Sem forçar. Sem nos lamentarmos por termos uma filha "medricas". Ou "mimada". Ela tem tempo. Tem o tempo dela. E foi tão melhor assim.

Este raciocínio é válido para tudo na vida. Não acredito em tratamentos de choque. Acredito em respeito por eles, pelos ritmos deles, pelas vontades deles. Não quer dizer que não os estimulemos, que não puxemos por eles, que não os desafiemos. Mas se ela não está ainda preparada para andar, um dia estará. Se ela ainda não diz mais do que "mamã", "dada", "olá" e "ão ão", um dia dirá "idiossincrasia", "veleidade" ou "evenemencial". Ou "bué" e "totil". Mas o que eu quero que ela diga muitas vezes - e que o pratique - é "amor", "respeito" e "dignidade". Não é digno deixá-los a chorar numa piscina para se habituarem. Nem tirar-lhes aos mãos de repente para que eles caminhem sozinhos. Nem deixá-los sem colo, quando nos pedem. Não estamos a mimá-los demasiado. Estamos a fazer com que tenham confiança em nós. E neles.












A fingir que tenho dinheiro e que paguei isto tudo na caixa.

Hoje é daqueles dias em que me apetecia gastar o dinheiro todo da conta. A verdade é que é como se já o tivesse feito - desde que pus uma licença de vencimento - e por isso agora mordo-me toda a ver sites. Fui ao da Zara só para me irritar. Não pensem que sou trend setter nem nada do género. A minha filha veste o quer que haja na Zara, graças às avós extremosas que tem.  Não tenho um estilo próprio nem ando à caça de tendências no instagram. A minha referência são as unhas da Joana Paixão Brás. A cor que ela tenha é a cor da moda.










5.04.2015

Inventam tudo! (#13)

Mas o que é isto, senhores? Não estou sequer grávida e a Isabel já não deve caber ali, mas quero. Quero já! 


1. Parece uma cápsula saída do 2001, Odisseia no Espaço, mas é um berço chamado Cambridge Crib

2. Além de levitar, basta abaná-lo 5 vezes que ele apanha o balanço e fica a embalar sozinho.

3. Controla a temperatura dentro do berço, diz o batimento cardíaco, os níveis de hidratação, os padrões respiratórios e até a humidade da fralda!

4. Podemos, literalmente, pôr o bebé a ver estrelas ou, até mesmo, fazer um FaceTime com o pai ou com os avós, porque vem com ecrã de vídeo.






A última funcionalidade parece-me parva, porque os bebés não precisam mesmo nada deste tipo de estímulos e também não sei se me sentiria confortável com um controlador de temperatura (as máquinas são apenas máquinas e podem dar o berro). Também não aprovo o preço.

O que vos parece esta geringonça? É um grande SIM ou um redondo NÃO?

Perdoe-me senhor, pois julguei.

Vi, há uns tempos e já não sei onde, um comentário de uma mãe num grupo qualquer que dizia qualquer coisa como isto (já agora vou divertir-me a inventar o "comentário"): 

"Aiiiii estou-me a passar!!!!!! Eu amo a minha filha, adoro ouvi-la chamar-me, adoro, mas cansada!! Ela não me deixa fazer nada. Se não está ao pé de mim, esperneia, se está ao pé de mim, esperneia e é sempre mamã para tudo, nem me consigo despedir dela sem que ela faça um chiqueiro."

É mais ou menos esta a fase em que se está cá em casa. Qual mais ou menos haha É mesmo esta a fase. Confesso que, quando li "aquele" comentário pensei: que ingrata do caraças, então a filha ama-te a esse ponto, precisa de ti e vens para aqui queixar-te? 

Ui. E muito bem fez ela. Eu adoro ouvir a minha filha a chamar por mim, mas como estou em casa com ela, os últimos dias têm sido ainda mais cansativos por causa disto . "Mamã, mamã, mamãaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!", "Mamiiii, Mamiiiiiiiii, Mamiiiiiiii". 

Vou tomar banho e é um chavascal (mas tenho tomado na mesma, juro), vou à bomba de gasolina... vou... Aliás, basta "ir". Até ir à cozinha. 

É muito giro, mas quando já passou. 

Já interrompi 12 vezes a escrita deste post. É tão querida, a SACANA!!!!!!

(tem 13 meses)




As minhas prendas do Dia da Mãe!

Podia simplesmente dizer que foi a minha filha quem fez esta prenda sozinha, inspirada na obra de Georges Seurat, já a usar a técnica do pontilhismo.


Ou que o meu marido me ofereceu esta pulseira, sem qualquer intervenção minha e me apanhou completamente de surpresa.




Podia dizer que vou fazer uma massagem relaxante, sem ter sequer referido isso 4598 vezes nos últimos dias.  

Podia dizer que o meu marido passou por uma loja e viu logo que esta almofada, pirosa como só uma mãe gosta, era a minha cara.



Podia dizer tudo isto, mas estaria a mentir. Tudo isto teve dedinho meu. Tudo, tudo não, que no bule (que tinha um íman giro para o frigorífico) não meti o bedelho. Nem acredito que já recebo presentes da minha filha!!! hehe

O marido perguntou-me o que eu queria receber no dia da Mãe e eu sabia que lhe estaria a tirar um peso dos ombros se encomendasse a pulseira. E assim foi. Tem pouca paciência e criatividade para estas lamechices, mas é o melhor marido do mundo à mesma.

Bule - Creche da Filha (obrigada!)
Almofada - MaryDoll (obrigada!)
 

5.03.2015

A Velha irritante e o Pavão.

Parece o nome de uma lenda, mas não é. São apenas dois episódios que aconteceram no mesmo jardim, que tive a infelicidade de assistir, mas que me fizeram bem. Gostaria que vos fizessem bem também. Sei que não é um post fofinho do Dia da Mãe, mas não tinha que ser, pois não?



Falemos da velha. A velha era uma velha normal. Uma velha portuguesa, das magras, daquelas que não conseguimos tirar logo a pinta se são amarguradas ou queridas até abrirem a boca. Não sei quanto tempo a Irene esteve no baloiço, mas não há de ter sido muito. Estávamos mesmo confinadas àquele lugar, daí ter ficado a ouvir. E o que ouvi? Ouvi tudo aquilo que não quero ser um dia, nem hoje. Isto dito do banco do parque para o outro lado do jardim.


- Ó João Miguel, anda mais devagar no baloiço porque senão podes cair. João Miguel, já viste que sujaste a camisola de terra, João Miguel? Foi a camisola que a a mãe te deu na semana passada. Ai meu Deus, eu é que não vou lavar isso, que já não lavo mais a tua roupa. Já disse à tua mãe. Não sou vossa empregada. João Miguel, não andes nisso tão rápido que ainda vomitas o sumo todo. Agora vais correr, João Miguel? Ainda ficas todo suado e depois constipas-te, João Miguel. João Miguel, para de correr atrás dos pombos, João Miguel. Ainda cais e eu não vou contigo ao hospital. Era só o que me faltava. Já lá estive na semana passada por causa do meu joelho, não vou agora contigo só por teres sido teimoso. Não corras atrás dos pombos, João Miguel!! Olha, diz ao teu amigo para parar de andar tão rápido no baloiço! João Miguel, diz ao teu amigo para parar de andar tão rápido no baloiço!! Anda cá apertar as sapatilhas, João Miguel. Anda cá. João Miguel, olha para isto, estás todo suado. Agora ficas aqui no banco um bocadinho. João Miguel, senta-te direito, João Miguel! Estás todo sujo, todo suado. Que horror. És mesmo mal educado. A tua mãe faz-te as vontades todas e dá nisto. João Miguel, já te disse que te podias levantar, João Miguel? Anda cá! João Miguel, onde vais??? Vais cair, João Miguel

Não entendo. Ir ao parque é como largar um animal na Natureza. É deixá-lo correr, cansar-se, suar, gritar, ter areia nos ténis. Se não houver paciência para isso, para quê ir com ele ao parque? Mais vale deixá-lo em casa em frente à televisão e atirar-lhe com uma torrada ou duas.

Lição que retirei: Equacionar bem os "Nãos". NÃO dizer NÃO a torto e a direito. Obrigada velha (e João Miguel...).



E o pavão? O pavão, coitado, não tem culpa nenhuma, mas se tivesse um bocadinho pequenino de cérebro que fosse achar-se-ia culpado daquilo que aconteceu. Mais ou menos como o "cliché" do filho se sentir culpado pelo divórcio dos pais. O pavão estava a fazer o que faz todos os dias. Estava por ali, a exibir-se de vez em quando tipo aqueles taradões que estão nus por baixo das gabardinas. Encontrou um miúdo que tinha dois paus nas mãos e desatou a fugir. Desatou a fugir porque o miúdo, que tinha dois paus nas mãos,  estava a correr atrás dele. Fugiu como fazem os pombos.  Do banco do jardim ouve-se o pai do Ruben, gritando, sem nunca se levantar: 

- Olha lá ó Ruben, só podes estar a brincar comigo, pá! Não vais bater no pavão, ouviste? Larga a porcaria dos paus, não vais bater no pavão. Ruben, olha para mim, pá! Estás a ouvir? Que mal educado, pá. Ruuubennn!!!! 

O Ruben, às tantas, cansou-se de correr atrás do pavão e vai brincar com a irmã para aquela espécie de carrossel de miúdos. Já tinha passado um minuto, apesar disso não importar. A mãe tinha saído do banco ela que, até ali nada tinha dito e, sorrateiramente, emboscou o Ruben. Deu-lhe uma palmada no rabo e disse-lhe bem alto e com os olhos bem abertos: 

- Ruben, não ouviste o teu pai a falar contigo? Quando o teu pai fala, é para o ouvires!!! Malcriado. [Mais uma palmada]. Não se bate no pavão, Ruben. Para a próxima é melhor ouvires o teu pai. 

O Ruben não bateu no pavão. A mãe bateu no Ruben, o pai gritou com ele. A mãe chateou-se com o Ruben pelo Ruben não ter ouvido o pai e porque ele não pode bater no pavão e então bateu-lhe. Bateu-lhe. E bateu-lhe com todos a ver. 

Lição que retirei: Não sei bem. Não se bate no pavão (porquê?), mas bate-se no Ruben (porquê?). Quando o Pai grita, zangado, do banco (porquê?) é para ouvir, senão a mãe assusta o Ruben e bate-lhe (porquê?) quando ele menos esperar (porquê?).  Quanto ao gritar, acho que deve ser como morar ao pé da linha do comboio: tanto barulho depois deixa-se de ouvir e fala-se mais alto para que toda a gente se oiça, depois toda a gente grita e toda a família se sente mal. Quanto ao bater: coitadinho do pavão que não fez nada de mal, mas o Ruben não deu ouvidos ao pai que gritava e, portanto, já merece uma palmada? Quando o pai não der ouvidos ao Ruben, o Ruben pode ir bater ao pai ou à mãe? Provavelmente não e levará a seguir.


É o meu segundo dia da Mãe, sei que podem dizer que não percebo nada disto e que "lá chegarei", mas estou a tentar. Estas foram as lições da Velha Irritante e do Pavão. Mais virão. 


*publicado no Up To Lisbon Kids. 

A mãe dá (#19) - Fim-de-semana em Óbidos VENCEDOR

O Dia da Mãe é sempre especial, mas com um presente destes ainda é mais!

As Joanas pensaram em tudo e lembraram-se no bom que seria dar a uma família a oportunidade de ir laurear a pevide até Óbidos (se não conhecem, nem sabem o que perderam até agora) e desfrutar de um espaço cheio de pinta e...
... a Mãe já tem os resultados de quem será o vencedor da noite no Obidos Lagoon Wellness Retreat, que inclui:
- 1 noite numa moradia com piscina privada para quatro pessoas
- Pequeno-almoço entregue na moradia
- Utilização de bicicletas para explorar a zona
- Os adultos podem ainda ter acesso ao circuito de bem estar (piscina de água salgada, sauna, jacuzzi ao ar livre e cave de sal)












As Joanas e a equipa do Obidos Lagoon Wellness Retreat escolheram (custou mais do que arrancar um dente do siso) e a vencedora deste fim-de-semana de sonho é...

CÁTIA RUNA!
com as frases:


"Preciso urgentemente de um fim de semana assim... Isto porquê? Só nesta semana fui capaz de: 1 - Deixar o telemóvel no tejadilho do carro e arrancar, 2 - Chegar ao trabalho sem a minha mala mas com o saco da minha filha e a marmita com as caixas do dia anterior; 3 - Tentar enfiar a chucha na boca da minha sogra em vez da filha que estava a chorar no colo dela e como se não bastasse ainda insistir antes de perceber... Preciso mesmo que até tenho medo do que possa fazer mais."



Ora bem, ficámos seriamente preocupados com a sanidade mental desta mãe e tememos, principalmente, pela saúde oral da sogra. Também já vimos maneiras mais subtis de mandar calar uma sogra. Agora, a Cátia vai ter de se comprometer a não fazer disparates durante o fim-de-semana e a não nos envergonhar, combinado?

A todos os que participaram, incluindo pais, a sério, OBRIGADA! Quase andámos à pancada para decidir que Mãe deveria vencer este prémio, porque recebemos frases tão inspiradoras, tanta dedicação e esforço que só por causa disso deveria ser oferecido um fim-de-semana a todas as Mães que Sabem! A todas as filhas que queriam fazer uma surpresa às mães, a sério, vocês são GRANDES!

A minha Mãe

A minha mãe chama-se Isabel.
A minha filha também.
A minha mãe tem rugas de expressão, cheira a creme de limpeza e tem a pele macia.
Tem uma voz calma e bonita, mas não lhe peçam para cantar.
A minha mãe tem cabelos louros, sedosos, às vezes lambidos e ralos.
É vaidosa e bonita que dói.
A minha mãe é a professora pela qual os alunos tinham fraquinhos.
A minha mãe conhece mais bandas e vai a mais concertos que eu.
A minha mãe comove-se facilmente. 
A minha mãe é louca por trapinhos e sapatos e malas.
A minha mãe e esotérica, faz reiki e meditação.
A minha mãe é tonta, ri-se alto e diz "nha, nha, nhi", "nhó nhó nhó" no fim das frases.
A minha mãe lê muito, vê documentários e é inteligente.
A minha mãe é professora de Psicologia e Filosofia e consegue contagiar os alunos.
A minha mãe teve muita paciência, quando éramos dois a azucrinar-lhe a cabeça. 
A minha mãe faz o melhor risotto do mundo. O melhor bolo de bolacha. O melhor arroz de atum.
A minha mãe ensinou-me a ser independente, forte, decidida, mas também meiga, calma e tolerante.
Olho para a minha mãe e sinto um orgulho enorme.
Por se reerguer, todos os dias, e me mostrar de que fibra são feitas as Mulheres.
Um dia quero ser como a minha mãe.

Obrigada, Mãe.

Feliz Dia da Mãe

5.02.2015

Espero que, um dia, a minha filha...

Um dia, espero que a minha filha sinta a falta de aninhar a cabeça no meu corpo.
Que me beije a cara, com rugas mas macia, e me diga que me ama.
Que me perceba, me dê valor e que me diga que eu até tinha razão.
Que seja uma mulher independente, mas que carregue no coração uma infância plena, cheia de carinho, de pés descalços, aviões e cócegas. 
Que a minha filha sinta por alguém o que eu sinto por ela. Um amor que me faz chorar enquanto escrevo, de tão enorme e avassalador. Um amor em que convivem certezas e medos. Um amor em que me descubro maior do que pensei. Um amor sem igual.
Um dia, espero que a minha filha me olhe com o mesmo carinho com que olha agora, com aqueles olhos grandes e brilhantes e deseje que eu nunca morra. As mães nunca morrem, apesar do meu coração morrer um bocadinho só de pensar nisso. 
Um dia, espero que a minha filha me ame tanto quanto eu amo a minha mãe. 


A minha filha idolatra-me, chora por mim e faz caretas para que eu me ria. Daqui a uns anos, vai odiar-me, chamar-me chata, revirar os olhos e achar que eu não percebo nada e que eu sou velha. Vai chorar no quarto e dizer entre dentes que está farta de mim. Vai pedir para crescer depressa e para ser independente.
Mas, um dia, espero que a minha filha volte a ser a filha que me olha com aqueles olhos brilhantes, a filha que me estende os braços a pedir colo, a filha que sabe que não há amor maior do Mundo que o amor de uma Mãe. 

Que, para ela, eu seja sempre a Melhor Mãe do Mundo.