10.10.2015

Não quero arranjar problemas...

... mas a verdade é que ele não lê o blogue. Lê a mãe dele e o pai, mas eles não se vão descoser que são cá uns fofos os meus sogros, não são?

Tenho estado em casa com a Irene desde que ela nasceu e o pai, maioritariamente, também. Ele é argumentista freelancer e o trabalho dele, quando há, envolve mais saídas à hora do jantar e afins (ou, pelo menos é o que o malandro me diz, mas depois vem a cheirar a perfume rasco para casa). 

Nestes quase dois anos (estive de baixa também no final da gravidez), temos estado juntos 24h por dia. Parecemos aquelas colegas de trabalho que até já têm os períodos sincronizados. Acabamos as frases um do outro, não só por sermos soulmates (sei lá, ele pode vir cá ler é melhor prevenir!), mas porque já andamos sempre a dizer as mesmas coisas.

No outro dia ele saiu à tarde. E eu costumo sempre ir passear com a Irene à tarde, esteja ele em casa ou não. Decidi, porém, ficar em casa com a Irene. E... tão bem que me soube! 

Tão bem que me soube ter uma tarde em casa só com a minha miúda. 

O pai não estraga nada, mas parece que tivemos um momento "só de gajas", não vos sei explicar. ;)

Amo-te muito, amor, ok? 

É aos 13 anos que elas nos passam a rejeitar ou antes? É só para me ir preparando...

10.09.2015

Carta aos meus vizinhos

Caros vizinhos,

Escrevo-vos não por, de vez em quando, ser quase impossível adormecer a Isabel com a chinfrineira que para aí vai, mas porque temo pela vossa madeira flutuante. Foi coisa para custar uns 8 euros por metro quadrado e, parecendo que não, coisas como jogar bowling, fazer o lançamento do peso ou convidar o rancho folclórico de Vilarandelo para aí atuar, vai danificar, não as minhas têmporas nem as minhas costas, da cambada de nervos, mas sim o pavimento. Não foram derrubadas 8 árvores centenárias na Amazónia para isso.

Escrevo-vos não por considerar que o relógio de pêndulo, que toca TODAS as horas (e algumas meias horas), seja a maior aberração que se lembraram de inventar no século XVII, mas porque temo pela vossa liberdade. Deixem-se levar pelo enigma, não queiram ter o pretenso controlo do tempo e... tirem, se vos aprouver, o som dessa porcaria!

Escrevo-vos não por considerar que há horas para tudo e até para correr, mas para vos sugerir a corrida ao ar livre. Abre os pulmões, distraem-se mais e nem dão pelo tempo passar. Quando correm na passadeira, depois das 21 horas, coloco-me sempre debaixo da ombreira da porta, porque posso jurar que estou perante um sismo de 7,4 na escala de Richter. Depois, imagino um elefante a correr em cima das minha testa. E por fim, vou devorar uma caixa de oreo, porque não há paciência para pessoas saudáveis.

Escrevo-vos não por considerar que se calhar a Isabel vai conhecer cedo demais todo um abecedário de asneiras e vai perceber que lá porque duas pessoas vivem juntas, não significa que gostem uma da outra, mas por considerar que deveriam ocupar mais o vosso tempo a fazer amor. Reduzem o stress, libertam dopamina e outras coisas acabadas em "ina", melhoram a pressão arterial, perdem calorias e dormem melhor. Nós também. Ah! Mas também não é preciso ser à bruta!

Escrevo-vos não por considerar que por alguma razão, depois de inventarem a bola de futebol, algum  iluminado inventou também os campos de futebol, mas porque me parece que pode ser mais estimulante para as vossas crianças experimentarem, fora de casa, os desportos em equipa (e não me estou a referir aos dias em que há festas de anos aí em casa, mais concorridas que o Colombo ao domingo). Quanto ao arremesso dos candeeiros à parede e de panelas à televisão, dou-vos os meus parabéns pela criatividade. Aconselho-vos a registarem já essa ideia, não vá o comité olímpico apropriar-se dela.

Escrevo-vos não por considerar que arrastar móveis de manhã à noite seja quase obsessivo, mas por achar que talvez tenham errado nas vossas escolhas profissionais. Não tenho formação em psicologia vocacional, mas se andam a redecorar a vossa casa todos os dias, talvez pudessem tirar um curso de design de interiores e decoração. Isso ou estudem Feng Shui de uma vez por todas e decidam onde fica a porcaria da mesa de jantar! E não, não cabe na casa de banho.

Escrevo-vos não por considerar que agiram de má fé quando chamaram a polícia por eu e três amigas estarmos a jantar cá em casa há dois anos, mas por considerar que, quando se tem crianças em casa, quando se tem uma casa habitada e vivida, os telhados são de vidro. 

Por mim falo. E é por saber que vocês, de vez em quando, também ficarão a roer-se de raiva durante a madrugada com a exorcista cá de casa, que se lembra de chorar - berrar - durante meia hora seguida sem a conseguirmos acalmar, e por saber que daqui a uns anos será ela a praticar arremesso de candeeiros à parede ou a jogar bowling na sala, que estou apenas a escrever esta carta, sem nunca ter coragem de a pôr na caixa do correio.


A vossa vizinha,
Joana Paixão Brás
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A vantagem de ter uma filha trinca-espinhas

Além de ser leve (9,800kg na última consulta) e de não me desgraçar tanto as costas, quando está ao colo:

- 70% dos calções e das calças do inverno passado ainda lhe servem, ou porque lhes dava uma dobrinha ou porque tinham aquela solução de apertar na cintura com elásticos e botões.


Pronto, roam-se de inveja! Há por aí mais "bebecas" (odeio esta expressão, já vos tinha dito?) assim a atirar para o magrito? (Atenção, que eu acho que ela assim está óptima e respira saúde).

Fotografia: Love Lab


Sim, sim, era só isto. Se tiverem vontade de ler coisas com mais suminho, deixo-vos alguns links, que podem não ter apanhado (em mais de 900 posts em menos de um ano, é possível hehe)



Um texto divertido: O Panda e os Caricas (análise da Gama à "banda" preferida das nossas filhas).

Um texto lamenchas, sério e lindo: Não senti. (sobre o amor que a Gama não sentiu assim que a filha nasceu).

Um texto sério: Os pais não têm que ajudar. (sobre essa coisa de ficarmos contentes quando os pais "ajudam", como se ser pai não fosse isso, "ser pai".)